domingo, 12 de novembro de 2017

Experiências de Quase-Morte nas quais a Ciência Aponta para a Alma

Experiências de Quase-Morte nas quais a Ciência Aponta para a Alma




Caitanya Carana Dasa

“A ciência pode continuar dizendo: ‘Tais coisas são simplesmente impossíveis’. Mas enquanto as histórias se multiplicarem em diferentes lugares e tão poucas forem negadas satisfatoriamente, é um método ruim ignorá-las”. (William James, psicólogo americano)

“Há alguma prova científica para a existência da alma?” é uma pergunta comum. Sim, há. Pesquisas científicas em campos como memórias de vidas passadas, consciência e experiências de quase-morte (EQM) de fato proveram evidências convincentes. Neste artigo, discutiremos o fenômeno de quase-morte.

Experiências de Quase-Morte: Incomuns, Mas Universais

EQMs são experiências de visões extraordinárias e percepções durante períodos de inconsciência entre pessoas que estão medicamente mortas ou próximas da morte devido a várias causas, tais como acidentes, doenças, cirurgias ou tentativas de suicídio. Estas pessoas voltaram da morte, ou da quase-morte, para nos contar suas incríveis experiências.

EQMs têm sido relatadas desde tempos imemoriais em culturas de todo o mundo. Em um estudo intercultural publicado no Jornal da Sociedade de Pesquisa Psíquica, em março de 1978, o pesquisador Dean Sheils relatou que a crença em EQM aparece em cerca de noventa e cinco por cento das culturas do mundo e que são impressionantes suas similaridades, embora as culturas sejam diversas em estrutura e localização. Nos tempos modernos, o interesse popular em EQM inicialmente foi aceso pelo livro Vida Depois da Vida, de 1975, de Raymond Moody, que relatava numerosas EQMs em uma ampla variedade de pessoas. De acordo com a pesquisa de Gallup e Proctor nos anos de 1980 e 1981, cinquenta por cento de todos os americanos que haviam estado em situações próximo da morte, haviam tido uma EQM. Em uma situação mais clínica, Pim van Lommel, um cardiologista da Holanda, descobriu que, dentre os pacientes que haviam sido revividos com sucesso de paradas cardíacas, dezoito por cento haviam tido uma EQM.

A Evidência Evapora o Ceticismo

Durante as EQMs, os pacientes relatam passar por várias experiências extraordinárias, tais como viajar por um campo repleto de belas cores, encontrar seres refulgentes e rever toda a vida, muitas das quais têm efeitos de mudança profunda na vida dos pacientes. Do ponto de vista da testabilidade científica, a mais relevante dentre as EQMs são as experiências autoscópicas fora do corpo (EAFC), nas quais os pacientes relatam terem visto seus corpos de uma perspectiva de fora do corpo, geralmente de cima da cama de operação, e dão descrições verificáveis dos procedimentos cirúrgicos adotados pelos médicos.

De acordo com a ciência convencional, pacientes que estão inconscientes não podem estar cientes de tais detalhes, em virtude do que suas descrições não podem ser nada além de alucinações ou palpites fundamentados, na melhor das hipóteses. 



Foto: Dr. Michael Sabom.

Esta, de fato, era a visão do Dr. Michael Sabom, um cardiologista americano que começou suas pesquisas de EQM no fim dos anos 70 como um cético. Em seu livro Lembranças da Morte, Sabom esboçou seu plano inicial de refutar as alegadas percepções de EAFC de pacientes: “Eu confrontava minha experiência como um cardiologista treinado contra as lembranças visuais declaradas de indivíduos leigos. Fazendo isto, eu estava convencido de que inconsistências óbvias apareceriam e que reduziriam tais pretensas observações visuais a não mais do que ‘palpites fundamentados’ da parte dos pacientes”.

O ceticismo inicial de Sabom logo desapareceu, conforme as evidências começaram a crescer durante mais de três décadas de pesquisa sobre EQM. Aqui estão alguns dos casos dos livros de Sabom; casos que mudaram o entendimento da vida e da morte e também o entendimento de milhares de seus leitores.

Um piloto aposentado da Força Aérea, que havia sofrido um forte ataque cardíaco, contou o procedimento de ressuscitação em ricos detalhes. Ele descreveu até o movimento das duas agulhas do desfibrilador, que é um aparelho eletrônico usado para administrar choques elétricos para restaurar a função normal do coração: “Ele [o analisador de desfibrilador] era quadrado e tinha duas agulhas, uma fixa e uma que se movia… a primeira agulha se movia cada vez que eles golpeavam, e tinha alguém mexendo com ela. E eu acho que eles moveram a agulha fixa e ela ficou parada… Ela [a agulha móvel] parecia subir bastante lentamente, de fato. Ela não subia simplesmente como um amperímetro ou um voltímetro ou algo que estivesse fazendo registros… Da primeira vez, ela foi entre um terço e meia escala. E eles fizeram de novo, e, desta vez, ela foi até mais de uma escala e meia e, da terceira vez, ela foi até cerca de três quartos”.

Sabom explica o significado desta observação específica: “Eu fiquei particularmente fascinado com a descrição da agulha “fixa” e da “móvel” na superfície do desfibrilador enquanto ele estava sendo carregado de eletricidade. O movimento destas duas agulhas não é algo que ele poderia ter observado a não ser que ele tivesse de fato visto o instrumento em uso. Estas duas agulhas são usadas individualmente (1) para pré-selecionar a quantidade de eletricidade a ser descarregada no paciente [a descrição do paciente: “eles moveram a agulha fixa e ela ficou parada”] e (2) para indicar que o desfibrilador está sendo carregado na quantidade selecionada [descrição do paciente: “a agulha móvel subiu bastante lentamente, de fato. Ela não subia simplesmente como um amperímetro ou um voltímetro ou algo que estivesse fazendo registros”]. Este procedimento de carregar é feito apenas imediatamente antes da desfibrilação já que, uma vez carregada, esta máquina representa um risco elétrico sério a não ser que seja descarregada corretamente de uma maneira muito específica. Além do mais, os analisadores descritos por este homem não são encontrados em modelos mais recentes de desfibriladores, mas eram de uso comum em 1973, na época de sua parada cardíaca”.

Como poderia uma pessoa que (1) estava no meio de um ataque cardíaco, (2) a ponto de receber um choque elétrico, (3) enquanto estava quase certamente inconsciente e (4) não estava em uma posição que pudesse observar o analisador de desfibrilador, observar metodicamente o movimento das agulhas no seu mostrador?

Em outro caso de Sabom, uma mulher apresentou descrições médicas detalhadas e acuradas de sua cirurgia de disco lombar que havia sido realizada com ela estando de costas. Ela relatou que sua cirurgia havia sido executada, para sua surpresa, não por um cirurgião, mas pelo residente-chefe da neurocirurgia, um detalhe que estava correto, mas que não havia sido divulgado para ela.

Seguindo Sabom, muitos outros pesquisadores também encontraram EQMs que envolviam percepções verídicas ou factuais.

Consciente Embora Inconsciente?



Como as pessoas poderiam ter adquirido informações tão acuradas do que acontecia enquanto estavam medicamente inconscientes? Elas poderiam ter adquirido informações sobre os procedimentos médicos de um conhecimento geral prévio? Tal conhecimento preciso parecia improvável entre os pacientes não conectados diretamente com a profissão médica, mas, ainda assim, Sabom, sendo um pesquisador científico rigoroso, decidiu avaliar esta possibilidade. Então, ele questionou um grupo de controle de vinte e cinco pacientes cardíacos, cuja origem era similar à daqueles que haviam relatado casos de EQMs. Quando, aos sujeitos do grupo de controle, foi solicitado que imaginassem o que eles veriam acontecer em uma sala de operação quando médicos ressuscitam pacientes que tiveram ataque cardíaco, dois deles não puderam dar absolutamente nenhuma descrição, e vinte dentre os vinte e três restantes cometeram grandes erros. Em um contraste marcante, dos 32 sujeitos que relataram EQMs, 26 deram descrições gerais que não incluíam nenhum grande erro e seis deram relatos muito detalhados que casavam exatamente com seus relatórios médicos, os quais eles não haviam visto. Baseado neste estudo, Sabom concluiu: “Estes relatos de EQMs provavelmente não são fabricações sutis baseadas em conhecimento geral prévio”.

Os indivíduos poderiam estar parcialmente conscientes e terem, então, adquirido estas informações, possivelmente, através de sons e toques? Esta hipótese falha em explicar casos de EQMs nos quais os indivíduos fornecem informações acurada além de sua proximidade imediata; informações que não poderiam ter sido obtidas através de sons e toques ou por nenhum meio normal mesmo se estivessem conscientes.

Sabom relata um caso em que um paciente que estava se recuperando de uma doença sofreu um inesperado ataque cardíaco. Após ser revivido, relatou ter vivido uma EAFC na qual ele viajou para baixo do salão e viu sua esposa, filho mais velho e filha chegando lá, o que de fato acontecera. Esta informação é altamente significativa porque, (1) como ele ia ser liberado em breve, ele não esperava que seus membros familiares o visitariam; (2) mesmo se ele soubesse que eles o visitariam, não poderia saber quem o visitaria, porque ele tinha seis filhos crescidos, que se revezavam acompanhando a mãe quando ela ia vê-lo; (3) seus membros familiares foram parados no salão que estava a uma distância de dez portas da sala onde ele estava sendo tratado pelos médicos e enfermeiras; (4) seu rosto estava virado no sentido contrário deles; e (5) ele estava no meio do ressuscitamento do ataque cardíaco. 

EQMs envolvendo pacientes inconscientes que dão informações fatuais além de sua proximidade têm sido relatadas há mais de meio século, conforme indicado pelo artigo de Hornell Hart, publicado no Journal of the American Society for Psychical Research, 48(4) (outubro).

Alucinações Reais

Poderiam estas experiências serem simples alucinações de pessoas tentando evitar o medo da morte? Mas EQMs são notadamente diferentes de alucinações em seu conteúdo e efeito, como fica evidente na comparação abaixo.

EQMs são diferentes de alucinações não apenas em seus aspectos experienciais, mas também em seu mecanismo causativo científico. Em um artigo na revista científica The Lancet, Pim van Lommel e seus copesquisadores alemães expuseram uma falta em tais explicações fisiológicas das EQMs: “Com uma explicação puramente fisiológica [para a EQM], tal como a experiência de anóxia cerebral, a maioria dos pacientes que ficaram clinicamente mortos deveria relatar uma”. Lommel aponta que, dentre todas as pessoas sob condições alucinógenas ou psicológicas similares, apenas algumas passam por EQMs. Esta seleção das EQMs mostra que elas não são alucinações e que também não são causadas por nenhuma condição fisiológica.

Adicione o persuasivo fato de que vários dos indivíduos que vivenciaram EQMs deram informações factuais que jamais poderiam ter sido obtidas através de alucinações e a hipótese de alucinações das EQMs pode ser seguramente descartada.

Pensamento Ousado

Pesquisas sobre EQMs não são restritas a alguns cientistas não convencionais, senão que centenas de cientistas por todo o mundo estão ocupados em pesquisar EQMs em sérios fóruns globais como The International Association for Near-Death Studies (IANDS), endossados por publicações como as do Journal of Near-Death Studies.

Se a consciência vem do cérebro, como a medicina convencional quer que acreditemos, então uma pessoa inconsciente não pode ter (1) processo de pensamento claro, (2) conhecimento do que a cerca e (3) conhecimento além do que a cerca. 


Mas EQMs mostram que o que é considerado teoricamente impossível de fato aconteceu, como documentado por rigorosos pesquisadores sob condições bem monitoradas. Na ciência, o propósito da teoria é explicar os fatos, e não brigar com eles. Dados os fatos, as EQMs refutam fortemente a teoria da origem cerebral da consciência. De fato, apenas um dentre as centenas de casos de EQMs é suficiente para refutar esta teoria: se a consciência de uma só pessoa continuar quando seu cérebro não está funcionando, então tal caso refuta que a consciência se origina no cérebro.

Então, de onde se origina a consciência? Aprofundando a pergunta, quem é o observador fora do corpo durantes as EAFCs? Procurando respostas para questões como estas, pesquisadores pioneiros estão corajosamente pensando de modo inovador, fora do padrão da ciência materialista e reducionista, para explorar explicações científicas alternativas. Um padrão inovador é oferecido pela literatura védica, como o Bhagavad-gita, que oferece insights penetrantes sobre a origem da consciência e o mecanismo da interação entre o corpo e a alma.

O Bhagavad-gita (2.17) explica que a alma que impregna o corpo de consciência é indestrutível, o que implica dizer que ela continua a existir quando o corpo está morto ou quase morto. Além disso, o Bhagavad-gita (13.34) elabora que a consciência é a energia da alma que penetra o corpo assim como o a luz do Sol penetra todo o universo. Quando a alma está corporificada, sua consciência é canalizada através de dois tipos de corpos: o grosseiro e o sutil. O corpo grosseiro ou visível é aquilo que normalmente chamamos de nosso corpo físico, e o corpo sutil é composto basicamente daquilo que, normalmente, chamamos de mente. Em geral, a consciência da alma é canalizada através da mente para o cérebro e corpo e para o mundo externo.

Contudo, porque o corpo e a alma são essencialmente diferentes, a alma pode se separar do corpo sob circunstâncias especiais, como quando o corpo é ferido ou nas EAFCs. Em tal separação, a faculdade da percepção durante as EAFCs sugerem fortemente que a alma continua através do corpo sutil mesmo quando o cérebro perde sua função. Este mecanismo é esquematizado abaixo.

Uma Explicação Holística e uma Vida Holística

A característica de uma boa teoria científica é que ela não apenas explica coerentemente o fenômeno que se pretende explicar, mas também explica outros fenômenos relacionados. A solidez da teoria védica da alma fica evidente em sua habilidade de explicar não apenas EQMs e EAFCs, mas também fenômenos correlatos como a “visão mental”. Em seu livro Mindsight: Near-Death and Out-of-Body Experiences in the Blind [Visão Mental: Experiências de Quase-Morte e Fora do Corpo em Cegos], Kenneth Ring descreve várias pessoas cegas que foram capazes de ver apenas durante suas EQMs e nunca mais novamente.

Os textos védicos explicam que a mente tem faculdades sensoriais sutis que, quando se relacionam com os órgãos sensoriais grosseiros, permitem que a alma dentro do corpo veja. Nos cegos, devido a fatores biológicos, seus órgãos sensoriais são deficientes e, então, eles não podem ver. Mas eles, enquanto almas, ainda têm o poder de ver, em razão do que, quando o corpo sutil está dissociado do corpo grosseiro em EAFCs, o mecanismo acima sugere que o olho sutil que não está mais obstruído pela disfunção do olho grosseiro é capaz de ver. Similarmente, o paradigma védico também pode explicar vários outros fenômenos paranormais, tais como telepatia, clarividência, clariaudiência etc.

Em conclusão, as EQMs oferecem uma demonstração científica dramática e autêntica de que a consciência não depende do cérebro e que a vida não depende do corpo material, dando a alguns de nós experiências de vida além do corpo perecível. As EQMs chamam a todos nós para procurar por uma experiência completa da eternidade. O Bhagavad-gita oferece uma metodologia sistemática e prática para experimentarmos nossa espiritualidade inata e, então, recuperarmos nosso direito perdido à vida eterna. A relevância das EQMs ressoa com a mensagem universal das escrituras védicas que defendem a vida eterna como nosso eterno direito inato. Mrtyor ma ’mrtam gamaya: “Vá da morte para a eternidade”.



Tradução de Kamalaksi Rupini Devi Dasi. Se gostou deste artigo, talvez também goste deste: Para onde Vamos quando Morremos?

Fonte: De Volta para o Supremo


ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Homossexualidade e Freud


                Homossexualidade e Freud




Em 1935, Freud recebeu uma carta da mãe de um homossexual, pedindo que seu filho fosse "curado pelo psicanalista". Eis a carta de resposta de Freud a ela, mais de 80 anos atrás, vale ler inteira:

19 de abril de 1935

“Minha querida Senhora,

Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.

Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranqüilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.”

Sigmund Freud


Fonte: #escutaeequilíbrio #psicanálise 


Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues concorda que "não se cura o que não é doença."

Almas não têm sexo. Entenda a origem das almas.

Volte-se para a Espiritualidade e compreenda o que são centelhas divinas. 

Não, a todo tipo de preconceito.

A opção sexual de alguém não é um problema seu, a não ser que você não tenha a sua opção ainda resolvida e não esteja em paz consigo e com a liberdade do outro.

Cada um ama quem quiser. Namastê.

domingo, 3 de setembro de 2017

HUMILDE E BEM CONSIGO


                                   HUMILDE E BEM CONSIGO


Por Archana-siddhi Devi Dasi


"Confundir a humildade que surge do amor espiritual com uma postura de baixa autoestima que nos torna presas de exploradores é um equívoco perigoso que precisamos evitar."






Como terapeuta de famílias, eu aconselho tanto membros do Movimento Hare Krishna como pessoas de fora do Movimento. Recentemente, recebi um e-mail de uma jovem devota que estava infeliz em seu casamento devido à postura abusiva que seu esposo tinha, mas estava em conflito quanto a deixá-lo.

“Talvez seja bom que eu me sinta mal comigo mesma”, ela escreveu, “porque isso me fará desenvolver humildade”.

Não foi a primeira vez que eu ouvi essa lógica. A Bhagavad-gita ensina que humildade é essencial para o progresso espiritual. Algumas vezes, os devotos, infelizmente, pensam que se sentir mal é um pré-requisito para a humildade.

Diversas vezes, me deparo com devotos se complicando com o conceito de autoestima. Tendo lido as orações de santos de nossa linha, eles, algumas vezes, pensam que seus sentimentos deveriam se enquadrar nas declarações autodepreciativas de tais grandes almas. Por associarem baixa autoestima com avanço espiritual, tais devotos podem perpetuar por toda a vida o sentimento de estarem mal consigo. Eles podem acabar por atrair pessoas para suas vidas que lhes tratarão de acordo com a maneira que eles mesmos se sentem e se percebem.

A confusão começa por tentarmos igualar sentimentos que se originam de nosso eu puro com sentimentos que se originam de nosso ego material, ou falso. As grandes almas expressam sentimentos que nascem do ego espiritual puro, sentimentos que não são contaminados pelas qualidades da natureza material. Quando eles se sentem, nas palavras do Senhor Chaitanya, “mais baixos que a palha na rua”, é uma emoção plena de prazer. O devoto puro vê a grandeza do Senhor e vê todos como mais qualificados do que ele próprio. Eles estão imbuídos de amor e apreciação por toda a criação de Krishna.




Bhaktivinoda Thakura, um destacado mestre devotado a Krishna, escreveu belas canções expressando sua atração e seu amor por Krishna, músicas sobre alcançar a meta do coração – amor incondicional pelo Senhor – e canções autodepreciativas, nas quais ele lamenta sua falta de devoção. Como uma alma pura, ele expressa seu apego e amor pelo Senhor e, ao mesmo tempo, sua angústia de sentir-se desqualificado e sem esperança de atingir tal amor. Esses são sentimentos autênticos que nascem da humildade e do apego e amor pelo Senhor.

Reconhecendo Nossas Falhas

Nas primeiras fases de nossa jornada espiritual, talvez experimentemos rapidamente essas emoções por Krishna estar preparando a terra de nossos corações para cultivar nossa devoção. Eu me lembro de uma importante experiência que tive antes de me tornar devota. Eu tinha grande dificuldade de aceitar críticas e achava que minha opinião era absolutamente certa. Essa mentalidade criou inúmeros problemas, tanto na área profissional quanto pessoal. Por meses, eu contestei as recomendações de meu supervisor quanto a como fazer meu trabalho como diretora residente de um dormitório universitário. Minha obstinação estava fazendo o meu trabalho muito difícil, e eu estava aflita por isso. Finalmente, um dia eu tive a poderosa realização de que eu estava errada. Não só eu estava errada quanto a esse problema em particular, mas em relação a várias outras coisas.

É-me impossível descrever quão libertador foi para mim aceitar minha natureza falível. Eu não precisava mais carregar o peso de estar sempre certa em relação a tudo. Eu me senti pequena, mas, ao mesmo tempo, muitas possibilidades se abriram para mim. Pela primeira vez na minha vida adulta, eu pude ver meu autoritarismo assumir uma posição verdadeiramente submissa. Essa mudança de postura mental me preparou para tomar refúgio em meu mestre espiritual e nos devotos de Krishna de maneira geral. Krishna nos ajuda a ficarmos livres por um instante do falso prestígio para que possamos, como encorajamento, provar a doçura da humildade.

Algumas vezes, todavia, quando ainda estamos contaminados pelos modos da natureza material e identificados com nosso corpo e mente materiais, sentirmo-nos inferiores à palha na rua pode nos tornar desmotivados, entediados ou deprimidos. Esses sentimentos, então, impedem nossas práticas devocionais. Nós temos que julgar se, para nossa psique específica, tal psicologia é favorável à consciência de Krishna ou se é um impedimento no momento. Paradoxalmente, muitas pessoas precisam desenvolver um saudável ego material antes de transcendê-lo e realizar seu eu espiritual.

Eu ouvi uma vez um palestrante motivacional dizer que as pessoas com autoestima saudável pensam menos em si mesmas, e não menos de si mesmas. Quando nos sentimos bem quanto a nós mesmos, nós podemos devotar mais tempo e energia doando-nos aos outros, ao invés de absorvermo-nos em autopiedade. Alta autoestima também nos dá liberdade para agirmos de acordo com nossos valores e convicções. Quando nos sentimos mal conosco, às vezes fazemos coisas para agradar ou apaziguar os outros. Em um esforço para satisfazer o desejo dos outros, nós podemos acabar sendo influenciados a fazer coisas conflitantes em relação às nossas crenças e valores.

Sentindo-se Digno e Qualificado

Nathaniel Branden, um famoso psicólogo, define autoestima como “a disposição de sentir-se bem consigo e qualificado para lidar com os desafios básicos da vida e como sendo digno de ser feliz”. Como esses aspectos da autoestima – autoconhecimento e amor próprio – têm relação com a consciência de Krishna? Krishna quer que todas as almas aprisionadas no mundo material sejam pacíficas e felizes. A vida humana nos possibilita a oportunidade de ocuparmos nossos talentos e habilidades no serviço ao Senhor. Quando nos oferecemos a servir o Senhor, sentimos grande alegria. Um amigo, certa vez, deu ao meu esposo um quadrinho com os dizeres: “O que você é é um presente de Deus para você, e o que você se torna é seu presente para Deus”.

Além de confundirem humildade com baixa autoestima, os devotos, às vezes, correlacionam o conceito de autoestima com orgulho e egoísmo. Mas é, de fato, o contrário. Pessoas que exibem alta autoestima também exibem uma atitude mais humilde perante os outros. Eles são mais inclinados a admitir e corrigir erros, enquanto pessoas com baixa autoestima são muitas vezes defensivas e têm a necessidade de provarem que estão certas.

Em uma famosa história do Mahabharata, Krishna encontrou certa vez com Yudhisthira Maharaja e Duryodhana. Desejando glorificar Seu devoto Yudhisthira, Krishna pediu a ele que encontrasse uma pessoa mais baixa que ele, e pediu ao pecaminoso Duryodhana para que procurasse uma pessoa mais gloriosa que ele. Yudhisthira tinha todas as boas qualidades. Ele era pacífico e autossatisfeito. Sem dúvida, ele possuía uma saudável autoestima. Mesmo assim, ele não conseguiu encontrar ninguém mais baixo que ele. Mais uma vez, aqui se tem o exemplo de uma vaishnava avançado que porta humildade genuína.
Por outro lado, o perverso Duryodhana procurou por todo o seu reino o dia todo e não conseguiu encontrar ninguém que ele considerasse superior a ele mesmo. Duryodhana estava contaminado com orgulho e vaidade. Ele invejou e ofendeu grandes almas. Ele vivia em constante ansiedade para manter sua posição, sempre tentando eliminar seus competidores. Sua autoestima dependia de fatores externos como posição e poder, e assim ele não conhecia tal coisa como paz interior. Ele era atormentado por sua própria luxúria e ambição.

Orgulho Versus Autoestima

Pensar em si mesmo como grandioso é orgulho, não autoestima. Uma pessoa com alta autoestima demonstra humildade. A perfeição da autoestima é percebida em pessoas completamente livres do falso ego, nas quais a humildade é produto da realização espiritual.

No nosso estado condicionado, nós possivelmente nos identificaríamos mais com a mentalidade de Duryodhana do que com a de Yudhisthira Maharaja, mas, no nosso progresso na jornada espiritual, nós começamos a nos ver de forma diferente. Quanto mais realizamos não sermos o executor independente, mas o instrumento, mais saudável nossa autoestima se torna. Na vida material, os modos da bondade, paixão e ignorância nos influenciam. Esses modos se misturam e competem entre si para moldar nossa mente, incluindo o modo como nos sentimos em relação a nós mesmos.
Pessoas no abismo do modo da ignorância se sentem felizes e bem em relação a si mesmas quando seus sentidos estão satisfeitos. Pessoas imersas no modo da paixão estão felizes e bem consigo mesmas quando outros valorizam e reconhecem suas atividades. Nesses modos inferiores, nossa ideia de eu oscila o tempo todo.

Pessoas no modo da bondade são felizes e sentem-se bem em relação a si mesmas quando agem em conhecimento, de acordo com seus códigos e valores. Elas são menos reativas a estímulos externos, assim, a autoestima de tais pessoas depende mais de sua própria vida interior – consequentemente, têm mais controle sobre como se sentem.

Pessoas em bondade pura, percebem a si mesmas como instrumentos do Senhor. Elas não se identificam mais como o agente de suas atividades.    

O Exemplo de Prabhupada

Nosso mestre espiritual, Srila Prabhupada, demonstrou alta autoestima. Embora de baixa estatura, ele parecia grande para nós. Ele sempre mantinha sua cabeça alta e se movia com objetivo e confiança. Ele fala de forma direta, com convicção e coragem. Suas ações eram intrépidas e ousadas, e mesmo assim ele tinha uma atitude humilde, sabendo que seu sucesso era devido à providência do Senhor. Sua humildade é exemplificada em suas orações abordo do navio, quando ele estava vindo pela primeira vez aos Estados Unidos:

“Ó Senhor, eu sou como uma marionete em Tuas mãos. Então, se me trouxeste aqui para que eu dance, faze-me dançar, faze-me dançar, ó Senhor, faze me dançar como quiseres. Não tenho nenhuma devoção, tampouco conhecimento, mas tenho grande fé no santo nome de Krishna. Eu fui designado como Bhaktivedanta, e agora, se assim quiseres, podes cumprir o verdadeiro propósito Bhaktivedanta”.

Com grande humildade, Prabhupada finaliza sua carta assinando como “o mais desafortunado e insignificante mendigo, A. C. Bhaktivedanta Svami”.

De um lado, essas preces demonstram que Prabhupada se sentia muito baixo, mas, por outro lado, ele confiava poder fazer qualquer coisa com a misericórdia do Senhor. A oração também nos dá a chave para desenvolvermos puras qualidades devocionais: fé no santo nome. Quanto mais forte a nossa fé na capacidade de purificação dos santos nomes, maior será nossa dedicação ao processo de cantar. Nós cantaremos com tanto foco e atenção quanto pudermos e evitaremos com muito cuidado as ofensas que retardam nosso progresso espiritual.

Nós ficamos menos propensos a explorar os outros quando vemos a nós mesmos como servos, realizando a nossa natureza espiritual – bem como a dos outros - como servos de Deus. Nós somos gloriosas centelhas da energia espiritual, com todas as boas qualidades, embora sintamo-nos pequenos na presença do mais glorioso, nosso Senhor. Com esse verdadeiro conhecimento, a alma pura pode ter alta autoestima e humildade simultaneamente.

Quando eu compartilhei alguns destes pontos com a jovem que havia me enviado sua pergunta por e-mail, ela me escreveu de volta: “É-me um grande alívio entender esses pontos dessa perspectiva. Agora eu entendo que não tenho que continuar convivendo desonrosamente com todo o tipo de abusos para ser espiritual”.


Ela me sugeriu escrever um artigo sobre o tema para a revista Volta ao Supremo. Eu aceitei de todo o coração sua sugestão, uma vez que outros devotos haviam feito perguntas similares ao longo dos anos. Espero que o artigo seja útil para todos.


                               ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES




quarta-feira, 26 de julho de 2017

O ano novo começa hoje! Kin 64 pelo Calendário Maia



Sejam bem-vindos ao Ano da Semente Cristal!
Kin64 !! 💍☀️🌱🌸

Pelo Calendário Maia, o verdadeiro, o ano sempre começa no dia 26 de julho.


Feliz Ano novo!
Será regido pelo Kin 64!

"Dedico-me com o fim de focalizar
Universalizando a percepção
Selo a entrada do florescimento
Com o tom Cristal da cooperação
Eu sou guiado pelo poder da inteligência
Sou um portal de ativação galáctica, entra por mim"

"Comunico a cooperação para semear a Terra com liberdade."



A Semente Amarela representa o milagre da vida, o símbolo do potencial vivo que reside dentro de nós esperando para ser liberado. Simboliza o crescimento da inteligência criativa, o amadurecimento, o florescimento, a sabedoria.
Cristal é o tom da cooperação. Aqui, passamos a perceber o todo como uma composição de pequenos pedaços relacionados, honrando a cooperação e ajudando na elevação do bem comum.
💛
Conforme entramos na primeira Lua do ano, a Lua Magnética do Morcego, nos questionamos: qual é o meu propósito?
Nesta Lua, tome um tempo para reanalisar seu propósito de vida e seus objetivos para as próximas 13 Luas. Fique em silêncio e escute. Este é o ano para despertar seu Avatar interior, o Universo depende disso.
Neste período de 28 dias, considere que todos os seus pensamentos na verdade não são seus. Você é um mero conduto, um canal da energia divina.
Como podemos alinhar nossa mente com a Mente Planetária Maior (noosfera) para acelerar nossa consciência? Este alinhamento sincronizado é o propósito dos códigos diários da Lei do Tempo.
A Lei do Tempo define uma ordem de realidade conhecida como ordem sincrônica. Essa é a definição do universo unificado pelo tempo, apreendido apenas através mente (e encompassado pelo coração).
💛

Desejamos um feliz novo ciclo a todos os Kins planetários. Que o ano da Semente Cristal vos permita colher os frutos dos processos catalisados pela Tormenta Espectral nos últimos 365 dias.
Permaneça vibrando e nos acompanhando. Tenha uma boa viagem no tempo! 
ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES

domingo, 16 de julho de 2017

Encontrando seu Propósito - Os Dharmas

Encontrando Seu Propósito - Os 7 Dharmas




Giridhari Das(Da obra O Caminho 3T)

Desde nossas necessidades fisiológicas até nossa relação com Deus, muitos detalhes formam nossa natureza, e darmos a devida atenção a tudo que nos constitui é uma condição fundamental para podermos nos realizar plenamente.

Dharma é um conceito muito rico, e a palavra tem muitos significados, mas meu foco será no dharma como aquilo que precisa ser feito – essência e dever. O dever pode ser algo imposto. A essência não pode ser imposta. Dharma, portanto, é aquele dever que nasce de quem você realmente é, que nasce de sua natureza. Não é uma imposição externa ou social. É o que você precisa fazer, em qualquer dado momento, para ser a melhor pessoa que você pode ser. É fazer a coisa certa na hora certa. Ser dhármico é mais do que simplesmente fazer o que é bom ou evitar uma conduta danosa ou violenta, embora isso certamente esteja incluído no conceito, e pode-se reduzir isso a uma lista do que se deve evitar. O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida. Grandes mudanças no seu dharma podem ocorrer, literalmente, de um segundo para o outro. Uma maneira de entender o dharma é refrasear os clássicos dizeres: “Não pergunte o que o mundo pode fazer por você, mas pergunte o que você pode fazer pelo mundo”.

Dharma é o princípio orientador da vida, a cada momento lhe demonstrando o que você deve fazer, respondendo suas dúvidas em relação a que curso seguir e simplificando as ações da vida. Dharma é sua integridade na ação e a verdadeira expressão do seu ser. Você encontrará seu lugar no mundo uma vez que você se afine com seu dharma.



O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida.

O dharma é uma parte integral da natureza. Não é uma construção psicológica ou um conceito religioso. O nível de fidelidade que você tem ao seu dharma afetará diretamente como você se sente diariamente. Ser fiel a si mesmo significa agir de acordo com seu dharma. Assim, quanto mais você pode se afinar com seu dharma, mais você pode agir com base no seu dharma e mais você se sentirá satisfeito, completo, real e feliz. Quanto mais dhármico for o seu comportamento, mais você se sentirá satisfeito com quem você é agora. Por fim, quanto mais dhármica for a sua vida, mais você poderá recapitulá-la com alegria e com um sentimento de realização.

Estar na Zona

Mindfulness e dharma andam lado a lado. Dharma é algo tão natural que o que você precisa para estar cada vez mais afinada com ele é remover o que não é natural, em especial egoísmo, medo e cobiça. Outra maneira de dizer o mesmo é que, se você for vítima de sua lista de felicidades condicionais, ou simplesmente carecer de consciência suficiente de suas ações, você não conseguirá ver o seu dharma. O foco perfeito no aqui e agora é centrar-se no seu dharma e colocar toda a sua atenção em realizar seu dharma no máximo de sua capacidade. Isso, por si só, trará uma felicidade imediata e sustentável. Você já experimentou isso muitas e muitas vezes. Você talvez se lembre de muitos momentos em que você se focou totalmente em fazer algo que era seu dever, sem qualquer consideração em relação a si mesmo ou a recompensas futuras ou mesmo a perigos. Pais, em especial mães com bebês, experimentam isso com frequência. Essa experiência é chamada de “estar na zona”. A psicologia positiva (o ramo da psicologia que estuda o que torna as pessoas felizes) aponta “estar na zona” como um dos pilares primários de uma vida feliz. Estar focado na ação implica, necessariamente, não estar focado nos sacrifícios ou benefícios materiais que a ação possa suscitar no futuro. Estes dois são diretamente opostos: focar-se no seu dharma aqui e agora, e ansiar por resultados futuros. Este ponto é tão importante que Krishna não o menciona menos do que dez vezes na Bhagavad-gita. Esta mudança de paradigma é a chave para um grande salto de bem-estar.

A Mudança de Paradigma: Vida vs. Fantasia

A mente destreinada frequentemente se esforça por encontrar soluções externas para a vida. Em um processo interminável, a pessoa constantemente busca ajustar a realidade externa para adequá-la a seus desejos. Listas de felicidades condicionais são sempre atualizadas. A mente destreinada, portanto, passa muito tempo no futuro, no que chamo de “mundo de fantasia”, sonhando acordada com o que parece um futuro melhor. Basicamente, esses desejos envolvem mudar o futuro de três maneiras: 1) obtendo coisas (novo carro, telefone, casa, etc.), 2) fazendo pessoas cooperarem com seus planos (como encontrando um esposo ou esposa, ou esperando que o patrão trate você melhor), e 3) tendo a esperança de que situações favoráveis surgirão (como obter um emprego, ficar em forma ou fechar um contrato). É frequente que nada significativo aconteça quando alguém atinge uma dessas metas. Desejos, uma vez realizados, frequentemente satisfazem muito pouco, e logo outros desejos começam a exercer pressão e assumirem o centro do palco da mente. Viver assim é um dos principais componentes para se ter uma vida muito ruim. Quando a mente está no futuro, desejando resultados futuros, ansiedades em relação a consequências futuras são inevitáveis. Nessa situação, igualmente inevitável é a frustração com a vida como ela é hoje, a ira quando surgem obstáculos que aparentemente adiam a realização desses desejos, e o medo de que tudo termine muito mal. Sejamos honestos: todos nós já tentamos viver assim, e simplesmente não funciona. Nunca funcionou. Esse não é um caminho para se obter paz, satisfação e felicidade.

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Quando a mente deseja resultados futuros, a ansiedade é algo inevitável.

Então, a mudança de paradigma é necessária. Em vez de focar no futuro, na crença ilusória de que alguma combinação de realidade externa (estas coisas, com aquelas pessoas, naquela situação) será a chave para a sua felicidade, o foco está em simplesmente viver bem a vida, aqui e agora, centrado no seu dharma. Vida vs. fantasia. A vida está acontecendo a todo momento. É um fluxo, uma constante corrente de eventos. O desafio é estar completamente presente conforme acontece. A felicidade surge de cumprir o seu dharma bem, aqui e agora, indo de um dharma a outro, ao longo do seu dia – sendo a melhor pessoa que você pode ser hoje, neste exato momento, sincero consigo. É simples assim. Não há necessidade (e, francamente, pouquíssima utilidade) em ficar sonhando acordado com um futuro. A realidade é mais bela do que qualquer sonho, se você simplesmente aprender a acessar isso por completo. Eventos futuros se descortinarão sob a força todo-poderosa do tempo. A vida, em sua maior parte, acontece de maneira muito diferente do que qualquer coisa que você imaginou anteriormente. E isso não é algo ruim, nem algo bom. Apenas é. Trata-se da realidade. Quanto mais conseguimos nos sintonizar com a realidade, mais felizes ficamos. Em vez de imaginar que certa combinação de coisas, pessoas e situações trará paz e felicidade para você no futuro, você deve buscar paz e felicidade na vida como ela é, na bênção maravilhosa de estar ativo em seu dharma, de estar vivo, agora mesmo.

Os 7 Dharmas

Listarei, agora, sete categorias básicas de dharma para ajudar em um melhor entendimento do que é o dharma e como é fácil identificá-lo. É claro que há sutilezas, mas estas sete categorias maiores servem como forte diretriz.

1. Dharma Vocacional

O primeiro dharma, eu costumo dizer, é o mais difícil de todos, pelo menos para a maior parte das pessoas. O primeiro dharma é o chamado de sua vida, sua vocação. Nasce de sua natureza psicofísica. Algumas pessoas têm a bênção de conhecer sua vocação ainda com pouca idade. Já vi isso pessoalmente no caso de alguns dançarinos, artistas plásticos e atores com que me encontrei. São comuns histórias de atletas que se destacaram tanto que seus parentes e professores naturalmente os orientaram para se tornarem profissionais do esporte. Há outros que têm um QI tão aguçado que naturalmente gravitam em torno de trabalhos acadêmicos e científicos. Para a maioria, isso pode ser uma batalha.


Muitos sofrem por se formarem e atuarem em áreas que não correspondem à sua natureza psicofísica.

A razão para isso ser uma batalha é que a sociedade ensina às pessoas desde tenra idade que o que elas realmente precisam é dinheiro, com metas secundárias de estabilidade e respeito. Em outras palavras, quase todos aprendem, desde o nascimento, a escolher o paradigma fantasia. Em vez de ensinarem as pessoas a fazerem aquilo em que são boas e ajudarem-nas a desenvolverem suas inclinações e talentos únicos, o mais frequente é que os pais, a cultura e o sistema escolar tratem as pessoas como folhas em branco, dando-lhes uma educação que supostamente serve para todos e os encorajando a fazer tanto dinheiro quanto possível.

Então, aqui estão algumas dicas para ajudar você a encontrar sua vocação. Lembre-se de que nunca é tarde demais.

  1. Quando estiver meditando sobre o que você gostaria de fazer, remova de sua equação qualquer fator externo. A questão é quem você é, e não preocupações práticas.
  2. Esqueça o dinheiro. Não pense: “Ah! Não posso trabalhar com arte porque isso não pagará minhas contas”, “Não posso cursar Filosofia porque que tipo de emprego eu conseguiria?” Remova tais considerações da mente. Uma maneira de fazer isso é pensar: “Se eu ganhasse na loteria, eu gostaria de trabalhar com...”
  3. Esqueça a pressão social e o orgulho. Não se trata do que seus pais querem que você faça. Se você não se atrai pela vida militar, não faz diferença se existem cinco gerações contínuas de militares na sua família. Não se trata de status social também. Talvez a sociedade não aprecie um porteiro ou garçom, mas são profissões perfeitamente nobres. Quem possui a natureza psicofísica para o ofício de porteiro e está fazendo isso está muito melhor situado do que alguém exercendo a profissão de advogado apesar de ter a natureza psicofísica, na verdade, para a ocupação de musicista. O porteiro pode facilmente encontrar paz e felicidade em seu trabalho, enquanto o advogado sempre se sentirá frustrado e não realizado.
  4. Não pense apenas no que você gostaria de fazer. Você talvez goste de fazer muitas coisas. Em vez disso, pense no que é aquela atividade específica que você não consegue ficar sem. Tente pensar qual é o tipo dominante de atividade para a qual você é naturalmente atraído.
  5. Uma nota para professores: professores têm uma vocação dupla. Primeiramente, têm de aceitar que nasceram para ensinar e, em seguida, têm que encontrar a temática de ensino para a qual têm maior inclinação.

Encontrar sua vocação envolve quem você é agora e é algo que está ali para ser descoberto, de modo que há ferramentas e processos que você pode usar para ajudá-lo quanto a isso, incluindo: testes vocacionais, conversar com pessoas que são próximas a você e até mesmo astrologia védica. O melhor a fazer é apenas olhar seriamente para dentro do próprio coração e sentir sua natureza. Passe algum tempo sozinho, em silêncio, e reflita demoradamente. Seja corajoso e esteja disposto a aceitar sua verdadeira natureza. Não se traia. Não deixe o medo do futuro parar você.

Encontrar sua natureza é essencial. Passar suas horas de trabalho fazendo algo não adequado à sua natureza psicofísica desgastará suas chances de felicidade. É uma ofensa à sua pessoa. É como manter seu verdadeiro eu trancado em algum lugar distante.

2. Dharma Natural

Krishna explica na Bhagavad-gita que, entre outras coisas, um yogi tem que satisfazer três necessidades naturais: 1) dormir, 2) comer e 3) recrear. Chamo isso de nosso “dharma natural”, porque se tratam de necessidades naturais centrais do corpo e da mente. Krishna enfatiza que não se deve comer ou dormir em excesso nem comer ou dormir menos do que o necessário. Quanto é “em excesso”? Bem, o que seja em excesso para você. Somos todos diferentes. E, em diferentes momentos de sua vida, o que é demais ou insuficiente para você irá variar. Portanto, você tem que encontrar o seu equilíbrio. Viver o seu dharma é, precisamente, ter equilíbrio, sabendo quando mudar de um dharma para outro, em seu limitado dia de 24 horas. O dharma natural significa que você tem que levar a sério, como um dever, como parte de sua essência, os atos simples de comer, dormir e recrear.

Você tem que reservar um tempo para comer, para valorizar esse momento. Comer não deve ser empurrar comida para dentro da boca enquanto se faz um milhão de outras coisas. Não deve ser algo corrido. É algo que deve ser tratado como um dever sagrado. Um tempo para pensar sobre suas escolhas alimentares, sobre o que você está colocando em sua boca. É o momento crucial do dia em que você está reabastecendo o seu corpo. “Esta refeição é compatível com quem eu sou? É realmente boa para mim? É boa para o planeta?” São escolhas sérias, com consequências sérias. Em um mundo onde as pessoas estão se matando e destruindo o planeta com más escolhas alimentares, é fácil ver como tomarmos o ato de comer como um dos dharmas fundamentais pode ser muito importante.

Dormir não é uma perda de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física. Falta de sono pode ter um impacto negativo tremendo em sua saúde, e até mesmo matar, no caso de dormir ao volante ou em outra situação similar. É seu dever fazer todos os arranjos necessários para dormir bem e dormir o bastante. Dormir não deve ser algo que você faz quando não é mais capaz de ficar de pé e algo que você interrompe porque é forçado a se levantar para trabalhar. Como dormir o bastante é seu dharma, é seu dever, você tem que organizar sua vida de forma que essa necessidade mental e corpórea crucial seja acomodada. Ver o sono como seu dharma significa também que, quando você vai para a cama, não deve estar pensando em outros dharmas, como o trabalho. Você deve simplesmente dormir. Limpe sua mente e esteja no aqui e agora de simplesmente dormir.

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Dormir não é uma perda de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física.

Ver a recreação como um dos seus dharmas significa que você pode dispersar todo sentimento de culpa quando você consegue tempo para se divertir ou sair de férias. Isso também significa que você deve reservar um tempo para se divertir e sair de férias. Alguém que trabalha demais e não se diverte nada acaba se tornando alguém muito carrancudo... e pouco dhármico também. Eu, pessoalmente, acho fascinante e confortador que um texto clássico como a Bhagavad-gita, descrevendo o que é preciso para se iluminar, mencione a importância da recreação.

3. Dharma Ocupacional

Independente de se você encontrou sua verdadeira natureza, quando você aceita um emprego, gerencia seu próprio negócio ou se matricula em um programa de estudo de horário integral, você aceitou um grande dharma. Chamo isso de “dharma ocupacional”. É, em geral, o que mais exige horas do seu dia, em virtude do que é muito importante que você veja seu trabalho ou estudo como um dharma, e não como um fardo ou imposição externa.

Porque é um dharma, você não deve aceitar um trabalho que cause dor e destruição desumana. A expressão de sua vida, por exemplo, não pode ser ajudar a causar câncer e vícios em milhões de pessoas, roubar ou utilizar indevidamente recursos públicos, destruir a economia, tirar o dinheiro de outras pessoas através de mentiras, matar animais inocentes ou contribuir para a destruição do planeta. Não pode haver felicidade nisso, e nenhum argumento deve conseguir convencer você da necessidade de aceitar uma ocupação tão degradante como essas exemplificadas.

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Nenhum argumento deve convencê-lo a aceitar uma ocupação degradante, como promover vício e doenças entre a população.

Ver seu trabalho como dharma significa aplicar o mesmo princípio de mindfulness para as muitas ações que o circundam. Isso quer dizer que você jamais deve ver seu trabalho ou estudo como um meio para um fim. O trabalho jamais deve se destinar a ganhar dinheiro, e seus estudos jamais devem ter por finalidade conseguir um diploma para conseguir um emprego. Esse tipo de pensamento torturará você e tornará seus dias longos e sofridos. Em vez disso, cada atividade para a qual você é convocado deve ser feita tão bem quanto você seja capaz, com tanto de sua atenção dedicada a isso quanto possível. O foco deve ser a ação em si, não o dia como um todo, nem a carreira, nem o salário ou outra meta no futuro.

Se você está se sentindo estressado no seu trabalho, é um sinal bem claro de que sua mente está fora de controle. Estresse é um indicador de que você ou está ansiando por algum futuro positivo ou está temendo algum acontecimento negativo. Em outras palavras, sua mente o está arrastando para o futuro e o enlouquecendo. Então, traga seu foco de volta para uma ação por vez. Se é hora de se sentar em uma reunião ou sala de aula, esteja ali, presente, sendo a melhor pessoa que você pode ser naquele momento. Se é hora de preparar uma apresentação, para vender papel ou qualquer outra coisa, então faça isso somente, faça o melhor que pode fazer e não fique se desgastando com pensamentos do que virá depois, não fique percorrendo as postagens de redes sociais ou respondendo a e-mails. Mantenha sua completa atenção em uma coisa de cada vez.

4. Dharma Pessoal

Toda relação pessoal cria uma demanda dhármica. A qualidade e o tipo de relação determina “o peso” das demandas dhármicas ou, em outras palavras, quanto do seu tempo você tem que investir na relação e o quanto de responsabilidade existe no seu papel nesse relacionamento. Mães e pais têm a maior demanda de todas. O dharma de criar os filhos é seríssimo. Donos de animais de estimação também assumem um dharma similar ao de maternidade e paternidade em relação aos seus companheiros animais. O dharma de ser filho ou filha é o segundo mais importante, mas não se compara ao de ser mãe e pai. Amigos muito próximos também criam laços dhármicos. Existem variados níveis de responsabilidade com outros membros familiares, irmãos, vizinhos, colegas de trabalho, etc.

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Você tem que perceber o que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir sua responsabilidade.

Ver toda relação pessoal como dharma, como parte de uma definição de quem somos, como um dever sagrado, significa que você tem que ir além do egoísmo e da preguiça. Você tem que estar ciente dessa relação e sentir o que é preciso para honrá-la, para apreciá-la. Também significa que você quer estar completamente presente quando lida com a pessoa. Se é o momento de dar um telefonema para exercitar seu dharma pessoal com sua esposa, esteja completamente presente, exercendo tanta conexão e tanto amor quanto você seja capaz. Se é hora de passar algum tempo brincando e educando seus filhos, esteja ali por completo. Se entregue a isso. Não deixe sua mente arrastar você para pensamentos referentes ao trabalho. Não dê atenção para sua mente lhe dizendo que, em vez de brincar com um carrinho barulhento, ela preferiria estar malhando na academia ou lendo um livro em um ambiente tranquilo.

O dharma pessoal possui uma importância enorme. Se você não der tempo e energia suficientes para seus relacionamentos pessoais, você está fadado a sofrer, independente do que mais você acredite estar obtendo. Você tem que ter a sensibilidade de perceber o que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir essa responsabilidade com plena atenção, dando o seu melhor.

5. Dharma Comunitário

Você é parte de uma comunidade, residente de uma cidade e estado, e cidadão de um país. Isso significa que você tem benefícios e responsabilidades compartilhados. Espera-se que o governo providencie estradas, iluminação pública, eletricidade, água, proteção contra criminosos e invasores estrangeiros, etc., e, em troca, pelo menos, você tem que pagar seus impostos e obedecer às leis. Ainda melhor, você deve ver seu dharma comunitário como um chamado para tornar melhor a vida daqueles que vivem em seu entorno. Você pode ajudar com ideias ou com serviço voluntário? Você pode se engajar na exigência de melhores direitos civis, melhores serviços públicos? Você pode ajudar aprimorando a escola dos seus filhos? Não podemos, todos nós, pensar que isso é problema dos outros. Onde há um crescimento dessa tendência de pensar que outra pessoa deveria se preocupar com o bem público, ali encontraremos políticos corruptos e péssimos serviços governamentais. Assim, de um lado, devemos ser ao menos membros conscientes de nossa comunidade, pagando nossos tributos e seguindo as leis, e, por outro lado, devemos participar ativamente no aprimoramento da sociedade.

6. Dharma Universal

O dharma comunitário possui um foco mais imediato na comunidade e no país em que você vive. Contudo, estamos todos interconectados. Não apenas compartilhamos de uma conexão natural com aqueles da nossa espécie, mas também uma conexão com todos os habitantes do planeta Terra. Essa conexão nos define, é parte de quem somos, diante do que é parte do nosso dharma como um todo. Chamo isso de nosso “dharma universal”. Conforme você evolui, naturalmente você se torna mais e mais afinado com o mundo ao seu redor, sensível ao que está acontecendo. Uma pessoa espiritualmente madura não é indiferente à destruição do planeta e ao sofrimento de outros, e assume a parte que lhe cabe para tornar o mundo um lugar melhor. Isso se chama compaixão.

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Ser ecológico é uma das manifestações do dharma universal.

Alguns exemplos de prática desse dharma universal são: 1) fazer o melhor para ser ecológico, 2) ser um consumidor consciente, 3) fazer sua parte em uma emergência, acidente ou desastre natural e 4) buscar saber se você pode ajudar quando há sofrimento em grande escala em nações distantes.

7. Dharma Espiritual

Por último, mas certamente não menos importante, está a categoria do dharma espiritual. Seu eu espiritual é a definição última de quem você é, sua essência no sentido último da palavra. Mesmo se, neste ponto, você não “assina embaixo” da ideia de ser mais do que este corpo, você ainda pode compreender o dharma espiritual como seu dever de ser a melhor pessoa possível, de ser completamente justo consigo mesmo.

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A conexão com Deus, quando experimentada de forma madura, é a parte mais profunda do dharma.

Com o tempo, uma vez que você entenda que você só pode se definir perfeitamente quando entenda sua relação com Deus, então, como parte de sua essência mais íntima, como a definição central de si mesmo, você gozará alegremente dessa conexão, chamada devoção, como a parte mais profunda do seu dharma espiritual. Exercitar seu dharma espiritual é assumir seriamente a responsabilidade de aprimorar-se e de conhecer-se.

Mudança de Dharma e Mindfulness

Foco no dharma é uma ótima maneira de checar se você está praticando o mindfulness; em outras palavras, se você está realmente focado no aqui e agora. Por exemplo, você está se divertindo com um passeio de bicicleta e um pneu estoura, ou você está trabalhando e recebe uma ligação e toma conhecimento de uma emergência familiar com a qual você tem que lidar. A tendência natural é você se perturbar. Quando isso acontece, simplesmente pare. Respire fundo algumas vezes. O que acabou de acontecer foi uma mudança de dharma. Você estava contente no seu dharma de recreação, andando de bicicleta, então, de repente, isso mudou para o dharma de arrumar a bicicleta. Você estava absorto no seu dharma ocupacional, trabalhando no computador, mas, então, você foi forçado a interromper isso para lidar com um dharma pessoal. Não se perturbe. Apenas entenda que aconteceu uma mudança de dharma. Se fixe no novo dharma, fixe sua mente nele, aqui e agora. Viva bem o novo momento. Não resista ao fluxo da vida e às demandas dhármicas sempre em mutação, que podem vir em momentos muito inesperados.

Antes de fazer qualquer coisa, certifique-se, primeiramente, que é seu dharma fazer isso. Algumas vezes, surgem em nossa mente ideias sem sentido que é melhor não executarmos. Outras vezes, alguém talvez queira pressioná-lo a fazer algo que é contra o seu dharma. Então, primeiro cheque e, então, seja firme o bastante para dizer não a você mesmo ou a outros caso a ação em questão não seja o seu dharma. Se é, entretanto, se fixe nisso, apesar de algum apego por fazer outra coisa, preguiça ou mesmo medo. Se é o seu dever, seu dharma, simplesmente faça, com sua mente inteiramente centrada nisso. Não permita que sua mente torture você. Não faça uma coisa desejando fazer outra. Se você tem que fazer algo, se é parte do seu dharma, realmente se entregue a isso, mesmo caso não estivesse nos seus planos ou mesmo caso não se sinta apto para isso. O resultado será que você mais uma vez se sentirá harmônico e em paz.

Dharma como um Guia e um Caminho para Simplificar a Vida

Conforme você desenvolva sua sensibilidade às demandas dhármicas do momento, saber o que fazer de um momento a outro se torna tão claro e fácil quanto trafegar por uma rodovia. À medida que você desenvolve essa habilidade, você terá a clareza de conhecer qual é a melhor coisa para se fazer agora, e terá, portanto, a determinação natural, nascida de estar livre de dúvidas, para se fixar completamente nisso. Isso permite que você aproveite ao máximo cada dia, aproveite ao máximo cada ato, absorto em mindfulness, sendo o melhor que você pode ser.

O dharma também ajudará você a se aliviar do estresse de múltiplas demandas, seja no trabalho, seja em casa ou, ainda pior, por múltiplos desejos. Dharma é sinônimo de uma ação principal por vez. Desejos são ilimitados, e, se você permitir isso, clientes, membros familiares, colegas e seu patrão irão colocar em cima de você uma lista infindável de demandas. Todavia, uma vez que você fique confiante no exercício de identificar seu dharma, de priorizar suas ações de acordo com seu dharma, você terá a paz de fazer uma coisa de cada vez, com sua mente focada nessa única ação. Nunca é seu dharma fazer mais do que você consegue – somente fazer o melhor que você pode.

Focar-se no seu dharma conduz ao desenvolvimento de simplicidade, que é uma qualidade maravilhosa. Quanto mais você foca naquilo que você tem que fazer, na expressão de si mesmo, você naturalmente se interessa menos em criar demandas desnecessárias em sua vida ou em comprar coisas que você não precisa. Você desejará comprar apenas coisas que ajudem na realização do seu dharma e nada mais. Viver essa mudança de paradigma de se centrar no seu dharma significa que você dedica cada vez menos atenção aos desejos caprichosos e planos ilusórios e extravagantes para a felicidade. Simplesmente viver seu dharma em mindfulness é algo tão completo e recompensador que você não sente mais a necessidade de buscar felicidade em comprar coisas que você não precisa. Conforme você desenvolva uma crescente sensibilidade em relação ao seu dharma, você não precisará buscar coisas para ocupar seu tempo. Você saberá o que fazer de um momento ao outro, e você valorizará ter tanta liberdade quanto possível para exercer os seus dharmas com toda a sua atenção. Você entenderá que tempo é a posse mais valiosa. Quanto mais demandas você conseguir remover do seu cronograma, mais paz você experimentará em relação a ser capaz de focar em seus dharmas centrais. Casas menores significam menos manutenção e menos tempo gasto com limpeza. Menos roupas significam guarda-roupas menores. Andar de bicicleta ou usar o transporte público, em vez de dirigir, significa menos tempo cuidando do carro. Viver perto do trabalho significa menos tempo no trânsito. Qualquer coisa que você possa fazer para simplificar sua vida resultará em mais paz e, então, mais felicidade. Essa simplicidade é priorizar o seu verdadeiro eu.

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Fonte: Amigos de krishna - Giridhari Das

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