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terça-feira, 27 de março de 2018

Superando a Inveja

Superando a Inveja


Vraja Bihari Dasa


Identificando e superando a causa raiz de nossa existência material.


“Inveja do vizinho, orgulho do proprietário”. Crescendo em uma era quando a televisão era um novo fenômeno, esse slogan publicitário tomou a imaginação do público. Possuir aquela marca em particular de televisão era considerado algo absolutamente glorioso uma vez que aqueles que não tivessem a mesma sentiriam inveja de você. Para devotos em amadurecimento, entretanto, a inveja não é motivo de alegria. É, antes, um fardo terrível que ameaça destruir a delicada trepadeira de bhakti crescendo em nossos corações.

Como a Inveja nos Ataca?

Inveja é desejar possuir o objeto ou a posição desfrutada por outrem. Um estudante que fica na primeira posição em sua turma é invejado pelos colegas que ficam logo atrás dele. Sua promoção no escritório é invejada por outros colegas que foram preteridos para o cobiçado posto e aumento salarial. Em círculos sociais, as pessoas são frequentemente flagradas troçando e depreciando outros, especialmente aqueles ausentes na festa. Sentir prazer encontrando defeitos é um sintoma de nossa natureza invejosa. Esse puxar alguém superior a nós para o nosso nível é algo familiar à mentalidade do siri. Exportadores do animal economizam muito dinheiro não fornecendo tampões para os contêineres. Não há medo de que os siris escapem, haja vista que, quando um tenta subir para fugir, os outros o puxam para baixo. Essa tendência também não é incomum nas sociedades humanas.

Devotos ouvem casos históricos de personalidades sofrendo devido à sua natureza invejosa. Gopala Capala, movido por sua inveja da popularidade de Srivasa Thakura, tentou aviltá-lo dispondo substâncias detestáveis, próprias para adorações tântricas, do lado de fora de sua casa e atribuindo a presença das mesmas ali à natureza dúbia de Srivasa. Embora Srivasa, humilde, não houvesse ligado para a ofensa, o Senhor não perdoou Gopal Capala. Gopal contraiu lepra, e o Senhor Caitanya Mahaprabhu declarou que ele teria de sofrer essas reações por milhões de vidas.

Quando ouvimos tais casos extremos de manifestação de inveja e consequentes reações, podemos falsamente nos consolar: “Bem, se isso é inveja, certamente não sou invejoso, porque eu jamais faria isso”. Para devotos praticantes, entretanto, a inveja se manifesta mais sutilmente. Podemos sentir o cheiro da inveja dentro de nossos corações quando não sentimos felicidade pelo progresso de outros na consciência de Krishna, por exemplo. Quando outros vaishnavas são glorificados, como nos sentimos? Embora não esteja fazendo nenhum plano para prejudicar outros, talvez o indivíduo deseje que outro devoto se depare com algum fracasso ou dificuldade a fim de que a posição desse invejoso como alguém melhor, supostamente, se revele ao mundo. Quando outros prosperam, material ou espiritualmente, um devoto neófito se sente inseguro e ameaçado diante de suas conquistas.

A Causa da Inveja

Nossa inveja de outros tem por raiz nossa inveja de Krsna. Uma vez que todas as boas qualidades vêm de Krishna, quando vemos um devoto bem-sucedido em todo aspecto da vida espiritual, estamos, na verdade, vendo a misericórdia de Krsna derramada sobre ele. Assim, sentir inveja de outrem significa que estamos, na verdade, invejando Krsna, e essa é a causa essencial de nossa existência material condicionada. Desejando ser o desfrutador e o controlador, a alma peleja no mundo material. Após fracassarmos repetidamente em semelhante empenho; uma vez que tenhamos despertado para a nossa consciência original e ajamos como servos do Senhor, tornar-nos-emos aptos a voltar ao mundo espiritual. Em contrapartida, nutrindo inveja e ódio, simplesmente prolongamos nossos sofrimentos aqui. Não é surpreendente, portanto, encontrar Srila Prabhupada repetir em quase toda palestra, conversa e em seus volumosos escritos sobre a necessidade indiscutível de nos livrarmos da tendência profundamente arraigada de tentarmos ser o desfrutador.

Mais Mortal do que a Luxúria

Frequentemente ouvimos dizer que a luxúria é um inimigo mortal para um devoto aspirante. É comum vermos um devoto que cai em razão da luxúria lamentar e aceitar sua fraqueza. Contudo, uma vítima da inveja, muito frequentemente, não é ciente de que é invejosa. A pessoa garante a si e aos outros que ela não é invejosa, senão que, muito diferentemente, está apenas “ajudando” através da exposição dos defeitos óbvios dos outros.

Sisupala tinha inveja de Krsna e também estava convicto de que sua blasfêmia contra Krsna na assembleia Rajasuya era justificada, e surpreendeu-se ao ver que outros não compartilhassem de sua compreensão. Assim, a inveja cega uma pessoa para os seus próprios defeitos. Quando pensamentos luxuriosos jorram no coração, o devoto pode se sentir humildado e caído. Contudo, um jato de sentimentos invejosos simplesmente amplia nosso orgulho e constrói uma estimativa alta, porém errônea, acerca de nós mesmos. A inveja também implica falta de fé em Krsna. No ambiente competitivo moderno, se alguém consegue uma cobiçada vaga de emprego ou universitária, é natural que outros sintam inveja. Contudo, na consciência de Krishna, não há razão para a inveja porque Krsna é ilimitado, e se alguém recebe muitíssima misericórdia, isso em nada inibe nosso avanço pessoal e nosso acesso à benevolência de Krsna. O estoque de misericórdia de Krsna não reduz, e o sucesso alheio é causa de celebração, dado que revela as mais maravilhosas opulências de Krsna, manifestas através de Seus devotos.

Que Esperança Nós Temos?

O conhecimento mais confidencial dentro do Bhagavad-gita está contido no capítulo nove, e o Senhor Krsna cita a qualificação exigida para a compreensão do mesmo no primeiro verso do capítulo referido. “Meu querido Arjuna, porque nunca me invejas, compartilharei com tua pessoa esta sabedoria e realização mais confidenciais, conhecendo o que te livrarás das misérias da existência material”.

Enquanto é possível utilizar a ira ou a avidez no serviço a Krsna, a inveja é o único sentimento que não encontra lugar entre todos. Krsna assegura que, se seguirmos o processo sem inveja, livrar-nos-emos do condicionamento das ações fruitivas. Contudo, se agirmos por inveja, seremos “enganados”, “privados de todo conhecimento” e “arruinados em nossos esforços pela perfeição”. (Bhagavad-gita 3.32). Nutrir inveja garante que não saborearemos o néctar de bhakti, o serviço devocional amoroso a Deus, embora possamos cumprir com todas as exigências externas do processo. É como lamber a parte de fora da garrafa de mel.

Passos para Superar a Inveja

O primeiro e mais importante passo para superarmos a inveja é reconhecermos a existência desse inimigo dentro de nós. Exige coragem e humildade aceitar a própria condição caída e fazer um sincero esforço para erguer-se desse nível. Srila Prabhupada escreve sobre a necessidade de fazermos do reino de Deus a meta de nossa vida, e fazê-lo ajuda-nos a abandonar a inveja, visto que isso certamente é um obstáculo nesse caminho. Isso também ajuda o devoto a meditar em como sua vida devocional repousa sobre um sistema de “ajuda de vida” de misericórdia imotivada. Quanto mais nos lembramos acerca de como somos dependentes da misericórdia dos devotos e de Krsna, menos cultivaremos inveja em nossos corações. Isso se deve ao fato de que nosso próprio estado frágil se revelará a nós, e os perigos de cultivar esse anartha da inveja serão óbvios. O hábito de orar também é certamente benéfico. Chamar pela ajuda de Krsna para que nos salve dessa mentalidade doentia é algo purificador, e se orarmos também pelo sucesso da pessoa que invejamos, nosso coração se tornará mais macio.


Estamos nos decompondo no mundo material por causa do esquecimento de nossa relação com Krsna. Por conseguinte, temos que orar fervorosamente pela lembrança de nossa posição constitucional como servos e, então, agirmos nessa plataforma. Constantemente se lembrando de sua condição precária neste mundo material e prestando serviço amoroso a outros vaisnavas, o devoto dará a Krsna o que Lhe é mais prazeroso, e Krsna, satisfeito com o serviço do devoto, certamente lhe conferirá a dádiva do amor e da ausência de inveja.

Fonte: De volta para o Supremo 


       Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

ENFRENTANDO A DEPRESSÃO

Enfrentando a Depressão


Bhakti-tirtha Swami

Causas fisiológicas e mentais, a noite escura da alma, a situação específica da mulher, conhecendo os inimigos da mente, a necessidade de terapeutas espiritualmente orientados, influências sutis, a gratidão e a abnegação como instrumentos de cura – uma análise holística do mal do século.


Em seu Relatório sobre a Saúde no Mundo, a Organização Mundial da Saúde relatou sobre a condição da saúde mental ao redor do globo, estimando que 450 milhões de pessoas no planeta sofrem de desordem mental ou comportamental. Ademais, a depressão é agora a principal causa de inabilidade ao redor do mundo, e, entre as dez principais causas do ônus mundial de doenças, a depressão figura em quarto lugar. A Organização Mundial da Saúde estima que, nos próximos vinte anos, a depressão atingirá a posição de segunda maior causa de doenças. Eles também relatam que um milhão de pessoas cometem suicídio ao ano, e cerca de dez e vinte milhões tentam o suicídio.

Considerando estes pontos, é muito importante a nós que somos espiritualistas compreender as doenças mentais a fim de que possamos ajudar as pessoas que sofrem com algum desses problemas. Compreendendo os efeitos dessas perturbações mentais na consciência, ampliaremos nossa efetividade. Este conhecimento é um caminho pelo qual indivíduos com um nível superior de consciência podem auxiliar em muitos ambientes e levar a consciência de Deus. O guerreiro espiritual deve proteger os saudáveis e servir os doentes. De maneira a nos equiparmos, examinaremos as doenças mentais, e especialmente a depressão, a partir de uma perspectiva psicológica, fisiológica e, é claro, espiritual.

Doenças Psicossomáticas

Doenças psicossomáticas desenvolvem-se distintamente a partir da mente, e, em certos casos, a mente de uma pessoa literalmente faz com que ela experimente uma doença ou reprima os sintomas de um tipo particular de enfermidade, até ao ponto de desenvolver paralisia. Psiconeuroimunologia é uma ciência médica e psicológica que estuda a influência da mente sobre o corpo. O que isso tem a ver com depressão? Doenças psicossomáticas ilustram o poder da mente e são importantes para nós que tentamos entender a depressão. Simplesmente por reconhecermos o processo de pensar, sentir e desejar, compreendemos como pensamentos conduzem a ações. Se repetidamente mantemos certos pensamentos em nossa mente, eles, por fim, se tornarão palavras e, em seguida, ações.



Ademais, quando uma pessoa se sente alienada ou não amada, isso afeta a mente. Mais especificamente, isso afeta os neurotransmissores, os quais, então, enviam mensagens através de todo o corpo e, consequentemente, causam um ataque às células e órgãos em nosso próprio corpo. Muitas doenças de fato se desenvolvem devido a frequentes ataques da mente sobre as células e órgãos no corpo - tamanho é o poder da mente. Em sentido contrário, quando uma pessoa se sente cuidada e amada, seu sistema imunológico físico e psíquico de fato se torna mais forte. O amor literalmente cura, protege e prolonga a vida, e a falta de amor literalmente mata.

Fatores Biológicos

Alguns tipos de doenças mentais, bem como a depressão, têm sim uma origem ou contraparte biológica. Há muitos diferentes tipos de indisposições, doenças ou problemas que podem causar uma perturbação mental. 22

A Noite Escura da Alma

A teologia cristã possui um termo chamado "a noite escura da alma", ou um período de sérios testes pelo qual passam todos os sinceros buscadores espirituais. Em certos momentos durante nosso progresso espiritual, talvez vivamos períodos de rápido avanço e crescimento embora achemos difícil perceber a situação dessa maneira positiva. Podemos chegar a um momento em nossas vidas quando começaremos a pensar: "Estou cantando, meditando, orando, jejuando, lendo as escrituras, visitando o templo, a igreja, a sinagoga ou mesquita, seguindo as leis e os princípios espirituais, mas estou infeliz! Onde está Deus?". Neste ponto, o indivíduo até mesmo começa a questionar seriamente a misericórdia e o zelo de Krishna. Semelhante pessoa pode sentir que até mesmo Deus a abandonou.

Muitas vezes caímos em um estado depressivo porque agimos da maneira correta e nosso nível de consciência se elevou, mas não conseguimos compreender as circunstâncias aparentemente negativas e desafiadoras em nossas vidas. Contudo, o Supremo permite que queimemos esse karma de modo que possamos partir para outro capítulo. Se você olhar para trás em sua vida, você talvez se lembre de momentos em que você de fato experienciou esse período e começou a questionar a existência de Deus ou Sua justiça. Porém, quando você olha para trás agora, você compreende o propósito de tais eventos em sua vida porque eles ajudaram você a ampliar ou elevar sua consciência. Frequentemente, o resultado de intenso sofrimento é a elevação da consciência. Tal sofrimento nos dá a intensidade para quebrarmos as últimas camadas de consciência mundana que nos abafam.

A Influência de Entidades Sutis

Em alguns casos, diferentes entidades sutis de fato afetam o corpo. Os pensamentos, desejos e atividades de algumas pessoas são tão degradados e baixos que convidam ou permitem que entidades muito negativas e sinistras entrem em seus corpos e influenciem-nas a se envolverem em atividades extremamente negativas. Portanto, indivíduos que não estão se tornando mais espirituais estão gradualmente perdendo parte de seu livre-arbítrio e sua expressão criativa da consciência. O bombardeio de diferentes tipos de influências e propaganda intrusiva terá um maior efeito sobre nós. Esses fenômenos em maior recorrência também podem causar doenças mentais.

Mulheres São Mais Propensas à Depressão

Mulheres comumente sofrem de depressão mais do que os homens e têm maior susceptibilidade a caírem em estados de depressão. Uma razão é que têm menor controle de seus ambientes e tendem a ser mais emotivas. Quando alguém tem problemas, por exemplo, no âmbito econômico, político, social ou religioso, isso o afetará um pouco menos se ele tiver algum controle sobre a situação. No entanto, quando uma pessoa se encontra no meio de um problema e tem simplesmente de ficar à mercê da situação, isso é muitíssimo estressante à consciência.


A Organização Mundial da Saúde relata que 20% da população feminina mundial foi física ou sexualmente abusada por um homem em algum momento de sua vida. Se uma mulher reprimiu certos aspectos de seu passado, essas memórias podem começar a vir à superfície entre os 35 e 45 anos, o que pode ocasionar perturbações na mente ou na consciência. Um homem talvez não compreenda a batalha de uma mulher durante esse período uma vez que alguns de seus problemas têm raiz em situações de abuso que viveu durante a infância.

A interpretação e aplicação equivocadas de culturas védicas e antigas é outra séria fonte de problemas que facilita a depressão. Uma cultura adepta à ideia de que o homem provê e domina em um arranjo monárquico ou autocrático pode se tornar muito destrutiva se as pessoas abusarem dessa filosofia. Em vez de cuidarem das mulheres e darem facilidades para que sejam felizes, os homens podem criar uma situação completamente oposta, que, então, acarreta vários tipos de abuso. Quando isso acontece, é claro, torna-se grande fonte de depressão para as mulheres. Em muitos casos, os homens simplesmente aceitam o arranjo como cultura e tradição, sem refletirem profundamente sobre a questão ou sentirem-se culpados.

Terapeutas Espiritualmente Orientados

Agora gostaríamos de dedicar algum espaço considerando soluções ou ao menos maneiras saudáveis de lidarmos com a depressão. Primeiramente, necessitamos de terapeutas espiritualmente inclinados, ou terapeutas que apreciem a cultura espiritual e, o mais importante, que esteja verdadeiramente seguindo essa cultura. Conquanto alguns desses desafios mentais sejam fisiológicos ou biológicos, outras perturbações mentais têm raiz na mente, o que significa que a terapia tradicional falada pode ajudar a pessoa a superá-las. Todavia, pode ser perigoso recorrer a um terapeuta que não compreenda ou aprecie a dimensão espiritual, uma vez que podem tornar a situação da pessoa ainda pior.

Quando uma pessoa santa, por exemplo, começa a falar em um espírito de humildade, o terapeuta ordinário categorizará isso como baixa autoestima e começará a tratar o problema como tal. Eles não compreendem que a humildade é parte do tesouro de uma pessoa santificada. A gratidão e a proximidade de um santo com Deus torna-o, por fim, humilde. O espiritualista aspirante talvez esteja fixo em simplicidade e renúncia, mas o terapeuta talvez veja isso como um comportamento antissocial. O santo talvez esteja buscando por castidade ou celibato, mas o terapeuta pode ver isso como uma repressão sexual doentia. A lista se alonga ilimitadamente. Por essas razões, há necessidade de existirem devotos de qualidades divinas com formação específica para servirem suas próprias comunidades e manterem o foco devocional.

Mantendo Tanto o Corpo Quanto a Alma

Algumas vezes, julgamos que podemos solucionar todos os nossos problemas simplesmente através da execução de rituais, e de fato tais práticas podem prover a ajuda essencial se as realizarmos com suficiente profundidade e suficiente pureza. Entretanto, uma vez que semelhante profundidade é muito rara, ajuda adicional é necessário para auxiliar o praticante a remover vários obstáculos. Como instituições e comunidades com valores espirituais se expandem por todo o mundo, precisamos manter o corpo e alma juntos. O santo vaishnava Srila Bhaktivinoda Thakura explica que, a fim de se desenvolver uma comunidade saudável, precisamos equilibrar as seguintes quatro necessidades: (1) Precisamos cuidar do corpo; (2) precisamos estimular de forma apropriada a mente; (3) precisamos de um senso de bem-estar social; e (4) precisamos estudar as escrituras.

Conforme embarcamos no caminho devocional e experimentamos certos tipos de desafios que acompanham as situações ordinárias, também temos de buscar por ajuda, e, se possível, buscar por aqueles na comunidade que tenham um pouco mais de entendimento das necessidades físicas e psíquicas bem como dos aspectos espirituais.

Os Inimigos da Mente

Imagine uma situação em que seis inimigos constantemente rodeiam sua pessoa e incessantemente aguardam pela oportunidade de atacar tão logo você abaixe sua guarda. Os seis inimigos são a luxúria, a ira, a ganância, a desorientação, a intoxicação e a inveja. Essas são algumas das maneiras pelas quais a depressão, a ansiedade, a melancolia e a frustração afetam a mente. Tão logo você se torna apático, eles se aproximarão rapidamente. Contudo, podemos tentar fortalecer o suficiente nossos pontos fracos se sabemos que maya nos atacará nessas zonas frágeis. Se soubermos o esconderijo do inimigo, podemos nos manter distantes em vez de permanecermos em uma posição insegura ou permitindo que o inimigo constantemente ataque em emboscada.

Muitos desarranjos mentais lidam com a estrutura mental de hedonismo, porque, quando o hedonismo fracassa, ele se torna ira, que, por sua vez, se torna grande ilusão ou desorientação. Também podemos compreender a depressão como a ira voltada para si mesmo. A inveja também cria um desequilíbrio dentro de nós. Devemos ser param-duhkha-duhkhi-kripam-buddhi, que significa que devemos ter empatia pela miséria alheia e pela felicidade alheia. Devemos sentir felicidade por outra pessoa quando vemos algo positivo acontecer em sua vida. Com efeito, devemos sentir a mesma felicidade por ela que sentiríamos por nós mesmo naquela mesma situação. Esse tipo de estrutura mental pode ajudar a prevenir contra depressão e desequilíbrio mental. Se aprendermos como tirar essas ervas daninhas na forma de tendências negativas, descobriremos que sua ausência traz soluções maravilhosas.

Desistindo do Egoísmo

Se nos encontramos em um estado de depressão, também podemos examinar nosso nível de autocentramento. Existem duas maneiras de tentar ser Deus. Tentamos ser Deus quando nos vemos como superiores e como a pessoa mais importante. Também tentamos ser Deus quando nos colocamos no centro julgando que somos as pessoas mais inferiores e desafortunadas. Outras vezes, pessoas tentam ser Deus considerando que tudo gira em torno de seus problemas. Se você perguntar a elas como estão, a resposta será: "Que bom que perguntou! Estou com dor de cabeça, dor de estômago e dor na perna. Preciso de um aumento e meu filho me causa muitos problemas". Se nos concentrarmos excessivamente em nossos problemas, isso dará forças a eles em vez de eliminá-los. Por outro lado, se tentarmos ajudar outros ou tentarmos ir além de nossa própria situação imediata, veremos que Krishna nos dará a ajuda que precisamos e até mesmo nos livrará de nossos problemas particulares. Depressão indica que estamos excessivamente centrados em nossos próprios problemas e retirando nosso amor dos outros.

A Fé É o Mais Importante

Não teremos a habilidade para perseverar sem fé, mas não podemos fingir termos fé. Quando certos aspectos da vida de uma pessoa não vão bem, sua fé de fato enfraquece. Nossa fé é relativa ao que aconteceu no passado, o que está acontecendo no presente e, mais diretamente, com o que esperamos do futuro. Se nosso passado foi duro e nosso presente é incoerente, nossa fé no futuro será fraca. Porém, se vemos eventos positivos ao redor de nós, os quais nos fazem nos sentirmos bem, teremos fé forte. São raros os sujeitos que conseguem manter uma fé forte apesar de terem um passado difícil e um presente empedernido. Em nossas comunidades, queremos criar um ambiente que nos energizará e ajudará a ampliarmos a nossa fé.

Gratidão como um Estilo de Vida

Algumas vezes, nossos desafios mentais se estagnam muito gravemente porque não vamos em frente. Não apreciamos o passado, mas quanto mais temos gratidão, mais criamos auspiciosidade para o futuro. Algumas vezes, a Suprema Personalidade de Deus nos dá e, outras vezes, nos tira. Como devotos, queremos ter uma estrutura mental tão grandiosa que, quando Deus nos dê muitas riquezas, digamos obrigado, e quando Deus leve nossa riquezas e nos deixe em um estado de empobrecimento, agradeçamos por nos ter protegido do falso orgulho. Agradecemos a Ele por qualquer situação que nos permita manter uma vida simples.

Se pudermos simplesmente desenvolver essa consciência e constantemente agradecer o Supremo em qualquer situação, podemos aprender e crescer em qualquer circunstância. Tornaremos as situações auspiciosas mais auspiciosas e tornaremos auspiciosas quaisquer situações inauspiciosas. Elas se tornarão experiências de aprendizado, e, quando as honrarmos com gratidão, Krishna naturalmente fará arranjos a nosso favor.

Conclusão

A mente é nossa maior inimiga, mas podemos torná-la nossa melhor amiga. Isso depende de gratidão. Reveses acontecem em instituições, famílias e conosco individualmente, mas queremos evitar ficarmos excessivamente depressivos, desencorajados e desapontados. Devemos tentar agradecer a Deus e tentar aprender com nossas circunstâncias. Esperamos que Deus faça mais do que poderíamos fazer por nós mesmos. Isso significa que precisamos de fé estável e perseverança. Todos nós podemos nos encorajar primeiramente tentando ter essa fé, a qual, então, transbordará e ajudará outros. Deste modo, todos nós herdaremos o Reino de Deus.


Se gostou deste artigo, talvez também goste destes materiais: Por que Criticamos?, Uma Filha Perdida.

Fonte: De Volta para o Supremo


ESPACO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES


Terapeuta Practitioner Florais de Bach do Bach Centre
Registro PIN/BZP 2000-0124 R
rosana.om@terra.com.br / Skype rosana.om
Fones: 19 3482-4028 / 11 20992099
https://www.facebook.com/rosanarodriguesespacopontodeluz

sábado, 6 de maio de 2017

TALENTOS E REALIDADE

  OS TALENTOS E A REALIDADE






    Todos fomos feitos para um fim. Se estamos adaptados, não somos felizes, não encontramos a plenitude.

    Você está adaptado, por isso você é infeliz. Porque começou a aceitar coisas que não são para você e se adaptou.


      

    Veja o exemplo de Abraão.

    Antigamente, os povos ricos viviam perto dos rios, como a Mesopotâmia próxima aos rios Tigres e Eufrates e o Egito no rio Nilo. Abraão vivia em Ur considerada capital da Suméria, local rico e fértil. Deus pediu que Abraão saísse de Ur e fosse para Canaã ( Gen 12:1-2 ).

    Temos que perguntar a Deus: " Para que fomos feitos ? Qual a nossa utilidade? "

    Se você não sabe para que foi feito, você vive adaptado.

    Como desadaptar? Temos que afirmar que queremos ser desadaptados e que queremos ser plenamente o que Deus quer que nós sejamos, para o qual nós fomos feitos.


    Abraão saiu de Ur e foi para Canaã, aonde não tinha nenhum rio. Deus tirou Abraão de Ur, um lugar  fértil e rico e o levou para um lugar pobre, seco, estéril, sem chuva, para arar, domar um lugar que em 3.000 anos ninguém domou. Pediu que ele desadaptasse.

    Saia deste estado de adaptação!

Deus, com Abraão, mudou a história do mundo. Deus deu ao homem a fertilidade e o poder de criar e disse: " Você determina o fluxo agora! "



    São pessoas que fazem reinos e não o fluxo de águas ou rios. Não são as coisas, mas são as pessoas que aceitam ser desadaptadas.

    Abraão cavou poços para água, nunca havia feito isso, pois não precisava (Gen 24:35-36 ; Gen 25:7-8 e Gen 26).

    Não devemos nos preocupar ao nos desadaptarmos. Em Mateus 6, 25 Jesus fala  "Não vos preocupeis com o dia de amanhã. A cada dia basta o seu cuidado". Devemos atender chamados, implantar reinos, viver o trabalho de hoje e criar o de amanhã.

    Caim estava adaptado. Abel era desadaptado.

    O Reino de Deus é criarmos o amanhã. Você cria! Depende da sua postura.

    Temos que passar a criar, a determinar, a ser fértil! Jesus criava.






ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES 

Rosana  Ap. Rodrigues é terapeuta e advogada formada pela USP em Águas de São Pedro.  www.espacopontodeluz.blogspot.com / Fones: 19 3482-4028/ 19 98770-3047

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Por que desejamos a felicidade?

Por que Desejamos a Felicidade?



Chandramukha Swami

“Ter ou não ter” não é a questão.

A escola hedonista de Epicuro defende que a felicidade consiste basicamente na obtenção de posses, na aquisição plena dos bens externos. “Quanto mais possuir”, afirmava o filósofo grego que viveu três séculos antes de Cristo, “mais o indivíduo poderá gozar e, assim, mais irá experimentar a felicidade”. Um século antes de Epicuro, o também filósofo grego Diógenes propagou a doutrina que ficou conhecida como “Cínica”, na qual ele ensina que a felicidade pode ser obtida unicamente através da vacuidade, da renúncia dos bens externos. Ele defendia que, através da diminuição voluntária das posses e da eliminação do desejo de possuí-las, o indivíduo se torna mais feliz. Segundo seu ponto de vista, duas razões afastam o indivíduo da felicidade: o desejo de possuir o que não pode possuir e o medo de perder as posses conquistadas. “O caminho da felicidade consiste em renunciar espontaneamente as posses dos bens externos e o desejo de possuí-las”, pregou Diógenes.

É claro que os pensamentos de ambos os filósofos gregos citados são admiráveis e há importantes elementos de verdade em suas teses, mas, segundo Sri Chaitanya, o “apóstolo do amor a Deus” que viveu na Índia há pouco mais de 500 anos, ambos falharam num ponto extremamente central: a verdadeira felicidade não vem a reboque da abundância das posses de bens externos e nem está atrelada ao desprendimento deles, mas advém da compreensão de que tudo pode ser usado, de forma pontual e moderada, a serviço do autoconhecimento e da autorrealização, e nunca de outra forma.





Sri Chaitanya, o “apóstolo do amor a Deus”.

Segundo sua filosofia, a qual foi batizada como “simultaneamente igual e diferente”, a felicidade verdadeira não está sujeita às ocorrências externas, mas depende unicamente das circunstâncias internas. Sua conclusão é que tanto uma existência repleta de facilidades materiais quanto uma vida de abnegação voluntária não podem garantir felicidade a ninguém. De fato, alcança a felicidade verdadeira e a conserva internamente o indivíduo que desenvolve potência e vitalidade espiritual, as quais são frutos maduros da brandura do coração e da pureza da consciência. Uma vez que “ter ou não ter posses materiais” são fatores que escapam constantemente do controle de qualquer um, definitivamente a felicidade verdadeira e perdurável não tem nada a ver com alguns acontecimentos objetivos externos, mas, sim, depende de em que se baseiam nossas atitudes internas, subjetivas e transcendentais.

A Solução Está em Saber Possuir

Sri Chaitanya aponta duas ameaças para aqueles que são candidatos a alcançar a felicidade: fazer uso dos bens materiais com o propósito precípuo de gozar os sentidos, e renunciar a possibilidade de usá-los em um contexto espiritual. Além de ir na contramão da felicidade, ambas são fontes de ansiedade e condicionamento. Segundo ele, a solução está em saber possuir. E quem, entre os homens, sabe possuir? Aquele que, além de conhecer a arte de identificar os bens realmente utilizáveis a serviço do autoconhecimento, emprega-os de forma pontual como ferramentas valiosas de autolibertação. Por outro lado, aquele que se vale dos bens externos para o gozo dos sentidos, acaba se tornando escravo deles. Portanto, a diferença entre possuir os bens ou ser possuído por eles é brutal. Sabe possuir somente aquele que consegue ter sem que o seu “ter” o tenha.





Aquele que se vale dos bens externos para o gozo dos sentidos, acaba se tornando escravo deles.

É evidente que, num sentido real e mais profundo, ninguém é capaz de possuir algum objeto material. Ainda assim, não há mal algum em alguém “possuí-lo” de forma equilibrada. E, o que queremos dizer com “posse equilibrada”? É algo subjetivo, que depende da qualidade da consciência daquele que “possui”, não sendo algo objetivo, como a quantidade de posses. Não há como negar que lidar de forma apropriada e moderada com as posses materiais coloca o indivíduo numa condição de equilíbrio. Ora, se o apego em excesso (conforme apregoava Epicuro) e a aversão em demasia (de acordo com as ideias de Diógenes) desviam o indivíduo da felicidade permanente, uma relação equilibrada com as parafernálias materiais é condição sine qua non para se alcançar o objetivo com eficiência.

Onde Colocar o Coração

Podemos avaliar o grau do nosso egoísmo por observar a gangorra de altos e baixos dos nossos sentimentos. Por isso, um dos ensinamentos fundamentais da Bhagavad-gita é que devemos sempre colocar o nosso coração na ação devocional e nunca na busca por recompensas, sejam elas quais forem. De fato, quando eliminamos os propósitos egoístas de nossas vidas e passamos a agir sem buscar recompensas, somos capazes de executar qualquer trabalho que seja necessário sem ficarmos acorrentados por ele. É esta liberdade do egoísmo que nos conduz efetivamente à equanimidade mental. Em outras palavras, o quanto nos tornamos eufóricos com as experiências de “sucesso” e nos deprimimos com as experiências de “fracasso”, serve como evidência de quão forte é o nosso egoísmo.

Felicidade e Simplicidade

Mesmo que seja o tema central da humanidade e a meta suprema da existência humana, a verdadeira felicidade pode ser obtida através de coisas pequenas e simples, já que a natureza verdadeira da felicidade é puramente espiritual e só depende de pureza de consciência e de nada mais. De fato, ao trabalhar no cultivo dos princípios éticos e das virtudes internas, o indivíduo amplia sua consciência e espiritualiza sua visão: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”.





Para aquele que contempla a vida sob uma ótica espiritual, tudo se torna uma valiosa fonte de felicidade.

Na verdade, para aquele que contempla a vida sob uma ótica espiritual, qualquer coisa, evento, ocorrência, episódio – por mais simples e pequenos que possam parecer – se tornam majestosos e nobres e se convertem em valiosas fontes de felicidade. Em outras palavras, a felicidade é uma questão de pureza de consciência, pureza esta que pode ser conquistada gradualmente pelo indivíduo que se volta de todo o coração para um código incondicional de absoluta ética. De fato, quando se dá conta do enorme balaústre de tranquilidade que, agindo assim, irá construir dentro de si mesmo, o indivíduo não mais hesita, pois, nesse momento, não lhe resta nenhuma dúvida ou espaço para qualquer tipo de arrependimento, mágoa ou infelicidade.

A Felicidade é a Meta, o Resto (Quando Muito) é o Meio

Sem dúvida, ninguém é igual a ninguém. No entanto, embora cada um de nós tenha suas particularidades e peculiaridades, concordamos num único quesito: sem a menor exceção, queremos todos ser felizes! Este é o clamor suplicante da nossa alma, nossa aspiração oculta, nosso anseio latente e insuportável. Apesar das diferentes opiniões sobre como alcançá-la, ninguém duvida de que tão somente a felicidade é, e sempre será, a meta final da existência! Somente ela é o fim em si mesmo, a glória última, a coroação suprema da existência. E por que afirmamos que a felicidade é a meta final?

Ora, de que nos serviria alcançar a riqueza e ter acesso pleno aos prazeres da vida, caso isso não nos proporcionasse felicidade verdadeira e duradora? De que nos adiantaria uma vida de simplicidade, renúncia e vacuidade, se isso não nos servisse de atalho à felicidade verdadeira e duradora? Que valor teria se conquistássemos um mundo de poder e fama, se isso não nos desse acesso à felicidade verdadeira e duradora? Ou seja, a riqueza, o poder, a fama e até mesmo a renúncia, quando muito, são o meio para a felicidade e nunca a meta final. Quem buscaria a felicidade para outra coisa além da própria felicidade? E, como a felicidade é a única que se basta, nos parece correto afirmar que a felicidade é a meta suprema e última da existência. De modo semelhante, a busca por esta felicidade é o elemento que motiva a existência dos mais diversos tipos de pessoas. É essa busca que atua como combustível para uma pessoa se empenhar em obter riquezas, que dá força necessária para outra lutar incansavelmente pelo poder, que impulsiona outra a fazer de tudo para conquistar a fama. Essa mesma busca pela felicidade também motiva certas pessoas ao recolhimento, à privação dos prazeres da vida, a levarem vidas de contemplação e a buscarem o divino em seu próprio interior. E embora sejam apostas diferentes, todos acreditam que, através do caminho escolhido, irão entrar em contato com a tão sonhada felicidade e, assim, preencherão plenamente os vazios do coração.

O Dharma da Alma

Sabemos que, desde tempos imemoriais, o sol evapora as águas do mar e as armazena em nuvens para, em seguida, distribuí-las na forma de chuvas. Pelo desejo da Providência, essas águas caem nas superfícies e conseguem se infiltrar pelos espaços vazios entre as rochas, formando, assim, um lençol freático. Com o tempo, quando o lençol freático fica suficientemente cheio, cria-se um olho-d’água, o qual se transforma numa nascente. A nascente, então, dá origem a um novo rio, que, por sua vez, terá que vencer vários obstáculos até se reencontrar com o mar. Baseados nisso, podemos afirmar que o dharma do rio é buscar o oceano. E não importa se barreiras, obstáculos ou dificuldades irão surgir em sua frente. Nada o fará desistir, mesmo que tenha que mudar o curso de suas águas, mas ele continua determinando a buscar o oceano. E somente quando conseguir alcançar seu objetivo de se encontrar e se vincular ao oceano, quando o rio passará a fazer parte de uma existência incomensurável, todos os seus problemas se acabarão.

A existência humana é como a de um rio. Em outras palavras, da mesma forma que o rio se mantém absolutamente determinado em buscar o oceano – já que foi de lá que ele veio –, quer saiba, quer não, o ser humano está sempre caminhando em direção a Deus, seu criador e a fonte e o manancial da sua verdadeira e duradora felicidade. Buscar essa fonte de felicidade é, portanto, o dharma da nossa existência. Fomos criados para isso, é nossa inseparável aspiração, o significado de nossa existência, independentemente das barreiras, obstáculos ou dificuldades que teremos que enfrentar. A felicidade é nossa busca única e incontrolável, pois possuímos, como ressalta São Tomás de Aquino, a libido felicitatis, “a pulsão de ser felizes”. Essa pulsão é intrínseca ao próprio Eu. Portanto, nada poderá nos fazer abdicar de correr atrás da felicidade, assim como nada fará com que o rio desista de correr na direção do oceano.

Pode ser que tenhamos perdido o desejo de sermos ricos, de sermos famosos, de sermos poderosos, mas nunca desistiremos de ser felizes. E por que desejamos tanto a felicidade? Porque “desejar” e “ser feliz” são características naturais do nosso Eu, da nossa alma. Por isso, desejar a felicidade é inevitável. É claro que há diferentes conceitos de felicidade, diferentes formas de imaginá-la, mas a busca por ela existe em todos. E dizer que buscamos por felicidade não é diferente de dizer que sentimos sua falta, temos saudades dela. E essa saudade da felicidade é extremamente intrigante, pois é uma forma de revelar que todos nós já tivemos a experiência real de felicidade em algum momento, pois não seria possível sentirmos falta de algo que nunca tivemos contato ou acesso.

Ora, temos saudades de pessoas com as quais convivemos, sentimos falta de experiências que já tivemos, desejamos saborear alimentos que já provamos, queremos repetir situações prazerosas que já passamos. Tudo isso é completamente compreensível. No entanto, não podemos sentir falta de algo que não conhecemos, que não temos a menor ideia do que seja, algo a que nunca tivemos acesso. Por isso, como, na presença da sua bem-amada, alguém poderia sentir saudade dela? Como, de estômago cheio, alguém poderia sentir fome? De fato, saudade só existe na distância, assim como a fome só surge quando o corpo é privado de alimento. Saudade e fome são desejos, testemunhos da ausência de algo. Desejamos quando estamos privados. Por isso, temos fome e sentimos saudade. Portanto, a alma deseja felicidade porque, por ora, está privada da felicidade que lhe é de direito.

De forma semelhante, queremos amar e ser amados. Isso se aplica a todos. E mesmo que muitas tentativas de amar e ser amado sejam frustrantes e tragam experiências dolorosas, ninguém desiste. O problema é que não temos uma compreensão clara do significado do amor. Todavia, mesmo que cada um entenda o amor do seu próprio jeito, que imagine sua própria forma de amar, a busca pelo amor sempre persiste, não sendo possível interrompê-la. Essa busca, assim como a busca pela felicidade, nos leva a crer que já amamos verdadeiramente em algum momento, assim como já fomos verdadeiramente amados. Caso contrário, se nunca tivéssemos tido experiência real do amor, como sentiríamos sua falta?


Portanto, felicidade e amor estão interligados e são desejos naturais e inevitáveis. E, como foi dito, sentimos a falta deles porque, em algum momento da nossa existência, já tivemos acesso a eles. Como a natureza original da alma é a plenitude, a ideia de privar-se de alguma coisa é inaceitável. Por isso, durante sua vida terrena e condicionada, todo indivíduo está sempre sentindo falta de algo. Para a alma, o que lhe é oferecido na plataforma material não é suficiente. Por isso, ela não consegue parar de desejar. O problema é que, revestida de um corpo material, ela não se reconhece e, confusa, perde sua capacidade de desejar com perfeição. Pobre dela que acaba inventando algo para desejar na esperança vã de que este algo irá lhe proporcionar a sensação de plenitude que, em algum momento de sua existência, já experimentou.
Fonte: Amigos de Krishna



ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Um amor “on the rocks”, por favor?

Um amor “on the rocks”, por favor?




Tem horas que é preciso ser pragmático. Deixar as ilusões românticas de lado. Dar um basta na fé. Se refugiar na raiva. Sentir o fracasso correndo nas veias. Parar com a balela de dar a outra face. Esquecer o perdão em uma ilha deserta. Suar profusamente de tanta desilusão acumulada. Ser humano. Simplesmente.
É isso mesmo. Não se trata de um texto sobre desistir de um amor por perceber que ele ficaria melhor sem a nossa companhia. Desejar sua felicidade em outros braços. Ser quase um iluminado. E os iluminados sentem ódio. Pode ter certeza. Nem que seja ódio de quem odeia. O texto é sobre o ócio depressivo. Aquele que nasce da mais profunda tristeza após o término de um relacionamento. Deitar na cama e ouvir a mesma melodia repetidas vezes. Dá para imaginar cenário mais perverso?

Em tempos de amor líquido é quase indecente desejar um amor “on the rocks”.
Precisamos mesmo criar novas expressões para justificar a falta de interesse no outro e quem sabe até pela humanidade em geral? Isso é a boa e velha depressão. Não é uma nova condição humana causada pela velocidade dos meios de comunicação atuais. Se fosse assim, muitas relações amorosas seriam automaticamente reestabelecidas quando houvesse a interrupção dos serviços de transmissão de dados.
A verdade que não se quer admitir é que seu parceiro não perceberia sua existência mesmo que vocês fossem para uma ilha deserta sem acesso a equipamentos eletrônicos de espécie alguma. Ele se entreteria com as estrelas, a lua, os sapos coaxantes, a areia da praia e até mesmo os mosquitos. Você continuaria no último lugar da lista de prioridades, bem depois do velho fax.
Por essas e outras é que colocar uma inocente pedra de gelo não vai fazer muita diferença. Embora muitos ainda insistam em utilizar esse recurso. De um lado o líquido (representando a impermanência das relações humanas) e de outro o sólido (representando a nossa resistência). Sabemos que a fusão será inevitável, mas mesmo assim colocamos a pedra de gelo no copo com água. Ela nos dá a ilusão temporária de que há algo diferente na bebida.
Para alguns fica bem melhor. Para outros perde o sabor. O resultado final é sempre o mesmo.

Então, o que fazer? DESISTIR! Sair pela porta da frente correndo e só parar quando estiver em território seguro. Quem nadou nas águas salgadas do mar morto sabe que é difícil submergir. Corre-se o risco de ficar eternamente na superfície. Melhor navegar para outros mares. De preferência bem distantes. Tirar a poeira de sua bússola interna e partir. Ser novamente um descobridor.
As fases de um amor podem ser tão vertiginosas como as dos estados físicos da água.

As mudanças bruscas são inevitáveis. Não somos as mesmas pessoas de ontem. Estamos em constante transformação. Se fossemos adaptar a lição do poeta Vinicius de Moraes, seria algo assim: que não seja permanente, posto que é líquido. Mas que seja sólido enquanto dure. Fonte: Adriana Abraham.
amor

ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES
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