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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Humildade Devocional


trinad api sunichena
taror iva sahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada hari
(Sikshastaka, verso 3)
O cântaro do coração deve ser feito destes quatro componentes: trinad api sunichena, devemos nos considerar como mais humildes do que uma folha de grama na rua; taror iva sahisnuna, devemos ser tolerantes como uma árvore; amanina, não devemos exigir respeito por parte dos outros; manadena, em vez de exigirmos respeito, devemos respeitar todos. Mahaprabhu é quem dá, e você é quem recebe. Se seu cântaro não for feito desses elementos, como poderá receber? Explicando esse verso, Krishnadasa Kaviraja Gosvami escreveu:
Estes são os sintomas de quem entoa o maha-mantra Hare Krishna. Embora seja muito elevado, considera-se inferior à grama no chão, e, como uma árvore, tolera tudo de duas maneiras. Quando uma árvore é cortada, ela não protesta, e mesmo enquanto definha, não pede água a ninguém. As árvores entregam suas frutas, suas flores e todas as suas posses e todos e qualquer um. Ela tolera o calor escaldante e torrentes de chuva, apesar do que fornece abrigo a outros. Apesar de um vaishnava ser a personalidade mais elevada, ele não tem orgulho e oferece todo respeito a todos, ciente de que todos são moradias de Krishna. (Chaitanya-caritamrta, Antya-lila 20.22-25)
vaishnava é uma pessoa muito elevada, mas sua disposição é: “Sou o mais baixo dos baixos. Todos são superiores a mim. Absolutamente ninguém está abaixo de mim”. Isso é trinad api sunichena – completamente livre de orgulho. No Bhagavad-gita (16.4), o Senhor Krishna diz:
dambho darpo ‘bhimanas cha
krodha parusyam eva cha
ajnanam chabhijatasya
partha sampadam asurim
“Orgulho, arrogância, vaidade, ira, rispidez e ignorância – essas qualidades pertencem àqueles de natureza demoníaca, ó filho de Pritha”. Orgulho é uma qualidade demoníaca. Um vaishnava não tem orgulho; além disso, demonstra respeito a todos porque vê Krishna no coração de todos. Ele não desrespeita nem mesmo uma minúscula formiga, pois vê a relação com Krishna: “Esta é uma jiva [alma] de Krishna”.
ei-mata hana yei krishna-nama laya
sri-Krishna-carane tanra prema upajaya
“Se alguém entoa o santo nome de Krishna dessa maneira, certamente desperta seu amor dormente pelos pés de lótus de Krishna”. (Chaitanya-charitamritaAntya-lila 20.26)


terça-feira, 27 de março de 2018

Superando a Inveja

Superando a Inveja


Vraja Bihari Dasa


Identificando e superando a causa raiz de nossa existência material.


“Inveja do vizinho, orgulho do proprietário”. Crescendo em uma era quando a televisão era um novo fenômeno, esse slogan publicitário tomou a imaginação do público. Possuir aquela marca em particular de televisão era considerado algo absolutamente glorioso uma vez que aqueles que não tivessem a mesma sentiriam inveja de você. Para devotos em amadurecimento, entretanto, a inveja não é motivo de alegria. É, antes, um fardo terrível que ameaça destruir a delicada trepadeira de bhakti crescendo em nossos corações.

Como a Inveja nos Ataca?

Inveja é desejar possuir o objeto ou a posição desfrutada por outrem. Um estudante que fica na primeira posição em sua turma é invejado pelos colegas que ficam logo atrás dele. Sua promoção no escritório é invejada por outros colegas que foram preteridos para o cobiçado posto e aumento salarial. Em círculos sociais, as pessoas são frequentemente flagradas troçando e depreciando outros, especialmente aqueles ausentes na festa. Sentir prazer encontrando defeitos é um sintoma de nossa natureza invejosa. Esse puxar alguém superior a nós para o nosso nível é algo familiar à mentalidade do siri. Exportadores do animal economizam muito dinheiro não fornecendo tampões para os contêineres. Não há medo de que os siris escapem, haja vista que, quando um tenta subir para fugir, os outros o puxam para baixo. Essa tendência também não é incomum nas sociedades humanas.

Devotos ouvem casos históricos de personalidades sofrendo devido à sua natureza invejosa. Gopala Capala, movido por sua inveja da popularidade de Srivasa Thakura, tentou aviltá-lo dispondo substâncias detestáveis, próprias para adorações tântricas, do lado de fora de sua casa e atribuindo a presença das mesmas ali à natureza dúbia de Srivasa. Embora Srivasa, humilde, não houvesse ligado para a ofensa, o Senhor não perdoou Gopal Capala. Gopal contraiu lepra, e o Senhor Caitanya Mahaprabhu declarou que ele teria de sofrer essas reações por milhões de vidas.

Quando ouvimos tais casos extremos de manifestação de inveja e consequentes reações, podemos falsamente nos consolar: “Bem, se isso é inveja, certamente não sou invejoso, porque eu jamais faria isso”. Para devotos praticantes, entretanto, a inveja se manifesta mais sutilmente. Podemos sentir o cheiro da inveja dentro de nossos corações quando não sentimos felicidade pelo progresso de outros na consciência de Krishna, por exemplo. Quando outros vaishnavas são glorificados, como nos sentimos? Embora não esteja fazendo nenhum plano para prejudicar outros, talvez o indivíduo deseje que outro devoto se depare com algum fracasso ou dificuldade a fim de que a posição desse invejoso como alguém melhor, supostamente, se revele ao mundo. Quando outros prosperam, material ou espiritualmente, um devoto neófito se sente inseguro e ameaçado diante de suas conquistas.

A Causa da Inveja

Nossa inveja de outros tem por raiz nossa inveja de Krsna. Uma vez que todas as boas qualidades vêm de Krishna, quando vemos um devoto bem-sucedido em todo aspecto da vida espiritual, estamos, na verdade, vendo a misericórdia de Krsna derramada sobre ele. Assim, sentir inveja de outrem significa que estamos, na verdade, invejando Krsna, e essa é a causa essencial de nossa existência material condicionada. Desejando ser o desfrutador e o controlador, a alma peleja no mundo material. Após fracassarmos repetidamente em semelhante empenho; uma vez que tenhamos despertado para a nossa consciência original e ajamos como servos do Senhor, tornar-nos-emos aptos a voltar ao mundo espiritual. Em contrapartida, nutrindo inveja e ódio, simplesmente prolongamos nossos sofrimentos aqui. Não é surpreendente, portanto, encontrar Srila Prabhupada repetir em quase toda palestra, conversa e em seus volumosos escritos sobre a necessidade indiscutível de nos livrarmos da tendência profundamente arraigada de tentarmos ser o desfrutador.

Mais Mortal do que a Luxúria

Frequentemente ouvimos dizer que a luxúria é um inimigo mortal para um devoto aspirante. É comum vermos um devoto que cai em razão da luxúria lamentar e aceitar sua fraqueza. Contudo, uma vítima da inveja, muito frequentemente, não é ciente de que é invejosa. A pessoa garante a si e aos outros que ela não é invejosa, senão que, muito diferentemente, está apenas “ajudando” através da exposição dos defeitos óbvios dos outros.

Sisupala tinha inveja de Krsna e também estava convicto de que sua blasfêmia contra Krsna na assembleia Rajasuya era justificada, e surpreendeu-se ao ver que outros não compartilhassem de sua compreensão. Assim, a inveja cega uma pessoa para os seus próprios defeitos. Quando pensamentos luxuriosos jorram no coração, o devoto pode se sentir humildado e caído. Contudo, um jato de sentimentos invejosos simplesmente amplia nosso orgulho e constrói uma estimativa alta, porém errônea, acerca de nós mesmos. A inveja também implica falta de fé em Krsna. No ambiente competitivo moderno, se alguém consegue uma cobiçada vaga de emprego ou universitária, é natural que outros sintam inveja. Contudo, na consciência de Krishna, não há razão para a inveja porque Krsna é ilimitado, e se alguém recebe muitíssima misericórdia, isso em nada inibe nosso avanço pessoal e nosso acesso à benevolência de Krsna. O estoque de misericórdia de Krsna não reduz, e o sucesso alheio é causa de celebração, dado que revela as mais maravilhosas opulências de Krsna, manifestas através de Seus devotos.

Que Esperança Nós Temos?

O conhecimento mais confidencial dentro do Bhagavad-gita está contido no capítulo nove, e o Senhor Krsna cita a qualificação exigida para a compreensão do mesmo no primeiro verso do capítulo referido. “Meu querido Arjuna, porque nunca me invejas, compartilharei com tua pessoa esta sabedoria e realização mais confidenciais, conhecendo o que te livrarás das misérias da existência material”.

Enquanto é possível utilizar a ira ou a avidez no serviço a Krsna, a inveja é o único sentimento que não encontra lugar entre todos. Krsna assegura que, se seguirmos o processo sem inveja, livrar-nos-emos do condicionamento das ações fruitivas. Contudo, se agirmos por inveja, seremos “enganados”, “privados de todo conhecimento” e “arruinados em nossos esforços pela perfeição”. (Bhagavad-gita 3.32). Nutrir inveja garante que não saborearemos o néctar de bhakti, o serviço devocional amoroso a Deus, embora possamos cumprir com todas as exigências externas do processo. É como lamber a parte de fora da garrafa de mel.

Passos para Superar a Inveja

O primeiro e mais importante passo para superarmos a inveja é reconhecermos a existência desse inimigo dentro de nós. Exige coragem e humildade aceitar a própria condição caída e fazer um sincero esforço para erguer-se desse nível. Srila Prabhupada escreve sobre a necessidade de fazermos do reino de Deus a meta de nossa vida, e fazê-lo ajuda-nos a abandonar a inveja, visto que isso certamente é um obstáculo nesse caminho. Isso também ajuda o devoto a meditar em como sua vida devocional repousa sobre um sistema de “ajuda de vida” de misericórdia imotivada. Quanto mais nos lembramos acerca de como somos dependentes da misericórdia dos devotos e de Krsna, menos cultivaremos inveja em nossos corações. Isso se deve ao fato de que nosso próprio estado frágil se revelará a nós, e os perigos de cultivar esse anartha da inveja serão óbvios. O hábito de orar também é certamente benéfico. Chamar pela ajuda de Krsna para que nos salve dessa mentalidade doentia é algo purificador, e se orarmos também pelo sucesso da pessoa que invejamos, nosso coração se tornará mais macio.


Estamos nos decompondo no mundo material por causa do esquecimento de nossa relação com Krsna. Por conseguinte, temos que orar fervorosamente pela lembrança de nossa posição constitucional como servos e, então, agirmos nessa plataforma. Constantemente se lembrando de sua condição precária neste mundo material e prestando serviço amoroso a outros vaisnavas, o devoto dará a Krsna o que Lhe é mais prazeroso, e Krsna, satisfeito com o serviço do devoto, certamente lhe conferirá a dádiva do amor e da ausência de inveja.

Fonte: De volta para o Supremo 


       Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues

domingo, 3 de setembro de 2017

HUMILDE E BEM CONSIGO


                                   HUMILDE E BEM CONSIGO


Por Archana-siddhi Devi Dasi


"Confundir a humildade que surge do amor espiritual com uma postura de baixa autoestima que nos torna presas de exploradores é um equívoco perigoso que precisamos evitar."






Como terapeuta de famílias, eu aconselho tanto membros do Movimento Hare Krishna como pessoas de fora do Movimento. Recentemente, recebi um e-mail de uma jovem devota que estava infeliz em seu casamento devido à postura abusiva que seu esposo tinha, mas estava em conflito quanto a deixá-lo.

“Talvez seja bom que eu me sinta mal comigo mesma”, ela escreveu, “porque isso me fará desenvolver humildade”.

Não foi a primeira vez que eu ouvi essa lógica. A Bhagavad-gita ensina que humildade é essencial para o progresso espiritual. Algumas vezes, os devotos, infelizmente, pensam que se sentir mal é um pré-requisito para a humildade.

Diversas vezes, me deparo com devotos se complicando com o conceito de autoestima. Tendo lido as orações de santos de nossa linha, eles, algumas vezes, pensam que seus sentimentos deveriam se enquadrar nas declarações autodepreciativas de tais grandes almas. Por associarem baixa autoestima com avanço espiritual, tais devotos podem perpetuar por toda a vida o sentimento de estarem mal consigo. Eles podem acabar por atrair pessoas para suas vidas que lhes tratarão de acordo com a maneira que eles mesmos se sentem e se percebem.

A confusão começa por tentarmos igualar sentimentos que se originam de nosso eu puro com sentimentos que se originam de nosso ego material, ou falso. As grandes almas expressam sentimentos que nascem do ego espiritual puro, sentimentos que não são contaminados pelas qualidades da natureza material. Quando eles se sentem, nas palavras do Senhor Chaitanya, “mais baixos que a palha na rua”, é uma emoção plena de prazer. O devoto puro vê a grandeza do Senhor e vê todos como mais qualificados do que ele próprio. Eles estão imbuídos de amor e apreciação por toda a criação de Krishna.




Bhaktivinoda Thakura, um destacado mestre devotado a Krishna, escreveu belas canções expressando sua atração e seu amor por Krishna, músicas sobre alcançar a meta do coração – amor incondicional pelo Senhor – e canções autodepreciativas, nas quais ele lamenta sua falta de devoção. Como uma alma pura, ele expressa seu apego e amor pelo Senhor e, ao mesmo tempo, sua angústia de sentir-se desqualificado e sem esperança de atingir tal amor. Esses são sentimentos autênticos que nascem da humildade e do apego e amor pelo Senhor.

Reconhecendo Nossas Falhas

Nas primeiras fases de nossa jornada espiritual, talvez experimentemos rapidamente essas emoções por Krishna estar preparando a terra de nossos corações para cultivar nossa devoção. Eu me lembro de uma importante experiência que tive antes de me tornar devota. Eu tinha grande dificuldade de aceitar críticas e achava que minha opinião era absolutamente certa. Essa mentalidade criou inúmeros problemas, tanto na área profissional quanto pessoal. Por meses, eu contestei as recomendações de meu supervisor quanto a como fazer meu trabalho como diretora residente de um dormitório universitário. Minha obstinação estava fazendo o meu trabalho muito difícil, e eu estava aflita por isso. Finalmente, um dia eu tive a poderosa realização de que eu estava errada. Não só eu estava errada quanto a esse problema em particular, mas em relação a várias outras coisas.

É-me impossível descrever quão libertador foi para mim aceitar minha natureza falível. Eu não precisava mais carregar o peso de estar sempre certa em relação a tudo. Eu me senti pequena, mas, ao mesmo tempo, muitas possibilidades se abriram para mim. Pela primeira vez na minha vida adulta, eu pude ver meu autoritarismo assumir uma posição verdadeiramente submissa. Essa mudança de postura mental me preparou para tomar refúgio em meu mestre espiritual e nos devotos de Krishna de maneira geral. Krishna nos ajuda a ficarmos livres por um instante do falso prestígio para que possamos, como encorajamento, provar a doçura da humildade.

Algumas vezes, todavia, quando ainda estamos contaminados pelos modos da natureza material e identificados com nosso corpo e mente materiais, sentirmo-nos inferiores à palha na rua pode nos tornar desmotivados, entediados ou deprimidos. Esses sentimentos, então, impedem nossas práticas devocionais. Nós temos que julgar se, para nossa psique específica, tal psicologia é favorável à consciência de Krishna ou se é um impedimento no momento. Paradoxalmente, muitas pessoas precisam desenvolver um saudável ego material antes de transcendê-lo e realizar seu eu espiritual.

Eu ouvi uma vez um palestrante motivacional dizer que as pessoas com autoestima saudável pensam menos em si mesmas, e não menos de si mesmas. Quando nos sentimos bem quanto a nós mesmos, nós podemos devotar mais tempo e energia doando-nos aos outros, ao invés de absorvermo-nos em autopiedade. Alta autoestima também nos dá liberdade para agirmos de acordo com nossos valores e convicções. Quando nos sentimos mal conosco, às vezes fazemos coisas para agradar ou apaziguar os outros. Em um esforço para satisfazer o desejo dos outros, nós podemos acabar sendo influenciados a fazer coisas conflitantes em relação às nossas crenças e valores.

Sentindo-se Digno e Qualificado

Nathaniel Branden, um famoso psicólogo, define autoestima como “a disposição de sentir-se bem consigo e qualificado para lidar com os desafios básicos da vida e como sendo digno de ser feliz”. Como esses aspectos da autoestima – autoconhecimento e amor próprio – têm relação com a consciência de Krishna? Krishna quer que todas as almas aprisionadas no mundo material sejam pacíficas e felizes. A vida humana nos possibilita a oportunidade de ocuparmos nossos talentos e habilidades no serviço ao Senhor. Quando nos oferecemos a servir o Senhor, sentimos grande alegria. Um amigo, certa vez, deu ao meu esposo um quadrinho com os dizeres: “O que você é é um presente de Deus para você, e o que você se torna é seu presente para Deus”.

Além de confundirem humildade com baixa autoestima, os devotos, às vezes, correlacionam o conceito de autoestima com orgulho e egoísmo. Mas é, de fato, o contrário. Pessoas que exibem alta autoestima também exibem uma atitude mais humilde perante os outros. Eles são mais inclinados a admitir e corrigir erros, enquanto pessoas com baixa autoestima são muitas vezes defensivas e têm a necessidade de provarem que estão certas.

Em uma famosa história do Mahabharata, Krishna encontrou certa vez com Yudhisthira Maharaja e Duryodhana. Desejando glorificar Seu devoto Yudhisthira, Krishna pediu a ele que encontrasse uma pessoa mais baixa que ele, e pediu ao pecaminoso Duryodhana para que procurasse uma pessoa mais gloriosa que ele. Yudhisthira tinha todas as boas qualidades. Ele era pacífico e autossatisfeito. Sem dúvida, ele possuía uma saudável autoestima. Mesmo assim, ele não conseguiu encontrar ninguém mais baixo que ele. Mais uma vez, aqui se tem o exemplo de uma vaishnava avançado que porta humildade genuína.
Por outro lado, o perverso Duryodhana procurou por todo o seu reino o dia todo e não conseguiu encontrar ninguém que ele considerasse superior a ele mesmo. Duryodhana estava contaminado com orgulho e vaidade. Ele invejou e ofendeu grandes almas. Ele vivia em constante ansiedade para manter sua posição, sempre tentando eliminar seus competidores. Sua autoestima dependia de fatores externos como posição e poder, e assim ele não conhecia tal coisa como paz interior. Ele era atormentado por sua própria luxúria e ambição.

Orgulho Versus Autoestima

Pensar em si mesmo como grandioso é orgulho, não autoestima. Uma pessoa com alta autoestima demonstra humildade. A perfeição da autoestima é percebida em pessoas completamente livres do falso ego, nas quais a humildade é produto da realização espiritual.

No nosso estado condicionado, nós possivelmente nos identificaríamos mais com a mentalidade de Duryodhana do que com a de Yudhisthira Maharaja, mas, no nosso progresso na jornada espiritual, nós começamos a nos ver de forma diferente. Quanto mais realizamos não sermos o executor independente, mas o instrumento, mais saudável nossa autoestima se torna. Na vida material, os modos da bondade, paixão e ignorância nos influenciam. Esses modos se misturam e competem entre si para moldar nossa mente, incluindo o modo como nos sentimos em relação a nós mesmos.
Pessoas no abismo do modo da ignorância se sentem felizes e bem em relação a si mesmas quando seus sentidos estão satisfeitos. Pessoas imersas no modo da paixão estão felizes e bem consigo mesmas quando outros valorizam e reconhecem suas atividades. Nesses modos inferiores, nossa ideia de eu oscila o tempo todo.

Pessoas no modo da bondade são felizes e sentem-se bem em relação a si mesmas quando agem em conhecimento, de acordo com seus códigos e valores. Elas são menos reativas a estímulos externos, assim, a autoestima de tais pessoas depende mais de sua própria vida interior – consequentemente, têm mais controle sobre como se sentem.

Pessoas em bondade pura, percebem a si mesmas como instrumentos do Senhor. Elas não se identificam mais como o agente de suas atividades.    

O Exemplo de Prabhupada

Nosso mestre espiritual, Srila Prabhupada, demonstrou alta autoestima. Embora de baixa estatura, ele parecia grande para nós. Ele sempre mantinha sua cabeça alta e se movia com objetivo e confiança. Ele fala de forma direta, com convicção e coragem. Suas ações eram intrépidas e ousadas, e mesmo assim ele tinha uma atitude humilde, sabendo que seu sucesso era devido à providência do Senhor. Sua humildade é exemplificada em suas orações abordo do navio, quando ele estava vindo pela primeira vez aos Estados Unidos:

“Ó Senhor, eu sou como uma marionete em Tuas mãos. Então, se me trouxeste aqui para que eu dance, faze-me dançar, faze-me dançar, ó Senhor, faze me dançar como quiseres. Não tenho nenhuma devoção, tampouco conhecimento, mas tenho grande fé no santo nome de Krishna. Eu fui designado como Bhaktivedanta, e agora, se assim quiseres, podes cumprir o verdadeiro propósito Bhaktivedanta”.

Com grande humildade, Prabhupada finaliza sua carta assinando como “o mais desafortunado e insignificante mendigo, A. C. Bhaktivedanta Svami”.

De um lado, essas preces demonstram que Prabhupada se sentia muito baixo, mas, por outro lado, ele confiava poder fazer qualquer coisa com a misericórdia do Senhor. A oração também nos dá a chave para desenvolvermos puras qualidades devocionais: fé no santo nome. Quanto mais forte a nossa fé na capacidade de purificação dos santos nomes, maior será nossa dedicação ao processo de cantar. Nós cantaremos com tanto foco e atenção quanto pudermos e evitaremos com muito cuidado as ofensas que retardam nosso progresso espiritual.

Nós ficamos menos propensos a explorar os outros quando vemos a nós mesmos como servos, realizando a nossa natureza espiritual – bem como a dos outros - como servos de Deus. Nós somos gloriosas centelhas da energia espiritual, com todas as boas qualidades, embora sintamo-nos pequenos na presença do mais glorioso, nosso Senhor. Com esse verdadeiro conhecimento, a alma pura pode ter alta autoestima e humildade simultaneamente.

Quando eu compartilhei alguns destes pontos com a jovem que havia me enviado sua pergunta por e-mail, ela me escreveu de volta: “É-me um grande alívio entender esses pontos dessa perspectiva. Agora eu entendo que não tenho que continuar convivendo desonrosamente com todo o tipo de abusos para ser espiritual”.


Ela me sugeriu escrever um artigo sobre o tema para a revista Volta ao Supremo. Eu aceitei de todo o coração sua sugestão, uma vez que outros devotos haviam feito perguntas similares ao longo dos anos. Espero que o artigo seja útil para todos.


                               ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES




quarta-feira, 17 de maio de 2017

Meditação Diária Rápida (Início)- PERDÃO DAS OFENSAS


                    PERDÃO DAS OFENSAS






Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Eis uma dessas palavras de Jesus que mais devem atingir a vossa inteligência e falar mais alto ao vosso coração. 

Comparai essas palavras de misericórdia com as da oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que Jesus dá aos seus discípulos, e encontrareis sempre o mesmo pensamento. Jesus, o justo por excelência, responde a Pedro: Perdoarás, mas sem limites, perdoarás cada ofensa, ainda que a ofensa te seja feita frequentemente; ensinarás aos teus irmãos esse esquecimento de si mesmo que os torna invulneráveis contra o ataque, os maus procedimentos e as injúrias; serás brando e humilde de coração, não medindo jamais a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial faça por ti; não tem ele que te perdoar frequentemente, e conta o número de vezes que seu perdão desce para apagar tuas faltas?

Escutai, pois essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos; perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos mesmo de vosso amor. Dai, porque o Senhor vos restituirá; perdoai, porque o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, porque o Senhor vos elevará; humilhai-vos, porque o Senhor vos fará sentar à sua direita.

Ide, meus bens-amados, estudai e comentai estar palavras que vos dirijo, da parte d'Aquele que, do alto dos esplendores celestes, está voltado sempre para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoai, pois, aos vossos irmãos como tendes necessidade que eles vos perdoem. Se os seus atos vos foram pessoalmente prejudiciais, é um motivo a mais para serdes indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal; não haveria nenhum em relevar os erros de vossos irmãos, se eles não houvessem feito senão ofensas leves.

Espíritas (Espiritualistas), não olvideis jamais de que, tanto por palavras, como por ações, o perdão das injúrias não deve ser uma palavra vã. Se vós vos dizeis espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde fazer, e não penseis senão uma coisa: o bem que podeis realizar. Aquele que entrou neste caminho dele não não deve se afastar mesmo pelo pensamento, porque sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles estejam despojados de todo sentimento de rancor; Deus sabe o que permanece no fundo do coração de cada um. (grifo nosso).

Feliz, pois, aquele que pode cada noite adormecer dizendo: Nada tenho contra o meu próximo.
(Simeão, Bordéus, 1862).
O Evangelho segundo o espiritismo - Allan kardec

BOM DIA!

DO ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES