quinta-feira, 3 de julho de 2025

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A História Oculta da Humanidade

 

A História Oculta da Humanidade

Devamrita Swami

As descrições na literatura védica de vida humana inteligente e avançada há milhões de anos são contrárias às evidências científicas relativas às origens do homem, ou contrárias apenas às evidências científicas selecionadas pelo meio acadêmico mainstream?

A base acadêmica estabeleceu sua própria existência na evolução gradual do intelecto e dos feitos do homem – do estado completamente primitivo à modernidade avançada. Contudo, os Vedas rejeitam claramente essa concepção. Por muitas décadas, destarte, deixaram-se os textos védicos empoeirarem no sentido de não serem tratados como compêndios de informações valiosas sobre o planeta e o universo.

Consideremos os temas nos Vedas que os fadaram à rejeição como tratados sérios ou, no melhor dos casos, relegados ao departamento de mitologia:

– A Terra é populada com vida inteligente há milhões de anos.

– A tecnologia disponível neste planeta milhares de anos atrás era muito mais avançada e sutil do que a tecnologia grosseira que temos agora.

– A versão atual da humanidade – isto é, a descendência que ocupa a Terra há aproximadamente 5 mil anos – carece de boa conduta e inteligência. Muitas culturas anteriores, desconhecidas pelas versões atuais da História, foram muito mais avançadas sob todos os aspectos.

Poucos acadêmicos mainstream consideraram com seriedade essas declarações védicas. Enquanto isso, a televisão mainstream apresenta isso como uma abundância de anomalias, em desacordo com as noções mais seguramente estabelecidas. A ideia científica padrão é que os humanos, como nós, são deveras recém-chegados. Antes de cerca de 100 mil anos atrás, aceita-se que havia apenas ancestrais similares a macacos. É dito que se originaram por volta de quatro ou cinco milhões de anos atrás. Antes deles, por volta de quarenta ou cinquenta milhões de anos atrás, os ancestrais primitivos – macacos primitivos – apareceram. A vida em si começou por acaso dois ou três bilhões de anos atrás.

Apesar da simplicidade cristalizada dessa história, problemas estão fermentando sobretudo na disciplina normalmente serena de estudos antigos. Casos documentados revelam que a humanidade poderia ser milhões de anos mais antiga do que permite a teoria da evolução. Simultaneamente, o público em geral está se conscientizando de que o conhecimento contrário à estrutura predominante é filtrado e, algumas vezes, até mesmo suprimido.

No outono de 1993, um número estimado de 33 milhões de norte-americanos assistiram evidências televisionadas de datação da Grande Esfinge em milhares de anos antes da data academicamente aceita de 2500 a.C. Um geólogo especialista, da Universidade de Boston, Dr. Robert Schoch, teve acesso à Grande Esfinge antes de ter sua permissão revogada pelo círculo acadêmico do governo egípcio. Teve tempo o bastante, todavia, para confirmar um pressentimento não-acadêmico.

Um pesquisador estadunidense independente, John Anthony West, lera em um livro obscuro, de autoria do matemático francês R. A. Schwaller de Lubicz, que água, e não vento, desgastara a Grande Esfinge. Quando, na história da Terra, houve água ou chuva o bastante no árido Egito para causar erosão na Grande Esfinge? O Deserto do Saara representa milênios de aridez. Portanto, West conclui acertadamente:

Se o único fato da erosão por água da Grande Esfinge pudesse ser confirmado, isso reviraria todas as cronologias aceitas da história da civilização, forçando uma drástica reavaliação do pressuposto de “progresso” – o pressuposto sobre o qual toda a educação moderna se baseia. Seria difícil encontrar uma questão única e simples com implicações mais graves.1

Schoch confirmou a causa da erosão: chuva – nem mesmo inundação. Schoch recebera seu doutorado em geologia e geofísica da Universidade Yale, onde se especializou em pedras desgastadas pelo tempo. Ele sabia que chuvas pesadas, resultando nos padrões de erosão da Grande Esfinge, haviam parado milhares de anos antes da data aceita pelos egiptólogos para a Grande Esfinge: 2500 a.C.

A história oficial confere à Grande Esfinge a idade de 4.500 anos. Pela maior parte desse tempo, esteve sob as areias até a altura de seu pescoço. Egiptólogos sempre impuseram sua explicação oficial para as cicatrizes e fissuras por toda a Grande Esfinge e nos muros internos de seu recinto. Embora não fossem especialistas em rocha, estabeleceram os severos ventos do deserto como o culpado. Schoch, entretanto, valeu-se de conhecimento geológico para apontar os verdadeiros perpetradores das cicatrizes e fendas: torrentes de chuva por milhares de anos. Sua sólida apresentação, até a atualidade, resiste aos contra-argumentos dos egiptólogos convencionais. Ele explica:

Como geólogo, cheguei à egiptologia como um intruso. Em geral, egiptólogos não utilizam esse tipo de evidência científica, mas sim uma mistura de métodos que inclui historiografia, arqueologia, antropologia, filologia e análise literária. A análise geológica é uma forma alheia ao pensamento dos egiptólogos, que tendem a rejeitá-la por cauas de sua falta de familiaridade com a mesma.2

Para encontrar no Egito um clima úmido o bastante para desgastar pedras ao longo de milhares de anos, temos que voltar no tempo pelo menos 3500 anos, chegando a alguma data entre 8000 e 4500 a.C. Nesse tempo, o leste do Deserto do Saara era completamente diferente: uma savana com abundância do tipo de chuva que inunda regiões tropicais. Schoch, demonstrando a cautela de um acadêmico estabelecido, teve o cuidado de apresentar a data mais conservadora possível: 7000 a.C.

Aqueles mais ousados – como o inspirador da expedição, West – argumentam em favor do período chuvoso precedendo 10000 a.C. Essas vozes menos restringidas apontam que, entre outros pontos, ainda não existe nenhuma evidência arqueológica de alguma civilização avançada no Egito entre 7000 e 5000 a.C. Não se sabe da existências de faraós então. Acadêmicos convencionais dizem que apenas comunidades agrícolas primitivas caracterizavam o leste do Deserto do Saara e as margens do Nilo naquele tempo. Como esses enclaves agrícolas reuniriam a motivação e a tecnologia para projetar e erigir colossais monumentos de pedra? Por essa e outras razões, os desafiadores concluem que a civilização responsável pela Grande Esfinge tem que ter existido no período chuvoso anterior a 10000 a.C. e desaparecido muito antes da era de chuvas posterior.

No caso de qualquer datação – conservadora ou audaciosa –, a reação dos egiptólogos mainstream seria a mesma: furor explosivo. Como essa “gente de fora” ousou transgredir seu domínio? Eles expressaram sua fúria publicamente: quem era esse genioso, apesar de altamente reputado, geólogo cientista, auxiliado por um não-acadêmico “pau para toda obra” e sem reputação? Esperando essa inevitável resposta, West foi sábio e prudente em fazer todos os arranjos para que toda a examinação geológica da Grande Esfinge fosse filmada para ser apresentada diretamente para o povo em televisão de alcance nacional. “Uma vez que não poderíamos esperar nada além de oposição dos egiptólogos e arqueólogos acadêmicos, uma maneira tinha de ser encontrada para que a teoria chegasse ao público”.3

Um arqueólogo no campus de Berkeley da Universidade da Califórnia foi direto ao ponto: inteligência avançada e antiguidade não se misturam. “Não há possibilidade disso ser verdade”, declarou Carol Redmont. “O povo dessa região não teria a tecnologia, as instituições governantes nem a vontade de construir semelhante estrutura milhares de anos antes do regime de Quéfren [2500 a.C.]. [A tese] vai contra tudo o que sabemos sobre o Egito antigo”.No Museum of Fine Arts, de Boston, o curador assistente do Departamento Egípcio, Peter Lecovara, levantou-se em defesa da instituição acadêmica: “Isso é ridículo! Milhares de acadêmicos, trabalhando por centenas de anos, estudaram esse problema, e a cronologia está muito bem desenvolvida. Não há grandes surpresas por virem”.5

Schoch apresentou sua pesquisa para a Convention of the Geological Society of America de 1992. Ao receber a calorosa aprovação de seus colegas, ele, no mesmo ano, foi ao Annual Meeting of the American Association for the Advancement of Science. Enfrentando com firmeza os egiptólogos presentes, chamou atenção para o fato de que seu trabalho não era nem enraivecê-los nem afagá-los:

Disseram-me vezes e mais vezes que os povos do Egito, até onde sabemos, não tinham nem tecnologia nem organização social para esculpir o cerne do corpo da Grande Esfinge nos tempos pré-dinásticos. Contudo, não vejo isso como problema meu como geólogo. Se meus achados estão em conflito com a teoria de vocês sobre o surgimento da civilização, talvez seja chegado o momento de reavaliar essa teoria. Estou apenas seguindo a ciência para onde ela me conduz.6

Enquanto Schoch cumpria seu dever de apresentar a mais cautelosa explicação de sua pesquisa, seu parceiro, West, sem impedimentos nascidos de necessidades acadêmicas, progrediu audaciosamente nas consequências da descoberta:

Informam-nos de que a evolução da civilização humana é um processo linear que vai dos estúpidos homens das cavernas para os velhos inteligentes conhecidos como “nós”, com nossas bombas de hidrogênio e tubos de pasta de dente. Contudo, a prova de que a Grande Esfinge é muitíssimos milhares de anos mais antiga do que os arqueólogos pensam, que precede em muitos milhares de anos até mesmo o Egito dinástico, significa que certamente houve, em algum ponto da história, uma civilização elevada e sofisticada tal como afirmam todas as lendas.7

Na virada do novo século, a “Batalha da Esfinge” terminou em um impasse. Egiptólogos não são capazes de refutar a evidência geológica apontando para uma grande revisão. Optam por ignorá-la.8

Os produtores do especial televisivo “Mystery of the Sphinx” ganharam um prêmio Emmy, o maior prêmio nos Estados Unidos para a televisão. Em fevereiro de 1996, voltaram com seu documentário “Mysterious Origins of Man”. Dessa vez, a informação foi ainda mais revolucionária. Milhões nos Estados Unidos ficaram pasmos ao saberem, entre outras informações chocantes, que mais de um século atrás, nas entradas das minas de Table Mountain, na Califórnia, ferramentas da era moderna, bem como ossadas humanas, foram encontradas em strata de pedras de idade entre 9 milhões e 55 milhões de anos.

D. Whitney era o geólogo oficial para o estado da Califórnia durante o tempo das descobertas extraordinárias. Ele reuniu e autenticou os achados de muitas décadas. Produzindo um relatório oficial e extenso intitulado “Auriferous Gravels of the Sierra Nevada of California”, Whitney defendeu convincentemente o caso do “Homem Terciário” – humanos existindo no período geológico de 65 milhões a 2 milhões de anos atrás.

Em 1879, no tempo da conclusão do relatório, o presidente da American Association for the Advancement of Science, O. C. Marsh, um paleontólogo proeminente em seu tempo, dirigiu-se à associação e deu seu veredito: “A prova oferecida pelo professor J. D. Whitney em seu trabalho recente é tão forte, e seu método cuidadoso e consciente de investigação, tão bem conhecido, que suas conclusões parecem irrefutáveis. A existência do homem no período Terciário, agora, parece bem estabelecida”.9

O cofundador da teoria da evolução, Alfred Russell Wallace, deu consideráveis créditos à documentação de Whitney dos artefatos de pedra e fósseis humanos encontrados nos pedregulhos com ouro da Califórnia. Alerta em relação ao filtro de conhecimento que começara a afligir o estudo das origens humanas, lamentou que evidências em favor de humanos anatomicamente modernos existentes no Terciário estivessem sob crescente “ataques com todas as armas da dúvida, da acusação e da ridicularização”.10 Perturbado diante da tendência, Wallace advertiu seus colegas cientistas:

A maneira apropriada de tratar evidências relativas à antiguidade do homem é registrá-las e admiti-las provisoriamente sempre que seriam consideradas adequadas no caso de outros animais; não, como é muito frequentemente o caso agora, ignorá-las como indignas de aceitação ou sujeitar seus descobridores a acusações indiscriminadas de serem impostores ou vítimas de impostores.11

Wallace estava descrevendo os eventos entre seus colegas no fim do século XIX. Conforme o século XX progride, entretanto, o Homem Terciário nem mesmo merece uma controvérsia. A abordagem da convenção social se tornou um vício – achados contrários e seus perpetradores foram silenciados.

Mais de cem anos depois dos esmerados esforços de J. D. Whitney para chamar a atenção de todos para artefatos humanos e ossadas humanas em camadas entre 9 e 55 milhões de anos de idade, seu trabalho foi esquecido, e referências ao mesmo em livros-textos se tornaram extintas. Embora a Universidade Harvard tenha publicado seu tratado em 1880, as implicações da evidência jamais foram abordadas ou continuadas pelos cientistas do século XX. Os artefatos ainda existem, no Phoebe Hearst Natural Museum, na Universidade da Califórnia, Berkeley. Quando preparando o documentário “Mysterious Origins of Man”o sistema televisivo nacional, um gigante dos Estados Unidos, tentou conseguir permissão para filmá-lo e veicular as imagens em sistema nacional. O museu se recusou.

Quando o documentário especial foi ao ar, os acadêmicos novamente se inflamaram. Protestaram dizendo que as informações foram apresentadas por pesquisadores que não tinham formação acadêmica em suas áreas de investigação, em virtude do que cientistas verdadeiros não podiam considerar com seriedade seus achados. Afinal, Michael Cremo estudara ciência política em seus dias de universidade, e, embora seu parceiro Richard Thompson tivesse um doutorado pela Universidade Cornell, era em matemática, e não em antropologia e paleontologia. Não obstante, esses dois pesquisadores independentes se uniram para produzir um robusto livro de 952 páginas, o agora famoso Forbidden Archaeology, expondo as imposições que impedem o conhecimento objetivo das origens da humanidade.

Depois da difusão televisiva nacional, uma chuva de cartas da comunidade acadêmica acusava os produtores do documentário de destruírem a inteligência da nação e propagar “falsa ciência”. A rede NBC, satisfeita com o sucesso da primeira exibição, reexibiu a produção mais tarde no mesmo ano. Desta vez, a academia mainstream se mobilizou com antecedência, chamando todos pela internet para a batalha. Dr. Jere H. Lipps, um paleontólogo da Universidade da Califórnia, incitou seus colegas: “Se estão preocupados com a ciência nos Estados Unidos, digam à sua estação local da NBC, à NBC nacional e a seus vários patrocinadores que somos contrários à exibição desse programa como ciência. Nosso país tem que se tornar inteligente, e podemos fazer a diferença!”.12

Dr. Allison R. Palmer, presidente do Institute for Cambrian Studies, que é especializado no período geológico de entre 570 e 500 milhões de anos atrás, voltou-se ao governo em busca de ajuda. Tentando pressionar a Comissão Federal de Comunicação, a agência norte-americana que confere licenças para as redes de televisão, ele exigiu: “No mínimo, a NBC deve ser solicitada a pedir desculpas em horário nobre para sua audiência por um período de tempo suficiente para que o público entenda claramente que foi enganado. Além disso, a NBC deve receber uma multa em um valor alto o bastante para que se possa estabelecer um grande fundo a ser utilizado no estabelecimento de educação científica pública”.13

Os produtores de “Mysterious Origins” calmamente lembraram os acadêmicos enfurecidos dos casos em que os pesquisadores tinham, sim, formação nos campos específicos em que atuavam e, ainda assim, tiveram um destino negro na academia.

Por exemplo, Dra. Virginia Steen McIntyre possui doutorado em geologia. Era parceira da United States Geology Survey quando fez seu trabalho de campo no México, e a National Science Foundation financiou sua pesquisa. Ela apresentou meticulosas conclusões sobre as avançadas ferramentas de pedra encontradas em Hueyatlaco. Ela datou as camadas contendo os implementos de 250.000 anos a.C. Ademais, dois outros membros academicamente certificados da United States Geology Survey, valendo-se de quatro diferentes métodos de datação, auxiliaram-na. O trabalho deles fez mais do que desafiar a história padrão do Novo Mundo proposta pela antropologia. Uma vez que humanos fabricadores de ferramentas não existiam na Terra antes de 100.000 anos atrás na África, os achados radicais também ameaçavam a história tradicional das origens humanas. O resultado? Apesar das impecáveis credenciais de McIntyre, seus achados foram ignorados, e sua carreira, arruinada.

O livro intransigente Forbidden Archaeology, bem como sua versão condensada, A História Secreta da Raça Humana, documentou cuidadosamente centenas de casos demonstrando que humanos como nós viveram na Terra por milhões de anos. Por exemplo, em 1979, no leste da África, o renomado arqueólogo Mary Leakey e sua equipe encontraram pegadas enterradas em depósitos de cinzas vulcânicas endurecidas datadas de 3,7 milhões de anos de idade. As pegadas descobertas em Laetoli, Tanzânia, são exatamente como aquelas que um homem moderno deixaria. Os cientistas nos dizem que as pegadas pertencem a homens-macacos que tinham pés como os nossos. “Pesquisadores alternativos” sarcásticos, entretanto, lembram ao público que os homens-macacos desse tempo tão distante, chamados australopitecos, tinham pés muito diferentes dos nossos. Deixando de lado todas as evasivas científicas, as únicas criaturas até então conhecidas que tinham pés como naquelas pegadas são humanos como nós. Contudo, lembremo-nos da história padrão: humanos como nós só vieram a existir por volta de 100.000 anos atrás.

Voltemos mais uma vez aos trabalhos geológicos esquecidos do século anterior. Em 1862, The Geologist, um periódico científico, documentou um esqueleto humano desenterrado de uma profundidade de 27 metros, no estado de Illinois.14 Mais de 60 centímetros de ardósia inteira cobriam diretamente o esqueleto. Novamente, um geólogo oficial lidou com o caso. Ele datou as camadas geológicas e concluiu que o esqueleto tinha 300 milhões de anos de idade. Pouco antes do achado de Illinois, em 1852, o periódico Scientific American – destacado desde então – reportou pedreiros encontrando algo bastante singular em Boston. Enquanto escavavam a fundação para uma construção, sob 5 metros de pedra sólida, encontraram um vaso metálico com temas florais de prata incrustados.15 Michael Cremo, coautor de Forbidden Archaeology, pesquisou em avaliações geológicas modernas para descobrir a idade da pedra contendo o vaso. A ciência contemporânea atribui àquela camada de pedra a idade de mais de 500 milhões de anos.

No capítulo 1, apresentamos a inquietante descoberta de que, pelo menos 800 mil anos atrás, humanos fabricadores de ferramentas viajaram por mar para a ilha de Flores, na Indonésia. Concepções anteriores sustentavam que humanos anatomicamente modernos haviam feito a mais antiga viagem transoceânica entre 40.000 e 60.000 anos atrás. A navegação e fabricação de barcos são frequentemente atribuídas a corpos de humanos modernos. Contudo, em vez de escolherem batizar o povo de Flores como Homo sapiens sapiens, os cientistas imediatamente os rotularam de Homo erectus, cuja anatomia é primitiva. Deste modo, drasticamente elevando as capacidades do Homo erectus, contornaram uma explicação que devastaria as concepções atuais da história humana.

Cremo dirigiu a atenção para essa manobra em seu discurso no World Archaeological Congress de janeiro de 1999. A fim de que ninguém pensasse que o problema do barco de Flores é uma ocorrência isolada, Cremo apresentou outros achados perturbadores.

Fêmures anatomicamente modernos, da mesma idade do Homem de Java, são uma evidência corroboradora. [Além disso,] em 1997, H. Thieme reportou avançadas lanças de caça de madeira em depósitos de carvão na Alemanha com idade de 400.000 anos. Lanças, em geral, são associadas com exclusividade a humanos anatomicamente modernos. Thieme escolheu elevar o status cultural do Homo erectus europeu, mas outra possibilidade é tê-los como humanos anatomicamente modernos. Descobertas de ossos humanos anatomicamente modernos por parte de Boucher de Perthes, em Abbeville, França, em depósitos com a mesma idade que as lanças alemãs, oferecem uma evidência corroboradora.16

Simpatizantes dos Vedas têm um bom posicionamento inicial para lidar com quaisquer revisões drásticas da saga padrão das origens humanas. As evidências que desafiadores trouxeram à tona são consistentes com as informações védicas. Se ao menos nossos indólogos soubessem!

Referências

  1. John Anthony West, Serpent in the Sky (Illinois: Quest Books, 1993), p. 186.
  2. Robert Schoch, Voices of the Rocks (Londres: Thorsons, 2000), p. 50.
  3. West, p. 226–27.
  4. Los Angeles Times, 23 de outubro de 1991.
  5. Boston Globe, 23 de outubro de 1991.
  6. Excertos do encontro AAAS citado em Graham Hancock, Fingerprints of the Gods (Londres: Mandarin, 1996), p. 447.
  7. Mystery of the Sphinx, NBC-TV, 1993.
  8. Uma manobra típica utilizada pelos egiptólogos mainstream contra Schoch é atacar seu trabalho como apresentado no vídeo popular The Mystery of the Sphinx em vez de como é apresentado em artigos técnicos. Por exemplo, vide Zahi Hass, The Secrets of the Sphinx: Restoration Past and Present (Cairo: American University in Cairo Press, 1998). Mark Lehner, James Harrell e K. Lal Gauri também tentaram contrariar o trabalho de Schoch. Um estudo independente realizado pelo geólogo David Coxill (“The Riddle of the Sphinx”, Journal of Ancient Egypt, primavera de 1998, p. 13–19) confirma as conclusões de Schoch.
  9. Michael Cremo e Richard Thompson, Hidden History of the Human Race (Califórnia: Govardhan Hill Publishing, 1994), p. 149.
  10. Ibid., p. 101.
  11. Ibid.
  12. Michael A. Cremo, Forbidden Archeology’s Impact (Los Angeles: Bhaktivedanta Book Publishing, 1998), p. 518.
  13. Ibid., p. 534.
  14. The Geologist 5 (1862): 470.
  15. Scientific American, 5 de junho de 1852.
  16. Michael Cremo, no resumo do ensaio “Forbidden Archaeology of the Early and Middle Pleistocene: Evidence for Physiologically and Culturally Advanced Humans”, apresentado no 4º World Archaeological Congress, Capetown, África do Sul, janeiro de 1999.
Fonte: https://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/a-historia-oculta-da-humanidade/comment-page-1/#comment-5122


Livro Forbidden Archeology link:

https://www.amazon.com.br/Forbidden-Archeology-Unabridged-Michael-Cremo/dp/0892132949


Tradução em português e outras línguas.

Link do Livro em português: nos meus canais no SoundCloud e YouTube.  Entre em contato para receber o arquivo.

Hare Krishna 🙏🏼🌷🙏🏿





sábado, 9 de novembro de 2024

Trecho predileto de Jane Eyre de Charlotte Brontë ❤

 

Trecho do livro Jane Eyre de Charlotte Brontë: 


" Se alguma vez em minha vida eu fiz uma boa ação, se alguma vez eu tive bons pensamentos, se alguma vez eu rezei uma prece sincera e sem culpa, se alguma vez eu tive um desejo justificado, eu estou agora recompensada; para mim, ser sua esposa é ser a pessoa mais feliz na face da terra."







Links sobre as Irmãs Brontë e Charlotte Brontë:







Hare Krishna!

Rosana e Andrew Freedman❤




segunda-feira, 15 de julho de 2024

Manifesto por uma Política de Solução Radical (translation for all languages)

 Manifesto por uma Política de Solução Radical

 


 


Há bem na direita e na esquerda política. Para uma sociedade completamente sã e saudável, temos que ir além do conflito de ambas.

 

Os partidos parecem cada vez mais fornecerem aos eleitores uma agenda claramente de direita ou de esquerda. Eles dizem que isso é algo bom, mas eu sempre tive dificuldade em fazer esse tipo de escolha, e suspeito que seja o caso de muitas outras pessoas também. Meu problema é que ambos os lados parecem fazer sentido.

 

Quando confrontado por um eleitor seja da direita, seja da esquerda, sempre consegui enxergar o ponto defendido. Isso costuma me deixar sem ação, e me fazia, com culpa no coração, uma pessoa apolítica. Eu invejava a segurança daqueles que se faziam partidários de um lado ou do outro. É claro, havia sempre o centro, o tradicional refúgio dos covardes como eu. Contudo, eu precisava de consistência, e você paga um preço alto pela contradição, especialmente quando envolve política social. Então, eu estava preso ali.

 

Eu não era capaz de rejeitar o apelo da esquerda, que alcançava meus mais elevados ideais: minha intuição inabalável de que todas as pessoas são iguais e que o fato social tem que refletir isso. Contudo, quando a direita insistia comigo, com realismo frio e objetivo, que as pessoas, na verdade, não são iguais, e que nenhuma soma de sentimento mudaria isso, eu era obrigado a concordar. Cada lado tinha um ponto forte, e eu via o destino do mundo balançando sobre a hostilidade entre os capitalistas na direita, e os comunistas na esquerda.

 

Eu não me tornei um devoto de Krishna para solucionar meu impasse político, mas, entre os bônus inesperados que ganhei da consciência de Krishna, estava uma doutrina que resolve esse dilema intratável, unificando, sem contradição, em uma política social concreta, a igualdade absoluta de todas as pessoas com as não-igualdades relativas que são criadas por suas diferentes habilidades e aptidões. Essa visão social providenciava algo que eu consideraria impossível: uma sociedade com uma divisão clara de trabalho em classes, mas sem exploração, inimizade e conflito. Isso me foi uma descoberta extraordinariamente revigorante, pois vi ali a solução para o grande embate político do mundo contemporâneo.

 



 

As doutrinas de esquerda e direita sobre igualdade e diferença entre as pessoas são conciliáveis.

 

Varnasrama-dharma, como é chamado o manifesto social do Movimento da Consciência de Krishna, é o projeto para uma civilização espiritual, pois se baseia na ideia de que as pessoas são seres espirituais. Como criaturas viventes, somos centelhas pequenas, porém eternas, do ser vivo supremo, apesar de estarmos confinados dentro de corpos materiais, corpos mortais. Não podemos esperar, com bom senso, alcançarmos a felicidade com base em nosso corpo, visto que o corpo certamente ficará doente, velho e, por fim, morrerá. Nosso bem-estar, é claro, só pode repousar no cultivo de nosso eu autêntico e eterno, a alma. Sofremos incessantemente porque nos identificamos com o nosso corpo, o qual é inevitavelmente sitiado pela natureza material. Então, se a sociedade deseja garantir o bem mais elevado para todos os seus membros, tem que providenciar o necessário para que todos tenham esclarecimento em relação ao verdadeiro eu e, deste modo, entrem em uma consciência plena e pura, isto é, eterna, completa em conhecimento e plena de bem-aventurança. Ao mesmo tempo, tal sociedade tem que satisfazer, da maneira mais simples e eficaz possível, todas as necessidades do corpo. O varnasrama-dharma é concebido para se atingir ambas as metas.

 

Um materialista objetaria prontamente, visto que “a alma” é um conceito metafísico, referente a algo que não podemos experienciar, e qualquer sistema social baseado em tal coisa certamente seria um pouco suspeito. Contudo, é simplesmente falso que a alma não pode ser experienciada (trata-se, na verdade, da condição para termos qualquer experiência!), e a sociedade varnasrama é projetada precisamente para fomentar essa experiência. E visto que a sociedade materialista cria as condições que tornam virtualmente impossível experimentarmos a alma, a objeção revela seu próprio problema fundamental.

 

Somos seres espirituais em corpos materiais, e é o varnasrama-dharma que integra e concilia a igualdade absoluta de todas as pessoas como seres espirituais e as diferenças relativas impostas sobre elas pelas condições de sua corporificação material. Esse sistema convida a sociedade a se dividir em quatro grupos ocupacionais (chamados varnas) e quatro ordens espirituais (asramas). Essa divisão em varnas é muito natural. Nenhuma sociedade civilizada pode existir sem quatro classes: intelectuais (chamados de brahmanas), líderes políticos e militares (kshatriyas), agricultores e comerciantes (vaishyas), trabalhadores e artesões (shudras). A falta de qualquer um desses obviamente aleijaria uma sociedade. Elas formam a cabeça, os braços, o estômago e as pernas do corpo social, respectivamente, os quais só podem estar saudáveis caso todas as partes estejam saudáveis e trabalhando cooperativamente. Aliás, cada ser humano tem uma constelação de qualidades e aptidões, as quais o coloca em um desses quatro grupos. (Somente qualidades pessoais determinam a que grupo se pertence. Pertença determinada por nascimento, como no sistema de castas indiano, não diz respeito ao autêntico sistema de varna.)

 

Se eu descrever os deveres e as qualidades de cada um desses varnas, você poderá reconhecer intuitivamente os quatro tipos de seres humanos.

 

O brahmana, ou intelectual, sabe a verdade absoluta tanto em conhecimento teórico quanto por experiência direta, e, à luz disso, ele guia as políticas práticas dos líderes governantes. Como a cabeça da sociedade, tem a visão para dirigir as ações de todo o corpo. A ocupação do brahmana é o professorado, e ele instrui todos não apenas no serviço específico do seu varna, mas também no serviço universal a Deus, a base para a autorrealização. Um jovem qualificado para receber o treinamento de brahmana tem que possuir amor pelos estudos e sede de sabedoria. Ele é naturalmente pacífico e tolerante e se atrai espontaneamente por pureza, autocontrole e austeridade. Ele é honesto e instintivamente religioso.

 

O serviço do kshatriya é proteger os demais membros da sociedade. Ele governa e, quando necessário, luta. Uma pessoa apropriada para o treinamento de kshatriya tem que ser bastante inteligente, mas sua inteligência terá uma direção mais prática do que a inteligência de um brahmana. Ele possui grande coragem natural e se atrai pela realização de grandes feitos que envolvem risco pessoal. Ele é líder, engenhoso e determinado. Seu corpo é forte; seu caráter, igualmente forte. Ele é espontaneamente liberal e generoso, e gosta de usar sua força para guardar os outros.

 

As ocupações de um vaishya são a agricultura, o comércio, os negócios e – isto é importante – a proteção às vacas. Os vaishyas produzem a riqueza da sociedade. Eles também precisam ser inteligentes, mas sua inteligência é de uma espécie mais astuta e breve do que aquela dos kshatriyas. Os vaishyas não são tão passionais quanto os kshatriyas, e carecem da coragem e do espírito liberal deles. Enquanto o heroísmo impele o kshatriya, o que impele o vaishya é o lucro. A proteção às vacas impede que os vaishyas se degenerem em ganância e exploração. Tratando a vaca que lhe dá leite como sua mãe, e o touro que ara o solo para produzir grãos como seu pai, o vaishya aprende a viver de uma maneira pessoal, harmoniosa e não-exploradora com os animais – e com a terra – que produzem sua riqueza. A proteção às vacas incute princípios religiosos nos vaishyas e os mantém próximos da terra.

 



 

A prática de proteção às vacas, muitas vezes vista como estranha no ocidente, tem o fim de conferir sensibilidade aos vaishyas.

 

Aqueles que não têm a inteligência específica para serem brahmanas, kshatriyas ou vaishyas são shudras, indivíduos dedicados ao trabalho manual na sociedade. Uma vez que não têm a vocação para agirem de forma independente, como os demais, os shudras trabalham sob supervisão, como auxiliadores gerais dos outros três varnas.

 

Acredito que as vantagens de se reconhecer essas divisões são evidentes. Dado que se baseiam em características e aptidões naturais, é possível discernir a tendência de uma criança, logo nos primeiros anos de vida, e moldar sua educação para que desenvolva seus talentos naturais e cultive as virtudes peculiares à sua posição. Imagine o auxílio disso para solucionar o problema de vocação e motivação que hoje é tão grande em nosso sistema educacional. Com o reconhecimento explícito de quatro grupos distintos, cada um pode se desenvolver como uma subcultura separada. Cada varna requer seu próprio conjunto de deveres e valores particulares (chamados sva-dharma), e um sem-fim de desorientação e sofrimento é causado por não se reconhecer isso, por se tentar impor o padrão de um para todos, ou por se inventar algum padrão “universal” que não se encaixa em ninguém. Caso reconheçamos os quatros varnas, as pessoas se realizarão por trabalharem com todos os seus talentos e energias, e a sociedade prosperará mediante suas contribuições.

 

É claro que consigo ouvir a sonora objeção: Você acaba de propor uma estrutura de classes incrivelmente reacionária (incluindo shudras!) que perpetrará todos os abusos intrínsecos a tais divisões. Os grupos superiores explorarão os inferiores, injustiças sociais se proliferarão, e ódio e conflito farão tudo ruir.

 

A resposta a esse problema é sanatana-dharma, “religião eterna”, “dever eterno”. Embora cada varna tenha seu sva-dharma específico, todos compartilham igualmente do dharma único, universal e que tudo abarca, chamado sanatana-dharma. Trata-se da consciência comum e intensa de serviço cooperativo e subordinado a Deus. Na prática do sanatana-dharma, todos são absolutamente iguais. Ele é mais importante do que o sva-dharma, e previne, com eficácia, a exploração de um grupo por parte do outro.

 

A intuição em torno da igualdade de todas as pessoas é um insight espiritual fundamental. É um fato que demanda reconhecimento em uma política social concreta. Ao mesmo tempo, as diferenças materiais entre as pessoas também exigem reconhecimento. O erro da direita é ver tais diferenças como fundamentalmente importantes e dar pouco valor à igualdade espiritual (ou nenhum valor), garantindo isso para o próximo mundo. A esquerda, por sua vez, erra na maneira como aplica seu insight. Ela tenta impor o fato espiritual em uma condição material, forçando a igualdade, por decreto, onde ela não existe.

 

O varnasrama-dharma sintetiza a diferença material com a unidade espiritual, reconhece que as pessoas nascem com capacidades materiais diferentes, e que não há nada de bom para os indivíduos ou para a sociedade fingir que não é assim, ao mesmo tempo que reconhece uma identidade una e espiritual para todos. Portanto, o varnasrama-dharma possui divisões de classe, mas sem exploração, injustiça, inveja e conflito.

 

Primeiramente, a meta de todos os membros dos varnas é a autorrealização – o padrão de avanço na vida de todos, portanto, é uma questão de desenvolvimento espiritual, e não engrandecimento material. Embora um indivíduo realize um serviço em particular de acordo com sua condição material, seu dever mais elevado na vida é compreender-se como um ser espiritual, distinto de seu corpo material temporário. Isso é sanatana-dharma, e fornece um meio poderoso para a realização espiritual (ensinada na Bhagavad-gita) igualmente disponível para todos os varnas, independente de qualificações materiais. Portanto, sucesso ou avanço na vida não depende da obtenção de riquezas, poder ou prestígio social.

 

Além disso, a sociedade varnasrama é centrada em Deus. O sanatana-dharma, a religião eterna ou natureza essencial, dos seres espirituais infinitesimais é servir o ser supremo único e infinito. Eles o fazem oferecendo os frutos de seu trabalho em serviço devocional a Deus, que, deste modo, é reconhecido concretamente como o supremo desfrutador de tudo. A exploração surge somente quando alguém se esquece de sua posição como servo e tenta usurpar a posição de Deus utilizando os bens e o trabalho de outros para seu próprio gozo. Eu posso servir outrem, mas, se vejo que ele, na verdade, é tão servo quanto eu, ele não estará me explorando, tampouco eu terei inveja dele. Na intensa consciência comum da supremacia de Deus e dos laços universais de subordinado serviço a Deus, que os líderes, acima de todos, ensinam através de suas próprias ações, repousam a harmonia e a cooperação entre os varnas que impede dominação, inveja e conflito. Uma vez que o dever de todos é o serviço devocional, as diferenças materiais entre as ocupações não importam. Limpar as ruas e gerir assuntos governamentais têm o mesmo valor, e todos podem se tornar perfeitos realizando seu trabalho pessoal a serviço de Deus.

 

É claro que se alguém em uma posição de responsabilidade perde seu sentido de serviço subordinado e começa a explorar as facilidades que tem para seu próprio gozo, os males da divisão de classes que experimentamos em nossos tempos virão à tona. Um forte refúgio contra isso é a instituição de asramas, uma divisão da vida em quatro estágios que deve ser seguida especialmente pelos brahmanas e kshatriyas. Esse sistema preconiza que o sujeito primeiramente tem que ser instruído como um estudante celibatário (brahmacharya) antes da vida de casamento, família e ocupação “mundana” (grihastha). A vida de grihastha tem que terminar em torno dos cinquenta anos de idade, quando marido e mulher deixam a família e os assuntos sociais e cultivam renúncia e vida espiritual (vanaprastha). Por fim, quando estão preparados o bastante para isso, se separam, e o esposo passa o fim de sua vida como um pregador mendicante e viageiro (sannyasa). Desta maneira, o sistema de asrama garante que as pessoas mais poderosas socialmente também serão as mais renunciadas.

 

A solidez de todo o sistema varnasrama-dharma repousa, em última instância, nos brahmanas. Eles educam todos os membros, e seus ensinamentos terão força, ganhando o respeito dos poderosos e passionais kshatriyas, desde qeu eles pessoalmente estabeleçam o exemplo mais elevado de pureza e renúncia. A pureza da cultura bramânica é o fundamento do varnasrama-dharma.

 

Esse sistema talvez faça você se lembrar, como fez comigo na primeira vez que ouvi sua descrição, da sociedade da Europa medieval, uma civilização supostamente centrada em Deus e com suas quatro ordens de clérigos (brahmanas), senhores feudais (kshatriyas), burgueses (vaishyas) e servos (shudras). Por um tempo, pelo menos, os reis europeus precisavam de sanção clerical para governarem; eram coroados pelo pontífice. Esperava-se que o rei fosse santo. Contudo, essa sociedade foi apenas uma aproximação primitiva do varnasrama-dharma. Seus brahmanas nunca atingiram um padrão suficientemente elevado de pureza, e quando se corromperam, a civilização perdeu qualquer visão espiritual que tivera, e todo o sistema sucumbiu, e ainda está sucumbindo.

 

O colapso do primitivo varnasrama-dharma medieval levou mais de quinhentos anos, e isso constitui toda a história moderna da Europa. Começou com a corrupção dos brahmanas. Quando os brahmanas se maculam por ambições mundanas, perdem sua moral e autoridade espiritual – o único poder que possuem –, em consequência do que os kshatriyas começam a vê-los como príncipes mundanos no mesmo nível que eles. Não existe mais nenhuma justificativa para a preeminência bramânica, em virtude do que os kshatriyas se livram do domínio dos brahmanas, uma revolução social epitomizada na Europa pela Reforma Protestante. Sem direção e restrições bramânicas, os kshatriyas rapidamente perdem o autocontrole e se tornam tiranos intoleráveis. Eles já não podem mais justificar sua soberania com base em sanção divina. Os vaishyas, portanto, se rebelam contra a opressão de uma nobreza corrupta e inútil, uma revolta epitomizada pela Revolução Francesa. Os vaishyas astutos e empreendedores ganham vida, acumulam capital, constroem a indústria e o comércio e, em sua desimpedida avidez por lucro, oprimem e exploram os shudras, que preparam sua própria rebelião, uma revolta exemplificada pela revolução comunista.

 

O conceito de varnasrama-dharma, assim, torna inteligível nossa própria história, e muitas coisas se tornam claras. Uma é que formamos nossas ideias de sociedade, classe e suas relações com base em uma sociedade em vários estágios de progressiva degradação ou colapso, e agora estamos vivendo o estado terminal desse colapso. A ideia de varnasrama-dharma, portanto, é bastante relevante para nossa experiência política e social na atualidade.

 



 

Entender o varnasrama-dharma nos auxilia na compreensão de nossa própria história.

 

Podemos ver o conflito entre a esquerda e a direita, os comunistas (shudras) e os capitalistas (vaishyas), como o término de um longo processo de degeneração social, e nenhum dos lados, portanto, tem qualquer futuro, qualquer esperança real de criar uma sociedade sóbria, sã e justa. Certamente, as sociedades da Europa e da América no século XX se tornaram fatalmente infectadas pelos valores de vaishyas descontrolados. Contudo, shudras descontrolados não é um aprimoramento. Sendo uma filosofia totalmente materialista, o comunismo nutre, em vez de eliminar, as sementes da exploração e do conflito, encorajando as mesmas condições que busca melhorar. Consequentemente, sob o comunismo, jamais haverá uma sociedade livre da dominação de um grupo por outro, da maioria pela minoria, e essa dominação será perpetrada pelos meios mais brutais possíveis. Tanto a ideologia capitalista quanto a ideologia comunista são produtos de exploração e inveja, em razão do que nenhuma das duas pode eliminar essas duas coisas. Não podem oferecer alívio para o processo de degeneração social porque são criadas por isso, e o conflito entre elas apenas garantirá, de uma maneira ou outra, a eventual destruição da civilização.

 

Se há alguma chance de restauração da civilização humana, o ímpeto tem que vir de fora das condições de degeneração. É preciso começar pela criação de brahmanas. O Movimento da Consciência de Krishna foi projetado especialmente para criar esses brahmanas, o núcleo de uma sociedade varnasrama-dharma completa. Uma sociedade varnasrama-dharma moderna não tem que repetir as falhas espirituais, sociais e tecnológicas da Europa medieval. A consciência de Krishna provê um padrão muito superior de pureza do que estava disponível aos brahmanas medievais. (Isso você pode verificar pessoalmente.)

 

E uma nova sociedade varnasrama-dharma pode utilizar toda a conquista tecnológica de nossos tempos em serviço divino. Assim, o Movimento da Consciência de Krishna é a semente de uma nova cultura, de uma civilização humana potencialmente completa, brotando precisamente quando a civilização varnasrama velha e primitiva alcança os estágios finais de sua destruição. Oferece uma alternativa a todos nós que estamos soterrados nos escombros dessa destruição.

 

Com estas informações, espero que você, da próxima vez que confrontado pela escolha entre direita e esquerda, veja isso com novos olhos. O varnasrama-dharma soluciona, sim, esse problema político intratável. Trata-se de uma solução radical, no sentido de que vai na raiz da dificuldade, e convida a uma reespiritualização da sociedade humana. Isso talvez pareça ser pedir demais; por outro lado, os tempos presentes talvez não nos deixem alternativa.

Por Ravindra Svarupa Dasa

By Amigos de Krishna.  Hare Krishna!🙏🏻🌷🙏🏿