terça-feira, 23 de abril de 2019

REENCARNAÇÃO COMPROVADA EMPIRICAMENTE PELA PRIMEIRA VEZ EM ESTUDOS CIENTÍFICOS ***REINCARNATION EMPIRICALLY PROVEN FOR THE FIRST TIME IN SCIENTIFIC STUDIES

                                                    Vida Após a Vida



                                          Devamrita Swami
                                          (Trecho da obra Em Busca da Índia Védica)

Histórias bobinhas de reencarnação têm passagem certa por tabloides e revistas de fofoca, mas um número crescente de pesquisadores eruditos está discretamente acumulando uma formidável soma de evidências que apontam para vidas pretéritas.

A morte é o teste ácido védico. Nesse momento, examina-se o nível de consciência que cultivamos durante a vida. Esse princípio é explicado na Bhagavad-gita (8.6): “Qualquer estado de ser de que nos recordemos ao deixar o corpo, esse estado por certo obteremos”.

O que é tal coisa que está mudando de corpo em vidas passadas, presentes e futuras? As marcas e o modus operandi da alma são visíveis, embora a alma em si seja invisível à visão material direta. O verso seguinte da Gita aconselha: “Aquele que mora no corpo jamais pode ser morto. Em razão disso, você não precisa se lamentar por nenhum ser vivo”.

Os textos védicos nos fornecem informações precisas sobre como a entidade viva, a alma espiritual, transfere-se de um corpo a outro. As leis védicas do cosmos entendidas como governantes dessa transmigração estão certamente longe da jurisdição de nossa ciência empírica. Parece natural, porém, que, por fim, voltaremos nossa atenção a essas leis. Nós, neste momento, descobriremos mais sobre as ramificações sociais védicas da vida após a vida. Em outras palavras, o fato de esta vida ser uma de muitas não é apenas uma realidade pessoal – trata-se de uma realidade social também. Não é preciso sermos sociólogos ou psicólogos para perceber que o conhecimento do samsara – a roda do tempo – pode moldar toda a organização e motivação da sociedade.




O que é tal coisa que está mudando de corpo em vidas passadas, presentes e futuras?

Histórias bobinhas de reencarnação têm passagem certa por tabloides e revistas de fofoca, mas um número crescente de pesquisadores eruditos está discretamente acumulando uma formidável soma de evidências que apontam para vidas pretéritas. A hipnose é uma área de investigação. Os pesquisadores afirmam que o trabalho clínico de hipnólogos rigorosamente científicos supera em muito os esforços de praticantes sem habilidades, que desconhecem técnicas para prevenir fantasias. Dr. Joel Whitton, um professor de psiquiatria da Escola Médica da Universidade de Toronto, é um entre muitos pesquisadores altamente capacitados que utilizam a hipnose para estudar o que as pessoas talvez conheçam de maneira inconsciente de seu passado. Pesquisas demonstram que mais de 90 por cento de todas as pessoas hipnotizáveis fornecem memórias que aparentemente indicam vidas anteriores.[1]

Tendo dedicado milhares de horas gravando tudo o que voluntários hipnotizados falavam sobre supostas existências passadas, Whitton encontrou uma correlação incomum entre essas memórias e as atuais experiências sobre o assunto. Por exemplo, um psicólogo nascido e criado no Canadá falara com um inexplicável sotaque britânico como criança. Ele temia quebrar sua perna, bem como viagens de avião, constantemente mordia suas unhas e tinha uma estranha fascinação por torturas. Uma vez, teve uma estranha visão de estar em uma sala como um oficial nazista, logo após operar alguns pedais. Sob hipnose, o homem relatou memórias como um piloto britânico voando por sobre a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Munição antiaérea quebrara sua perna e, consequentemente, fizera-o perder o controle dos pedais. Depois que seu avião caíra, os alemães o capturaram e o torturaram arrancando suas unhas, após o que ele morreu. Whitton também registrou indivíduos falando em línguas arcaicas que apenas linguistas poderiam reconhecer como norueguês antigo e uma língua mesopotâmica existente entre 226 e 651 d.C.[2]

Dr. Brian L. Weiss, graduado na Yale School of Medicine e coordenador de psiquiatria no Mount Sinai Medical Center, de Miami, escreveu um livro best-seller, Many Lives, Many Masters. Ali, descreve sua conversão de cético a defensor da reencarnação. Um de seus pacientes, enquanto hipnotizado, começou a ter uma regressão de vida passada. O incidente espontâneo induziu Weiss a fazer mais investigações. Ele diz que, desde que publicou seu livro, recebeu uma inundação de cartas de “pesquisadores no armário” – colegas psiquiatras que são investigadores secretos. Weiss diz: “Há muitos psiquiatras que me escrevem dizendo que fazem terapias de regressão há dez ou vinte anos na privacidade de seus consultórios, e pedem: ‘Por favor, não conte para ninguém’. Muitos são receptivos a isso, mas não admitirão”.[3]



A hipnose é uma das técnicas utilizadas para investigação de memórias de vidas passadas.

Os indicadores mais convincentes e concretos são aqueles no trabalho de Dr. Ian Stevenson. Professor de psiquiatria na Escola Médica da Universidade de Virgínia, tem uma impecável reputação em investigação radical e meticulosa. Em vez de hipnose, sua especialidade é entrevistar crianças pequenas que se lembram espontânea e conscientemente de vidas passadas. Ele sugere, devidamente, que sejamos cautelosos antes de admitirmos evidências a partir de regressões guiadas a vidas anteriores. Quando a mente se abre ao transe hipnótico, uma pequena faísca de uma minúscula sugestão pode dar início a um incêndio de cenas vívidas completamente imaginadas. Stevenson, portanto, favorece memórias que surgem sem serem buscadas e que podem ser verificadas através de pesquisa histórica.

Durante os últimos trinta e cinco anos, reuniu mais de 2600 casos de memórias de vidas passadas, dos quais 65 relatos detalhados foram publicados. Reunindo evidências de todos os continentes, diz que esses casos são tão comuns que sua equipe não consegue ficar em dia com tamanha carga de trabalho. Casos são especialmente frequentes em países hindus e budistas do sul da Ásia, entre os povos xiitas do Líbano e da Turquia, entre as tribos da África Ocidental e, curiosamente, no noroeste dos Estados Unidos.

Em geral, as crianças têm entre dois e quatro anos quando começam espontaneamente a falar de uma vida anterior. Porque suas memórias frequentemente são ricas em detalhes, Stevenson é capaz de traçar a identidade de seu nascimento anterior e confirmar as particularidades. Algumas vezes, até mesmo levou crianças às vizinhanças do exato lugar sobre o qual elas falaram e onde ele já investigara e descobrira sobre uma pessoa que vivera e morrera em exata conformidade com a descrição das crianças. Como Stevenson observou, as crianças, sem esforço, andaram tranquilamente por uma vizinhança estranha até sua antiga casa, e lá identificaram posses, parentes e amigos.

Até o momento presente, Stevenson tem dados e casos documentados o bastante para oito livros, com muito mais por vir. Publicou estudos demonstrando que, em um teste com 387 crianças que alegavam se recordar de uma vida anterior, 141 delas tinham fobias que quase sempre correspondiam ao modo exato da morte documentada da identidade anterior que a criança lembrava. As fobias frequentemente se manifestavam entre as idades de 2 e 5 anos, algumas vezes antes de a criança começar a falar sobre uma vida anterior.

De outra perspectiva, Stevenson apresentou descobertas de uma investigação de novecentos casos envolvendo correlação biológica. Ele descobriu que 35 por cento das crianças que se lembravam de uma vida anterior tinham marcas de nascimentos ou problemas de nascença ligados de alguma forma a uma morte violenta que podia ser documentada de acordo com os relatos delas. Para alguns casos, apresentou evidências fotográficas impactantes da correlação fenomenal entre as marcas e problemas de nascimento da criança e as verdadeiras feridas da pessoa cuja vida e cuja morte violenta a criança recontava.[4]

Stevenson descobriu que 35 por cento das crianças que se lembravam de uma vida anterior tinham marcas ou problemas de nascimento correlatos com as memórias.



Todo o trabalho de Stevenson nesse último projeto foi publicado em 1997. A documentação integral, Reincarnation and Biology, exigiu dois volumes de mais de mil páginas cada.[5] Antes que os céticos pensem que a correspondência entre marcas de nascimento e uma morte anterior é apenas coincidência, Stevenson dividiu o corpo adulto de tamanho médio em uma grade de 160 caixas, cada uma com dez centímetros quadrados. Colocando as marcas de pele nessa grade, demonstra de maneira convincente que a chance de uma única anomalia ou irregularidade correspondendo com uma só ferida é de 1 em 160. Contudo, e quanto a casos em que mais de uma ferida e marca de pele coincidem? Ele documenta dezoito casos em que uma criança se lembra de morte por tiro e tem duas marcas de nascença correspondendo ao local em que a bala entrou e ao local em que a bala saiu. Duas marcas de nascimento ligadas a duas feridas reduzem as chances de coincidência para 1 em 25.000 (1 em 160 vezes 1 em 160).

As chances de coincidência sobem astronomicamente no caso de um turco chamado Necip Ünlütaskiran. De suas sete marcas de nascimento, seis coincidem exatamente com feridas descritas em um documento médico para a pessoa falecida recordada. Além disso, Necip esfaqueara sua esposa de uma vida anterior na perna, e a ferida deixara uma cicatriz. A mulher foi identificada e tinha de fato uma cicatriz na perna fruto da violência reportada.

Além de sua descoberta de que características biológicas podem fornecer fortes evidências para a reencarnação, Stevenson também encontrou evidências claras para inferir que algum tipo de corpo intermediário e sutil existe, o qual transfere certas características da vida passada para a seguinte. Ele afirma:

Parece-me que as impressões de feridas na personalidade anterior têm que ser transportadas entre as vidas em algum tipo de corpo prolongável que, por sua vez, age como um molde para a produção de um novo corpo físico com marcas e deformidades de nascença que correspondem às feridas no corpo da personalidade anterior.[6]

Embora o trabalho de Stevenson abale as fundações da ciência moderna, o cuidado e a precisão de sua pesquisa renderam-lhe elogios dos setores mais conservadores do mundo acadêmico. Periódicos científicos de prestígio, como o American Journal of Psychiatry, o Journal of Nervous and Mental Disease e o International Journal of Comparative Sociology publicaram suas descobertas. Até mesmo a American Medical Association – insuperável em tamanho, influência e tradição – declarou oficialmente em seu periódico que Stevenson “reuniu laboriosa e objetivamente uma série de casos detalhados em que a evidência para a reencarnação é difícil de ser entendida com base em qualquer outra esfera. Ele registrou um grande volume de dados que não podem ser ignorados”.[7]

Agora que a investigação da reencarnação está cada vez mais avivada, não devemos hesitar em considerar a antiga ciência védica de como a alma transmigra para diferentes corpos e, em um estado excepcional, para além de toda dimensão material.

[1] H. N. Banerjee, em Americans Who Have Been Reincarnated (Nova Iorque: Macmillan Publishing Company, 1980), p. 195, apresenta um estudo feito por James Parejko, um professor de filosofia da Universidade Estadual de Chicago, o qual revela que 93 de 100 voluntários hipnotizados produziram possíveis conhecimentos de uma vida passada. Joel Whitton encontrou indicações em todos os seus hipnotizados.

[2] Para o trabalho de Whitton, vide Joel L. Whitton e Joe Fischer, Life Between Life (Nova Iorque: Doubleday, 1986), p. 116–27.

[3] “Entrevista: Brian L. Weiss, M.D.”, Venture Inward 6, n. 4 (julho/agosto de 1990): 17–18.

[4] Para o trabalho de Stevenson, vide Ian Stevenson, Twenty Cases Suggestive of Reincarnation (Charlottesville, VA: University Press of Virginia, 1974); Cases of the Reincarnation Type, 4 vols. (Charlottesville, VA: University Press of Virginia, 1974); e Children Who Remember Their Past Lives (Charlottesville, VA: University Press of Virginia, 1987).

[5] O último trabalho de Stevenson é Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects, 2 vols. (Westport, CT: Praeger Publishers, 1997); sua versão condensada é Where Reincarnation and Biology Intersect.

[6] Ian Stevenson, “Some Questions Related to Cases of the Reincarnation Type”, Journal of the American Society for Psychical Research (outubro de 1974): 407.

[7] Journal of the American Medical Association, 1º de dezembro de 1975, como citado em Cranston e Williams, Reincarnation, p. x.

Fonte: Volta ao Supremo
Amigos de Krishna

ESPAÇO PONTO DE LUZ
ROSANA RODRIGUES FREEDMAN

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Prabhupada conversa com Cardeal Daniélou - O porquê de nao comer carne




Uma Entrevista com Srila Prabhupada(da obra A Ciência da Autorrealização)

Não Matarás ou Não Assassinarás?

Srila Prabhupada: Jesus Cristo disse: “Não matarás”. Por que é, então, que o povo cristão está matando animais?
Cardeal Daniélou: Sem dúvida, no cristianismo, é proibido matar, mas acreditamos que há diferença entre a vida de um ser humano e a vida das bestas. A vida de um ser humano é sagrada porque o homem é feito à imagem de Deus, daí matar um ser humano ser proibido.
Srila Prabhupada: Mas a Bíblia não diz apenas: “Não mate o ser humano”, senão que diz de modo abrangente: “Não matarás”.
Cardeal Daniélou: Acreditamos que apenas o ser humano é sagrado.
Srila Prabhupada: Esta é uma interpretação sua. O manda­mento é:“Não matarás”.
Cardeal Daniélou: É necessário que o homem mate animais para ter o que comer.
Srila Prabhupada: Não. O homem pode comer cereais, legumes, frutas e leite.
Cardeal Daniélou: Nenhuma carne?
Srila Prabhupada: Não. Os seres humanos destinam-se a comer alimento vegetariano. O tigre não vem comer suas frutas. Seu alimento prescrito é a carne animal, mas o alimento do homem são os legumes, as frutas, os cereais e os produtos lácteos. Como, então, o senhor pode dizer que matar animais não é pecado?
Cardeal Daniélou: Acreditamos que isso é uma questão de motivação. Se o animal é morto para dar de comer aos famintos, isso se justifica.
Srila Prabhupada: Mas considere a vaca: nós bebemos o seu leite; por isso, ela é nossa mãe. O senhor concorda?
Lord Krishna is Known as Govinda
Cardeal Daniélou: Sim, certamente.
Srila Prabhupada: Então, se a vaca é sua mãe, como o senhor pode deixar que a matem? O senhor tira o leite dela e, quando ela está velha e não dá mais leite, o senhor corta-lhe a garganta. Acaso isto é humano? Na Índia, aqueles que comem carne são aconselha­dos a matar animais inferiores, tais como as cabras, os porcos ou mesmo o búfalo. Matar vacas, no entanto, é o maior dos pecados. Ao pregar a consciência de Krsna, nós pedimos às pessoas que não comam nenhum tipo de carne, e meus discípulos seguem este princípio estritamente. Contudo, se, sob certas circunstâncias, os outros são obrigados a comer carne, eles devem comer a carne de algum animal inferior. Não matem vacas. Este é o maior dos pecados. E, enquanto o homem for pecaminoso, ele não poderá entender Deus. A principal missão do ser humano é entender Deus e amá-lO, mas, se o senhor continuar pecando, não será capaz de entender Deus – isto para não falar de amá-lO.
Cardeal Daniélou: Creio que talvez este não seja um ponto essencial. O importante é amar a Deus. Os mandamentos práticos podem variar de uma religião para outra.
Srila Prabhupada: Então, na Bíblia, o mandamento prático de Deus é que o senhor não pode matar; portanto, matar vacas é um pecado para o senhor.
Cardeal Daniélou: Deus diz aos indianos que matar não é bom, e diz aos judeus que…
Srila Prabhupada: Não, não. Jesus Cristo ensinou: “Não matarás”. Por que o senhor interpreta isso de modo a ajustar à sua própria conveniência?
Cardeal Daniélou: Mas Jesus permitiu o sacrifício do Cordeiro Pascal.
Srila Prabhupada: Mas ele jamais manteve um matadouro.
Cardeal Daniélou: (risos) Não, mas ele comeu carne.
Srila Prabhupada: Quando não há alimento, alguém pode comer carne para não morrer de fome. Isso é outra coisa. Contudo, é muito pecaminoso regularmente manter matadouros apenas para a satisfação da língua. Na verdade, vocês nunca terão nem mesmo uma sociedade humana até que se suspenda este costume cruel de manter matadouros. E, embora a matança de animais às vezes seja necessária para a sobrevivência, pelo menos o animal-mãe, a vaca, não deve ser morto. Isto é apenas uma questão de decoro humano. No movimento da consciência de Krsna, nosso costume é que não permitimos a morte de nenhum animal. Krsna diz, patram puspam phalam toyam yo me bhaktya prayacchati: “Legumes, frutas, leite e cereais devem ser oferecidos a Mim com devoção”. (Bhagavad-gita 9.26) Comemos apenas os restos do alimento de Krsna (prasada).As árvores oferecem-nos muitas variedades de frutas, mas as árvores não são mortas. Evidentemente, uma entidade viva é alimento para outra entidade viva, mas isto não significa que o senhor pode matar sua mãe para se alimentar. As vacas são inocentes; elas nos dão o leite. O senhor tira-lhes o leite, e depois as mata no matadouro. Isto é pecaminoso.
Estudante: Srila Prabhupada, a sanção do cristianismo em relação ao consumo de carne baseia-se no ponto de vista de que as espécies inferiores de vida não têm uma alma como a dos seres humanos.
Srila Prabhupada: Isso é tolice. Antes de tudo, precisa­mos entender a evidência da presença da alma dentro do corpo, daí então poderemos investigar se o ser humano tem uma alma e a vaca não. Quais são as características que diferenciam a vaca do homem? Se encontrarmos uma diferença nas características, pode­remos dizer que, no animal, não existe alma. Se vemos, no entanto, que o animal e o ser humano têm as mesmas características, como, então, vocês podem dizer que o animal não tem alma? Os sintomas gerais são que o animal come, vocês comem; o animal dorme, vocês dormem; o animal reproduz, vocês reproduzem; o animal se defende e vocês se defendem. Onde está a diferença?
Cardeal Daniélou: Admitimos que, no animal, pode haver o mesmo tipo de existência biológica que no homem, mas não existe alma. Cremos que a alma é uma alma humana.
Srila Prabhupada: Nosso Bhagavad-gita diz sarva-yonisu:“Em todas as espécies de vida, existe a alma”. O corpo é como um conjunto de roupas. O senhor está usando vestes negras, e eu estou usando vestes açafroadas, mas, por detrás das vestes, o senhor é um ser humano, e eu também sou um ser humano. De modo semelhante, os corpos das diferentes espécies são assim como diferentes tipos de roupas. Há 8.400.000 espécies, ou roupas, mas, dentro de cada uma delas, há uma alma espiritual, uma parte integrante de Deus. Suponhamos que um homem tenha dois filhos, não igualmente meritórios. Pode ser que um seja juiz da Suprema Corte e o outro seja um operário comum, mas o pai considera ambos como filhos. Ele não faz a distinção de que o filho que é juiz é muito importante, e o filho operário não é importante. E se o filho juiz disser: “Meu caro pai, seu outro filho é inútil; vou decapitá-lo e comê-lo”, acaso o pai permitirá isso?
Cardeal Daniélou: Certamente não, mas a ideia de que toda vida faz parte da vida de Deus é difícil para nós aceitarmos. Há uma grande diferença entre vida humana e vida animal.
Srila Prabhupada: Essa diferença deve-se ao desenvolvimento da consciência. No corpo humano, há consciência desenvolvida. Mesmo uma árvore tem alma, mas a consciência da árvore não é muito desenvolvida. Se o senhor corta uma árvore, ela não resiste. Na verdade, ela resiste, mas apenas até certo ponto. Há um cientista chamado Jagadish Chandra Bose que fez uma máquina a qual mostra que as árvores e as plantas são capazes de sentir dor quando cortadas. E podemos ver diretamente que, quando alguém vai matar um animal, este resiste, chora e emite um som horrível. Deste modo, trata-se de uma questão de desenvolvimento de consciência. A alma, no entanto, existe dentro de todos os seres vivos.
Cardeal Daniélou: Porém, metafisicamente, a vida do homem é sagrada. Os seres humanos pensam em um nível superior ao dos animais.
Srila Prabhupada: Que nível superior é esse? O animal come para manter seu corpo, e o senhor também come a fim de manter seu corpo. A vaca come capim no campo, e o ser humano come carne de um enorme matadouro cheio de máquinas modernas. Entretanto, apenas porque o senhor tem grandes máquinas e uma cena horripilante, enquanto o animal simplesmente come capim, isso não significa que o senhor é tão avançado que somente dentro de seu corpo existe uma alma e que não há alma dentro do corpo do animal. Isto é ilógico. Podemos ver que as características básicas são as mesmas no animal e no ser humano.
Cardeal Daniélou: Mas somente nos seres humanos encontramos uma busca metafísica do sentido da vida.
Srila Prabhupada: Sim. Então, investigue metafisicamente por que o senhor crê que não existe alma dentro do animal – isto é metafísica. Se o senhor está pensando metafisicamente, não há problema, mas, se o senhor está pensando como um animal, para que serve o seu estudo metafísico? “Metafísico”significa “acima do físico” ou, em outras palavras, “espiritual”. No Bhagavad-gita,Krsna diz, sarva-yonisu kaunteya:“Em todos os seres vivos, existe uma alma espiritual”. Isto é entendimento metafísico. Agora, ou o senhor aceita os ensinamentos de Krsna como metafísicos ou terá de se valer da opinião de um tolo de terceira classe considerando-a metafísica. Qual o senhor aceita?
Cardeal Daniélou: Mas por que Deus cria alguns animais que comem outros animais? Parece haver um defeito na criação.
Srila Prabhupada: Não há defeito algum. Deus é muito bondoso. Se o senhor quer comer animais, então Ele lhe dará toda a facilidade. Deus lhe dará o corpo de um tigre em sua próxima vida para que o senhor possa comer carne à vontade. “Por que vocês estão mantendo matadouros? Vou lhes dar presas e patas. Agora comam”.

Assim, os comedores de carne têm reservado para si este castigo. Os comedores de animais tornam-se tigres, gatos e cães em sua próxima vida – para terem mais facilidade.
Leia também: Jesus Cristo e KrishnaO Vegetarianismo e o Movimento Hare Krsna.

Fonte: "The Science of Self-realization" - Swami Prabhupada 
Site: "Volta ao Supremo"

Krishna, Christos, Cristo




Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada 

Em 1974, próximo ao centro da ISKCON em Francoforte do Meno, Ale­manha Ocidental, Srila Prabhupada e vários de seus discípulos fizeram uma caminhada matinal com o padre Emmanuel Jungclaussen, um monge beneditino do mosteiro Niederalteich. Notando que Srila Prabhupada trazia consigo contas de meditação semelhantes ao rosário, padre Emmanuel explicou que ele também cantava uma oração constante: “Senhor Jesus Cristo, tende misericórdia de nós”. A seguinte conversa sucedeu-se.

Srila Prabhupada: Qual é o significado da palavra “cristo”?
Padre Emmanuel: “Cristo” vem do grego “christos”, significando “o ungido”.
Srila Prabhupada: Christos é a versão grega da palavra “Krishna”.
Padre Emmanuel: Isso é muito interessante.
Srila Prabhupada: Quando uma pessoa indiana chama por Krishna, muitas vezes ela diz: “Krishna”. “Krishna é uma palavra sânscrita que significa “atração”. Assim, quando nos dirigimos a Deus como “Cristo”, “Krishna” ou “Krishna”, indicamos a mesma todo-atrativa Suprema Per­sonalidade de Deus. Quando Jesus dizia: “Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso nome”, esse nome de Deus era “Krishna” ou “Krishna”. O senhor concorda?
Padre Emmanuel: Creio que Jesus, como o filho de Deus, revelou-nos o verdadeiro nome de Deus: Cristo. Podemos chamar Deus de “pai”, mas, se quisermos chamá-lO por Seu nome verda­deiro, teremos que dizer “Cristo”.
Srila Prabhupada: Sim. “Cristo” é outra forma de dizer “krishna”, e “krishna” é outra maneira de pronunciar “Krishna”, o nome de Deus. Jesus disse que devemos glorificar o nome de Deus, mas ontem eu ouvi um teólogo dizer que Deus não tem nome – que só podemos chamá-lO de “pai”. Um filho pode chamar seu pai de “pai”, mas o pai também tem um nome específico. De forma semelhante, “Deus” é o nome geral da Suprema Personalidade de Deus, cujo nome específico é Krishna. Portanto, quer o senhor chame Deus de “Cristo”, “Krishna” ou “Krishna”, o senhor, em última análise, está se dirigindo à mesma Suprema Personalidade de Deus.
Padre Emmanuel: Sim, se falamos do verdadeiro nome de Deus, devemos dizer: “Christos”. Em nossa religião, temos a Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cremos que podemos conhecer o nome de Deus unicamente pela revelação do Filho de Deus. Jesus Cristo revelou o nome do Pai, em decorrência do que consideramos “Cristo” como o nome revelado de Deus.
Srila Prabhupada: Na verdade, não importa: “Krishna” ou “Cristo”, o nome é o mesmo. O ponto principal é seguirmos os preceitos das escrituras védicas, que recomendam o cantar do nome de Deus nesta era. O método mais fácil é cantar o maha-mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. “Rama” e “Krishna” são nomes de Deus, e “Hare” é a energia de Deus. Então, quando cantamos o maha-mantra, dirigimo-nos a Deus junto de Sua energia. Essa energia é de dois tipos, a espiritual e a material. No momento, estamos nas garras da energia material. Devido a isso, oramos a Krishna para que Ele, por favor, salve-nos do serviço à energia material e nos aceite no serviço à energia espiritual. Essa é toda a nossa filosofia. “Hare Krishna” significa: “Ó energia de Deus, ó Deus, por favor, ocupai-me a Vosso serviço”. É de nossa natureza prestar serviço. De alguma forma, acabamos servindo coisas materiais, mas, quando esse serviço é transformado no serviço à energia espiritual, nossa vida é perfeita. Praticar bhakti-yoga [serviço amoroso a Deus] significa livrar-se de designações, tais como “hindu”, “muçulmano”, “cristão”, isso ou aquilo, e simplesmente servir a Deus. Criamos as religiões cristã, hindu e maometana, mas, quando chegamos a uma religião sem designações, em que não pensamos que somos hindus ou cristãos ou maometanos, podemos falar de religião pura, ou bhakti.
Padre Emmanuel: Mukti?
Srila Prabhupada: Não, bhakti. Quando falamos de bhakti, mukti [libertação das misérias materiais] está incluída. Sem bhakti, não há mukti, mas, se agimos na plataforma de bhakti, mukti está incluída. Aprendemos isso no Bhagavad-gita (14.26):
mam ca yo ’vyabhicarenabhakti-yogena sevatesa gunan samatityaitanbrahma-bhuyaya kalpate
“Aquele que se ocupa em serviço devocional pleno, que não cai em circunstância alguma, imediatamente transcende os modos da natureza material e, destarte, chega ao nível de Brahman”.
Padre Emmanuel: O Brahman é Krishna?
Srila Prabhupada: Krishna é Parabrahman. O Brahman é compreendido sob três aspectos: como o Brahman impessoal, como Paramatma localizado e como o Brahman pessoal. Krishna é pessoal e é o Brahman Supremo, pois, em última análise, Deus é uma pessoa. No Srimad-Bhagavatam (1.2.11), isso é confirmado:
vadanti tat tattva-vidastattvam yaj jnanam advayambrahmeti paramatmetibhagavan iti sabdyate
“Transcendentalistas eruditos que conhecem a Verdade Absoluta chamam essa substância não dual de Brahman, Paramatma ou Bhagavan”. O aspecto da Personalidade Suprema é a compreensão última de Deus. Ele tem plenamente todas as seis opulências: Ele é o mais forte, o mais rico, o mais belo, o mais famoso, o mais sábio e o mais renunciado.
Padre Emmanuel: Sim, eu concordo.
Srila Prabhupada: Porque Deus é absoluto, Seu nome, Sua forma e Suas qualidades também são absolutos e não são diferentes­ dEle. Portanto, cantar o santo nome de Deus é associar-se diretamente com Ele. Quando nos associamos com Deus, adquirimos qualidades divinas, e, quando nos purificamos completamente, tornamo-nos companheiros do Senhor Supremo.
Padre Emmanuel: Mas o nosso entendimento do nome de Deus é limitado.
Srila Prabhupada: Sim, nós somos limitados, mas Deus é ilimitado. E por Ele ser ilimitado, ou absoluto, Ele tem nomes ilimitados, cada um dos quais é Deus. Podemos entender Seus nomes na medida do desenvolvimento de nossa compreensão espiritual.
Padre Emmanuel: Posso fazer-lhe uma pergunta? Nós cristãos também pregamos o amor a Deus, e tentamos compreender o amor a Deus e prestar-Lhe serviço com todo o nosso coração e toda a nossa alma. Agora, qual é a diferença entre o seu movimento e o nosso? Por que vocês mandam seus discípulos pregar o amor a Deus nos países ocidentais quando o evangelho de Jesus Cristo está propondo a mesma mensagem?
Srila Prabhupada: O problema é que os cristãos não seguem os mandamentos de Deus. O senhor concorda comigo?
Padre Emmanuel: Sim, em grande parte o senhor está certo.
Srila Prabhupada: Então, qual é o significado do amor que os cristãos têm por Deus? Se o senhor não segue as ordens de Deus, onde está o seu amor? Por isso, nós viemos ensinar o que significa amar a Deus: Se vocês O amam, vocês não podem desobedecer as Suas ordens. E se vocês são desobedientes, o seu amor não é verdadeiro.
No mundo inteiro, as pessoas amam não a Deus, mas sim a seus cães. O movimento da consciência de Krishna, portanto, é necessário para ensinar as pessoas a reviver seu amor esquecido por Deus. Não somente os cristãos, mas também os hindus, os maome­tanos e todos os demais são culpados. Eles se rotulam “cristãos”, “hindus” ou “maometanos”, mas não obedecem a Deus. Esse é o problema.
Visitante: O senhor poderia dizer de que maneira os cristãos são desobedientes?
Srila Prabhupada: Sim. O primeiro ponto é que eles violam o mandamento “Não matarás” e mantêm matadouros. O senhor concorda que este mandamento está sendo violado?
Padre Emmanuel: Pessoalmente, eu concordo.
Srila Prabhupada: Isso é bom. Então, se os cristãos querem amar a Deus, eles têm de parar de matar animais.
Padre Emmanuel: Mas o ponto mais importante…
Srila Prabhupada: Se deixar passar um ponto, haverá erro em seu cálculo. Não importando se o senhor adicionará ou subtrairá depois disso, o erro já está no cálculo, e tudo o que vier a seguir também será defeituoso. Não podemos simplesmente aceitar aquela parte da escritura da qual gostamos e rejeitar o que não gostamos e ainda assim esperar obter o resultado. Por exemplo, uma galinha põe ovos com sua parte traseira e come com seu bico. Talvez um fazendeiro considere: “A parte da frente da galinha representa muitos gastos porque eu tenho que a alimentar. É melhor remover a parte da frente”. Se estiver faltando a cabeça, no entanto, não haverá mais ovos, porque o corpo estará morto. Analogamente, se rejeitamos a parte difícil das escrituras e obedecemos à parte de que gostamos, tal interpretação não nos ajudará. Temos de aceitar todos os preceitos das escrituras tais como eles são dados, e não apenas aqueles que nos convêm. Se o senhor não segue a primeira ordem, “não matarás”, então qual será a possibilidade de amar a Deus?
Visitante: Os cristãos consideram esse mandamento aplicável aos seres humanos, e não aos animais.
Srila Prabhupada: Isso significaria que Cristo não foi inteligente o bastante para usar a palavra certa: “assassinar”. Existe o termo “matar” e o termo “assassinar”. O termo assassinar refere-se aos seres humanos. O senhor acha que Jesus não era inteligente o bastante para usar a palavra certa, “assassinar”, em vez da palavra “matar”?
Matar significa qualquer tipo de morte, e principalmente a morte de animais. Se Jesus quisesse se referir simplesmente à morte de seres humanos, ele teria usado a palavra “assassinar”.
Padre Emmanuel: Mas no Velho Testamento o mandamento “não matarás” refere-se a assassinato, e, quando Jesus dizia “não matarás”, ele estendia esse mandamento para significar que um ser humano deve não somente abster-se de matar outro ser humano, mas também deve tratá-lo com amor. Ele jamais falou sobre a relação do homem com outras entidades vivas, mas somente sobre sua relação com outros seres humanos. Quando ele dizia “não matarás”, ele também se referia ao sentido mental e emocional, de que não devemos insultar ninguém, nem magoar, tratar mal e assim por diante.
Srila Prabhupada: Não estamos interessados neste ou naquele testamento, mas apenas nas palavras usadas nos mandamentos. Se o senhor quer interpretar essas palavras, isso é outra coisa. Entendemos o significado direto. “Não matarás” significa: os cristãos não devem matar. O senhor poderá propor interpretações a fim de manter o atual modo de ação, mas nós entendemos claramente que não há necessidade de interpretação. A interpretação se faz necessária quando as coisas não estão claras, mas aqui o significado é claro. “Não matarás” é uma instrução clara. Por que haveríamos de interpretá-la?
Padre Emmanuel: Mas comer plantas também não é matar?
Srila Prabhupada: A filosofia vaisnava ensina que nem as plantas nós devemos matar desnecessariamente. No Bhagavad-gita (9.26), Krishna diz:
patram puspam phalam toyamyo me bhaktya prayacchatitad aham bhakty-upahrtamasnami prayatatmanah
“Se alguém Me oferecer, com amor e devoção, uma folha, uma flor, uma fruta ou um pouco d’água, Eu aceitarei”. Nós oferece­mos a Krishna apenas o tipo de alimento que Ele exige e, em seguida, comemos os restos. Se oferecer alimentos vegetarianos a Krishna fosse pecaminoso, então este seria um pecado de Krishna, e não nosso. Deus, entretanto, é apapa-viddha – reações pecaminosas não são aplicáveis a Ele. Deus é como o Sol, o qual é tão poderoso que pode purificar até mesmo a urina – algo que, para nós, é impossível. Krishna também pode ser comparado a um rei, que pode mandar enforcar um assas­sino, mas que, pessoalmente, não é sujeito a punições, devido a ser muito poderoso. Comer alimentos oferecidos primeiramente também pode ser comparado a um soldado que mata durante o tempo da guerra. Durante uma guerra, quando o comandante manda um homem atacar, o soldado obediente que mata o inimigo receberá uma medalha. Contudo, se o mesmo soldado matar alguém por sua própria conta, ele será castigado. De modo semelhante, quando comemos apenas prasada [os restos do alimento oferecido a Krishna], não cometemos nenhum pecado. Isso é confirmado no Bhagavad-gita (3.13):
yajna-sistasinah santomucyante sarva-kilbisaihbhunjate te tv agham papaye pacanty atma-karanat
“Os devotos do Senhor são libertos de todos os tipos de pecado porque comem alimentos que são primeiramente oferecidos em sacrifício. Os demais, que preparam os alimentos para desfrute pessoal dos sentidos, comem, na verdade, apenas pecado”.
Padre Emmanuel: Krishna não pode dar permissão para se comer animais?
Srila Prabhupada: Sim, no reino animal, mas o ser humano civilizado, o ser humano religioso, não se destina a matar e comer animais. Se o senhor parar de matar animais e cantar o santo nome “Cristo”, tudo será perfeito. Eu não estou aqui para instruí-lo, mas sim para solicitar-lhe que, por favor, cante o nome de Deus. A Bíblia também exige isso de vocês. Portanto, cooperemos amavelmente e cantemos, e, se o senhor tem preconceito contra cantar o nome “Krishna”, então cante “Christos” ou “Krishna” – não há diferença. Sri Chaitanya dizia que namnam akari bahudha nija-sarva-saktih: “Deus tem milhões e milhões de nomes, e, porque não há diferença entre o nome de Deus e Ele mesmo, cada um desses nomes tem a mesma potência de Deus”. Portanto, mesmo que o senhor aceite designações, tais como “hindu”, “cristão” ou “maometano”, se o senhor simplesmente cantar o nome de Deus encontrado em suas próprias escrituras, o senhor alcançará a plataforma espiritual. A vida humana destina-se à autorrealização, a aprender como amar a Deus. Essa é a beleza eterna do homem. Quer o senhor cumpra esse dever como hindu, quer como cristão, quer como maometano, isso não importa, mas cumpra-o!
Padre Emmanuel: Concordo com o senhor.
Srila Prabhupada: Nós sempre levamos estas contas conosco [apontando para um colar com 108 contas para meditação], assim como o senhor tem seu rosário. O senhor está cantando, mas por que os outros cristãos também não cantam? Por que eles deveriam perder essa oportunidade como seres humanos? Os cães e gatos não podem cantar, mas nós podemos porque temos uma língua humana. Se cantarmos os santos nomes de Deus, nada teremos a per­der; ao contrário, ganharemos, e muito. Meus discípulos praticam o cantar de Hare Krishna constantemente. Eles poderiam também ir ao cinema, ou fazer muitíssimas outras coisas, mas eles abandonaram tudo. Eles não comem peixe, carne ou ovos; eles não usam intoxicantes, não bebem, não fumam, não jogam, não espe­culam e não mantêm relações sexuais ilícitas. Porém, eles cantam muito o santo nome de Deus. Se o senhor quer cooperar conosco, vá às igrejas e cante “Cristo”, “Krishna” ou “Krishna”. Qual poderia ser a objeção?
Padre Emmanuel: Nenhuma. Por mim, eu teria prazer em me juntar a vocês.
Srila Prabhupada: Não, estamos falando com o senhor como representante da Igreja cristã. Em vez de manter as igrejas fecha­das, por que não dar as mesmas a nós? Cantaríamos o santo nome de Deus ali por vinte e quatro horas diariamente. Em muitos lugares compramos igrejas que estavam praticamente fechadas porque ninguém as estava frequentando. Em Londres, vi centenas de igrejas que estavam fechadas ou eram usadas para propósitos mundanos. Compramos uma de tais igrejas em Los Angeles. Ela nos foi ven­dida porque ninguém a frequentava mais. Contudo, se o senhor visitar essa mesma igreja atualmente, encontrará milhares de pessoas. Qualquer pessoa inteligente pode entender o que é Deus em cinco minutos; não são necessárias cinco horas.
Padre Emmanuel: Compreendo.
Srila Prabhupada: Mas as pessoas não. A doença delas é que elas não querem compreender.
Visitante: Acho que compreender Deus não é uma questão de inteligência, mas sim de humildade.
Srila Prabhupada: Humildade significa inteligência. Os mansos e humildes têm o reino de Deus. Isso é afirmado na Bíblia, não é? Mas a filosofia dos patifes é que todos são Deus, e, hoje em dia, esta ideia tem se popularizado. Portanto, ninguém é manso e humilde. Se todos acham que são Deus, por que seriam mansos e humildes? Por isso, eu ensino a meus discípulos como se tornarem mansos e humildes. Eles sempre oferecem suas respeitosas reverên­cias no templo e ao mestre espiritual e, dessa maneira, eles avançam. As qualidades de humildade e mansidão nos levam rapidamente à compreensão espiritual. Nas escrituras védicas, afirma-se: “Àqueles que têm firme fé em Deus e no mestre espiritual, que é Seu representante, o significado das escrituras védicas é revelado”.
Padre Emmanuel: Mas essa humildade não deveria ser oferecida a todos os demais também?
Srila Prabhupada: Sim, mas há dois tipos de respeito: o especial e o comum. Sri Krishna Chaitanya ensinou-nos que não devemos esperar honra para nós próprios, mas devemos sempre respeitar a todos os demais, mesmo aqueles que nos desrespeitem. Porém, deve-se mostrar especial respeito a Deus e a Seu devoto puro.
Padre Emmanuel: Sim, eu concordo com o senhor.
Srila Prabhupada: Acho que os sacerdotes cristãos devem co­operar com o movimento da consciência de Krishna. Eles devem cantar o nome “Cristo” ou “Christos” e devem parar de indultar a matança de animais. Este programa obedece aos ensinamentos da Bíblia; não é minha filosofia. Por favor, aja de acordo com esses ensinamentos e o senhor verá que a situação do mundo mudará.
Padre Emmanuel: Muito obrigado.
Srila Prabhupada: Hare Krishna.

Fontes: "The Science of self-Realization" - Swami Prabhupada
Site "Volta ao Supremo "