domingo, 16 de julho de 2017

Encontrando seu Propósito - Os Dharmas

Encontrando Seu Propósito - Os 7 Dharmas




Giridhari Das(Da obra O Caminho 3T)

Desde nossas necessidades fisiológicas até nossa relação com Deus, muitos detalhes formam nossa natureza, e darmos a devida atenção a tudo que nos constitui é uma condição fundamental para podermos nos realizar plenamente.

Dharma é um conceito muito rico, e a palavra tem muitos significados, mas meu foco será no dharma como aquilo que precisa ser feito – essência e dever. O dever pode ser algo imposto. A essência não pode ser imposta. Dharma, portanto, é aquele dever que nasce de quem você realmente é, que nasce de sua natureza. Não é uma imposição externa ou social. É o que você precisa fazer, em qualquer dado momento, para ser a melhor pessoa que você pode ser. É fazer a coisa certa na hora certa. Ser dhármico é mais do que simplesmente fazer o que é bom ou evitar uma conduta danosa ou violenta, embora isso certamente esteja incluído no conceito, e pode-se reduzir isso a uma lista do que se deve evitar. O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida. Grandes mudanças no seu dharma podem ocorrer, literalmente, de um segundo para o outro. Uma maneira de entender o dharma é refrasear os clássicos dizeres: “Não pergunte o que o mundo pode fazer por você, mas pergunte o que você pode fazer pelo mundo”.

Dharma é o princípio orientador da vida, a cada momento lhe demonstrando o que você deve fazer, respondendo suas dúvidas em relação a que curso seguir e simplificando as ações da vida. Dharma é sua integridade na ação e a verdadeira expressão do seu ser. Você encontrará seu lugar no mundo uma vez que você se afine com seu dharma.



O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida.

O dharma é uma parte integral da natureza. Não é uma construção psicológica ou um conceito religioso. O nível de fidelidade que você tem ao seu dharma afetará diretamente como você se sente diariamente. Ser fiel a si mesmo significa agir de acordo com seu dharma. Assim, quanto mais você pode se afinar com seu dharma, mais você pode agir com base no seu dharma e mais você se sentirá satisfeito, completo, real e feliz. Quanto mais dhármico for o seu comportamento, mais você se sentirá satisfeito com quem você é agora. Por fim, quanto mais dhármica for a sua vida, mais você poderá recapitulá-la com alegria e com um sentimento de realização.

Estar na Zona

Mindfulness e dharma andam lado a lado. Dharma é algo tão natural que o que você precisa para estar cada vez mais afinada com ele é remover o que não é natural, em especial egoísmo, medo e cobiça. Outra maneira de dizer o mesmo é que, se você for vítima de sua lista de felicidades condicionais, ou simplesmente carecer de consciência suficiente de suas ações, você não conseguirá ver o seu dharma. O foco perfeito no aqui e agora é centrar-se no seu dharma e colocar toda a sua atenção em realizar seu dharma no máximo de sua capacidade. Isso, por si só, trará uma felicidade imediata e sustentável. Você já experimentou isso muitas e muitas vezes. Você talvez se lembre de muitos momentos em que você se focou totalmente em fazer algo que era seu dever, sem qualquer consideração em relação a si mesmo ou a recompensas futuras ou mesmo a perigos. Pais, em especial mães com bebês, experimentam isso com frequência. Essa experiência é chamada de “estar na zona”. A psicologia positiva (o ramo da psicologia que estuda o que torna as pessoas felizes) aponta “estar na zona” como um dos pilares primários de uma vida feliz. Estar focado na ação implica, necessariamente, não estar focado nos sacrifícios ou benefícios materiais que a ação possa suscitar no futuro. Estes dois são diretamente opostos: focar-se no seu dharma aqui e agora, e ansiar por resultados futuros. Este ponto é tão importante que Krishna não o menciona menos do que dez vezes na Bhagavad-gita. Esta mudança de paradigma é a chave para um grande salto de bem-estar.

A Mudança de Paradigma: Vida vs. Fantasia

A mente destreinada frequentemente se esforça por encontrar soluções externas para a vida. Em um processo interminável, a pessoa constantemente busca ajustar a realidade externa para adequá-la a seus desejos. Listas de felicidades condicionais são sempre atualizadas. A mente destreinada, portanto, passa muito tempo no futuro, no que chamo de “mundo de fantasia”, sonhando acordada com o que parece um futuro melhor. Basicamente, esses desejos envolvem mudar o futuro de três maneiras: 1) obtendo coisas (novo carro, telefone, casa, etc.), 2) fazendo pessoas cooperarem com seus planos (como encontrando um esposo ou esposa, ou esperando que o patrão trate você melhor), e 3) tendo a esperança de que situações favoráveis surgirão (como obter um emprego, ficar em forma ou fechar um contrato). É frequente que nada significativo aconteça quando alguém atinge uma dessas metas. Desejos, uma vez realizados, frequentemente satisfazem muito pouco, e logo outros desejos começam a exercer pressão e assumirem o centro do palco da mente. Viver assim é um dos principais componentes para se ter uma vida muito ruim. Quando a mente está no futuro, desejando resultados futuros, ansiedades em relação a consequências futuras são inevitáveis. Nessa situação, igualmente inevitável é a frustração com a vida como ela é hoje, a ira quando surgem obstáculos que aparentemente adiam a realização desses desejos, e o medo de que tudo termine muito mal. Sejamos honestos: todos nós já tentamos viver assim, e simplesmente não funciona. Nunca funcionou. Esse não é um caminho para se obter paz, satisfação e felicidade.

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Quando a mente deseja resultados futuros, a ansiedade é algo inevitável.

Então, a mudança de paradigma é necessária. Em vez de focar no futuro, na crença ilusória de que alguma combinação de realidade externa (estas coisas, com aquelas pessoas, naquela situação) será a chave para a sua felicidade, o foco está em simplesmente viver bem a vida, aqui e agora, centrado no seu dharma. Vida vs. fantasia. A vida está acontecendo a todo momento. É um fluxo, uma constante corrente de eventos. O desafio é estar completamente presente conforme acontece. A felicidade surge de cumprir o seu dharma bem, aqui e agora, indo de um dharma a outro, ao longo do seu dia – sendo a melhor pessoa que você pode ser hoje, neste exato momento, sincero consigo. É simples assim. Não há necessidade (e, francamente, pouquíssima utilidade) em ficar sonhando acordado com um futuro. A realidade é mais bela do que qualquer sonho, se você simplesmente aprender a acessar isso por completo. Eventos futuros se descortinarão sob a força todo-poderosa do tempo. A vida, em sua maior parte, acontece de maneira muito diferente do que qualquer coisa que você imaginou anteriormente. E isso não é algo ruim, nem algo bom. Apenas é. Trata-se da realidade. Quanto mais conseguimos nos sintonizar com a realidade, mais felizes ficamos. Em vez de imaginar que certa combinação de coisas, pessoas e situações trará paz e felicidade para você no futuro, você deve buscar paz e felicidade na vida como ela é, na bênção maravilhosa de estar ativo em seu dharma, de estar vivo, agora mesmo.

Os 7 Dharmas

Listarei, agora, sete categorias básicas de dharma para ajudar em um melhor entendimento do que é o dharma e como é fácil identificá-lo. É claro que há sutilezas, mas estas sete categorias maiores servem como forte diretriz.

1. Dharma Vocacional

O primeiro dharma, eu costumo dizer, é o mais difícil de todos, pelo menos para a maior parte das pessoas. O primeiro dharma é o chamado de sua vida, sua vocação. Nasce de sua natureza psicofísica. Algumas pessoas têm a bênção de conhecer sua vocação ainda com pouca idade. Já vi isso pessoalmente no caso de alguns dançarinos, artistas plásticos e atores com que me encontrei. São comuns histórias de atletas que se destacaram tanto que seus parentes e professores naturalmente os orientaram para se tornarem profissionais do esporte. Há outros que têm um QI tão aguçado que naturalmente gravitam em torno de trabalhos acadêmicos e científicos. Para a maioria, isso pode ser uma batalha.


Muitos sofrem por se formarem e atuarem em áreas que não correspondem à sua natureza psicofísica.

A razão para isso ser uma batalha é que a sociedade ensina às pessoas desde tenra idade que o que elas realmente precisam é dinheiro, com metas secundárias de estabilidade e respeito. Em outras palavras, quase todos aprendem, desde o nascimento, a escolher o paradigma fantasia. Em vez de ensinarem as pessoas a fazerem aquilo em que são boas e ajudarem-nas a desenvolverem suas inclinações e talentos únicos, o mais frequente é que os pais, a cultura e o sistema escolar tratem as pessoas como folhas em branco, dando-lhes uma educação que supostamente serve para todos e os encorajando a fazer tanto dinheiro quanto possível.

Então, aqui estão algumas dicas para ajudar você a encontrar sua vocação. Lembre-se de que nunca é tarde demais.

  1. Quando estiver meditando sobre o que você gostaria de fazer, remova de sua equação qualquer fator externo. A questão é quem você é, e não preocupações práticas.
  2. Esqueça o dinheiro. Não pense: “Ah! Não posso trabalhar com arte porque isso não pagará minhas contas”, “Não posso cursar Filosofia porque que tipo de emprego eu conseguiria?” Remova tais considerações da mente. Uma maneira de fazer isso é pensar: “Se eu ganhasse na loteria, eu gostaria de trabalhar com...”
  3. Esqueça a pressão social e o orgulho. Não se trata do que seus pais querem que você faça. Se você não se atrai pela vida militar, não faz diferença se existem cinco gerações contínuas de militares na sua família. Não se trata de status social também. Talvez a sociedade não aprecie um porteiro ou garçom, mas são profissões perfeitamente nobres. Quem possui a natureza psicofísica para o ofício de porteiro e está fazendo isso está muito melhor situado do que alguém exercendo a profissão de advogado apesar de ter a natureza psicofísica, na verdade, para a ocupação de musicista. O porteiro pode facilmente encontrar paz e felicidade em seu trabalho, enquanto o advogado sempre se sentirá frustrado e não realizado.
  4. Não pense apenas no que você gostaria de fazer. Você talvez goste de fazer muitas coisas. Em vez disso, pense no que é aquela atividade específica que você não consegue ficar sem. Tente pensar qual é o tipo dominante de atividade para a qual você é naturalmente atraído.
  5. Uma nota para professores: professores têm uma vocação dupla. Primeiramente, têm de aceitar que nasceram para ensinar e, em seguida, têm que encontrar a temática de ensino para a qual têm maior inclinação.

Encontrar sua vocação envolve quem você é agora e é algo que está ali para ser descoberto, de modo que há ferramentas e processos que você pode usar para ajudá-lo quanto a isso, incluindo: testes vocacionais, conversar com pessoas que são próximas a você e até mesmo astrologia védica. O melhor a fazer é apenas olhar seriamente para dentro do próprio coração e sentir sua natureza. Passe algum tempo sozinho, em silêncio, e reflita demoradamente. Seja corajoso e esteja disposto a aceitar sua verdadeira natureza. Não se traia. Não deixe o medo do futuro parar você.

Encontrar sua natureza é essencial. Passar suas horas de trabalho fazendo algo não adequado à sua natureza psicofísica desgastará suas chances de felicidade. É uma ofensa à sua pessoa. É como manter seu verdadeiro eu trancado em algum lugar distante.

2. Dharma Natural

Krishna explica na Bhagavad-gita que, entre outras coisas, um yogi tem que satisfazer três necessidades naturais: 1) dormir, 2) comer e 3) recrear. Chamo isso de nosso “dharma natural”, porque se tratam de necessidades naturais centrais do corpo e da mente. Krishna enfatiza que não se deve comer ou dormir em excesso nem comer ou dormir menos do que o necessário. Quanto é “em excesso”? Bem, o que seja em excesso para você. Somos todos diferentes. E, em diferentes momentos de sua vida, o que é demais ou insuficiente para você irá variar. Portanto, você tem que encontrar o seu equilíbrio. Viver o seu dharma é, precisamente, ter equilíbrio, sabendo quando mudar de um dharma para outro, em seu limitado dia de 24 horas. O dharma natural significa que você tem que levar a sério, como um dever, como parte de sua essência, os atos simples de comer, dormir e recrear.

Você tem que reservar um tempo para comer, para valorizar esse momento. Comer não deve ser empurrar comida para dentro da boca enquanto se faz um milhão de outras coisas. Não deve ser algo corrido. É algo que deve ser tratado como um dever sagrado. Um tempo para pensar sobre suas escolhas alimentares, sobre o que você está colocando em sua boca. É o momento crucial do dia em que você está reabastecendo o seu corpo. “Esta refeição é compatível com quem eu sou? É realmente boa para mim? É boa para o planeta?” São escolhas sérias, com consequências sérias. Em um mundo onde as pessoas estão se matando e destruindo o planeta com más escolhas alimentares, é fácil ver como tomarmos o ato de comer como um dos dharmas fundamentais pode ser muito importante.

Dormir não é uma perda de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física. Falta de sono pode ter um impacto negativo tremendo em sua saúde, e até mesmo matar, no caso de dormir ao volante ou em outra situação similar. É seu dever fazer todos os arranjos necessários para dormir bem e dormir o bastante. Dormir não deve ser algo que você faz quando não é mais capaz de ficar de pé e algo que você interrompe porque é forçado a se levantar para trabalhar. Como dormir o bastante é seu dharma, é seu dever, você tem que organizar sua vida de forma que essa necessidade mental e corpórea crucial seja acomodada. Ver o sono como seu dharma significa também que, quando você vai para a cama, não deve estar pensando em outros dharmas, como o trabalho. Você deve simplesmente dormir. Limpe sua mente e esteja no aqui e agora de simplesmente dormir.

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Dormir não é uma perda de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física.

Ver a recreação como um dos seus dharmas significa que você pode dispersar todo sentimento de culpa quando você consegue tempo para se divertir ou sair de férias. Isso também significa que você deve reservar um tempo para se divertir e sair de férias. Alguém que trabalha demais e não se diverte nada acaba se tornando alguém muito carrancudo... e pouco dhármico também. Eu, pessoalmente, acho fascinante e confortador que um texto clássico como a Bhagavad-gita, descrevendo o que é preciso para se iluminar, mencione a importância da recreação.

3. Dharma Ocupacional

Independente de se você encontrou sua verdadeira natureza, quando você aceita um emprego, gerencia seu próprio negócio ou se matricula em um programa de estudo de horário integral, você aceitou um grande dharma. Chamo isso de “dharma ocupacional”. É, em geral, o que mais exige horas do seu dia, em virtude do que é muito importante que você veja seu trabalho ou estudo como um dharma, e não como um fardo ou imposição externa.

Porque é um dharma, você não deve aceitar um trabalho que cause dor e destruição desumana. A expressão de sua vida, por exemplo, não pode ser ajudar a causar câncer e vícios em milhões de pessoas, roubar ou utilizar indevidamente recursos públicos, destruir a economia, tirar o dinheiro de outras pessoas através de mentiras, matar animais inocentes ou contribuir para a destruição do planeta. Não pode haver felicidade nisso, e nenhum argumento deve conseguir convencer você da necessidade de aceitar uma ocupação tão degradante como essas exemplificadas.

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Nenhum argumento deve convencê-lo a aceitar uma ocupação degradante, como promover vício e doenças entre a população.

Ver seu trabalho como dharma significa aplicar o mesmo princípio de mindfulness para as muitas ações que o circundam. Isso quer dizer que você jamais deve ver seu trabalho ou estudo como um meio para um fim. O trabalho jamais deve se destinar a ganhar dinheiro, e seus estudos jamais devem ter por finalidade conseguir um diploma para conseguir um emprego. Esse tipo de pensamento torturará você e tornará seus dias longos e sofridos. Em vez disso, cada atividade para a qual você é convocado deve ser feita tão bem quanto você seja capaz, com tanto de sua atenção dedicada a isso quanto possível. O foco deve ser a ação em si, não o dia como um todo, nem a carreira, nem o salário ou outra meta no futuro.

Se você está se sentindo estressado no seu trabalho, é um sinal bem claro de que sua mente está fora de controle. Estresse é um indicador de que você ou está ansiando por algum futuro positivo ou está temendo algum acontecimento negativo. Em outras palavras, sua mente o está arrastando para o futuro e o enlouquecendo. Então, traga seu foco de volta para uma ação por vez. Se é hora de se sentar em uma reunião ou sala de aula, esteja ali, presente, sendo a melhor pessoa que você pode ser naquele momento. Se é hora de preparar uma apresentação, para vender papel ou qualquer outra coisa, então faça isso somente, faça o melhor que pode fazer e não fique se desgastando com pensamentos do que virá depois, não fique percorrendo as postagens de redes sociais ou respondendo a e-mails. Mantenha sua completa atenção em uma coisa de cada vez.

4. Dharma Pessoal

Toda relação pessoal cria uma demanda dhármica. A qualidade e o tipo de relação determina “o peso” das demandas dhármicas ou, em outras palavras, quanto do seu tempo você tem que investir na relação e o quanto de responsabilidade existe no seu papel nesse relacionamento. Mães e pais têm a maior demanda de todas. O dharma de criar os filhos é seríssimo. Donos de animais de estimação também assumem um dharma similar ao de maternidade e paternidade em relação aos seus companheiros animais. O dharma de ser filho ou filha é o segundo mais importante, mas não se compara ao de ser mãe e pai. Amigos muito próximos também criam laços dhármicos. Existem variados níveis de responsabilidade com outros membros familiares, irmãos, vizinhos, colegas de trabalho, etc.

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Você tem que perceber o que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir sua responsabilidade.

Ver toda relação pessoal como dharma, como parte de uma definição de quem somos, como um dever sagrado, significa que você tem que ir além do egoísmo e da preguiça. Você tem que estar ciente dessa relação e sentir o que é preciso para honrá-la, para apreciá-la. Também significa que você quer estar completamente presente quando lida com a pessoa. Se é o momento de dar um telefonema para exercitar seu dharma pessoal com sua esposa, esteja completamente presente, exercendo tanta conexão e tanto amor quanto você seja capaz. Se é hora de passar algum tempo brincando e educando seus filhos, esteja ali por completo. Se entregue a isso. Não deixe sua mente arrastar você para pensamentos referentes ao trabalho. Não dê atenção para sua mente lhe dizendo que, em vez de brincar com um carrinho barulhento, ela preferiria estar malhando na academia ou lendo um livro em um ambiente tranquilo.

O dharma pessoal possui uma importância enorme. Se você não der tempo e energia suficientes para seus relacionamentos pessoais, você está fadado a sofrer, independente do que mais você acredite estar obtendo. Você tem que ter a sensibilidade de perceber o que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir essa responsabilidade com plena atenção, dando o seu melhor.

5. Dharma Comunitário

Você é parte de uma comunidade, residente de uma cidade e estado, e cidadão de um país. Isso significa que você tem benefícios e responsabilidades compartilhados. Espera-se que o governo providencie estradas, iluminação pública, eletricidade, água, proteção contra criminosos e invasores estrangeiros, etc., e, em troca, pelo menos, você tem que pagar seus impostos e obedecer às leis. Ainda melhor, você deve ver seu dharma comunitário como um chamado para tornar melhor a vida daqueles que vivem em seu entorno. Você pode ajudar com ideias ou com serviço voluntário? Você pode se engajar na exigência de melhores direitos civis, melhores serviços públicos? Você pode ajudar aprimorando a escola dos seus filhos? Não podemos, todos nós, pensar que isso é problema dos outros. Onde há um crescimento dessa tendência de pensar que outra pessoa deveria se preocupar com o bem público, ali encontraremos políticos corruptos e péssimos serviços governamentais. Assim, de um lado, devemos ser ao menos membros conscientes de nossa comunidade, pagando nossos tributos e seguindo as leis, e, por outro lado, devemos participar ativamente no aprimoramento da sociedade.

6. Dharma Universal

O dharma comunitário possui um foco mais imediato na comunidade e no país em que você vive. Contudo, estamos todos interconectados. Não apenas compartilhamos de uma conexão natural com aqueles da nossa espécie, mas também uma conexão com todos os habitantes do planeta Terra. Essa conexão nos define, é parte de quem somos, diante do que é parte do nosso dharma como um todo. Chamo isso de nosso “dharma universal”. Conforme você evolui, naturalmente você se torna mais e mais afinado com o mundo ao seu redor, sensível ao que está acontecendo. Uma pessoa espiritualmente madura não é indiferente à destruição do planeta e ao sofrimento de outros, e assume a parte que lhe cabe para tornar o mundo um lugar melhor. Isso se chama compaixão.

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Ser ecológico é uma das manifestações do dharma universal.

Alguns exemplos de prática desse dharma universal são: 1) fazer o melhor para ser ecológico, 2) ser um consumidor consciente, 3) fazer sua parte em uma emergência, acidente ou desastre natural e 4) buscar saber se você pode ajudar quando há sofrimento em grande escala em nações distantes.

7. Dharma Espiritual

Por último, mas certamente não menos importante, está a categoria do dharma espiritual. Seu eu espiritual é a definição última de quem você é, sua essência no sentido último da palavra. Mesmo se, neste ponto, você não “assina embaixo” da ideia de ser mais do que este corpo, você ainda pode compreender o dharma espiritual como seu dever de ser a melhor pessoa possível, de ser completamente justo consigo mesmo.

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A conexão com Deus, quando experimentada de forma madura, é a parte mais profunda do dharma.

Com o tempo, uma vez que você entenda que você só pode se definir perfeitamente quando entenda sua relação com Deus, então, como parte de sua essência mais íntima, como a definição central de si mesmo, você gozará alegremente dessa conexão, chamada devoção, como a parte mais profunda do seu dharma espiritual. Exercitar seu dharma espiritual é assumir seriamente a responsabilidade de aprimorar-se e de conhecer-se.

Mudança de Dharma e Mindfulness

Foco no dharma é uma ótima maneira de checar se você está praticando o mindfulness; em outras palavras, se você está realmente focado no aqui e agora. Por exemplo, você está se divertindo com um passeio de bicicleta e um pneu estoura, ou você está trabalhando e recebe uma ligação e toma conhecimento de uma emergência familiar com a qual você tem que lidar. A tendência natural é você se perturbar. Quando isso acontece, simplesmente pare. Respire fundo algumas vezes. O que acabou de acontecer foi uma mudança de dharma. Você estava contente no seu dharma de recreação, andando de bicicleta, então, de repente, isso mudou para o dharma de arrumar a bicicleta. Você estava absorto no seu dharma ocupacional, trabalhando no computador, mas, então, você foi forçado a interromper isso para lidar com um dharma pessoal. Não se perturbe. Apenas entenda que aconteceu uma mudança de dharma. Se fixe no novo dharma, fixe sua mente nele, aqui e agora. Viva bem o novo momento. Não resista ao fluxo da vida e às demandas dhármicas sempre em mutação, que podem vir em momentos muito inesperados.

Antes de fazer qualquer coisa, certifique-se, primeiramente, que é seu dharma fazer isso. Algumas vezes, surgem em nossa mente ideias sem sentido que é melhor não executarmos. Outras vezes, alguém talvez queira pressioná-lo a fazer algo que é contra o seu dharma. Então, primeiro cheque e, então, seja firme o bastante para dizer não a você mesmo ou a outros caso a ação em questão não seja o seu dharma. Se é, entretanto, se fixe nisso, apesar de algum apego por fazer outra coisa, preguiça ou mesmo medo. Se é o seu dever, seu dharma, simplesmente faça, com sua mente inteiramente centrada nisso. Não permita que sua mente torture você. Não faça uma coisa desejando fazer outra. Se você tem que fazer algo, se é parte do seu dharma, realmente se entregue a isso, mesmo caso não estivesse nos seus planos ou mesmo caso não se sinta apto para isso. O resultado será que você mais uma vez se sentirá harmônico e em paz.

Dharma como um Guia e um Caminho para Simplificar a Vida

Conforme você desenvolva sua sensibilidade às demandas dhármicas do momento, saber o que fazer de um momento a outro se torna tão claro e fácil quanto trafegar por uma rodovia. À medida que você desenvolve essa habilidade, você terá a clareza de conhecer qual é a melhor coisa para se fazer agora, e terá, portanto, a determinação natural, nascida de estar livre de dúvidas, para se fixar completamente nisso. Isso permite que você aproveite ao máximo cada dia, aproveite ao máximo cada ato, absorto em mindfulness, sendo o melhor que você pode ser.

O dharma também ajudará você a se aliviar do estresse de múltiplas demandas, seja no trabalho, seja em casa ou, ainda pior, por múltiplos desejos. Dharma é sinônimo de uma ação principal por vez. Desejos são ilimitados, e, se você permitir isso, clientes, membros familiares, colegas e seu patrão irão colocar em cima de você uma lista infindável de demandas. Todavia, uma vez que você fique confiante no exercício de identificar seu dharma, de priorizar suas ações de acordo com seu dharma, você terá a paz de fazer uma coisa de cada vez, com sua mente focada nessa única ação. Nunca é seu dharma fazer mais do que você consegue – somente fazer o melhor que você pode.

Focar-se no seu dharma conduz ao desenvolvimento de simplicidade, que é uma qualidade maravilhosa. Quanto mais você foca naquilo que você tem que fazer, na expressão de si mesmo, você naturalmente se interessa menos em criar demandas desnecessárias em sua vida ou em comprar coisas que você não precisa. Você desejará comprar apenas coisas que ajudem na realização do seu dharma e nada mais. Viver essa mudança de paradigma de se centrar no seu dharma significa que você dedica cada vez menos atenção aos desejos caprichosos e planos ilusórios e extravagantes para a felicidade. Simplesmente viver seu dharma em mindfulness é algo tão completo e recompensador que você não sente mais a necessidade de buscar felicidade em comprar coisas que você não precisa. Conforme você desenvolva uma crescente sensibilidade em relação ao seu dharma, você não precisará buscar coisas para ocupar seu tempo. Você saberá o que fazer de um momento ao outro, e você valorizará ter tanta liberdade quanto possível para exercer os seus dharmas com toda a sua atenção. Você entenderá que tempo é a posse mais valiosa. Quanto mais demandas você conseguir remover do seu cronograma, mais paz você experimentará em relação a ser capaz de focar em seus dharmas centrais. Casas menores significam menos manutenção e menos tempo gasto com limpeza. Menos roupas significam guarda-roupas menores. Andar de bicicleta ou usar o transporte público, em vez de dirigir, significa menos tempo cuidando do carro. Viver perto do trabalho significa menos tempo no trânsito. Qualquer coisa que você possa fazer para simplificar sua vida resultará em mais paz e, então, mais felicidade. Essa simplicidade é priorizar o seu verdadeiro eu.

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Fonte: Amigos de krishna - Giridhari Das

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