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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Conhecimento Védico e Jesus não são incompatíveis

“Ainda Tenho Muito a Lhes Dizer”

ainda tenho muito a lhes dizerChaitanya-charana Dasa

Jesus disse que tinha muito mais a dizer, e, na literatura védica, temos muito mais informações e conhecimento acerca de Deus.

Bhaktivinoda Thakura, um santo estudioso vaishnava do século XIX, explica como um verdadeiro devoto deve respeitar outras religiões e suas práticas. Ele disse: “Quando temos a oportunidade de estar presentes no local de culto de outros religiosos no momento de sua adoração, devemos ficar ali de um modo respeitoso, contemplando e refletindo assim: ‘Aqui está sendo adorado o meu maior e adorável Deus, embora esteja em uma forma diferente da que eu adoro. Devido a uma prática diferente ou de um estilo diferente, de fato não consigo compreender completamente o sistema pelo qual eles adoram meu Deus. Mas, vendo isso, estou sentindo um maior apego por meu próprio sistema [de adoração]. Deus é apenas um. Inclino-me diante de seus símbolos, como vejo aqui, e ofereço minha oração ao Senhor, para que ele possa aumentar meu amor para com Ele na forma aceitável para mim.’”
Eu nasci em uma família brahmana e fui educado em uma escola de confissão cristã. Na minha escola, eu aprendi sobre Deus também, tanto sobre os rituais hindus realizados em minha casa, quanto sobre as orações cristãs na escola. Contudo, foi apenas no final da adolescência, quando os devotos da ISKCON me apresentaram a filosofia sistemática da consciência de Krishna ensinada na literatura védica, que eu iniciei um estudo sério sobre a espiritualidade. Quando me deparei com a declaração acima, de Bhaktivinoda Thakura, senti que havia descoberto o elo perdido que poderia integrar meu respeito pela tradição cristã à minha fé de Krishna. O propósito deste artigo é de certa forma semelhante: ajudar os seguidores védicos a obter uma apreciação mais profunda de seu próprio caminho, enquanto oferecem aos cristãos uma nova visão de sua fé a partir da perspectiva de um seguidor védico.
O objetivo final do cristianismo e da consciência de Krishna é o mesmo: ajudar os praticantes a desenvolver o amor a Deus, elevá-los de materialistas a espiritualistas, ajudando-os na jornada de volta ao reino de Deus (volta ao Supremo).
Mas esses ensinamentos são igualmente apresentados no texto bíblico e no texto védico?
Vamos agora explorar os insights oferecidos nesses dois grupos sobre três assuntos altamente úteis para desenvolvermos nosso relacionamento com Deus:
  1. A alma e sua condição existencial.
  2. Deus e Sua natureza amorosa.
  3. Devoção e seu desenvolvimento progressivo.
Por que a Alma Cai Neste Mundo?
Tenho muito a lhe dizer.
A tradição bíblica conta a história de Adão e Eva, na qual eles caíram (em pecado, termo comum no cristianismo) do Jardim do Éden por comerem o fruto proibido em desobediência à ordem de Deus. Devido ao pecado original de Adão, toda a humanidade, tendo descendido dele, é considerada herdeira do pecado e está destinada a sofrer na existência material até ser resgatada pela graça redentora de Deus (na forma de Jesus Cristo).
Esta história implica que todos nós somos vitimados por todos os sofrimentos deste mundo, tais como todos os terremotos, formas de câncer, guerras etc., porque, no passado remoto, alguém comeu o fruto proibido. O fato de sermos sentenciados a sofrer por um pecado que nós mesmos nunca cometemos parece, para qualquer pessoa reflexiva, evidentemente injusto.
O erudito da ISKCON Ravindra Svarupa Dasa oferece uma leitura alternativa da história de Adão, uma leitura que também explica a causa de nossa queda da perspectiva védica:
Quando a Bíblia fala sobre o que Adão fez, está falando sobre o que nós mesmos fizemos. Nós estávamos lá “no começo”, porque, sendo descendentes de Deus e feitos à Sua imagem, não somos seres materiais, mas seres espirituais. Então, somos eternos. Esta é a natureza do espírito: nunca vem a ser; nunca deixa de ser. É por isso que, na Bhagavad-gita, a alma é descrita não apenas como aja, “não-nascida”, e nitya, “eterna”, mas também como purana, “a mais antiga”.
Isso significa que todos nós somos pessoas primordiais. Quando a Bíblia fala sobre Adão, na verdade, está falando sobre nós. Na verdade, Adão, ou Adam, é simplesmente uma palavra hebraica que significa “homem”.
Então, nós somos os culpados. E o que nós fizemos? Qual é o nosso pecado na raiz de tudo isso?
Decidimos que não queríamos servir a Deus, mas queríamos nós mesmos nos tornarmos Deus. Em outras palavras, ficamos com inveja de Deus e quisemos tomar o Seu lugar. Essa é a nossa queda. E ainda estamos caídos até hoje porque ainda temos essa atitude.
Esse entendimento não apenas nos ajuda a entender o que originalmente fizemos de errado, mas também o que precisamos fazer para retornar a Deus.
Temos Apenas uma Chance de Viver?
A noção cristã generalizada é que, se não nos rendermos a Deus aceitando Jesus como nosso Senhor e Salvador nesta breve vida, seremos enviados ao inferno para sofrer pelo resto da eternidade. Essa noção milita contra a premissa fundamental da teologia: um Deus amoroso e misericordioso. Afinal, até os pais comuns, por amor aos filhos, dão a eles várias chances de se reformarem. Então, a alegação de que o Pai Supremo Deus nos dá apenas uma chance não limita o amor ilimitado dEle?
Os insights védicos nos ajudam a entender melhor o amor ilimitado de Deus por nós. O entendimento védico é que somos almas que, na forma humana de vida, têm a chance de reviver nosso relacionamento esquecido com Deus. Se nós negligenciamos ou rejeitamos esta oportunidade, então, de acordo com nossos desejos e nosso carma, nós transmigramos de um corpo para outro em 8,4 milhões de espécies até, por fim, voltarmos à forma humana e termos outra chance. Se nós ainda não usamos essa chance, então continuamos passando pelo ciclo transmigratório e tendo chances de nos voltarmos para Deus até que, finalmente, façamos a escolha certa: voltemos para Deus e vivamos felizes com Ele para sempre.
A coerência do entendimento védico sobre a escatologia foi apreciada até mesmo pelo erudito cristão e pioneiro sânscrito Sir William Jones. Ele disse: “Eu não sou hindu, mas considero a doutrina dos hindus relativa a um estado futuro incomparavelmente mais racional, mais piedosa e mais provável de refrear os homens no vício do que as horríveis opiniões inculcadas pelos cristãos sobre a punição eterna.”
Por que Coisas Ruins Acontecem a Pessoas Boas, Especialmente a Crianças Inocentes?
Essa questão desconcertante tem sido a ruína da teologia cristã. Se aceitarmos a afirmação cristã de que não tivemos vida antes da presente, então com que base nos são dados diferentes pontos de partida para a jornada de nossa vida? Por que algumas pessoas nascem em famílias ricas, enquanto algumas nascem em famílias pobres?
Embora a Bíblia diga que “como você semeia, você também colherá”, a noção cristã atual falha em nos ajudar a entender como isso está acontecendo. A compreensão védica de nós como almas transmigradoras nos ajuda a enxergar a vida a partir de uma perspectiva muito mais ampla de múltiplas vidas. Assim como diferentes sementes são colhidas após diferentes períodos de tempo, também diferentes ações apresentam reações após diferentes períodos de tempo, algumas imediatamente, algumas mais tarde na mesma vida, e outras em uma vida subsequente. As reações cármicas que transportamos ao longo de nossas vidas (humanas) passadas determinam as condições iniciais de nossa vida atual.
A aceitação da lei do karma não é fatalista, criando sentimentos de desamparo e impotência, como algumas pessoas interpretam erroneamente. Também não é psicologicamente prejudicial, criando sentimentos assombrosos de culpa, como alguns outros alegam. Em vez disso, uma compreensão madura da lei imparcial do karma é altamente fortalecedora, pois entendemos que ainda temos controle sobre nossas vidas. Ao se harmonizar com as leis universais da ação, como explicado nas escrituras dadas por Deus, temos o poder de criar um futuro brilhante para nós mesmos, independentemente de quão sombrio o presente pareça ser. É por isso que o escritor W. Somerset Maugham escreveu em O Fio da Navalha: “Já lhe ocorreu que a transmigração (da alma) é ao mesmo tempo uma explicação e uma justificativa do mal do mundo? Se os males que sofremos forem o resultado de pecados cometidos em nossas vidas passadas, podemos suportá-los com determinação e ter a esperança de que, se nos esforçarmos pela virtude, nossas vidas futuras serão menos perturbadoras.”
Quem é Deus?
Na tradição bíblica, não há muito conhecimento positivo sobre Deus, sua morada, personalidade, atributos e atividades.
A Bíblia declara que Deus é o objeto supremo do amor, mas como alguém ama a Deus sem conhecê-lO? Alguém pode amar um conceito ou uma cifra? Não sabendo como Deus se parece, alguns cristãos especulam que Deus, sendo a pessoa primitiva, deve ser um homem velho com uma longa barba. Por exemplo, na célebre Capela Sistina, localizada na Cidade do Vaticano, o teto retrata Deus como um homem idoso criando Adão, que, paradoxalmente, parece mais bonito, saudável e amável do que Deus.
O conhecimento autoexistencial de Deus não está presente na tradição bíblica porque Deus, sendo infinito, é incognoscível para nós seres finitos? Ao mesmo tempo em Deus é certamente infinito e incognoscível para nós por nossos próprios esforços, um aspecto essencial da infinitude e onipotência de Deus é a Sua capacidade de Se revelar a nós se Ele assim desejar. Dizer que Deus não pode Se tornar conhecido para nós é limitá-lO.
Deus Se fez conhecido como uma Suprema Personalidade toda-atrativa através das escrituras védicas. À primeira vista, os textos védicos podem parecer politeístas, fazendo com que os deuses védicos pareçam ser como os deuses pagãos cuja adoração o Antigo Testamento proíbe. Mas um estudo profundo e orientado das escrituras védicas revela que, embora contenham rituais multifacetados para formas de adoração multiníveis, elas são conclusivamente monoteístas. Na Bhagavad-gita, Krishna é glorificado como o único Deus Supremo, com declarações notadamente semelhantes aos elogios bíblicos de Deus. Por exemplo, a Bhagavad-gita (10.32) afirma: “De todas as criações, Eu sou o começo e o fim e também o meio”, o que é semelhante a esta declaração bíblica: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o começo e o fim, o primeiro e o último.” (Apocalipse 22:13).
Neste ponto, a maioria dos cristãos naturalmente se perguntará se Krishna pode ser igualado ao Deus bíblico, especialmente quando a Bíblia não declara isso. Vamos considerar esse ponto com base na escritura e na lógica:
  1. Escritura: Jesus foi crucificado depois de apenas três anos de pregação. Que ele tinha mais coisas para revelar é claramente visto em sua própria declaração: “Ainda tenho muito a lhes dizer, mas agora vocês não são capazes de suportar.” (João 16:12) Os cristãos podem ser fiéis à sua própria tradição e ainda estar abertos à sabedoria das escrituras que não as suas próprias? Tal abertura parece evidenciada na declaração bíblica: “Toda escritura é dada por inspiração de Deus, e é proveitosa para doutrina, para repreensão, para correção, para instrução em retidão, para que o homem de Deus seja perfeito, completamente provido de toda boa obra.” (2 Timóteo 3:16-17) Este versículo é tradicionalmente interpretado pelos cristãos para se referir a “todas as escrituras bíblicas”, mas talvez o espírito ecumênico evidente nas palavras do versículo “toda escritura” sugira uma abertura mais ampla.
  2. Lógica: Se um aluno que está estudando Ciência da Computação no IIT Mumbai vier a saber que a ciência da computação é ensinada mais detalhadamente no MIT, EUA, ele se restringirá ao IIT ou aproveitará a educação disponível no MIT? Se ele estiver interessado em ciência da computação, obviamente ele vai aproveitar a oportunidade para aprender (também) no MIT. Similarmente, se um buscador de Deus, que está desenvolvendo o amor a Deus dentro da tradição cristã, descobre que um conhecimento maior de Deus está disponível em outra tradição, a tradição védica, ele não pode aproveitar essa tradição para enriquecer seu conhecimento de Deus e assim acelerar seu amor a Deus? Talvez seja útil esclarecer as prioridades de uma pessoa ao se propor a pergunta da busca da alma: “Estou interessado no cristianismo (em si mesmo) ou estou interessado em Deus?”
Deus É Grandioso, Mas Como?
A tradição bíblica declara repetidamente a grandeza de Deus, mas não dá muita descrição concreta de Sua grandeza. Por outro lado, a descrição védica de Krishna demonstra graficamente a grandeza de Deus. No décimo primeiro capítulo da Bhagavad-gita, Krishna dá a Arjuna um vislumbre de Sua grandeza inspiradora ao exibir Sua forma universal, uma das maiores visões místicas da literatura mundial. Arjuna viu dentro da forma universal tudo o que existe e todos os seres que existem. Ele viu todos os planetas, estrelas e universos, bem como todos os seres vivos, sejam celestes, terrestres ou subterrâneos. Quando Krishna estava na Terra, Ele também exibiu Sua onipotência derrotando, sem esforço, inúmeros tiranos poderosos, que eram malfeitores no universo.
Além disso, o texto védico por excelência, o Srimad-Bhagavatam (1.2.11), fornece uma profunda ontologia tripartida da grandeza existencial de Deus. Deus existe como três manifestações simultâneas e não-duais:
  1. Brahman: uma refulgência deslumbrante que permeia toda a existência;
  2. Paramatma: a expansão pessoal e localizada de Deus, que reside no coração de todos os seres vivos e em cada átomo;
  3. Bhagavan: a Pessoa Suprema, todo-atrativa, que reside em Sua própria morada no mundo espiritual, retribuindo o amor eterno e ilimitado com Seus devotos.
O que Deus Faz no Seu Reino?
Tenho muito a lhe dizer.
A ideia abraâmica (Velho Testamento) de Deus é primariamente um juiz que recompensa o piedoso e penaliza o ímpio. Se isso é tudo o que Deus tem a fazer eternamente, mesmo pelos padrões terrenos, Sua vida é muito entediante. Mas as escrituras devocionais, como o Srimad-Bhagavatam, explicam que ser um juiz é apenas uma pequena parte da personalidade multifacetada, não onifacetada, de Deus. Krishna tem Sua própria vida de amor eterno com Seus devotos em Seu reino. Lá, Ele Se deleita, não em exibir Sua divindade, mas em retribuir o amor de Seus devotos.
Para facilitar a reciprocidade do amor puro, sem ser impedido pela reverência, Krishna, em Sua suprema morada de amor, desempenha o papel de uma criança travessa e leva outros devotos a desempenharem o papel de serem Seus pais, parentes e amigos. Ele também providencia que Seus devotos não estejam conscientes de que Ele é Deus; eles O veem apenas como o membro mais especial e doce de seu vilarejo. E Ele desempenha esse papel com perfeição. Por exemplo, com aqueles devotos que O amam em vatsalya-rasa (afeição dos pais), Ele Se torna uma criança desobediente e cativante que rouba manteiga de suas casas. As mulheres reclamam com a mãe de Krishna, Yashoda. Krishna engenhosamente finge inocência, e Yashoda é enganada até que a manteiga escorre dos lábios de Krishna e isso o incrimina.
Os céticos que perguntam por que Deus rouba perdem a essência de Seus passatempos: o amor. Além disso, sendo Deus, Krishna possui tudo, então não há dúvida de que Ele não está roubando nada. No entanto, Krishna “rouba” para ter trocas amorosas cheias de diversão com Seus devotos.
Confundir uma nota falsa como sendo genuína é lamentável, mas confundir uma nota genuína como falsa é ainda mais infeliz. De igual modo, enxergar os passatempos supramundanos de Krishna como sendo mundanos, ou, pior ainda, imorais, é confundir a nota genuína das trocas altruístas do amor divino com os tratos egoístas do amor mundano.
As escrituras védicas contêm descrições vívidas de muitos passatempos (atividades) de Krishna. Meditar nos passatempos de Deus faz despertar nosso amor por Ele de maneira fácil e alegre.
Devoção
Jesus enfatizou o mandamento de amar a Deus como o mandamento supremo, o qual aponta, inequivocamente, para o destino final da jornada espiritual. Como vamos desenvolver esse amor? E como sabemos que estamos realmente progredindo em direção a esse objetivo? A literatura bíblica fala sobre três níveis de amor: eros (amor conjugal), philia (amor fraterno) e ágape (amor divino), mas não há muita descrição sobre o amor divino. Certamente, os santos cristãos, como São Francisco de Assis, alcançaram níveis elevados de amor a Deus, mas não há muito caminho delineado na tradição bíblica para nos ajudar a seguir seus passos. As escrituras védicas são únicas no tocante a serem, entre as obras espirituais de todo o mundo, as fornecedoras das informações mais detalhadas sobre os pontos de referência nessa jornada interior.
Os nove principais marcos, descritos nos clássicos devocionais, como o Bhakti-rasamrita-sindhu e o Madhurya Kadambini, são:
  1. Sraddha (fé): A busca espiritual começa com a fé básica de que o reino espiritual existe e pode ser verificado através da experiência pessoal.
  2. Sadhu-sanga (associação com os devotos): O buscador espiritual se associa e aprende com os espiritualistas avançados, por suas palavras e exemplos, sua orientação e inspiração.
  3. Bhajana-kriya (adoção de práticas espirituais): O investigador sério, sob a orientação de um mestre espiritual, adota rigorosamente práticas devocionais, como a meditação mântrica, e se abstém de atividades imorais, como comer carne, jogar, intoxicar-se e fazer sexo ilícito.
  4. Anartha-nivrtti (remoção de impurezas): As poderosas práticas espirituais libertam gradualmente a pessoa de impulsos internos autodestrutivos, como luxúria, raiva, avareza, inveja, arrogância e ilusão, assim como o aquecimento do ouro provoca a separação das impurezas.
  5. Nistha (convicção): Essa mudança interna dramática gradualmente eleva sua fé inicial até esta se tornar uma convicção inabalável, que argumentos e contra-argumentos não podem mais perturbar.
  6. Ruci (gosto): Começa-se a saborear o canto e a lembrança de Deus devido ao gosto avassalador (prazer) que a recordação divina traz.
  7. Asakti (apego): O devoto agora se apega, viciado, à lembrança de Deus e a cantar Seus santos nomes e se absorve em Sua lembrança divina.
  8. Bhava (emoção divina): O devoto experimenta emoções divinas em relação ao Senhor, como alegria, tristeza, ansiedade e desapontamento, muito mais intensamente do que as emoções que um amante mundano experimenta por um amado.
  9. Prema (amor espiritual): Quando essas emoções amadurecem em amor a Deus em um nível puro, abnegado e desinteressado, então esse amor restaura nossa visão espiritual, pela qual podemos vê-lO, que é o amor personificado, a pessoa supremamente amorosa e amável, Deus Krishna.
Esses nove estágios são divididos em muitos outros estágios, ajudando os buscadores a entender precisamente onde estão situados e o que precisam fazer para seguir em frente. E as obras védicas também fornecem ao buscador veículos poderosos para a jornada interior, como yoga, meditação e, especialmente para nossa época atual, o cantar dos santos nomes de Deus. Equipado com este mapa claro e eficiente veículo, milhares de pessoas do Ocidente e do Oriente estão embarcando na jornada interior e desfrutando dela. Seu deleite divino é evidente e visível tanto em seu afastamento sustentável das imoralidades, como também por sua dança pública exuberante enquanto cantam os santos nomes de seu amado Senhor.
Palavras Finais
Um dicionário de bolso e um dicionário completo servem ambos para nos ajudar a aprender uma língua, mas o dicionário completo permite que nos aprofundemos em maiores. Da mesma forma, tanto os textos bíblicos quanto a literatura védica pretendem nos ajudar a desenvolver o conhecimento e o amor a Deus, mas a literatura védica nos ajuda a aprofundar imensamente. Quando nossos intelectos são convencidos filosoficamente sobre nossa situação existencial e sobre a grandeza insuperável de Deus e nossos corações são inundados da lembrança da doce relação de Deus com os devotos, torna-se muito mais fácil oferecer o amor de nosso coração e entregarmo-nos a Deus.
Evidentemente, Jesus tinha muito mais coisas a dizer, mas temia que seus seguidores não pudessem entendê-las ou mesmo suportá-las. Quando algumas dessas coisas sejam reveladas através da literatura védica, talvez alguns de seus seguidores na atualidade já possam suportá-las.
Tradução: Jimmy Mello. Revisão: Bhagavan Dasa.

Fonte: Volta ao Supremo
https://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/ainda-tenho-muito-a-lhes-dizer/


Amigos de krishna
https://www.facebook.com/Amigos.de.Krishna/?fb_dtsg_ag=AdyUtsFoVR-M2QWnuW6qLlnQLqGxF9z0T7F_03YpIiqSUQ%3AAdx86tZliktBE4KnH5ldzes5B78vy8ThEfelv-ndSTNOiA



ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES

terça-feira, 27 de março de 2018

Superando a Inveja

Superando a Inveja


Vraja Bihari Dasa


Identificando e superando a causa raiz de nossa existência material.


“Inveja do vizinho, orgulho do proprietário”. Crescendo em uma era quando a televisão era um novo fenômeno, esse slogan publicitário tomou a imaginação do público. Possuir aquela marca em particular de televisão era considerado algo absolutamente glorioso uma vez que aqueles que não tivessem a mesma sentiriam inveja de você. Para devotos em amadurecimento, entretanto, a inveja não é motivo de alegria. É, antes, um fardo terrível que ameaça destruir a delicada trepadeira de bhakti crescendo em nossos corações.

Como a Inveja nos Ataca?

Inveja é desejar possuir o objeto ou a posição desfrutada por outrem. Um estudante que fica na primeira posição em sua turma é invejado pelos colegas que ficam logo atrás dele. Sua promoção no escritório é invejada por outros colegas que foram preteridos para o cobiçado posto e aumento salarial. Em círculos sociais, as pessoas são frequentemente flagradas troçando e depreciando outros, especialmente aqueles ausentes na festa. Sentir prazer encontrando defeitos é um sintoma de nossa natureza invejosa. Esse puxar alguém superior a nós para o nosso nível é algo familiar à mentalidade do siri. Exportadores do animal economizam muito dinheiro não fornecendo tampões para os contêineres. Não há medo de que os siris escapem, haja vista que, quando um tenta subir para fugir, os outros o puxam para baixo. Essa tendência também não é incomum nas sociedades humanas.

Devotos ouvem casos históricos de personalidades sofrendo devido à sua natureza invejosa. Gopala Capala, movido por sua inveja da popularidade de Srivasa Thakura, tentou aviltá-lo dispondo substâncias detestáveis, próprias para adorações tântricas, do lado de fora de sua casa e atribuindo a presença das mesmas ali à natureza dúbia de Srivasa. Embora Srivasa, humilde, não houvesse ligado para a ofensa, o Senhor não perdoou Gopal Capala. Gopal contraiu lepra, e o Senhor Caitanya Mahaprabhu declarou que ele teria de sofrer essas reações por milhões de vidas.

Quando ouvimos tais casos extremos de manifestação de inveja e consequentes reações, podemos falsamente nos consolar: “Bem, se isso é inveja, certamente não sou invejoso, porque eu jamais faria isso”. Para devotos praticantes, entretanto, a inveja se manifesta mais sutilmente. Podemos sentir o cheiro da inveja dentro de nossos corações quando não sentimos felicidade pelo progresso de outros na consciência de Krishna, por exemplo. Quando outros vaishnavas são glorificados, como nos sentimos? Embora não esteja fazendo nenhum plano para prejudicar outros, talvez o indivíduo deseje que outro devoto se depare com algum fracasso ou dificuldade a fim de que a posição desse invejoso como alguém melhor, supostamente, se revele ao mundo. Quando outros prosperam, material ou espiritualmente, um devoto neófito se sente inseguro e ameaçado diante de suas conquistas.

A Causa da Inveja

Nossa inveja de outros tem por raiz nossa inveja de Krsna. Uma vez que todas as boas qualidades vêm de Krishna, quando vemos um devoto bem-sucedido em todo aspecto da vida espiritual, estamos, na verdade, vendo a misericórdia de Krsna derramada sobre ele. Assim, sentir inveja de outrem significa que estamos, na verdade, invejando Krsna, e essa é a causa essencial de nossa existência material condicionada. Desejando ser o desfrutador e o controlador, a alma peleja no mundo material. Após fracassarmos repetidamente em semelhante empenho; uma vez que tenhamos despertado para a nossa consciência original e ajamos como servos do Senhor, tornar-nos-emos aptos a voltar ao mundo espiritual. Em contrapartida, nutrindo inveja e ódio, simplesmente prolongamos nossos sofrimentos aqui. Não é surpreendente, portanto, encontrar Srila Prabhupada repetir em quase toda palestra, conversa e em seus volumosos escritos sobre a necessidade indiscutível de nos livrarmos da tendência profundamente arraigada de tentarmos ser o desfrutador.

Mais Mortal do que a Luxúria

Frequentemente ouvimos dizer que a luxúria é um inimigo mortal para um devoto aspirante. É comum vermos um devoto que cai em razão da luxúria lamentar e aceitar sua fraqueza. Contudo, uma vítima da inveja, muito frequentemente, não é ciente de que é invejosa. A pessoa garante a si e aos outros que ela não é invejosa, senão que, muito diferentemente, está apenas “ajudando” através da exposição dos defeitos óbvios dos outros.

Sisupala tinha inveja de Krsna e também estava convicto de que sua blasfêmia contra Krsna na assembleia Rajasuya era justificada, e surpreendeu-se ao ver que outros não compartilhassem de sua compreensão. Assim, a inveja cega uma pessoa para os seus próprios defeitos. Quando pensamentos luxuriosos jorram no coração, o devoto pode se sentir humildado e caído. Contudo, um jato de sentimentos invejosos simplesmente amplia nosso orgulho e constrói uma estimativa alta, porém errônea, acerca de nós mesmos. A inveja também implica falta de fé em Krsna. No ambiente competitivo moderno, se alguém consegue uma cobiçada vaga de emprego ou universitária, é natural que outros sintam inveja. Contudo, na consciência de Krishna, não há razão para a inveja porque Krsna é ilimitado, e se alguém recebe muitíssima misericórdia, isso em nada inibe nosso avanço pessoal e nosso acesso à benevolência de Krsna. O estoque de misericórdia de Krsna não reduz, e o sucesso alheio é causa de celebração, dado que revela as mais maravilhosas opulências de Krsna, manifestas através de Seus devotos.

Que Esperança Nós Temos?

O conhecimento mais confidencial dentro do Bhagavad-gita está contido no capítulo nove, e o Senhor Krsna cita a qualificação exigida para a compreensão do mesmo no primeiro verso do capítulo referido. “Meu querido Arjuna, porque nunca me invejas, compartilharei com tua pessoa esta sabedoria e realização mais confidenciais, conhecendo o que te livrarás das misérias da existência material”.

Enquanto é possível utilizar a ira ou a avidez no serviço a Krsna, a inveja é o único sentimento que não encontra lugar entre todos. Krsna assegura que, se seguirmos o processo sem inveja, livrar-nos-emos do condicionamento das ações fruitivas. Contudo, se agirmos por inveja, seremos “enganados”, “privados de todo conhecimento” e “arruinados em nossos esforços pela perfeição”. (Bhagavad-gita 3.32). Nutrir inveja garante que não saborearemos o néctar de bhakti, o serviço devocional amoroso a Deus, embora possamos cumprir com todas as exigências externas do processo. É como lamber a parte de fora da garrafa de mel.

Passos para Superar a Inveja

O primeiro e mais importante passo para superarmos a inveja é reconhecermos a existência desse inimigo dentro de nós. Exige coragem e humildade aceitar a própria condição caída e fazer um sincero esforço para erguer-se desse nível. Srila Prabhupada escreve sobre a necessidade de fazermos do reino de Deus a meta de nossa vida, e fazê-lo ajuda-nos a abandonar a inveja, visto que isso certamente é um obstáculo nesse caminho. Isso também ajuda o devoto a meditar em como sua vida devocional repousa sobre um sistema de “ajuda de vida” de misericórdia imotivada. Quanto mais nos lembramos acerca de como somos dependentes da misericórdia dos devotos e de Krsna, menos cultivaremos inveja em nossos corações. Isso se deve ao fato de que nosso próprio estado frágil se revelará a nós, e os perigos de cultivar esse anartha da inveja serão óbvios. O hábito de orar também é certamente benéfico. Chamar pela ajuda de Krsna para que nos salve dessa mentalidade doentia é algo purificador, e se orarmos também pelo sucesso da pessoa que invejamos, nosso coração se tornará mais macio.


Estamos nos decompondo no mundo material por causa do esquecimento de nossa relação com Krsna. Por conseguinte, temos que orar fervorosamente pela lembrança de nossa posição constitucional como servos e, então, agirmos nessa plataforma. Constantemente se lembrando de sua condição precária neste mundo material e prestando serviço amoroso a outros vaisnavas, o devoto dará a Krsna o que Lhe é mais prazeroso, e Krsna, satisfeito com o serviço do devoto, certamente lhe conferirá a dádiva do amor e da ausência de inveja.

Fonte: De volta para o Supremo 


       Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Homossexualidade e Freud


                Homossexualidade e Freud




Em 1935, Freud recebeu uma carta da mãe de um homossexual, pedindo que seu filho fosse "curado pelo psicanalista". Eis a carta de resposta de Freud a ela, mais de 80 anos atrás, vale ler inteira:

19 de abril de 1935

“Minha querida Senhora,

Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.

Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranqüilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.”

Sigmund Freud


Fonte: #escutaeequilíbrio #psicanálise 


Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues concorda que "não se cura o que não é doença."

Almas não têm sexo. Entenda a origem das almas.

Volte-se para a Espiritualidade e compreenda o que são centelhas divinas. 

Não, a todo tipo de preconceito.

A opção sexual de alguém não é um problema seu, a não ser que você não tenha a sua opção ainda resolvida e não esteja em paz consigo e com a liberdade do outro.

Cada um ama quem quiser. Namastê.