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segunda-feira, 15 de julho de 2024

Manifesto por uma Política de Solução Radical (translation for all languages)

 Manifesto por uma Política de Solução Radical

 


 


Há bem na direita e na esquerda política. Para uma sociedade completamente sã e saudável, temos que ir além do conflito de ambas.

 

Os partidos parecem cada vez mais fornecerem aos eleitores uma agenda claramente de direita ou de esquerda. Eles dizem que isso é algo bom, mas eu sempre tive dificuldade em fazer esse tipo de escolha, e suspeito que seja o caso de muitas outras pessoas também. Meu problema é que ambos os lados parecem fazer sentido.

 

Quando confrontado por um eleitor seja da direita, seja da esquerda, sempre consegui enxergar o ponto defendido. Isso costuma me deixar sem ação, e me fazia, com culpa no coração, uma pessoa apolítica. Eu invejava a segurança daqueles que se faziam partidários de um lado ou do outro. É claro, havia sempre o centro, o tradicional refúgio dos covardes como eu. Contudo, eu precisava de consistência, e você paga um preço alto pela contradição, especialmente quando envolve política social. Então, eu estava preso ali.

 

Eu não era capaz de rejeitar o apelo da esquerda, que alcançava meus mais elevados ideais: minha intuição inabalável de que todas as pessoas são iguais e que o fato social tem que refletir isso. Contudo, quando a direita insistia comigo, com realismo frio e objetivo, que as pessoas, na verdade, não são iguais, e que nenhuma soma de sentimento mudaria isso, eu era obrigado a concordar. Cada lado tinha um ponto forte, e eu via o destino do mundo balançando sobre a hostilidade entre os capitalistas na direita, e os comunistas na esquerda.

 

Eu não me tornei um devoto de Krishna para solucionar meu impasse político, mas, entre os bônus inesperados que ganhei da consciência de Krishna, estava uma doutrina que resolve esse dilema intratável, unificando, sem contradição, em uma política social concreta, a igualdade absoluta de todas as pessoas com as não-igualdades relativas que são criadas por suas diferentes habilidades e aptidões. Essa visão social providenciava algo que eu consideraria impossível: uma sociedade com uma divisão clara de trabalho em classes, mas sem exploração, inimizade e conflito. Isso me foi uma descoberta extraordinariamente revigorante, pois vi ali a solução para o grande embate político do mundo contemporâneo.

 



 

As doutrinas de esquerda e direita sobre igualdade e diferença entre as pessoas são conciliáveis.

 

Varnasrama-dharma, como é chamado o manifesto social do Movimento da Consciência de Krishna, é o projeto para uma civilização espiritual, pois se baseia na ideia de que as pessoas são seres espirituais. Como criaturas viventes, somos centelhas pequenas, porém eternas, do ser vivo supremo, apesar de estarmos confinados dentro de corpos materiais, corpos mortais. Não podemos esperar, com bom senso, alcançarmos a felicidade com base em nosso corpo, visto que o corpo certamente ficará doente, velho e, por fim, morrerá. Nosso bem-estar, é claro, só pode repousar no cultivo de nosso eu autêntico e eterno, a alma. Sofremos incessantemente porque nos identificamos com o nosso corpo, o qual é inevitavelmente sitiado pela natureza material. Então, se a sociedade deseja garantir o bem mais elevado para todos os seus membros, tem que providenciar o necessário para que todos tenham esclarecimento em relação ao verdadeiro eu e, deste modo, entrem em uma consciência plena e pura, isto é, eterna, completa em conhecimento e plena de bem-aventurança. Ao mesmo tempo, tal sociedade tem que satisfazer, da maneira mais simples e eficaz possível, todas as necessidades do corpo. O varnasrama-dharma é concebido para se atingir ambas as metas.

 

Um materialista objetaria prontamente, visto que “a alma” é um conceito metafísico, referente a algo que não podemos experienciar, e qualquer sistema social baseado em tal coisa certamente seria um pouco suspeito. Contudo, é simplesmente falso que a alma não pode ser experienciada (trata-se, na verdade, da condição para termos qualquer experiência!), e a sociedade varnasrama é projetada precisamente para fomentar essa experiência. E visto que a sociedade materialista cria as condições que tornam virtualmente impossível experimentarmos a alma, a objeção revela seu próprio problema fundamental.

 

Somos seres espirituais em corpos materiais, e é o varnasrama-dharma que integra e concilia a igualdade absoluta de todas as pessoas como seres espirituais e as diferenças relativas impostas sobre elas pelas condições de sua corporificação material. Esse sistema convida a sociedade a se dividir em quatro grupos ocupacionais (chamados varnas) e quatro ordens espirituais (asramas). Essa divisão em varnas é muito natural. Nenhuma sociedade civilizada pode existir sem quatro classes: intelectuais (chamados de brahmanas), líderes políticos e militares (kshatriyas), agricultores e comerciantes (vaishyas), trabalhadores e artesões (shudras). A falta de qualquer um desses obviamente aleijaria uma sociedade. Elas formam a cabeça, os braços, o estômago e as pernas do corpo social, respectivamente, os quais só podem estar saudáveis caso todas as partes estejam saudáveis e trabalhando cooperativamente. Aliás, cada ser humano tem uma constelação de qualidades e aptidões, as quais o coloca em um desses quatro grupos. (Somente qualidades pessoais determinam a que grupo se pertence. Pertença determinada por nascimento, como no sistema de castas indiano, não diz respeito ao autêntico sistema de varna.)

 

Se eu descrever os deveres e as qualidades de cada um desses varnas, você poderá reconhecer intuitivamente os quatro tipos de seres humanos.

 

O brahmana, ou intelectual, sabe a verdade absoluta tanto em conhecimento teórico quanto por experiência direta, e, à luz disso, ele guia as políticas práticas dos líderes governantes. Como a cabeça da sociedade, tem a visão para dirigir as ações de todo o corpo. A ocupação do brahmana é o professorado, e ele instrui todos não apenas no serviço específico do seu varna, mas também no serviço universal a Deus, a base para a autorrealização. Um jovem qualificado para receber o treinamento de brahmana tem que possuir amor pelos estudos e sede de sabedoria. Ele é naturalmente pacífico e tolerante e se atrai espontaneamente por pureza, autocontrole e austeridade. Ele é honesto e instintivamente religioso.

 

O serviço do kshatriya é proteger os demais membros da sociedade. Ele governa e, quando necessário, luta. Uma pessoa apropriada para o treinamento de kshatriya tem que ser bastante inteligente, mas sua inteligência terá uma direção mais prática do que a inteligência de um brahmana. Ele possui grande coragem natural e se atrai pela realização de grandes feitos que envolvem risco pessoal. Ele é líder, engenhoso e determinado. Seu corpo é forte; seu caráter, igualmente forte. Ele é espontaneamente liberal e generoso, e gosta de usar sua força para guardar os outros.

 

As ocupações de um vaishya são a agricultura, o comércio, os negócios e – isto é importante – a proteção às vacas. Os vaishyas produzem a riqueza da sociedade. Eles também precisam ser inteligentes, mas sua inteligência é de uma espécie mais astuta e breve do que aquela dos kshatriyas. Os vaishyas não são tão passionais quanto os kshatriyas, e carecem da coragem e do espírito liberal deles. Enquanto o heroísmo impele o kshatriya, o que impele o vaishya é o lucro. A proteção às vacas impede que os vaishyas se degenerem em ganância e exploração. Tratando a vaca que lhe dá leite como sua mãe, e o touro que ara o solo para produzir grãos como seu pai, o vaishya aprende a viver de uma maneira pessoal, harmoniosa e não-exploradora com os animais – e com a terra – que produzem sua riqueza. A proteção às vacas incute princípios religiosos nos vaishyas e os mantém próximos da terra.

 



 

A prática de proteção às vacas, muitas vezes vista como estranha no ocidente, tem o fim de conferir sensibilidade aos vaishyas.

 

Aqueles que não têm a inteligência específica para serem brahmanas, kshatriyas ou vaishyas são shudras, indivíduos dedicados ao trabalho manual na sociedade. Uma vez que não têm a vocação para agirem de forma independente, como os demais, os shudras trabalham sob supervisão, como auxiliadores gerais dos outros três varnas.

 

Acredito que as vantagens de se reconhecer essas divisões são evidentes. Dado que se baseiam em características e aptidões naturais, é possível discernir a tendência de uma criança, logo nos primeiros anos de vida, e moldar sua educação para que desenvolva seus talentos naturais e cultive as virtudes peculiares à sua posição. Imagine o auxílio disso para solucionar o problema de vocação e motivação que hoje é tão grande em nosso sistema educacional. Com o reconhecimento explícito de quatro grupos distintos, cada um pode se desenvolver como uma subcultura separada. Cada varna requer seu próprio conjunto de deveres e valores particulares (chamados sva-dharma), e um sem-fim de desorientação e sofrimento é causado por não se reconhecer isso, por se tentar impor o padrão de um para todos, ou por se inventar algum padrão “universal” que não se encaixa em ninguém. Caso reconheçamos os quatros varnas, as pessoas se realizarão por trabalharem com todos os seus talentos e energias, e a sociedade prosperará mediante suas contribuições.

 

É claro que consigo ouvir a sonora objeção: Você acaba de propor uma estrutura de classes incrivelmente reacionária (incluindo shudras!) que perpetrará todos os abusos intrínsecos a tais divisões. Os grupos superiores explorarão os inferiores, injustiças sociais se proliferarão, e ódio e conflito farão tudo ruir.

 

A resposta a esse problema é sanatana-dharma, “religião eterna”, “dever eterno”. Embora cada varna tenha seu sva-dharma específico, todos compartilham igualmente do dharma único, universal e que tudo abarca, chamado sanatana-dharma. Trata-se da consciência comum e intensa de serviço cooperativo e subordinado a Deus. Na prática do sanatana-dharma, todos são absolutamente iguais. Ele é mais importante do que o sva-dharma, e previne, com eficácia, a exploração de um grupo por parte do outro.

 

A intuição em torno da igualdade de todas as pessoas é um insight espiritual fundamental. É um fato que demanda reconhecimento em uma política social concreta. Ao mesmo tempo, as diferenças materiais entre as pessoas também exigem reconhecimento. O erro da direita é ver tais diferenças como fundamentalmente importantes e dar pouco valor à igualdade espiritual (ou nenhum valor), garantindo isso para o próximo mundo. A esquerda, por sua vez, erra na maneira como aplica seu insight. Ela tenta impor o fato espiritual em uma condição material, forçando a igualdade, por decreto, onde ela não existe.

 

O varnasrama-dharma sintetiza a diferença material com a unidade espiritual, reconhece que as pessoas nascem com capacidades materiais diferentes, e que não há nada de bom para os indivíduos ou para a sociedade fingir que não é assim, ao mesmo tempo que reconhece uma identidade una e espiritual para todos. Portanto, o varnasrama-dharma possui divisões de classe, mas sem exploração, injustiça, inveja e conflito.

 

Primeiramente, a meta de todos os membros dos varnas é a autorrealização – o padrão de avanço na vida de todos, portanto, é uma questão de desenvolvimento espiritual, e não engrandecimento material. Embora um indivíduo realize um serviço em particular de acordo com sua condição material, seu dever mais elevado na vida é compreender-se como um ser espiritual, distinto de seu corpo material temporário. Isso é sanatana-dharma, e fornece um meio poderoso para a realização espiritual (ensinada na Bhagavad-gita) igualmente disponível para todos os varnas, independente de qualificações materiais. Portanto, sucesso ou avanço na vida não depende da obtenção de riquezas, poder ou prestígio social.

 

Além disso, a sociedade varnasrama é centrada em Deus. O sanatana-dharma, a religião eterna ou natureza essencial, dos seres espirituais infinitesimais é servir o ser supremo único e infinito. Eles o fazem oferecendo os frutos de seu trabalho em serviço devocional a Deus, que, deste modo, é reconhecido concretamente como o supremo desfrutador de tudo. A exploração surge somente quando alguém se esquece de sua posição como servo e tenta usurpar a posição de Deus utilizando os bens e o trabalho de outros para seu próprio gozo. Eu posso servir outrem, mas, se vejo que ele, na verdade, é tão servo quanto eu, ele não estará me explorando, tampouco eu terei inveja dele. Na intensa consciência comum da supremacia de Deus e dos laços universais de subordinado serviço a Deus, que os líderes, acima de todos, ensinam através de suas próprias ações, repousam a harmonia e a cooperação entre os varnas que impede dominação, inveja e conflito. Uma vez que o dever de todos é o serviço devocional, as diferenças materiais entre as ocupações não importam. Limpar as ruas e gerir assuntos governamentais têm o mesmo valor, e todos podem se tornar perfeitos realizando seu trabalho pessoal a serviço de Deus.

 

É claro que se alguém em uma posição de responsabilidade perde seu sentido de serviço subordinado e começa a explorar as facilidades que tem para seu próprio gozo, os males da divisão de classes que experimentamos em nossos tempos virão à tona. Um forte refúgio contra isso é a instituição de asramas, uma divisão da vida em quatro estágios que deve ser seguida especialmente pelos brahmanas e kshatriyas. Esse sistema preconiza que o sujeito primeiramente tem que ser instruído como um estudante celibatário (brahmacharya) antes da vida de casamento, família e ocupação “mundana” (grihastha). A vida de grihastha tem que terminar em torno dos cinquenta anos de idade, quando marido e mulher deixam a família e os assuntos sociais e cultivam renúncia e vida espiritual (vanaprastha). Por fim, quando estão preparados o bastante para isso, se separam, e o esposo passa o fim de sua vida como um pregador mendicante e viageiro (sannyasa). Desta maneira, o sistema de asrama garante que as pessoas mais poderosas socialmente também serão as mais renunciadas.

 

A solidez de todo o sistema varnasrama-dharma repousa, em última instância, nos brahmanas. Eles educam todos os membros, e seus ensinamentos terão força, ganhando o respeito dos poderosos e passionais kshatriyas, desde qeu eles pessoalmente estabeleçam o exemplo mais elevado de pureza e renúncia. A pureza da cultura bramânica é o fundamento do varnasrama-dharma.

 

Esse sistema talvez faça você se lembrar, como fez comigo na primeira vez que ouvi sua descrição, da sociedade da Europa medieval, uma civilização supostamente centrada em Deus e com suas quatro ordens de clérigos (brahmanas), senhores feudais (kshatriyas), burgueses (vaishyas) e servos (shudras). Por um tempo, pelo menos, os reis europeus precisavam de sanção clerical para governarem; eram coroados pelo pontífice. Esperava-se que o rei fosse santo. Contudo, essa sociedade foi apenas uma aproximação primitiva do varnasrama-dharma. Seus brahmanas nunca atingiram um padrão suficientemente elevado de pureza, e quando se corromperam, a civilização perdeu qualquer visão espiritual que tivera, e todo o sistema sucumbiu, e ainda está sucumbindo.

 

O colapso do primitivo varnasrama-dharma medieval levou mais de quinhentos anos, e isso constitui toda a história moderna da Europa. Começou com a corrupção dos brahmanas. Quando os brahmanas se maculam por ambições mundanas, perdem sua moral e autoridade espiritual – o único poder que possuem –, em consequência do que os kshatriyas começam a vê-los como príncipes mundanos no mesmo nível que eles. Não existe mais nenhuma justificativa para a preeminência bramânica, em virtude do que os kshatriyas se livram do domínio dos brahmanas, uma revolução social epitomizada na Europa pela Reforma Protestante. Sem direção e restrições bramânicas, os kshatriyas rapidamente perdem o autocontrole e se tornam tiranos intoleráveis. Eles já não podem mais justificar sua soberania com base em sanção divina. Os vaishyas, portanto, se rebelam contra a opressão de uma nobreza corrupta e inútil, uma revolta epitomizada pela Revolução Francesa. Os vaishyas astutos e empreendedores ganham vida, acumulam capital, constroem a indústria e o comércio e, em sua desimpedida avidez por lucro, oprimem e exploram os shudras, que preparam sua própria rebelião, uma revolta exemplificada pela revolução comunista.

 

O conceito de varnasrama-dharma, assim, torna inteligível nossa própria história, e muitas coisas se tornam claras. Uma é que formamos nossas ideias de sociedade, classe e suas relações com base em uma sociedade em vários estágios de progressiva degradação ou colapso, e agora estamos vivendo o estado terminal desse colapso. A ideia de varnasrama-dharma, portanto, é bastante relevante para nossa experiência política e social na atualidade.

 



 

Entender o varnasrama-dharma nos auxilia na compreensão de nossa própria história.

 

Podemos ver o conflito entre a esquerda e a direita, os comunistas (shudras) e os capitalistas (vaishyas), como o término de um longo processo de degeneração social, e nenhum dos lados, portanto, tem qualquer futuro, qualquer esperança real de criar uma sociedade sóbria, sã e justa. Certamente, as sociedades da Europa e da América no século XX se tornaram fatalmente infectadas pelos valores de vaishyas descontrolados. Contudo, shudras descontrolados não é um aprimoramento. Sendo uma filosofia totalmente materialista, o comunismo nutre, em vez de eliminar, as sementes da exploração e do conflito, encorajando as mesmas condições que busca melhorar. Consequentemente, sob o comunismo, jamais haverá uma sociedade livre da dominação de um grupo por outro, da maioria pela minoria, e essa dominação será perpetrada pelos meios mais brutais possíveis. Tanto a ideologia capitalista quanto a ideologia comunista são produtos de exploração e inveja, em razão do que nenhuma das duas pode eliminar essas duas coisas. Não podem oferecer alívio para o processo de degeneração social porque são criadas por isso, e o conflito entre elas apenas garantirá, de uma maneira ou outra, a eventual destruição da civilização.

 

Se há alguma chance de restauração da civilização humana, o ímpeto tem que vir de fora das condições de degeneração. É preciso começar pela criação de brahmanas. O Movimento da Consciência de Krishna foi projetado especialmente para criar esses brahmanas, o núcleo de uma sociedade varnasrama-dharma completa. Uma sociedade varnasrama-dharma moderna não tem que repetir as falhas espirituais, sociais e tecnológicas da Europa medieval. A consciência de Krishna provê um padrão muito superior de pureza do que estava disponível aos brahmanas medievais. (Isso você pode verificar pessoalmente.)

 

E uma nova sociedade varnasrama-dharma pode utilizar toda a conquista tecnológica de nossos tempos em serviço divino. Assim, o Movimento da Consciência de Krishna é a semente de uma nova cultura, de uma civilização humana potencialmente completa, brotando precisamente quando a civilização varnasrama velha e primitiva alcança os estágios finais de sua destruição. Oferece uma alternativa a todos nós que estamos soterrados nos escombros dessa destruição.

 

Com estas informações, espero que você, da próxima vez que confrontado pela escolha entre direita e esquerda, veja isso com novos olhos. O varnasrama-dharma soluciona, sim, esse problema político intratável. Trata-se de uma solução radical, no sentido de que vai na raiz da dificuldade, e convida a uma reespiritualização da sociedade humana. Isso talvez pareça ser pedir demais; por outro lado, os tempos presentes talvez não nos deixem alternativa.

Por Ravindra Svarupa Dasa

By Amigos de Krishna.  Hare Krishna!🙏🏻🌷🙏🏿

domingo, 16 de julho de 2017

Encontrando seu Propósito - Os Dharmas

Encontrando Seu Propósito - Os 7 Dharmas




Giridhari Das(Da obra O Caminho 3T)

Desde nossas necessidades fisiológicas até nossa relação com Deus, muitos detalhes formam nossa natureza, e darmos a devida atenção a tudo que nos constitui é uma condição fundamental para podermos nos realizar plenamente.

Dharma é um conceito muito rico, e a palavra tem muitos significados, mas meu foco será no dharma como aquilo que precisa ser feito – essência e dever. O dever pode ser algo imposto. A essência não pode ser imposta. Dharma, portanto, é aquele dever que nasce de quem você realmente é, que nasce de sua natureza. Não é uma imposição externa ou social. É o que você precisa fazer, em qualquer dado momento, para ser a melhor pessoa que você pode ser. É fazer a coisa certa na hora certa. Ser dhármico é mais do que simplesmente fazer o que é bom ou evitar uma conduta danosa ou violenta, embora isso certamente esteja incluído no conceito, e pode-se reduzir isso a uma lista do que se deve evitar. O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida. Grandes mudanças no seu dharma podem ocorrer, literalmente, de um segundo para o outro. Uma maneira de entender o dharma é refrasear os clássicos dizeres: “Não pergunte o que o mundo pode fazer por você, mas pergunte o que você pode fazer pelo mundo”.

Dharma é o princípio orientador da vida, a cada momento lhe demonstrando o que você deve fazer, respondendo suas dúvidas em relação a que curso seguir e simplificando as ações da vida. Dharma é sua integridade na ação e a verdadeira expressão do seu ser. Você encontrará seu lugar no mundo uma vez que você se afine com seu dharma.



O dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida.

O dharma é uma parte integral da natureza. Não é uma construção psicológica ou um conceito religioso. O nível de fidelidade que você tem ao seu dharma afetará diretamente como você se sente diariamente. Ser fiel a si mesmo significa agir de acordo com seu dharma. Assim, quanto mais você pode se afinar com seu dharma, mais você pode agir com base no seu dharma e mais você se sentirá satisfeito, completo, real e feliz. Quanto mais dhármico for o seu comportamento, mais você se sentirá satisfeito com quem você é agora. Por fim, quanto mais dhármica for a sua vida, mais você poderá recapitulá-la com alegria e com um sentimento de realização.

Estar na Zona

Mindfulness e dharma andam lado a lado. Dharma é algo tão natural que o que você precisa para estar cada vez mais afinada com ele é remover o que não é natural, em especial egoísmo, medo e cobiça. Outra maneira de dizer o mesmo é que, se você for vítima de sua lista de felicidades condicionais, ou simplesmente carecer de consciência suficiente de suas ações, você não conseguirá ver o seu dharma. O foco perfeito no aqui e agora é centrar-se no seu dharma e colocar toda a sua atenção em realizar seu dharma no máximo de sua capacidade. Isso, por si só, trará uma felicidade imediata e sustentável. Você já experimentou isso muitas e muitas vezes. Você talvez se lembre de muitos momentos em que você se focou totalmente em fazer algo que era seu dever, sem qualquer consideração em relação a si mesmo ou a recompensas futuras ou mesmo a perigos. Pais, em especial mães com bebês, experimentam isso com frequência. Essa experiência é chamada de “estar na zona”. A psicologia positiva (o ramo da psicologia que estuda o que torna as pessoas felizes) aponta “estar na zona” como um dos pilares primários de uma vida feliz. Estar focado na ação implica, necessariamente, não estar focado nos sacrifícios ou benefícios materiais que a ação possa suscitar no futuro. Estes dois são diretamente opostos: focar-se no seu dharma aqui e agora, e ansiar por resultados futuros. Este ponto é tão importante que Krishna não o menciona menos do que dez vezes na Bhagavad-gita. Esta mudança de paradigma é a chave para um grande salto de bem-estar.

A Mudança de Paradigma: Vida vs. Fantasia

A mente destreinada frequentemente se esforça por encontrar soluções externas para a vida. Em um processo interminável, a pessoa constantemente busca ajustar a realidade externa para adequá-la a seus desejos. Listas de felicidades condicionais são sempre atualizadas. A mente destreinada, portanto, passa muito tempo no futuro, no que chamo de “mundo de fantasia”, sonhando acordada com o que parece um futuro melhor. Basicamente, esses desejos envolvem mudar o futuro de três maneiras: 1) obtendo coisas (novo carro, telefone, casa, etc.), 2) fazendo pessoas cooperarem com seus planos (como encontrando um esposo ou esposa, ou esperando que o patrão trate você melhor), e 3) tendo a esperança de que situações favoráveis surgirão (como obter um emprego, ficar em forma ou fechar um contrato). É frequente que nada significativo aconteça quando alguém atinge uma dessas metas. Desejos, uma vez realizados, frequentemente satisfazem muito pouco, e logo outros desejos começam a exercer pressão e assumirem o centro do palco da mente. Viver assim é um dos principais componentes para se ter uma vida muito ruim. Quando a mente está no futuro, desejando resultados futuros, ansiedades em relação a consequências futuras são inevitáveis. Nessa situação, igualmente inevitável é a frustração com a vida como ela é hoje, a ira quando surgem obstáculos que aparentemente adiam a realização desses desejos, e o medo de que tudo termine muito mal. Sejamos honestos: todos nós já tentamos viver assim, e simplesmente não funciona. Nunca funcionou. Esse não é um caminho para se obter paz, satisfação e felicidade.

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Quando a mente deseja resultados futuros, a ansiedade é algo inevitável.

Então, a mudança de paradigma é necessária. Em vez de focar no futuro, na crença ilusória de que alguma combinação de realidade externa (estas coisas, com aquelas pessoas, naquela situação) será a chave para a sua felicidade, o foco está em simplesmente viver bem a vida, aqui e agora, centrado no seu dharma. Vida vs. fantasia. A vida está acontecendo a todo momento. É um fluxo, uma constante corrente de eventos. O desafio é estar completamente presente conforme acontece. A felicidade surge de cumprir o seu dharma bem, aqui e agora, indo de um dharma a outro, ao longo do seu dia – sendo a melhor pessoa que você pode ser hoje, neste exato momento, sincero consigo. É simples assim. Não há necessidade (e, francamente, pouquíssima utilidade) em ficar sonhando acordado com um futuro. A realidade é mais bela do que qualquer sonho, se você simplesmente aprender a acessar isso por completo. Eventos futuros se descortinarão sob a força todo-poderosa do tempo. A vida, em sua maior parte, acontece de maneira muito diferente do que qualquer coisa que você imaginou anteriormente. E isso não é algo ruim, nem algo bom. Apenas é. Trata-se da realidade. Quanto mais conseguimos nos sintonizar com a realidade, mais felizes ficamos. Em vez de imaginar que certa combinação de coisas, pessoas e situações trará paz e felicidade para você no futuro, você deve buscar paz e felicidade na vida como ela é, na bênção maravilhosa de estar ativo em seu dharma, de estar vivo, agora mesmo.

Os 7 Dharmas

Listarei, agora, sete categorias básicas de dharma para ajudar em um melhor entendimento do que é o dharma e como é fácil identificá-lo. É claro que há sutilezas, mas estas sete categorias maiores servem como forte diretriz.

1. Dharma Vocacional

O primeiro dharma, eu costumo dizer, é o mais difícil de todos, pelo menos para a maior parte das pessoas. O primeiro dharma é o chamado de sua vida, sua vocação. Nasce de sua natureza psicofísica. Algumas pessoas têm a bênção de conhecer sua vocação ainda com pouca idade. Já vi isso pessoalmente no caso de alguns dançarinos, artistas plásticos e atores com que me encontrei. São comuns histórias de atletas que se destacaram tanto que seus parentes e professores naturalmente os orientaram para se tornarem profissionais do esporte. Há outros que têm um QI tão aguçado que naturalmente gravitam em torno de trabalhos acadêmicos e científicos. Para a maioria, isso pode ser uma batalha.


Muitos sofrem por se formarem e atuarem em áreas que não correspondem à sua natureza psicofísica.

A razão para isso ser uma batalha é que a sociedade ensina às pessoas desde tenra idade que o que elas realmente precisam é dinheiro, com metas secundárias de estabilidade e respeito. Em outras palavras, quase todos aprendem, desde o nascimento, a escolher o paradigma fantasia. Em vez de ensinarem as pessoas a fazerem aquilo em que são boas e ajudarem-nas a desenvolverem suas inclinações e talentos únicos, o mais frequente é que os pais, a cultura e o sistema escolar tratem as pessoas como folhas em branco, dando-lhes uma educação que supostamente serve para todos e os encorajando a fazer tanto dinheiro quanto possível.

Então, aqui estão algumas dicas para ajudar você a encontrar sua vocação. Lembre-se de que nunca é tarde demais.

  1. Quando estiver meditando sobre o que você gostaria de fazer, remova de sua equação qualquer fator externo. A questão é quem você é, e não preocupações práticas.
  2. Esqueça o dinheiro. Não pense: “Ah! Não posso trabalhar com arte porque isso não pagará minhas contas”, “Não posso cursar Filosofia porque que tipo de emprego eu conseguiria?” Remova tais considerações da mente. Uma maneira de fazer isso é pensar: “Se eu ganhasse na loteria, eu gostaria de trabalhar com...”
  3. Esqueça a pressão social e o orgulho. Não se trata do que seus pais querem que você faça. Se você não se atrai pela vida militar, não faz diferença se existem cinco gerações contínuas de militares na sua família. Não se trata de status social também. Talvez a sociedade não aprecie um porteiro ou garçom, mas são profissões perfeitamente nobres. Quem possui a natureza psicofísica para o ofício de porteiro e está fazendo isso está muito melhor situado do que alguém exercendo a profissão de advogado apesar de ter a natureza psicofísica, na verdade, para a ocupação de musicista. O porteiro pode facilmente encontrar paz e felicidade em seu trabalho, enquanto o advogado sempre se sentirá frustrado e não realizado.
  4. Não pense apenas no que você gostaria de fazer. Você talvez goste de fazer muitas coisas. Em vez disso, pense no que é aquela atividade específica que você não consegue ficar sem. Tente pensar qual é o tipo dominante de atividade para a qual você é naturalmente atraído.
  5. Uma nota para professores: professores têm uma vocação dupla. Primeiramente, têm de aceitar que nasceram para ensinar e, em seguida, têm que encontrar a temática de ensino para a qual têm maior inclinação.

Encontrar sua vocação envolve quem você é agora e é algo que está ali para ser descoberto, de modo que há ferramentas e processos que você pode usar para ajudá-lo quanto a isso, incluindo: testes vocacionais, conversar com pessoas que são próximas a você e até mesmo astrologia védica. O melhor a fazer é apenas olhar seriamente para dentro do próprio coração e sentir sua natureza. Passe algum tempo sozinho, em silêncio, e reflita demoradamente. Seja corajoso e esteja disposto a aceitar sua verdadeira natureza. Não se traia. Não deixe o medo do futuro parar você.

Encontrar sua natureza é essencial. Passar suas horas de trabalho fazendo algo não adequado à sua natureza psicofísica desgastará suas chances de felicidade. É uma ofensa à sua pessoa. É como manter seu verdadeiro eu trancado em algum lugar distante.

2. Dharma Natural

Krishna explica na Bhagavad-gita que, entre outras coisas, um yogi tem que satisfazer três necessidades naturais: 1) dormir, 2) comer e 3) recrear. Chamo isso de nosso “dharma natural”, porque se tratam de necessidades naturais centrais do corpo e da mente. Krishna enfatiza que não se deve comer ou dormir em excesso nem comer ou dormir menos do que o necessário. Quanto é “em excesso”? Bem, o que seja em excesso para você. Somos todos diferentes. E, em diferentes momentos de sua vida, o que é demais ou insuficiente para você irá variar. Portanto, você tem que encontrar o seu equilíbrio. Viver o seu dharma é, precisamente, ter equilíbrio, sabendo quando mudar de um dharma para outro, em seu limitado dia de 24 horas. O dharma natural significa que você tem que levar a sério, como um dever, como parte de sua essência, os atos simples de comer, dormir e recrear.

Você tem que reservar um tempo para comer, para valorizar esse momento. Comer não deve ser empurrar comida para dentro da boca enquanto se faz um milhão de outras coisas. Não deve ser algo corrido. É algo que deve ser tratado como um dever sagrado. Um tempo para pensar sobre suas escolhas alimentares, sobre o que você está colocando em sua boca. É o momento crucial do dia em que você está reabastecendo o seu corpo. “Esta refeição é compatível com quem eu sou? É realmente boa para mim? É boa para o planeta?” São escolhas sérias, com consequências sérias. Em um mundo onde as pessoas estão se matando e destruindo o planeta com más escolhas alimentares, é fácil ver como tomarmos o ato de comer como um dos dharmas fundamentais pode ser muito importante.

Dormir não é uma perda de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física. Falta de sono pode ter um impacto negativo tremendo em sua saúde, e até mesmo matar, no caso de dormir ao volante ou em outra situação similar. É seu dever fazer todos os arranjos necessários para dormir bem e dormir o bastante. Dormir não deve ser algo que você faz quando não é mais capaz de ficar de pé e algo que você interrompe porque é forçado a se levantar para trabalhar. Como dormir o bastante é seu dharma, é seu dever, você tem que organizar sua vida de forma que essa necessidade mental e corpórea crucial seja acomodada. Ver o sono como seu dharma significa também que, quando você vai para a cama, não deve estar pensando em outros dharmas, como o trabalho. Você deve simplesmente dormir. Limpe sua mente e esteja no aqui e agora de simplesmente dormir.

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Dormir não é uma perda de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física.

Ver a recreação como um dos seus dharmas significa que você pode dispersar todo sentimento de culpa quando você consegue tempo para se divertir ou sair de férias. Isso também significa que você deve reservar um tempo para se divertir e sair de férias. Alguém que trabalha demais e não se diverte nada acaba se tornando alguém muito carrancudo... e pouco dhármico também. Eu, pessoalmente, acho fascinante e confortador que um texto clássico como a Bhagavad-gita, descrevendo o que é preciso para se iluminar, mencione a importância da recreação.

3. Dharma Ocupacional

Independente de se você encontrou sua verdadeira natureza, quando você aceita um emprego, gerencia seu próprio negócio ou se matricula em um programa de estudo de horário integral, você aceitou um grande dharma. Chamo isso de “dharma ocupacional”. É, em geral, o que mais exige horas do seu dia, em virtude do que é muito importante que você veja seu trabalho ou estudo como um dharma, e não como um fardo ou imposição externa.

Porque é um dharma, você não deve aceitar um trabalho que cause dor e destruição desumana. A expressão de sua vida, por exemplo, não pode ser ajudar a causar câncer e vícios em milhões de pessoas, roubar ou utilizar indevidamente recursos públicos, destruir a economia, tirar o dinheiro de outras pessoas através de mentiras, matar animais inocentes ou contribuir para a destruição do planeta. Não pode haver felicidade nisso, e nenhum argumento deve conseguir convencer você da necessidade de aceitar uma ocupação tão degradante como essas exemplificadas.

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Nenhum argumento deve convencê-lo a aceitar uma ocupação degradante, como promover vício e doenças entre a população.

Ver seu trabalho como dharma significa aplicar o mesmo princípio de mindfulness para as muitas ações que o circundam. Isso quer dizer que você jamais deve ver seu trabalho ou estudo como um meio para um fim. O trabalho jamais deve se destinar a ganhar dinheiro, e seus estudos jamais devem ter por finalidade conseguir um diploma para conseguir um emprego. Esse tipo de pensamento torturará você e tornará seus dias longos e sofridos. Em vez disso, cada atividade para a qual você é convocado deve ser feita tão bem quanto você seja capaz, com tanto de sua atenção dedicada a isso quanto possível. O foco deve ser a ação em si, não o dia como um todo, nem a carreira, nem o salário ou outra meta no futuro.

Se você está se sentindo estressado no seu trabalho, é um sinal bem claro de que sua mente está fora de controle. Estresse é um indicador de que você ou está ansiando por algum futuro positivo ou está temendo algum acontecimento negativo. Em outras palavras, sua mente o está arrastando para o futuro e o enlouquecendo. Então, traga seu foco de volta para uma ação por vez. Se é hora de se sentar em uma reunião ou sala de aula, esteja ali, presente, sendo a melhor pessoa que você pode ser naquele momento. Se é hora de preparar uma apresentação, para vender papel ou qualquer outra coisa, então faça isso somente, faça o melhor que pode fazer e não fique se desgastando com pensamentos do que virá depois, não fique percorrendo as postagens de redes sociais ou respondendo a e-mails. Mantenha sua completa atenção em uma coisa de cada vez.

4. Dharma Pessoal

Toda relação pessoal cria uma demanda dhármica. A qualidade e o tipo de relação determina “o peso” das demandas dhármicas ou, em outras palavras, quanto do seu tempo você tem que investir na relação e o quanto de responsabilidade existe no seu papel nesse relacionamento. Mães e pais têm a maior demanda de todas. O dharma de criar os filhos é seríssimo. Donos de animais de estimação também assumem um dharma similar ao de maternidade e paternidade em relação aos seus companheiros animais. O dharma de ser filho ou filha é o segundo mais importante, mas não se compara ao de ser mãe e pai. Amigos muito próximos também criam laços dhármicos. Existem variados níveis de responsabilidade com outros membros familiares, irmãos, vizinhos, colegas de trabalho, etc.

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Você tem que perceber o que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir sua responsabilidade.

Ver toda relação pessoal como dharma, como parte de uma definição de quem somos, como um dever sagrado, significa que você tem que ir além do egoísmo e da preguiça. Você tem que estar ciente dessa relação e sentir o que é preciso para honrá-la, para apreciá-la. Também significa que você quer estar completamente presente quando lida com a pessoa. Se é o momento de dar um telefonema para exercitar seu dharma pessoal com sua esposa, esteja completamente presente, exercendo tanta conexão e tanto amor quanto você seja capaz. Se é hora de passar algum tempo brincando e educando seus filhos, esteja ali por completo. Se entregue a isso. Não deixe sua mente arrastar você para pensamentos referentes ao trabalho. Não dê atenção para sua mente lhe dizendo que, em vez de brincar com um carrinho barulhento, ela preferiria estar malhando na academia ou lendo um livro em um ambiente tranquilo.

O dharma pessoal possui uma importância enorme. Se você não der tempo e energia suficientes para seus relacionamentos pessoais, você está fadado a sofrer, independente do que mais você acredite estar obtendo. Você tem que ter a sensibilidade de perceber o que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir essa responsabilidade com plena atenção, dando o seu melhor.

5. Dharma Comunitário

Você é parte de uma comunidade, residente de uma cidade e estado, e cidadão de um país. Isso significa que você tem benefícios e responsabilidades compartilhados. Espera-se que o governo providencie estradas, iluminação pública, eletricidade, água, proteção contra criminosos e invasores estrangeiros, etc., e, em troca, pelo menos, você tem que pagar seus impostos e obedecer às leis. Ainda melhor, você deve ver seu dharma comunitário como um chamado para tornar melhor a vida daqueles que vivem em seu entorno. Você pode ajudar com ideias ou com serviço voluntário? Você pode se engajar na exigência de melhores direitos civis, melhores serviços públicos? Você pode ajudar aprimorando a escola dos seus filhos? Não podemos, todos nós, pensar que isso é problema dos outros. Onde há um crescimento dessa tendência de pensar que outra pessoa deveria se preocupar com o bem público, ali encontraremos políticos corruptos e péssimos serviços governamentais. Assim, de um lado, devemos ser ao menos membros conscientes de nossa comunidade, pagando nossos tributos e seguindo as leis, e, por outro lado, devemos participar ativamente no aprimoramento da sociedade.

6. Dharma Universal

O dharma comunitário possui um foco mais imediato na comunidade e no país em que você vive. Contudo, estamos todos interconectados. Não apenas compartilhamos de uma conexão natural com aqueles da nossa espécie, mas também uma conexão com todos os habitantes do planeta Terra. Essa conexão nos define, é parte de quem somos, diante do que é parte do nosso dharma como um todo. Chamo isso de nosso “dharma universal”. Conforme você evolui, naturalmente você se torna mais e mais afinado com o mundo ao seu redor, sensível ao que está acontecendo. Uma pessoa espiritualmente madura não é indiferente à destruição do planeta e ao sofrimento de outros, e assume a parte que lhe cabe para tornar o mundo um lugar melhor. Isso se chama compaixão.

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Ser ecológico é uma das manifestações do dharma universal.

Alguns exemplos de prática desse dharma universal são: 1) fazer o melhor para ser ecológico, 2) ser um consumidor consciente, 3) fazer sua parte em uma emergência, acidente ou desastre natural e 4) buscar saber se você pode ajudar quando há sofrimento em grande escala em nações distantes.

7. Dharma Espiritual

Por último, mas certamente não menos importante, está a categoria do dharma espiritual. Seu eu espiritual é a definição última de quem você é, sua essência no sentido último da palavra. Mesmo se, neste ponto, você não “assina embaixo” da ideia de ser mais do que este corpo, você ainda pode compreender o dharma espiritual como seu dever de ser a melhor pessoa possível, de ser completamente justo consigo mesmo.

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A conexão com Deus, quando experimentada de forma madura, é a parte mais profunda do dharma.

Com o tempo, uma vez que você entenda que você só pode se definir perfeitamente quando entenda sua relação com Deus, então, como parte de sua essência mais íntima, como a definição central de si mesmo, você gozará alegremente dessa conexão, chamada devoção, como a parte mais profunda do seu dharma espiritual. Exercitar seu dharma espiritual é assumir seriamente a responsabilidade de aprimorar-se e de conhecer-se.

Mudança de Dharma e Mindfulness

Foco no dharma é uma ótima maneira de checar se você está praticando o mindfulness; em outras palavras, se você está realmente focado no aqui e agora. Por exemplo, você está se divertindo com um passeio de bicicleta e um pneu estoura, ou você está trabalhando e recebe uma ligação e toma conhecimento de uma emergência familiar com a qual você tem que lidar. A tendência natural é você se perturbar. Quando isso acontece, simplesmente pare. Respire fundo algumas vezes. O que acabou de acontecer foi uma mudança de dharma. Você estava contente no seu dharma de recreação, andando de bicicleta, então, de repente, isso mudou para o dharma de arrumar a bicicleta. Você estava absorto no seu dharma ocupacional, trabalhando no computador, mas, então, você foi forçado a interromper isso para lidar com um dharma pessoal. Não se perturbe. Apenas entenda que aconteceu uma mudança de dharma. Se fixe no novo dharma, fixe sua mente nele, aqui e agora. Viva bem o novo momento. Não resista ao fluxo da vida e às demandas dhármicas sempre em mutação, que podem vir em momentos muito inesperados.

Antes de fazer qualquer coisa, certifique-se, primeiramente, que é seu dharma fazer isso. Algumas vezes, surgem em nossa mente ideias sem sentido que é melhor não executarmos. Outras vezes, alguém talvez queira pressioná-lo a fazer algo que é contra o seu dharma. Então, primeiro cheque e, então, seja firme o bastante para dizer não a você mesmo ou a outros caso a ação em questão não seja o seu dharma. Se é, entretanto, se fixe nisso, apesar de algum apego por fazer outra coisa, preguiça ou mesmo medo. Se é o seu dever, seu dharma, simplesmente faça, com sua mente inteiramente centrada nisso. Não permita que sua mente torture você. Não faça uma coisa desejando fazer outra. Se você tem que fazer algo, se é parte do seu dharma, realmente se entregue a isso, mesmo caso não estivesse nos seus planos ou mesmo caso não se sinta apto para isso. O resultado será que você mais uma vez se sentirá harmônico e em paz.

Dharma como um Guia e um Caminho para Simplificar a Vida

Conforme você desenvolva sua sensibilidade às demandas dhármicas do momento, saber o que fazer de um momento a outro se torna tão claro e fácil quanto trafegar por uma rodovia. À medida que você desenvolve essa habilidade, você terá a clareza de conhecer qual é a melhor coisa para se fazer agora, e terá, portanto, a determinação natural, nascida de estar livre de dúvidas, para se fixar completamente nisso. Isso permite que você aproveite ao máximo cada dia, aproveite ao máximo cada ato, absorto em mindfulness, sendo o melhor que você pode ser.

O dharma também ajudará você a se aliviar do estresse de múltiplas demandas, seja no trabalho, seja em casa ou, ainda pior, por múltiplos desejos. Dharma é sinônimo de uma ação principal por vez. Desejos são ilimitados, e, se você permitir isso, clientes, membros familiares, colegas e seu patrão irão colocar em cima de você uma lista infindável de demandas. Todavia, uma vez que você fique confiante no exercício de identificar seu dharma, de priorizar suas ações de acordo com seu dharma, você terá a paz de fazer uma coisa de cada vez, com sua mente focada nessa única ação. Nunca é seu dharma fazer mais do que você consegue – somente fazer o melhor que você pode.

Focar-se no seu dharma conduz ao desenvolvimento de simplicidade, que é uma qualidade maravilhosa. Quanto mais você foca naquilo que você tem que fazer, na expressão de si mesmo, você naturalmente se interessa menos em criar demandas desnecessárias em sua vida ou em comprar coisas que você não precisa. Você desejará comprar apenas coisas que ajudem na realização do seu dharma e nada mais. Viver essa mudança de paradigma de se centrar no seu dharma significa que você dedica cada vez menos atenção aos desejos caprichosos e planos ilusórios e extravagantes para a felicidade. Simplesmente viver seu dharma em mindfulness é algo tão completo e recompensador que você não sente mais a necessidade de buscar felicidade em comprar coisas que você não precisa. Conforme você desenvolva uma crescente sensibilidade em relação ao seu dharma, você não precisará buscar coisas para ocupar seu tempo. Você saberá o que fazer de um momento ao outro, e você valorizará ter tanta liberdade quanto possível para exercer os seus dharmas com toda a sua atenção. Você entenderá que tempo é a posse mais valiosa. Quanto mais demandas você conseguir remover do seu cronograma, mais paz você experimentará em relação a ser capaz de focar em seus dharmas centrais. Casas menores significam menos manutenção e menos tempo gasto com limpeza. Menos roupas significam guarda-roupas menores. Andar de bicicleta ou usar o transporte público, em vez de dirigir, significa menos tempo cuidando do carro. Viver perto do trabalho significa menos tempo no trânsito. Qualquer coisa que você possa fazer para simplificar sua vida resultará em mais paz e, então, mais felicidade. Essa simplicidade é priorizar o seu verdadeiro eu.

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Fonte: Amigos de krishna - Giridhari Das

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