Encontrando
Seu Propósito - Os 7 Dharmas
Desde nossas
necessidades fisiológicas até nossa relação com Deus, muitos detalhes formam
nossa natureza, e darmos a devida atenção a tudo que nos constitui é uma
condição fundamental para podermos nos realizar
plenamente.
Dharma é um conceito muito
rico, e a palavra tem muitos significados, mas meu foco será no dharma
como aquilo que precisa ser feito – essência e dever. O dever pode ser algo
imposto. A essência não pode ser imposta. Dharma, portanto, é aquele
dever que nasce de quem você realmente é, que nasce de sua natureza. Não é uma
imposição externa ou social. É o que você precisa fazer, em qualquer dado
momento, para ser a melhor pessoa que você pode ser. É fazer a coisa certa na
hora certa. Ser dhármico é mais do que simplesmente fazer o que é bom ou
evitar uma conduta danosa ou violenta, embora isso certamente esteja incluído no
conceito, e pode-se reduzir isso a uma lista do que se deve evitar. O
dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua vida.
Grandes mudanças no seu dharma podem ocorrer, literalmente, de um segundo
para o outro. Uma maneira de entender o dharma é refrasear os clássicos
dizeres: “Não pergunte o que o mundo pode fazer por você, mas pergunte o que
você pode fazer pelo mundo”.
Dharma é o princípio
orientador da vida, a cada momento lhe demonstrando o que você deve fazer,
respondendo suas dúvidas em relação a que curso seguir e simplificando as ações
da vida. Dharma é sua integridade na ação e a verdadeira expressão do seu
ser. Você encontrará seu lugar no mundo uma vez que você se afine com seu
dharma.
O
dharma é fluídico, vivo e sensível aos diferentes aspectos de sua
vida.
O dharma é uma
parte integral da natureza. Não é uma construção psicológica ou um conceito
religioso. O nível de fidelidade que você tem ao seu dharma afetará
diretamente como você se sente diariamente. Ser fiel a si mesmo significa agir
de acordo com seu dharma. Assim, quanto mais você pode se afinar com seu
dharma, mais você pode agir com base no seu dharma e mais você se
sentirá satisfeito, completo, real e feliz. Quanto mais dhármico for o
seu comportamento, mais você se sentirá satisfeito com quem você é agora. Por
fim, quanto mais dhármica for a sua vida, mais você poderá recapitulá-la
com alegria e com um sentimento de realização.
Estar na
Zona
Mindfulness e dharma andam
lado a lado. Dharma é algo tão natural que o que você precisa para estar
cada vez mais afinada com ele é remover o que não é natural, em especial
egoísmo, medo e cobiça. Outra maneira de dizer o mesmo é que, se você for vítima
de sua lista de felicidades condicionais, ou simplesmente carecer de consciência
suficiente de suas ações, você não conseguirá ver o seu dharma. O foco
perfeito no aqui e agora é centrar-se no seu dharma e colocar toda a sua
atenção em realizar seu dharma no máximo de sua capacidade. Isso, por si
só, trará uma felicidade imediata e sustentável. Você já experimentou isso
muitas e muitas vezes. Você talvez se lembre de muitos momentos em que você se
focou totalmente em fazer algo que era seu dever, sem qualquer consideração em
relação a si mesmo ou a recompensas futuras ou mesmo a perigos. Pais, em
especial mães com bebês, experimentam isso com frequência. Essa experiência é
chamada de “estar na zona”. A psicologia positiva (o ramo da psicologia que
estuda o que torna as pessoas felizes) aponta “estar na zona” como um dos
pilares primários de uma vida feliz. Estar focado na ação implica,
necessariamente, não estar focado nos sacrifícios ou benefícios materiais que a
ação possa suscitar no futuro. Estes dois são diretamente opostos: focar-se no
seu dharma aqui e agora, e ansiar por resultados futuros. Este ponto é
tão importante que Krishna não o menciona menos do que dez vezes na
Bhagavad-gita. Esta mudança de paradigma é a chave para um grande salto
de bem-estar.
A Mudança de Paradigma:
Vida vs. Fantasia
A mente destreinada
frequentemente se esforça por encontrar soluções externas para a vida. Em um
processo interminável, a pessoa constantemente busca ajustar a realidade externa
para adequá-la a seus desejos. Listas de felicidades condicionais são sempre
atualizadas. A mente destreinada, portanto, passa muito tempo no futuro, no que
chamo de “mundo de fantasia”, sonhando acordada com o que parece um futuro
melhor. Basicamente, esses desejos envolvem mudar o futuro de três maneiras: 1)
obtendo coisas (novo carro, telefone, casa, etc.), 2) fazendo pessoas cooperarem
com seus planos (como encontrando um esposo ou esposa, ou esperando que o patrão
trate você melhor), e 3) tendo a esperança de que situações favoráveis surgirão
(como obter um emprego, ficar em forma ou fechar um contrato). É frequente que
nada significativo aconteça quando alguém atinge uma dessas metas. Desejos, uma
vez realizados, frequentemente satisfazem muito pouco, e logo outros desejos
começam a exercer pressão e assumirem o centro do palco da mente. Viver assim é
um dos principais componentes para se ter uma vida muito ruim. Quando a mente
está no futuro, desejando resultados futuros, ansiedades em relação a
consequências futuras são inevitáveis. Nessa situação, igualmente inevitável é a
frustração com a vida como ela é hoje, a ira quando surgem obstáculos que
aparentemente adiam a realização desses desejos, e o medo de que tudo termine
muito mal. Sejamos honestos: todos nós já tentamos viver assim, e simplesmente
não funciona. Nunca funcionou. Esse não é um caminho para se obter paz,
satisfação e felicidade.
Quando a mente deseja
resultados futuros, a ansiedade é algo inevitável.
Então, a mudança de
paradigma é necessária. Em vez de focar no futuro, na crença ilusória de que
alguma combinação de realidade externa (estas coisas, com aquelas pessoas,
naquela situação) será a chave para a sua felicidade, o foco está em
simplesmente viver bem a vida, aqui e agora, centrado no seu dharma. Vida
vs. fantasia. A vida está acontecendo a todo momento. É um fluxo, uma
constante corrente de eventos. O desafio é estar completamente presente conforme
acontece. A felicidade surge de cumprir o seu dharma bem, aqui e agora,
indo de um dharma a outro, ao longo do seu dia – sendo a melhor pessoa
que você pode ser hoje, neste exato momento, sincero consigo. É simples assim.
Não há necessidade (e, francamente, pouquíssima utilidade) em ficar sonhando
acordado com um futuro. A realidade é mais bela do que qualquer sonho, se você
simplesmente aprender a acessar isso por completo. Eventos futuros se
descortinarão sob a força todo-poderosa do tempo. A vida, em sua maior parte,
acontece de maneira muito diferente do que qualquer coisa que você imaginou
anteriormente. E isso não é algo ruim, nem algo bom. Apenas é. Trata-se da
realidade. Quanto mais conseguimos nos sintonizar com a realidade, mais felizes
ficamos. Em vez de imaginar que certa combinação de coisas, pessoas e situações
trará paz e felicidade para você no futuro, você deve buscar paz e felicidade na
vida como ela é, na bênção maravilhosa de estar ativo em seu dharma, de
estar vivo, agora mesmo.
Os 7
Dharmas
Listarei, agora, sete
categorias básicas de dharma para ajudar em um melhor entendimento do que
é o dharma e como é fácil identificá-lo. É claro que há sutilezas, mas
estas sete categorias maiores servem como forte diretriz.
1. Dharma
Vocacional
O primeiro
dharma, eu costumo dizer, é o mais difícil de todos, pelo menos para a
maior parte das pessoas. O primeiro dharma é o chamado de sua vida, sua
vocação. Nasce de sua natureza psicofísica. Algumas pessoas têm a bênção de
conhecer sua vocação ainda com pouca idade. Já vi isso pessoalmente no caso de
alguns dançarinos, artistas plásticos e atores com que me encontrei. São comuns
histórias de atletas que se destacaram tanto que seus parentes e professores
naturalmente os orientaram para se tornarem profissionais do esporte. Há outros
que têm um QI tão aguçado que naturalmente gravitam em torno de trabalhos
acadêmicos e científicos. Para a maioria, isso pode ser uma batalha.
Muitos sofrem por se
formarem e atuarem em áreas que não correspondem à sua natureza
psicofísica.
A razão para isso ser
uma batalha é que a sociedade ensina às pessoas desde tenra idade que o que elas
realmente precisam é dinheiro, com metas secundárias de estabilidade e respeito.
Em outras palavras, quase todos aprendem, desde o nascimento, a escolher o
paradigma fantasia. Em vez de ensinarem as pessoas a fazerem aquilo em que são
boas e ajudarem-nas a desenvolverem suas inclinações e talentos únicos, o mais
frequente é que os pais, a cultura e o sistema escolar tratem as pessoas como
folhas em branco, dando-lhes uma educação que supostamente serve para todos e os
encorajando a fazer tanto dinheiro quanto possível.
Então, aqui estão
algumas dicas para ajudar você a encontrar sua vocação. Lembre-se de que nunca é
tarde demais.
- Quando estiver meditando sobre o que
você gostaria de fazer, remova de sua equação qualquer fator externo. A questão
é quem você é, e não preocupações práticas.
- Esqueça o dinheiro. Não pense: “Ah! Não
posso trabalhar com arte porque isso não pagará minhas contas”, “Não posso
cursar Filosofia porque que tipo de emprego eu conseguiria?” Remova tais
considerações da mente. Uma maneira de fazer isso é pensar: “Se eu ganhasse na
loteria, eu gostaria de trabalhar com...”
- Esqueça a pressão social e o orgulho.
Não se trata do que seus pais querem que você faça. Se você não se atrai pela
vida militar, não faz diferença se existem cinco gerações contínuas de militares
na sua família. Não se trata de status social também. Talvez a sociedade
não aprecie um porteiro ou garçom, mas são profissões perfeitamente nobres. Quem
possui a natureza psicofísica para o ofício de porteiro e está fazendo isso está
muito melhor situado do que alguém exercendo a profissão de advogado apesar de
ter a natureza psicofísica, na verdade, para a ocupação de musicista. O porteiro
pode facilmente encontrar paz e felicidade em seu trabalho, enquanto o advogado
sempre se sentirá frustrado e não realizado.
- Não pense apenas no que você gostaria de
fazer. Você talvez goste de fazer muitas coisas. Em vez disso, pense no que é
aquela atividade específica que você não consegue ficar sem. Tente pensar qual é
o tipo dominante de atividade para a qual você é naturalmente
atraído.
- Uma nota para professores: professores
têm uma vocação dupla. Primeiramente, têm de aceitar que nasceram para ensinar
e, em seguida, têm que encontrar a temática de ensino para a qual têm maior
inclinação.
Encontrar sua vocação
envolve quem você é agora e é algo que está ali para ser descoberto, de modo que
há ferramentas e processos que você pode usar para ajudá-lo quanto a isso,
incluindo: testes vocacionais, conversar com pessoas que são próximas a você e
até mesmo astrologia védica. O melhor a fazer é apenas olhar seriamente para
dentro do próprio coração e sentir sua natureza. Passe algum tempo sozinho, em
silêncio, e reflita demoradamente. Seja corajoso e esteja disposto a aceitar sua
verdadeira natureza. Não se traia. Não deixe o medo do futuro parar
você.
Encontrar sua natureza é
essencial. Passar suas horas de trabalho fazendo algo não adequado à sua
natureza psicofísica desgastará suas chances de felicidade. É uma ofensa à sua
pessoa. É como manter seu verdadeiro eu trancado em algum lugar
distante.
2. Dharma
Natural
Krishna explica na
Bhagavad-gita que, entre outras coisas, um yogi tem que satisfazer
três necessidades naturais: 1) dormir, 2) comer e 3) recrear. Chamo isso de
nosso “dharma natural”, porque se tratam de necessidades naturais
centrais do corpo e da mente. Krishna enfatiza que não se deve comer ou dormir
em excesso nem comer ou dormir menos do que o necessário. Quanto é “em excesso”?
Bem, o que seja em excesso para você. Somos todos diferentes. E, em diferentes
momentos de sua vida, o que é demais ou insuficiente para você irá variar.
Portanto, você tem que encontrar o seu equilíbrio. Viver o seu dharma é,
precisamente, ter equilíbrio, sabendo quando mudar de um dharma para
outro, em seu limitado dia de 24 horas. O dharma natural significa que
você tem que levar a sério, como um dever, como parte de sua essência, os atos
simples de comer, dormir e recrear.
Você tem que reservar um
tempo para comer, para valorizar esse momento. Comer não deve ser empurrar
comida para dentro da boca enquanto se faz um milhão de outras coisas. Não deve
ser algo corrido. É algo que deve ser tratado como um dever sagrado. Um tempo
para pensar sobre suas escolhas alimentares, sobre o que você está colocando em
sua boca. É o momento crucial do dia em que você está reabastecendo o seu corpo.
“Esta refeição é compatível com quem eu sou? É realmente boa para mim? É boa
para o planeta?” São escolhas sérias, com consequências sérias. Em um mundo onde
as pessoas estão se matando e destruindo o planeta com más escolhas alimentares,
é fácil ver como tomarmos o ato de comer como um dos dharmas fundamentais
pode ser muito importante.
Dormir não é uma perda
de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e física. Falta de
sono pode ter um impacto negativo tremendo em sua saúde, e até mesmo matar, no
caso de dormir ao volante ou em outra situação similar. É seu dever fazer todos
os arranjos necessários para dormir bem e dormir o bastante. Dormir não deve ser
algo que você faz quando não é mais capaz de ficar de pé e algo que você
interrompe porque é forçado a se levantar para trabalhar. Como dormir o bastante
é seu dharma, é seu dever, você tem que organizar sua vida de forma que
essa necessidade mental e corpórea crucial seja acomodada. Ver o sono como seu
dharma significa também que, quando você vai para a cama, não deve estar
pensando em outros dharmas, como o trabalho. Você deve simplesmente
dormir. Limpe sua mente e esteja no aqui e agora de simplesmente
dormir.
Dormir não é uma perda
de tempo. É um componente essencial para sua saúde mental e
física.
Ver a recreação como um
dos seus dharmas significa que você pode dispersar todo sentimento de
culpa quando você consegue tempo para se divertir ou sair de férias. Isso também
significa que você deve reservar um tempo para se divertir e sair de férias.
Alguém que trabalha demais e não se diverte nada acaba se tornando alguém muito
carrancudo... e pouco dhármico também. Eu, pessoalmente, acho fascinante
e confortador que um texto clássico como a Bhagavad-gita, descrevendo o
que é preciso para se iluminar, mencione a importância da
recreação.
3. Dharma
Ocupacional
Independente de se você
encontrou sua verdadeira natureza, quando você aceita um emprego, gerencia seu
próprio negócio ou se matricula em um programa de estudo de horário integral,
você aceitou um grande dharma. Chamo isso de “dharma ocupacional”.
É, em geral, o que mais exige horas do seu dia, em virtude do que é muito
importante que você veja seu trabalho ou estudo como um dharma, e não
como um fardo ou imposição externa.
Porque é um
dharma, você não deve aceitar um trabalho que cause dor e destruição
desumana. A expressão de sua vida, por exemplo, não pode ser ajudar a causar
câncer e vícios em milhões de pessoas, roubar ou utilizar indevidamente recursos
públicos, destruir a economia, tirar o dinheiro de outras pessoas através de
mentiras, matar animais inocentes ou contribuir para a destruição do planeta.
Não pode haver felicidade nisso, e nenhum argumento deve conseguir convencer
você da necessidade de aceitar uma ocupação tão degradante como essas
exemplificadas.
Nenhum argumento deve
convencê-lo a aceitar uma ocupação degradante, como promover vício e doenças
entre a população.
Ver seu trabalho como
dharma significa aplicar o mesmo princípio de mindfulness para as
muitas ações que o circundam. Isso quer dizer que você jamais deve ver seu
trabalho ou estudo como um meio para um fim. O trabalho jamais deve se destinar
a ganhar dinheiro, e seus estudos jamais devem ter por finalidade conseguir um
diploma para conseguir um emprego. Esse tipo de pensamento torturará você e
tornará seus dias longos e sofridos. Em vez disso, cada atividade para a qual
você é convocado deve ser feita tão bem quanto você seja capaz, com tanto de sua
atenção dedicada a isso quanto possível. O foco deve ser a ação em si, não o dia
como um todo, nem a carreira, nem o salário ou outra meta no
futuro.
Se você está se sentindo
estressado no seu trabalho, é um sinal bem claro de que sua mente está fora de
controle. Estresse é um indicador de que você ou está ansiando por algum futuro
positivo ou está temendo algum acontecimento negativo. Em outras palavras, sua
mente o está arrastando para o futuro e o enlouquecendo. Então, traga seu foco
de volta para uma ação por vez. Se é hora de se sentar em uma reunião ou sala de
aula, esteja ali, presente, sendo a melhor pessoa que você pode ser naquele
momento. Se é hora de preparar uma apresentação, para vender papel ou qualquer
outra coisa, então faça isso somente, faça o melhor que pode fazer e não fique
se desgastando com pensamentos do que virá depois, não fique percorrendo as
postagens de redes sociais ou respondendo a e-mails. Mantenha sua
completa atenção em uma coisa de cada vez.
4. Dharma
Pessoal
Toda relação pessoal
cria uma demanda dhármica. A qualidade e o tipo de relação determina “o
peso” das demandas dhármicas ou, em outras palavras, quanto do seu tempo
você tem que investir na relação e o quanto de responsabilidade existe no seu
papel nesse relacionamento. Mães e pais têm a maior demanda de todas. O
dharma de criar os filhos é seríssimo. Donos de animais de estimação
também assumem um dharma similar ao de maternidade e paternidade em
relação aos seus companheiros animais. O dharma de ser filho ou filha é o
segundo mais importante, mas não se compara ao de ser mãe e pai. Amigos muito
próximos também criam laços dhármicos. Existem variados níveis de
responsabilidade com outros membros familiares, irmãos, vizinhos, colegas de
trabalho, etc.
Você tem que perceber o
que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir sua
responsabilidade.
Ver toda relação pessoal
como dharma, como parte de uma definição de quem somos, como um dever
sagrado, significa que você tem que ir além do egoísmo e da preguiça. Você tem
que estar ciente dessa relação e sentir o que é preciso para honrá-la, para
apreciá-la. Também significa que você quer estar completamente presente quando
lida com a pessoa. Se é o momento de dar um telefonema para exercitar seu
dharma pessoal com sua esposa, esteja completamente presente, exercendo
tanta conexão e tanto amor quanto você seja capaz. Se é hora de passar algum
tempo brincando e educando seus filhos, esteja ali por completo. Se entregue a
isso. Não deixe sua mente arrastar você para pensamentos referentes ao trabalho.
Não dê atenção para sua mente lhe dizendo que, em vez de brincar com um carrinho
barulhento, ela preferiria estar malhando na academia ou lendo um livro em um
ambiente tranquilo.
O dharma pessoal
possui uma importância enorme. Se você não der tempo e energia suficientes para
seus relacionamentos pessoais, você está fadado a sofrer, independente do que
mais você acredite estar obtendo. Você tem que ter a sensibilidade de perceber o
que cada relacionamento exige de você e estar pronto para cumprir essa
responsabilidade com plena atenção, dando o seu melhor.
5. Dharma
Comunitário
Você é parte de uma
comunidade, residente de uma cidade e estado, e cidadão de um país. Isso
significa que você tem benefícios e responsabilidades compartilhados. Espera-se
que o governo providencie estradas, iluminação pública, eletricidade, água,
proteção contra criminosos e invasores estrangeiros, etc., e, em troca, pelo
menos, você tem que pagar seus impostos e obedecer às leis. Ainda melhor, você
deve ver seu dharma comunitário como um chamado para tornar melhor a vida
daqueles que vivem em seu entorno. Você pode ajudar com ideias ou com serviço
voluntário? Você pode se engajar na exigência de melhores direitos civis,
melhores serviços públicos? Você pode ajudar aprimorando a escola dos seus
filhos? Não podemos, todos nós, pensar que isso é problema dos outros. Onde há
um crescimento dessa tendência de pensar que outra pessoa deveria se preocupar
com o bem público, ali encontraremos políticos corruptos e péssimos serviços
governamentais. Assim, de um lado, devemos ser ao menos membros conscientes de
nossa comunidade, pagando nossos tributos e seguindo as leis, e, por outro lado,
devemos participar ativamente no aprimoramento da sociedade.
6. Dharma
Universal
O dharma
comunitário possui um foco mais imediato na comunidade e no país em que você
vive. Contudo, estamos todos interconectados. Não apenas compartilhamos de uma
conexão natural com aqueles da nossa espécie, mas também uma conexão com todos
os habitantes do planeta Terra. Essa conexão nos define, é parte de quem somos,
diante do que é parte do nosso dharma como um todo. Chamo isso de nosso
“dharma universal”. Conforme você evolui, naturalmente você se torna mais
e mais afinado com o mundo ao seu redor, sensível ao que está acontecendo. Uma
pessoa espiritualmente madura não é indiferente à destruição do planeta e ao
sofrimento de outros, e assume a parte que lhe cabe para tornar o mundo um lugar
melhor. Isso se chama compaixão.
Ser ecológico é uma das
manifestações do dharma universal.
Alguns exemplos de
prática desse dharma universal são: 1) fazer o melhor para ser ecológico,
2) ser um consumidor consciente, 3) fazer sua parte em uma emergência, acidente
ou desastre natural e 4) buscar saber se você pode ajudar quando há sofrimento
em grande escala em nações distantes.
7. Dharma
Espiritual
Por último, mas
certamente não menos importante, está a categoria do dharma espiritual.
Seu eu espiritual é a definição última de quem você é, sua essência no sentido
último da palavra. Mesmo se, neste ponto, você não “assina embaixo” da ideia de
ser mais do que este corpo, você ainda pode compreender o dharma
espiritual como seu dever de ser a melhor pessoa possível, de ser completamente
justo consigo mesmo.
A
conexão com Deus, quando experimentada de forma madura, é a parte mais profunda
do dharma.
Com o tempo, uma vez que
você entenda que você só pode se definir perfeitamente quando entenda sua
relação com Deus, então, como parte de sua essência mais íntima, como a
definição central de si mesmo, você gozará alegremente dessa conexão, chamada
devoção, como a parte mais profunda do seu dharma espiritual. Exercitar
seu dharma espiritual é assumir seriamente a responsabilidade de
aprimorar-se e de conhecer-se.
Mudança de Dharma e
Mindfulness
Foco no dharma é
uma ótima maneira de checar se você está praticando o mindfulness; em
outras palavras, se você está realmente focado no aqui e agora. Por exemplo,
você está se divertindo com um passeio de bicicleta e um pneu estoura, ou você
está trabalhando e recebe uma ligação e toma conhecimento de uma emergência
familiar com a qual você tem que lidar. A tendência natural é você se perturbar.
Quando isso acontece, simplesmente pare. Respire fundo algumas vezes. O que
acabou de acontecer foi uma mudança de dharma. Você estava contente no
seu dharma de recreação, andando de bicicleta, então, de repente, isso
mudou para o dharma de arrumar a bicicleta. Você estava absorto no seu
dharma ocupacional, trabalhando no computador, mas, então, você foi
forçado a interromper isso para lidar com um dharma pessoal. Não se
perturbe. Apenas entenda que aconteceu uma mudança de dharma. Se fixe no
novo dharma, fixe sua mente nele, aqui e agora. Viva bem o novo momento.
Não resista ao fluxo da vida e às demandas dhármicas sempre em mutação,
que podem vir em momentos muito inesperados.
Antes de fazer qualquer
coisa, certifique-se, primeiramente, que é seu dharma fazer isso. Algumas
vezes, surgem em nossa mente ideias sem sentido que é melhor não executarmos.
Outras vezes, alguém talvez queira pressioná-lo a fazer algo que é contra o seu
dharma. Então, primeiro cheque e, então, seja firme o bastante para dizer
não a você mesmo ou a outros caso a ação em questão não seja o seu
dharma. Se é, entretanto, se fixe nisso, apesar de algum apego por fazer
outra coisa, preguiça ou mesmo medo. Se é o seu dever, seu dharma,
simplesmente faça, com sua mente inteiramente centrada nisso. Não permita que
sua mente torture você. Não faça uma coisa desejando fazer outra. Se você tem
que fazer algo, se é parte do seu dharma, realmente se entregue a isso,
mesmo caso não estivesse nos seus planos ou mesmo caso não se sinta apto para
isso. O resultado será que você mais uma vez se sentirá harmônico e em
paz.
Dharma como um Guia e um
Caminho para Simplificar a Vida
Conforme você desenvolva
sua sensibilidade às demandas dhármicas do momento, saber o que fazer de
um momento a outro se torna tão claro e fácil quanto trafegar por uma rodovia. À
medida que você desenvolve essa habilidade, você terá a clareza de conhecer qual
é a melhor coisa para se fazer agora, e terá, portanto, a determinação natural,
nascida de estar livre de dúvidas, para se fixar completamente nisso. Isso
permite que você aproveite ao máximo cada dia, aproveite ao máximo cada ato,
absorto em mindfulness, sendo o melhor que você pode
ser.
O dharma também
ajudará você a se aliviar do estresse de múltiplas demandas, seja no trabalho,
seja em casa ou, ainda pior, por múltiplos desejos. Dharma é sinônimo de
uma ação principal por vez. Desejos são ilimitados, e, se você permitir isso,
clientes, membros familiares, colegas e seu patrão irão colocar em cima de você
uma lista infindável de demandas. Todavia, uma vez que você fique confiante no
exercício de identificar seu dharma, de priorizar suas ações de acordo
com seu dharma, você terá a paz de fazer uma coisa de cada vez, com sua
mente focada nessa única ação. Nunca é seu dharma fazer mais do que você
consegue – somente fazer o melhor que você pode.
Focar-se no seu
dharma conduz ao desenvolvimento de simplicidade, que é uma qualidade
maravilhosa. Quanto mais você foca naquilo que você tem que fazer, na expressão
de si mesmo, você naturalmente se interessa menos em criar demandas
desnecessárias em sua vida ou em comprar coisas que você não precisa. Você
desejará comprar apenas coisas que ajudem na realização do seu dharma e
nada mais. Viver essa mudança de paradigma de se centrar no seu dharma
significa que você dedica cada vez menos atenção aos desejos caprichosos e
planos ilusórios e extravagantes para a felicidade. Simplesmente viver seu
dharma em mindfulness é algo tão completo e recompensador que você
não sente mais a necessidade de buscar felicidade em comprar coisas que você não
precisa. Conforme você desenvolva uma crescente sensibilidade em relação ao seu
dharma, você não precisará buscar coisas para ocupar seu tempo. Você
saberá o que fazer de um momento ao outro, e você valorizará ter tanta liberdade
quanto possível para exercer os seus dharmas com toda a sua atenção. Você
entenderá que tempo é a posse mais valiosa. Quanto mais demandas você conseguir
remover do seu cronograma, mais paz você experimentará em relação a ser capaz de
focar em seus dharmas centrais. Casas menores significam menos manutenção
e menos tempo gasto com limpeza. Menos roupas significam guarda-roupas menores.
Andar de bicicleta ou usar o transporte público, em vez de dirigir, significa
menos tempo cuidando do carro. Viver perto do trabalho significa menos tempo no
trânsito. Qualquer coisa que você possa fazer para simplificar sua vida
resultará em mais paz e, então, mais felicidade. Essa simplicidade é priorizar o
seu verdadeiro eu.
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Fonte: Amigos de krishna - Giridhari Das
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