segunda-feira, 20 de novembro de 2017

ENFRENTANDO A DEPRESSÃO

Enfrentando a Depressão


Bhakti-tirtha Swami

Causas fisiológicas e mentais, a noite escura da alma, a situação específica da mulher, conhecendo os inimigos da mente, a necessidade de terapeutas espiritualmente orientados, influências sutis, a gratidão e a abnegação como instrumentos de cura – uma análise holística do mal do século.


Em seu Relatório sobre a Saúde no Mundo, a Organização Mundial da Saúde relatou sobre a condição da saúde mental ao redor do globo, estimando que 450 milhões de pessoas no planeta sofrem de desordem mental ou comportamental. Ademais, a depressão é agora a principal causa de inabilidade ao redor do mundo, e, entre as dez principais causas do ônus mundial de doenças, a depressão figura em quarto lugar. A Organização Mundial da Saúde estima que, nos próximos vinte anos, a depressão atingirá a posição de segunda maior causa de doenças. Eles também relatam que um milhão de pessoas cometem suicídio ao ano, e cerca de dez e vinte milhões tentam o suicídio.

Considerando estes pontos, é muito importante a nós que somos espiritualistas compreender as doenças mentais a fim de que possamos ajudar as pessoas que sofrem com algum desses problemas. Compreendendo os efeitos dessas perturbações mentais na consciência, ampliaremos nossa efetividade. Este conhecimento é um caminho pelo qual indivíduos com um nível superior de consciência podem auxiliar em muitos ambientes e levar a consciência de Deus. O guerreiro espiritual deve proteger os saudáveis e servir os doentes. De maneira a nos equiparmos, examinaremos as doenças mentais, e especialmente a depressão, a partir de uma perspectiva psicológica, fisiológica e, é claro, espiritual.

Doenças Psicossomáticas

Doenças psicossomáticas desenvolvem-se distintamente a partir da mente, e, em certos casos, a mente de uma pessoa literalmente faz com que ela experimente uma doença ou reprima os sintomas de um tipo particular de enfermidade, até ao ponto de desenvolver paralisia. Psiconeuroimunologia é uma ciência médica e psicológica que estuda a influência da mente sobre o corpo. O que isso tem a ver com depressão? Doenças psicossomáticas ilustram o poder da mente e são importantes para nós que tentamos entender a depressão. Simplesmente por reconhecermos o processo de pensar, sentir e desejar, compreendemos como pensamentos conduzem a ações. Se repetidamente mantemos certos pensamentos em nossa mente, eles, por fim, se tornarão palavras e, em seguida, ações.



Ademais, quando uma pessoa se sente alienada ou não amada, isso afeta a mente. Mais especificamente, isso afeta os neurotransmissores, os quais, então, enviam mensagens através de todo o corpo e, consequentemente, causam um ataque às células e órgãos em nosso próprio corpo. Muitas doenças de fato se desenvolvem devido a frequentes ataques da mente sobre as células e órgãos no corpo - tamanho é o poder da mente. Em sentido contrário, quando uma pessoa se sente cuidada e amada, seu sistema imunológico físico e psíquico de fato se torna mais forte. O amor literalmente cura, protege e prolonga a vida, e a falta de amor literalmente mata.

Fatores Biológicos

Alguns tipos de doenças mentais, bem como a depressão, têm sim uma origem ou contraparte biológica. Há muitos diferentes tipos de indisposições, doenças ou problemas que podem causar uma perturbação mental. 22

A Noite Escura da Alma

A teologia cristã possui um termo chamado "a noite escura da alma", ou um período de sérios testes pelo qual passam todos os sinceros buscadores espirituais. Em certos momentos durante nosso progresso espiritual, talvez vivamos períodos de rápido avanço e crescimento embora achemos difícil perceber a situação dessa maneira positiva. Podemos chegar a um momento em nossas vidas quando começaremos a pensar: "Estou cantando, meditando, orando, jejuando, lendo as escrituras, visitando o templo, a igreja, a sinagoga ou mesquita, seguindo as leis e os princípios espirituais, mas estou infeliz! Onde está Deus?". Neste ponto, o indivíduo até mesmo começa a questionar seriamente a misericórdia e o zelo de Krishna. Semelhante pessoa pode sentir que até mesmo Deus a abandonou.

Muitas vezes caímos em um estado depressivo porque agimos da maneira correta e nosso nível de consciência se elevou, mas não conseguimos compreender as circunstâncias aparentemente negativas e desafiadoras em nossas vidas. Contudo, o Supremo permite que queimemos esse karma de modo que possamos partir para outro capítulo. Se você olhar para trás em sua vida, você talvez se lembre de momentos em que você de fato experienciou esse período e começou a questionar a existência de Deus ou Sua justiça. Porém, quando você olha para trás agora, você compreende o propósito de tais eventos em sua vida porque eles ajudaram você a ampliar ou elevar sua consciência. Frequentemente, o resultado de intenso sofrimento é a elevação da consciência. Tal sofrimento nos dá a intensidade para quebrarmos as últimas camadas de consciência mundana que nos abafam.

A Influência de Entidades Sutis

Em alguns casos, diferentes entidades sutis de fato afetam o corpo. Os pensamentos, desejos e atividades de algumas pessoas são tão degradados e baixos que convidam ou permitem que entidades muito negativas e sinistras entrem em seus corpos e influenciem-nas a se envolverem em atividades extremamente negativas. Portanto, indivíduos que não estão se tornando mais espirituais estão gradualmente perdendo parte de seu livre-arbítrio e sua expressão criativa da consciência. O bombardeio de diferentes tipos de influências e propaganda intrusiva terá um maior efeito sobre nós. Esses fenômenos em maior recorrência também podem causar doenças mentais.

Mulheres São Mais Propensas à Depressão

Mulheres comumente sofrem de depressão mais do que os homens e têm maior susceptibilidade a caírem em estados de depressão. Uma razão é que têm menor controle de seus ambientes e tendem a ser mais emotivas. Quando alguém tem problemas, por exemplo, no âmbito econômico, político, social ou religioso, isso o afetará um pouco menos se ele tiver algum controle sobre a situação. No entanto, quando uma pessoa se encontra no meio de um problema e tem simplesmente de ficar à mercê da situação, isso é muitíssimo estressante à consciência.


A Organização Mundial da Saúde relata que 20% da população feminina mundial foi física ou sexualmente abusada por um homem em algum momento de sua vida. Se uma mulher reprimiu certos aspectos de seu passado, essas memórias podem começar a vir à superfície entre os 35 e 45 anos, o que pode ocasionar perturbações na mente ou na consciência. Um homem talvez não compreenda a batalha de uma mulher durante esse período uma vez que alguns de seus problemas têm raiz em situações de abuso que viveu durante a infância.

A interpretação e aplicação equivocadas de culturas védicas e antigas é outra séria fonte de problemas que facilita a depressão. Uma cultura adepta à ideia de que o homem provê e domina em um arranjo monárquico ou autocrático pode se tornar muito destrutiva se as pessoas abusarem dessa filosofia. Em vez de cuidarem das mulheres e darem facilidades para que sejam felizes, os homens podem criar uma situação completamente oposta, que, então, acarreta vários tipos de abuso. Quando isso acontece, é claro, torna-se grande fonte de depressão para as mulheres. Em muitos casos, os homens simplesmente aceitam o arranjo como cultura e tradição, sem refletirem profundamente sobre a questão ou sentirem-se culpados.

Terapeutas Espiritualmente Orientados

Agora gostaríamos de dedicar algum espaço considerando soluções ou ao menos maneiras saudáveis de lidarmos com a depressão. Primeiramente, necessitamos de terapeutas espiritualmente inclinados, ou terapeutas que apreciem a cultura espiritual e, o mais importante, que esteja verdadeiramente seguindo essa cultura. Conquanto alguns desses desafios mentais sejam fisiológicos ou biológicos, outras perturbações mentais têm raiz na mente, o que significa que a terapia tradicional falada pode ajudar a pessoa a superá-las. Todavia, pode ser perigoso recorrer a um terapeuta que não compreenda ou aprecie a dimensão espiritual, uma vez que podem tornar a situação da pessoa ainda pior.

Quando uma pessoa santa, por exemplo, começa a falar em um espírito de humildade, o terapeuta ordinário categorizará isso como baixa autoestima e começará a tratar o problema como tal. Eles não compreendem que a humildade é parte do tesouro de uma pessoa santificada. A gratidão e a proximidade de um santo com Deus torna-o, por fim, humilde. O espiritualista aspirante talvez esteja fixo em simplicidade e renúncia, mas o terapeuta talvez veja isso como um comportamento antissocial. O santo talvez esteja buscando por castidade ou celibato, mas o terapeuta pode ver isso como uma repressão sexual doentia. A lista se alonga ilimitadamente. Por essas razões, há necessidade de existirem devotos de qualidades divinas com formação específica para servirem suas próprias comunidades e manterem o foco devocional.

Mantendo Tanto o Corpo Quanto a Alma

Algumas vezes, julgamos que podemos solucionar todos os nossos problemas simplesmente através da execução de rituais, e de fato tais práticas podem prover a ajuda essencial se as realizarmos com suficiente profundidade e suficiente pureza. Entretanto, uma vez que semelhante profundidade é muito rara, ajuda adicional é necessário para auxiliar o praticante a remover vários obstáculos. Como instituições e comunidades com valores espirituais se expandem por todo o mundo, precisamos manter o corpo e alma juntos. O santo vaishnava Srila Bhaktivinoda Thakura explica que, a fim de se desenvolver uma comunidade saudável, precisamos equilibrar as seguintes quatro necessidades: (1) Precisamos cuidar do corpo; (2) precisamos estimular de forma apropriada a mente; (3) precisamos de um senso de bem-estar social; e (4) precisamos estudar as escrituras.

Conforme embarcamos no caminho devocional e experimentamos certos tipos de desafios que acompanham as situações ordinárias, também temos de buscar por ajuda, e, se possível, buscar por aqueles na comunidade que tenham um pouco mais de entendimento das necessidades físicas e psíquicas bem como dos aspectos espirituais.

Os Inimigos da Mente

Imagine uma situação em que seis inimigos constantemente rodeiam sua pessoa e incessantemente aguardam pela oportunidade de atacar tão logo você abaixe sua guarda. Os seis inimigos são a luxúria, a ira, a ganância, a desorientação, a intoxicação e a inveja. Essas são algumas das maneiras pelas quais a depressão, a ansiedade, a melancolia e a frustração afetam a mente. Tão logo você se torna apático, eles se aproximarão rapidamente. Contudo, podemos tentar fortalecer o suficiente nossos pontos fracos se sabemos que maya nos atacará nessas zonas frágeis. Se soubermos o esconderijo do inimigo, podemos nos manter distantes em vez de permanecermos em uma posição insegura ou permitindo que o inimigo constantemente ataque em emboscada.

Muitos desarranjos mentais lidam com a estrutura mental de hedonismo, porque, quando o hedonismo fracassa, ele se torna ira, que, por sua vez, se torna grande ilusão ou desorientação. Também podemos compreender a depressão como a ira voltada para si mesmo. A inveja também cria um desequilíbrio dentro de nós. Devemos ser param-duhkha-duhkhi-kripam-buddhi, que significa que devemos ter empatia pela miséria alheia e pela felicidade alheia. Devemos sentir felicidade por outra pessoa quando vemos algo positivo acontecer em sua vida. Com efeito, devemos sentir a mesma felicidade por ela que sentiríamos por nós mesmo naquela mesma situação. Esse tipo de estrutura mental pode ajudar a prevenir contra depressão e desequilíbrio mental. Se aprendermos como tirar essas ervas daninhas na forma de tendências negativas, descobriremos que sua ausência traz soluções maravilhosas.

Desistindo do Egoísmo

Se nos encontramos em um estado de depressão, também podemos examinar nosso nível de autocentramento. Existem duas maneiras de tentar ser Deus. Tentamos ser Deus quando nos vemos como superiores e como a pessoa mais importante. Também tentamos ser Deus quando nos colocamos no centro julgando que somos as pessoas mais inferiores e desafortunadas. Outras vezes, pessoas tentam ser Deus considerando que tudo gira em torno de seus problemas. Se você perguntar a elas como estão, a resposta será: "Que bom que perguntou! Estou com dor de cabeça, dor de estômago e dor na perna. Preciso de um aumento e meu filho me causa muitos problemas". Se nos concentrarmos excessivamente em nossos problemas, isso dará forças a eles em vez de eliminá-los. Por outro lado, se tentarmos ajudar outros ou tentarmos ir além de nossa própria situação imediata, veremos que Krishna nos dará a ajuda que precisamos e até mesmo nos livrará de nossos problemas particulares. Depressão indica que estamos excessivamente centrados em nossos próprios problemas e retirando nosso amor dos outros.

A Fé É o Mais Importante

Não teremos a habilidade para perseverar sem fé, mas não podemos fingir termos fé. Quando certos aspectos da vida de uma pessoa não vão bem, sua fé de fato enfraquece. Nossa fé é relativa ao que aconteceu no passado, o que está acontecendo no presente e, mais diretamente, com o que esperamos do futuro. Se nosso passado foi duro e nosso presente é incoerente, nossa fé no futuro será fraca. Porém, se vemos eventos positivos ao redor de nós, os quais nos fazem nos sentirmos bem, teremos fé forte. São raros os sujeitos que conseguem manter uma fé forte apesar de terem um passado difícil e um presente empedernido. Em nossas comunidades, queremos criar um ambiente que nos energizará e ajudará a ampliarmos a nossa fé.

Gratidão como um Estilo de Vida

Algumas vezes, nossos desafios mentais se estagnam muito gravemente porque não vamos em frente. Não apreciamos o passado, mas quanto mais temos gratidão, mais criamos auspiciosidade para o futuro. Algumas vezes, a Suprema Personalidade de Deus nos dá e, outras vezes, nos tira. Como devotos, queremos ter uma estrutura mental tão grandiosa que, quando Deus nos dê muitas riquezas, digamos obrigado, e quando Deus leve nossa riquezas e nos deixe em um estado de empobrecimento, agradeçamos por nos ter protegido do falso orgulho. Agradecemos a Ele por qualquer situação que nos permita manter uma vida simples.

Se pudermos simplesmente desenvolver essa consciência e constantemente agradecer o Supremo em qualquer situação, podemos aprender e crescer em qualquer circunstância. Tornaremos as situações auspiciosas mais auspiciosas e tornaremos auspiciosas quaisquer situações inauspiciosas. Elas se tornarão experiências de aprendizado, e, quando as honrarmos com gratidão, Krishna naturalmente fará arranjos a nosso favor.

Conclusão

A mente é nossa maior inimiga, mas podemos torná-la nossa melhor amiga. Isso depende de gratidão. Reveses acontecem em instituições, famílias e conosco individualmente, mas queremos evitar ficarmos excessivamente depressivos, desencorajados e desapontados. Devemos tentar agradecer a Deus e tentar aprender com nossas circunstâncias. Esperamos que Deus faça mais do que poderíamos fazer por nós mesmos. Isso significa que precisamos de fé estável e perseverança. Todos nós podemos nos encorajar primeiramente tentando ter essa fé, a qual, então, transbordará e ajudará outros. Deste modo, todos nós herdaremos o Reino de Deus.


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Fonte: De Volta para o Supremo


ESPACO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES


Terapeuta Practitioner Florais de Bach do Bach Centre
Registro PIN/BZP 2000-0124 R
rosana.om@terra.com.br / Skype rosana.om
Fones: 19 3482-4028 / 11 20992099
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domingo, 12 de novembro de 2017

Experiências de Quase-Morte nas quais a Ciência Aponta para a Alma

Experiências de Quase-Morte nas quais a Ciência Aponta para a Alma




Caitanya Carana Dasa

“A ciência pode continuar dizendo: ‘Tais coisas são simplesmente impossíveis’. Mas enquanto as histórias se multiplicarem em diferentes lugares e tão poucas forem negadas satisfatoriamente, é um método ruim ignorá-las”. (William James, psicólogo americano)

“Há alguma prova científica para a existência da alma?” é uma pergunta comum. Sim, há. Pesquisas científicas em campos como memórias de vidas passadas, consciência e experiências de quase-morte (EQM) de fato proveram evidências convincentes. Neste artigo, discutiremos o fenômeno de quase-morte.

Experiências de Quase-Morte: Incomuns, Mas Universais

EQMs são experiências de visões extraordinárias e percepções durante períodos de inconsciência entre pessoas que estão medicamente mortas ou próximas da morte devido a várias causas, tais como acidentes, doenças, cirurgias ou tentativas de suicídio. Estas pessoas voltaram da morte, ou da quase-morte, para nos contar suas incríveis experiências.

EQMs têm sido relatadas desde tempos imemoriais em culturas de todo o mundo. Em um estudo intercultural publicado no Jornal da Sociedade de Pesquisa Psíquica, em março de 1978, o pesquisador Dean Sheils relatou que a crença em EQM aparece em cerca de noventa e cinco por cento das culturas do mundo e que são impressionantes suas similaridades, embora as culturas sejam diversas em estrutura e localização. Nos tempos modernos, o interesse popular em EQM inicialmente foi aceso pelo livro Vida Depois da Vida, de 1975, de Raymond Moody, que relatava numerosas EQMs em uma ampla variedade de pessoas. De acordo com a pesquisa de Gallup e Proctor nos anos de 1980 e 1981, cinquenta por cento de todos os americanos que haviam estado em situações próximo da morte, haviam tido uma EQM. Em uma situação mais clínica, Pim van Lommel, um cardiologista da Holanda, descobriu que, dentre os pacientes que haviam sido revividos com sucesso de paradas cardíacas, dezoito por cento haviam tido uma EQM.

A Evidência Evapora o Ceticismo

Durante as EQMs, os pacientes relatam passar por várias experiências extraordinárias, tais como viajar por um campo repleto de belas cores, encontrar seres refulgentes e rever toda a vida, muitas das quais têm efeitos de mudança profunda na vida dos pacientes. Do ponto de vista da testabilidade científica, a mais relevante dentre as EQMs são as experiências autoscópicas fora do corpo (EAFC), nas quais os pacientes relatam terem visto seus corpos de uma perspectiva de fora do corpo, geralmente de cima da cama de operação, e dão descrições verificáveis dos procedimentos cirúrgicos adotados pelos médicos.

De acordo com a ciência convencional, pacientes que estão inconscientes não podem estar cientes de tais detalhes, em virtude do que suas descrições não podem ser nada além de alucinações ou palpites fundamentados, na melhor das hipóteses. 



Foto: Dr. Michael Sabom.

Esta, de fato, era a visão do Dr. Michael Sabom, um cardiologista americano que começou suas pesquisas de EQM no fim dos anos 70 como um cético. Em seu livro Lembranças da Morte, Sabom esboçou seu plano inicial de refutar as alegadas percepções de EAFC de pacientes: “Eu confrontava minha experiência como um cardiologista treinado contra as lembranças visuais declaradas de indivíduos leigos. Fazendo isto, eu estava convencido de que inconsistências óbvias apareceriam e que reduziriam tais pretensas observações visuais a não mais do que ‘palpites fundamentados’ da parte dos pacientes”.

O ceticismo inicial de Sabom logo desapareceu, conforme as evidências começaram a crescer durante mais de três décadas de pesquisa sobre EQM. Aqui estão alguns dos casos dos livros de Sabom; casos que mudaram o entendimento da vida e da morte e também o entendimento de milhares de seus leitores.

Um piloto aposentado da Força Aérea, que havia sofrido um forte ataque cardíaco, contou o procedimento de ressuscitação em ricos detalhes. Ele descreveu até o movimento das duas agulhas do desfibrilador, que é um aparelho eletrônico usado para administrar choques elétricos para restaurar a função normal do coração: “Ele [o analisador de desfibrilador] era quadrado e tinha duas agulhas, uma fixa e uma que se movia… a primeira agulha se movia cada vez que eles golpeavam, e tinha alguém mexendo com ela. E eu acho que eles moveram a agulha fixa e ela ficou parada… Ela [a agulha móvel] parecia subir bastante lentamente, de fato. Ela não subia simplesmente como um amperímetro ou um voltímetro ou algo que estivesse fazendo registros… Da primeira vez, ela foi entre um terço e meia escala. E eles fizeram de novo, e, desta vez, ela foi até mais de uma escala e meia e, da terceira vez, ela foi até cerca de três quartos”.

Sabom explica o significado desta observação específica: “Eu fiquei particularmente fascinado com a descrição da agulha “fixa” e da “móvel” na superfície do desfibrilador enquanto ele estava sendo carregado de eletricidade. O movimento destas duas agulhas não é algo que ele poderia ter observado a não ser que ele tivesse de fato visto o instrumento em uso. Estas duas agulhas são usadas individualmente (1) para pré-selecionar a quantidade de eletricidade a ser descarregada no paciente [a descrição do paciente: “eles moveram a agulha fixa e ela ficou parada”] e (2) para indicar que o desfibrilador está sendo carregado na quantidade selecionada [descrição do paciente: “a agulha móvel subiu bastante lentamente, de fato. Ela não subia simplesmente como um amperímetro ou um voltímetro ou algo que estivesse fazendo registros”]. Este procedimento de carregar é feito apenas imediatamente antes da desfibrilação já que, uma vez carregada, esta máquina representa um risco elétrico sério a não ser que seja descarregada corretamente de uma maneira muito específica. Além do mais, os analisadores descritos por este homem não são encontrados em modelos mais recentes de desfibriladores, mas eram de uso comum em 1973, na época de sua parada cardíaca”.

Como poderia uma pessoa que (1) estava no meio de um ataque cardíaco, (2) a ponto de receber um choque elétrico, (3) enquanto estava quase certamente inconsciente e (4) não estava em uma posição que pudesse observar o analisador de desfibrilador, observar metodicamente o movimento das agulhas no seu mostrador?

Em outro caso de Sabom, uma mulher apresentou descrições médicas detalhadas e acuradas de sua cirurgia de disco lombar que havia sido realizada com ela estando de costas. Ela relatou que sua cirurgia havia sido executada, para sua surpresa, não por um cirurgião, mas pelo residente-chefe da neurocirurgia, um detalhe que estava correto, mas que não havia sido divulgado para ela.

Seguindo Sabom, muitos outros pesquisadores também encontraram EQMs que envolviam percepções verídicas ou factuais.

Consciente Embora Inconsciente?



Como as pessoas poderiam ter adquirido informações tão acuradas do que acontecia enquanto estavam medicamente inconscientes? Elas poderiam ter adquirido informações sobre os procedimentos médicos de um conhecimento geral prévio? Tal conhecimento preciso parecia improvável entre os pacientes não conectados diretamente com a profissão médica, mas, ainda assim, Sabom, sendo um pesquisador científico rigoroso, decidiu avaliar esta possibilidade. Então, ele questionou um grupo de controle de vinte e cinco pacientes cardíacos, cuja origem era similar à daqueles que haviam relatado casos de EQMs. Quando, aos sujeitos do grupo de controle, foi solicitado que imaginassem o que eles veriam acontecer em uma sala de operação quando médicos ressuscitam pacientes que tiveram ataque cardíaco, dois deles não puderam dar absolutamente nenhuma descrição, e vinte dentre os vinte e três restantes cometeram grandes erros. Em um contraste marcante, dos 32 sujeitos que relataram EQMs, 26 deram descrições gerais que não incluíam nenhum grande erro e seis deram relatos muito detalhados que casavam exatamente com seus relatórios médicos, os quais eles não haviam visto. Baseado neste estudo, Sabom concluiu: “Estes relatos de EQMs provavelmente não são fabricações sutis baseadas em conhecimento geral prévio”.

Os indivíduos poderiam estar parcialmente conscientes e terem, então, adquirido estas informações, possivelmente, através de sons e toques? Esta hipótese falha em explicar casos de EQMs nos quais os indivíduos fornecem informações acurada além de sua proximidade imediata; informações que não poderiam ter sido obtidas através de sons e toques ou por nenhum meio normal mesmo se estivessem conscientes.

Sabom relata um caso em que um paciente que estava se recuperando de uma doença sofreu um inesperado ataque cardíaco. Após ser revivido, relatou ter vivido uma EAFC na qual ele viajou para baixo do salão e viu sua esposa, filho mais velho e filha chegando lá, o que de fato acontecera. Esta informação é altamente significativa porque, (1) como ele ia ser liberado em breve, ele não esperava que seus membros familiares o visitariam; (2) mesmo se ele soubesse que eles o visitariam, não poderia saber quem o visitaria, porque ele tinha seis filhos crescidos, que se revezavam acompanhando a mãe quando ela ia vê-lo; (3) seus membros familiares foram parados no salão que estava a uma distância de dez portas da sala onde ele estava sendo tratado pelos médicos e enfermeiras; (4) seu rosto estava virado no sentido contrário deles; e (5) ele estava no meio do ressuscitamento do ataque cardíaco. 

EQMs envolvendo pacientes inconscientes que dão informações fatuais além de sua proximidade têm sido relatadas há mais de meio século, conforme indicado pelo artigo de Hornell Hart, publicado no Journal of the American Society for Psychical Research, 48(4) (outubro).

Alucinações Reais

Poderiam estas experiências serem simples alucinações de pessoas tentando evitar o medo da morte? Mas EQMs são notadamente diferentes de alucinações em seu conteúdo e efeito, como fica evidente na comparação abaixo.

EQMs são diferentes de alucinações não apenas em seus aspectos experienciais, mas também em seu mecanismo causativo científico. Em um artigo na revista científica The Lancet, Pim van Lommel e seus copesquisadores alemães expuseram uma falta em tais explicações fisiológicas das EQMs: “Com uma explicação puramente fisiológica [para a EQM], tal como a experiência de anóxia cerebral, a maioria dos pacientes que ficaram clinicamente mortos deveria relatar uma”. Lommel aponta que, dentre todas as pessoas sob condições alucinógenas ou psicológicas similares, apenas algumas passam por EQMs. Esta seleção das EQMs mostra que elas não são alucinações e que também não são causadas por nenhuma condição fisiológica.

Adicione o persuasivo fato de que vários dos indivíduos que vivenciaram EQMs deram informações factuais que jamais poderiam ter sido obtidas através de alucinações e a hipótese de alucinações das EQMs pode ser seguramente descartada.

Pensamento Ousado

Pesquisas sobre EQMs não são restritas a alguns cientistas não convencionais, senão que centenas de cientistas por todo o mundo estão ocupados em pesquisar EQMs em sérios fóruns globais como The International Association for Near-Death Studies (IANDS), endossados por publicações como as do Journal of Near-Death Studies.

Se a consciência vem do cérebro, como a medicina convencional quer que acreditemos, então uma pessoa inconsciente não pode ter (1) processo de pensamento claro, (2) conhecimento do que a cerca e (3) conhecimento além do que a cerca. 


Mas EQMs mostram que o que é considerado teoricamente impossível de fato aconteceu, como documentado por rigorosos pesquisadores sob condições bem monitoradas. Na ciência, o propósito da teoria é explicar os fatos, e não brigar com eles. Dados os fatos, as EQMs refutam fortemente a teoria da origem cerebral da consciência. De fato, apenas um dentre as centenas de casos de EQMs é suficiente para refutar esta teoria: se a consciência de uma só pessoa continuar quando seu cérebro não está funcionando, então tal caso refuta que a consciência se origina no cérebro.

Então, de onde se origina a consciência? Aprofundando a pergunta, quem é o observador fora do corpo durantes as EAFCs? Procurando respostas para questões como estas, pesquisadores pioneiros estão corajosamente pensando de modo inovador, fora do padrão da ciência materialista e reducionista, para explorar explicações científicas alternativas. Um padrão inovador é oferecido pela literatura védica, como o Bhagavad-gita, que oferece insights penetrantes sobre a origem da consciência e o mecanismo da interação entre o corpo e a alma.

O Bhagavad-gita (2.17) explica que a alma que impregna o corpo de consciência é indestrutível, o que implica dizer que ela continua a existir quando o corpo está morto ou quase morto. Além disso, o Bhagavad-gita (13.34) elabora que a consciência é a energia da alma que penetra o corpo assim como o a luz do Sol penetra todo o universo. Quando a alma está corporificada, sua consciência é canalizada através de dois tipos de corpos: o grosseiro e o sutil. O corpo grosseiro ou visível é aquilo que normalmente chamamos de nosso corpo físico, e o corpo sutil é composto basicamente daquilo que, normalmente, chamamos de mente. Em geral, a consciência da alma é canalizada através da mente para o cérebro e corpo e para o mundo externo.

Contudo, porque o corpo e a alma são essencialmente diferentes, a alma pode se separar do corpo sob circunstâncias especiais, como quando o corpo é ferido ou nas EAFCs. Em tal separação, a faculdade da percepção durante as EAFCs sugerem fortemente que a alma continua através do corpo sutil mesmo quando o cérebro perde sua função. Este mecanismo é esquematizado abaixo.

Uma Explicação Holística e uma Vida Holística

A característica de uma boa teoria científica é que ela não apenas explica coerentemente o fenômeno que se pretende explicar, mas também explica outros fenômenos relacionados. A solidez da teoria védica da alma fica evidente em sua habilidade de explicar não apenas EQMs e EAFCs, mas também fenômenos correlatos como a “visão mental”. Em seu livro Mindsight: Near-Death and Out-of-Body Experiences in the Blind [Visão Mental: Experiências de Quase-Morte e Fora do Corpo em Cegos], Kenneth Ring descreve várias pessoas cegas que foram capazes de ver apenas durante suas EQMs e nunca mais novamente.

Os textos védicos explicam que a mente tem faculdades sensoriais sutis que, quando se relacionam com os órgãos sensoriais grosseiros, permitem que a alma dentro do corpo veja. Nos cegos, devido a fatores biológicos, seus órgãos sensoriais são deficientes e, então, eles não podem ver. Mas eles, enquanto almas, ainda têm o poder de ver, em razão do que, quando o corpo sutil está dissociado do corpo grosseiro em EAFCs, o mecanismo acima sugere que o olho sutil que não está mais obstruído pela disfunção do olho grosseiro é capaz de ver. Similarmente, o paradigma védico também pode explicar vários outros fenômenos paranormais, tais como telepatia, clarividência, clariaudiência etc.

Em conclusão, as EQMs oferecem uma demonstração científica dramática e autêntica de que a consciência não depende do cérebro e que a vida não depende do corpo material, dando a alguns de nós experiências de vida além do corpo perecível. As EQMs chamam a todos nós para procurar por uma experiência completa da eternidade. O Bhagavad-gita oferece uma metodologia sistemática e prática para experimentarmos nossa espiritualidade inata e, então, recuperarmos nosso direito perdido à vida eterna. A relevância das EQMs ressoa com a mensagem universal das escrituras védicas que defendem a vida eterna como nosso eterno direito inato. Mrtyor ma ’mrtam gamaya: “Vá da morte para a eternidade”.



Tradução de Kamalaksi Rupini Devi Dasi. Se gostou deste artigo, talvez também goste deste: Para onde Vamos quando Morremos?

Fonte: De Volta para o Supremo


ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Homossexualidade e Freud


                Homossexualidade e Freud




Em 1935, Freud recebeu uma carta da mãe de um homossexual, pedindo que seu filho fosse "curado pelo psicanalista". Eis a carta de resposta de Freud a ela, mais de 80 anos atrás, vale ler inteira:

19 de abril de 1935

“Minha querida Senhora,

Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.

Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranqüilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.”

Sigmund Freud


Fonte: #escutaeequilíbrio #psicanálise 


Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues concorda que "não se cura o que não é doença."

Almas não têm sexo. Entenda a origem das almas.

Volte-se para a Espiritualidade e compreenda o que são centelhas divinas. 

Não, a todo tipo de preconceito.

A opção sexual de alguém não é um problema seu, a não ser que você não tenha a sua opção ainda resolvida e não esteja em paz consigo e com a liberdade do outro.

Cada um ama quem quiser. Namastê.

domingo, 3 de setembro de 2017

HUMILDE E BEM CONSIGO


                                   HUMILDE E BEM CONSIGO


Por Archana-siddhi Devi Dasi


"Confundir a humildade que surge do amor espiritual com uma postura de baixa autoestima que nos torna presas de exploradores é um equívoco perigoso que precisamos evitar."






Como terapeuta de famílias, eu aconselho tanto membros do Movimento Hare Krishna como pessoas de fora do Movimento. Recentemente, recebi um e-mail de uma jovem devota que estava infeliz em seu casamento devido à postura abusiva que seu esposo tinha, mas estava em conflito quanto a deixá-lo.

“Talvez seja bom que eu me sinta mal comigo mesma”, ela escreveu, “porque isso me fará desenvolver humildade”.

Não foi a primeira vez que eu ouvi essa lógica. A Bhagavad-gita ensina que humildade é essencial para o progresso espiritual. Algumas vezes, os devotos, infelizmente, pensam que se sentir mal é um pré-requisito para a humildade.

Diversas vezes, me deparo com devotos se complicando com o conceito de autoestima. Tendo lido as orações de santos de nossa linha, eles, algumas vezes, pensam que seus sentimentos deveriam se enquadrar nas declarações autodepreciativas de tais grandes almas. Por associarem baixa autoestima com avanço espiritual, tais devotos podem perpetuar por toda a vida o sentimento de estarem mal consigo. Eles podem acabar por atrair pessoas para suas vidas que lhes tratarão de acordo com a maneira que eles mesmos se sentem e se percebem.

A confusão começa por tentarmos igualar sentimentos que se originam de nosso eu puro com sentimentos que se originam de nosso ego material, ou falso. As grandes almas expressam sentimentos que nascem do ego espiritual puro, sentimentos que não são contaminados pelas qualidades da natureza material. Quando eles se sentem, nas palavras do Senhor Chaitanya, “mais baixos que a palha na rua”, é uma emoção plena de prazer. O devoto puro vê a grandeza do Senhor e vê todos como mais qualificados do que ele próprio. Eles estão imbuídos de amor e apreciação por toda a criação de Krishna.




Bhaktivinoda Thakura, um destacado mestre devotado a Krishna, escreveu belas canções expressando sua atração e seu amor por Krishna, músicas sobre alcançar a meta do coração – amor incondicional pelo Senhor – e canções autodepreciativas, nas quais ele lamenta sua falta de devoção. Como uma alma pura, ele expressa seu apego e amor pelo Senhor e, ao mesmo tempo, sua angústia de sentir-se desqualificado e sem esperança de atingir tal amor. Esses são sentimentos autênticos que nascem da humildade e do apego e amor pelo Senhor.

Reconhecendo Nossas Falhas

Nas primeiras fases de nossa jornada espiritual, talvez experimentemos rapidamente essas emoções por Krishna estar preparando a terra de nossos corações para cultivar nossa devoção. Eu me lembro de uma importante experiência que tive antes de me tornar devota. Eu tinha grande dificuldade de aceitar críticas e achava que minha opinião era absolutamente certa. Essa mentalidade criou inúmeros problemas, tanto na área profissional quanto pessoal. Por meses, eu contestei as recomendações de meu supervisor quanto a como fazer meu trabalho como diretora residente de um dormitório universitário. Minha obstinação estava fazendo o meu trabalho muito difícil, e eu estava aflita por isso. Finalmente, um dia eu tive a poderosa realização de que eu estava errada. Não só eu estava errada quanto a esse problema em particular, mas em relação a várias outras coisas.

É-me impossível descrever quão libertador foi para mim aceitar minha natureza falível. Eu não precisava mais carregar o peso de estar sempre certa em relação a tudo. Eu me senti pequena, mas, ao mesmo tempo, muitas possibilidades se abriram para mim. Pela primeira vez na minha vida adulta, eu pude ver meu autoritarismo assumir uma posição verdadeiramente submissa. Essa mudança de postura mental me preparou para tomar refúgio em meu mestre espiritual e nos devotos de Krishna de maneira geral. Krishna nos ajuda a ficarmos livres por um instante do falso prestígio para que possamos, como encorajamento, provar a doçura da humildade.

Algumas vezes, todavia, quando ainda estamos contaminados pelos modos da natureza material e identificados com nosso corpo e mente materiais, sentirmo-nos inferiores à palha na rua pode nos tornar desmotivados, entediados ou deprimidos. Esses sentimentos, então, impedem nossas práticas devocionais. Nós temos que julgar se, para nossa psique específica, tal psicologia é favorável à consciência de Krishna ou se é um impedimento no momento. Paradoxalmente, muitas pessoas precisam desenvolver um saudável ego material antes de transcendê-lo e realizar seu eu espiritual.

Eu ouvi uma vez um palestrante motivacional dizer que as pessoas com autoestima saudável pensam menos em si mesmas, e não menos de si mesmas. Quando nos sentimos bem quanto a nós mesmos, nós podemos devotar mais tempo e energia doando-nos aos outros, ao invés de absorvermo-nos em autopiedade. Alta autoestima também nos dá liberdade para agirmos de acordo com nossos valores e convicções. Quando nos sentimos mal conosco, às vezes fazemos coisas para agradar ou apaziguar os outros. Em um esforço para satisfazer o desejo dos outros, nós podemos acabar sendo influenciados a fazer coisas conflitantes em relação às nossas crenças e valores.

Sentindo-se Digno e Qualificado

Nathaniel Branden, um famoso psicólogo, define autoestima como “a disposição de sentir-se bem consigo e qualificado para lidar com os desafios básicos da vida e como sendo digno de ser feliz”. Como esses aspectos da autoestima – autoconhecimento e amor próprio – têm relação com a consciência de Krishna? Krishna quer que todas as almas aprisionadas no mundo material sejam pacíficas e felizes. A vida humana nos possibilita a oportunidade de ocuparmos nossos talentos e habilidades no serviço ao Senhor. Quando nos oferecemos a servir o Senhor, sentimos grande alegria. Um amigo, certa vez, deu ao meu esposo um quadrinho com os dizeres: “O que você é é um presente de Deus para você, e o que você se torna é seu presente para Deus”.

Além de confundirem humildade com baixa autoestima, os devotos, às vezes, correlacionam o conceito de autoestima com orgulho e egoísmo. Mas é, de fato, o contrário. Pessoas que exibem alta autoestima também exibem uma atitude mais humilde perante os outros. Eles são mais inclinados a admitir e corrigir erros, enquanto pessoas com baixa autoestima são muitas vezes defensivas e têm a necessidade de provarem que estão certas.

Em uma famosa história do Mahabharata, Krishna encontrou certa vez com Yudhisthira Maharaja e Duryodhana. Desejando glorificar Seu devoto Yudhisthira, Krishna pediu a ele que encontrasse uma pessoa mais baixa que ele, e pediu ao pecaminoso Duryodhana para que procurasse uma pessoa mais gloriosa que ele. Yudhisthira tinha todas as boas qualidades. Ele era pacífico e autossatisfeito. Sem dúvida, ele possuía uma saudável autoestima. Mesmo assim, ele não conseguiu encontrar ninguém mais baixo que ele. Mais uma vez, aqui se tem o exemplo de uma vaishnava avançado que porta humildade genuína.
Por outro lado, o perverso Duryodhana procurou por todo o seu reino o dia todo e não conseguiu encontrar ninguém que ele considerasse superior a ele mesmo. Duryodhana estava contaminado com orgulho e vaidade. Ele invejou e ofendeu grandes almas. Ele vivia em constante ansiedade para manter sua posição, sempre tentando eliminar seus competidores. Sua autoestima dependia de fatores externos como posição e poder, e assim ele não conhecia tal coisa como paz interior. Ele era atormentado por sua própria luxúria e ambição.

Orgulho Versus Autoestima

Pensar em si mesmo como grandioso é orgulho, não autoestima. Uma pessoa com alta autoestima demonstra humildade. A perfeição da autoestima é percebida em pessoas completamente livres do falso ego, nas quais a humildade é produto da realização espiritual.

No nosso estado condicionado, nós possivelmente nos identificaríamos mais com a mentalidade de Duryodhana do que com a de Yudhisthira Maharaja, mas, no nosso progresso na jornada espiritual, nós começamos a nos ver de forma diferente. Quanto mais realizamos não sermos o executor independente, mas o instrumento, mais saudável nossa autoestima se torna. Na vida material, os modos da bondade, paixão e ignorância nos influenciam. Esses modos se misturam e competem entre si para moldar nossa mente, incluindo o modo como nos sentimos em relação a nós mesmos.
Pessoas no abismo do modo da ignorância se sentem felizes e bem em relação a si mesmas quando seus sentidos estão satisfeitos. Pessoas imersas no modo da paixão estão felizes e bem consigo mesmas quando outros valorizam e reconhecem suas atividades. Nesses modos inferiores, nossa ideia de eu oscila o tempo todo.

Pessoas no modo da bondade são felizes e sentem-se bem em relação a si mesmas quando agem em conhecimento, de acordo com seus códigos e valores. Elas são menos reativas a estímulos externos, assim, a autoestima de tais pessoas depende mais de sua própria vida interior – consequentemente, têm mais controle sobre como se sentem.

Pessoas em bondade pura, percebem a si mesmas como instrumentos do Senhor. Elas não se identificam mais como o agente de suas atividades.    

O Exemplo de Prabhupada

Nosso mestre espiritual, Srila Prabhupada, demonstrou alta autoestima. Embora de baixa estatura, ele parecia grande para nós. Ele sempre mantinha sua cabeça alta e se movia com objetivo e confiança. Ele fala de forma direta, com convicção e coragem. Suas ações eram intrépidas e ousadas, e mesmo assim ele tinha uma atitude humilde, sabendo que seu sucesso era devido à providência do Senhor. Sua humildade é exemplificada em suas orações abordo do navio, quando ele estava vindo pela primeira vez aos Estados Unidos:

“Ó Senhor, eu sou como uma marionete em Tuas mãos. Então, se me trouxeste aqui para que eu dance, faze-me dançar, faze-me dançar, ó Senhor, faze me dançar como quiseres. Não tenho nenhuma devoção, tampouco conhecimento, mas tenho grande fé no santo nome de Krishna. Eu fui designado como Bhaktivedanta, e agora, se assim quiseres, podes cumprir o verdadeiro propósito Bhaktivedanta”.

Com grande humildade, Prabhupada finaliza sua carta assinando como “o mais desafortunado e insignificante mendigo, A. C. Bhaktivedanta Svami”.

De um lado, essas preces demonstram que Prabhupada se sentia muito baixo, mas, por outro lado, ele confiava poder fazer qualquer coisa com a misericórdia do Senhor. A oração também nos dá a chave para desenvolvermos puras qualidades devocionais: fé no santo nome. Quanto mais forte a nossa fé na capacidade de purificação dos santos nomes, maior será nossa dedicação ao processo de cantar. Nós cantaremos com tanto foco e atenção quanto pudermos e evitaremos com muito cuidado as ofensas que retardam nosso progresso espiritual.

Nós ficamos menos propensos a explorar os outros quando vemos a nós mesmos como servos, realizando a nossa natureza espiritual – bem como a dos outros - como servos de Deus. Nós somos gloriosas centelhas da energia espiritual, com todas as boas qualidades, embora sintamo-nos pequenos na presença do mais glorioso, nosso Senhor. Com esse verdadeiro conhecimento, a alma pura pode ter alta autoestima e humildade simultaneamente.

Quando eu compartilhei alguns destes pontos com a jovem que havia me enviado sua pergunta por e-mail, ela me escreveu de volta: “É-me um grande alívio entender esses pontos dessa perspectiva. Agora eu entendo que não tenho que continuar convivendo desonrosamente com todo o tipo de abusos para ser espiritual”.


Ela me sugeriu escrever um artigo sobre o tema para a revista Volta ao Supremo. Eu aceitei de todo o coração sua sugestão, uma vez que outros devotos haviam feito perguntas similares ao longo dos anos. Espero que o artigo seja útil para todos.


                               ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES




quarta-feira, 26 de julho de 2017

O ano novo começa hoje! Kin 64 pelo Calendário Maia



Sejam bem-vindos ao Ano da Semente Cristal!
Kin64 !! 💍☀️🌱🌸

Pelo Calendário Maia, o verdadeiro, o ano sempre começa no dia 26 de julho.


Feliz Ano novo!
Será regido pelo Kin 64!

"Dedico-me com o fim de focalizar
Universalizando a percepção
Selo a entrada do florescimento
Com o tom Cristal da cooperação
Eu sou guiado pelo poder da inteligência
Sou um portal de ativação galáctica, entra por mim"

"Comunico a cooperação para semear a Terra com liberdade."



A Semente Amarela representa o milagre da vida, o símbolo do potencial vivo que reside dentro de nós esperando para ser liberado. Simboliza o crescimento da inteligência criativa, o amadurecimento, o florescimento, a sabedoria.
Cristal é o tom da cooperação. Aqui, passamos a perceber o todo como uma composição de pequenos pedaços relacionados, honrando a cooperação e ajudando na elevação do bem comum.
💛
Conforme entramos na primeira Lua do ano, a Lua Magnética do Morcego, nos questionamos: qual é o meu propósito?
Nesta Lua, tome um tempo para reanalisar seu propósito de vida e seus objetivos para as próximas 13 Luas. Fique em silêncio e escute. Este é o ano para despertar seu Avatar interior, o Universo depende disso.
Neste período de 28 dias, considere que todos os seus pensamentos na verdade não são seus. Você é um mero conduto, um canal da energia divina.
Como podemos alinhar nossa mente com a Mente Planetária Maior (noosfera) para acelerar nossa consciência? Este alinhamento sincronizado é o propósito dos códigos diários da Lei do Tempo.
A Lei do Tempo define uma ordem de realidade conhecida como ordem sincrônica. Essa é a definição do universo unificado pelo tempo, apreendido apenas através mente (e encompassado pelo coração).
💛

Desejamos um feliz novo ciclo a todos os Kins planetários. Que o ano da Semente Cristal vos permita colher os frutos dos processos catalisados pela Tormenta Espectral nos últimos 365 dias.
Permaneça vibrando e nos acompanhando. Tenha uma boa viagem no tempo! 
ESPAÇO PONTO DE LUZ ROSANA RODRIGUES