segunda-feira, 14 de outubro de 2013

DIAS DE EKADASI PELOS VEDAS - EXPLICAÇÃO COMPLETA DA DIETA



EKADASI - ORAÇÃO, JEJUM SEGUNDO OS VEDAS - EXPLICAÇÃO COMPLETA DA DIETA






O Ayurveda explica que em Ekadasi a Lua torna-se obscurecida.

A Lua é a Deidade que preside "Anna" (Alimentos), e portanto comer grãos em Ekadasi torna-se indigesto e pode causar doenças.

Além disso, os grãos absorvem muita água durante a digestão.
A Lua além de ficar obscurecida também fica mais perto da Terra e absorve mais água do nosso organismo.

Origem do Ekadasi

(Este artigo foi originalmente escrito em 1956 por Sri Navincandra Cakravarti, um discípulo de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, e em 1979 foi traduzido para o inglês por Vyenkata Dasa Brahmacari)

"Muitos devotos são muito inquisitivos sobre o aparecimento de Sri Ekadasi e sobre suas características especiais. Portanto estou apresentando esta descrição encontrada no décimo quarto capítulo do Padma Purana, na seção intitulada "Kriya Sagara Sara."


Ekadasi (pronunciado Ekadashi), é o décimo (Dasi) primeiro (Eka) dia lunar depois da lua cheia e da lua nova. Neste dia se observa jejum de feijões e cereais. Nos Ekadasis também não se come vagem (feijão verde), berinjela (pois aumenta o apetite), mel e assafétida. Dormir durante o dia, sexo, cortar unhas e cabelos, barbear-se e divertimentos também são atividades que devem ser evitadas nesses dias, pois se deve diminuir as demandas corpóreas nos Ekadasis para melhor fixar a mente na Suprema Personalidade de Deus (Paramahamsa Prabhu).





Portanto, a melhor forma de adorar a Deus no dia lunar de Ekadasi, é fazendo jejum de grãos e fixando a mente Nele.
A própria Deidade de Ekadasi manifesta-se do Supremo para o nosso benefício.
Ao observarmos e consequentemente adorarmos Ekadasi, estaremos adorando o próprio Deus.

Em Ekadasi pode se comer quinoa real ou trigo sarraceno. 
São dois produtos que não são grãos e nem cereais e em relação às especiarias só se pode usar cominhos em grão e não se pode usar especiarias em pó pois podem conter farinha de arroz (Gopala Priya Mataji)




Orientações para o Jejum do Ekadasi

O Ekadasi é o décimo primeiro dia lunar (Tithi) das quinzenas brilhante (shukla paksha) ou escura (krishna paksha) de cada mês lunar do Calendário Védico (também chamado Panchang). Nestes dias se observa jejum de feijões e cereais.
Esse jejum pode ser praticado de diversos modos e com variados propósitos, mas a essência é comer com simplicidade, de modo que se possa gastar tanto tempo quanto possível em atividades espirituais. Apenas para efeito didáticos, toda essa variedade de formas foi dividida em 4 níveis crescentes, de acordo com a consciência, facilidades e controle dos sentidos do praticante. Também é possível fazer combinações das orientações encontradas nos diversos níveis, adaptando-as ao tempo, lugar e circunstâncias específicos do praticante.
Assim, é importante enfatizar que não é propósito deste documento determinar regras e obrigações. Apenas apresenta uma linha de avanço geral, mais comum, para aqueles interessados em como fazer o jejum de Ekadasi na prática. Informações específicas quanto à origem e propósito do Ekadasi, bem como histórias, exemplos e resultados de se seguir esse jejum, podem ser encontradas na literatura vaishnava.




Ekadasi Nível 1 – Iniciante (curiosos, simpatizantes, devotos iniciantes)

Quem deseja avançar na vida espiritual (e mesmo na material), ou simplesmente deseja experimentar o jejum para fins de saúde ou melhora da qualidade de vida, pode começar com as orientações abaixo.

Alimentos que podem ser consumidos no Ekadasi:
  • Todas as frutas (frescas e secas, verdes ou maduras);
  • Todas as nozes (e óleos feitos das nozes);



  • Todos os legumes (abóbora, abobrinha, pepino, etc.);
  • Todas as verduras (repolho, couve, alface, etc.);
  • Todas as raízes (batatas, mandioca, macaxeira, rabanete, cenoura, etc.);
  • Trigo mourisco;
  • Azeitonas;
  • Coco;
  • Amendoim;
  • Óleos de girassol, oliva, amendoim e caroço de algodão;
  • Todos os açúcares (da cana, de beterraba, demerara, etc.);
  • Todos os leites e seus derivados (queijo, iogurte, coalhada, requeijão, ghee, etc.).

    Temperos que podem ser usados em Ekadasi:
    • Sal;
    • Gengibre;
  • Temperos verdes (coentro verde, hortelã verde, salsinha verde, etc. - menos cebolinha verde e alho poró, por serem tamásicos);
  • Curcuma (Açafrão-da-Índia);
  • Pimenta preta.

    Alimentos que não devem ser consumidos, por “quebrarem” o Ekadasi:

    1 – Nenhum dos cinco tipos de cereais, conforme definidos na cultura védica, isto é, nenhuma das variedades de:

           a) Arroz;
           b) Trigo;
           c) Cevada;
           d) Grãos (feijões, grão-de-bico, ervilhas, lentilhas, milho, etc.);
           e) Mostarda e gergelim.

    2- Nenhum dos produtos compostos de cereais:

           a) Cereais quebrados (xerém de milho, arroz quebrado, ervilha partida, etc);
           b) Grão não-maduros e vagens (espiga de milho verde, milheto, vagem de feijão, feijão verde, etc).
           c) Cereais em flocos (flocos de aveia, flocos de arroz, etc.).

    3- Nenhum dos produtos derivados de cereais:

           a) Farinhas de cereais (farinha de trigo, farinha integral, farinha de rosca, etc.);
          b) Pós de cereais (pó de cevada, pó de arroz, etc);
           c) Óleos de cereais (óleo de soja, óleo de milho, óleo de gergelim);
           d) Amidos (amido de milho, etc.).

    4- Nenhum dos alimentos que contenham cereais ou seus derivados em sua composição:

           a) Comidas feitas com cereais (pão, comidas de milho, macarrão, biscoitos, bolos, tahine, doces de cereais, pipoca, arroz inflado, etc.);

           b) Alimentos feitos com, ou contendo, algum tipo de derivado de cereal em sua composição (isto é, contendo amidos, temperos de grãos, óleos de cereais, etc.), tais como, por exemplo:

                   i) Frituras em óleos derivados de cereais;
                  ii) Margarinas e frituras com margarinas;
                 iii) Refrigerantes; 
                 iv) Doces com amidos; 
                  v) Sorvetes; 
                 vi) Misturas prontas para milk-shakes, sucos dietéticos, etc.; 
                vii) Certos requeijões, iogurtes, sucos industrializados, etc.;
               viii) Certas sopas com: grãos, macarrão, ou temperos compostos de grãos, etc.; 
                 ix) De modo geral, os alimentos industrializados (se for consumi-los, veja a composição e ingredientes na embalagem).

    Temperos NÃO usados em Ekadasi:
    • Sementes de gergelim
    • Sementes de cominho
    • Sementes de mostarda
    • Cardamomo
    • Sementes de Papoula
    • Sementes de Kalonji
    • Sementes de Ajwain
      

    Ekadasi Nível 2 – Intermediário (devotos mais estritos)

    Para os devotos que desejam ser mais estritos, especialmente levando-se em conta o controle dos sentidos e o voto de bramacarya (celibato), tanto para os solteiros quanto para os casais.Aplicam-se todas as orientações anteriores para o nível 1, complementadas pelas que seguem abaixo.

    Alimentos restringidos durante Ekadasi:
    • Vegetais picantes como pimentas, pimentão, berinjelas (aumentam o apetite);
    • Todos os vegetais frondosos (por serem muito protéicos):  
    • Couve-flor;
    • Brócolis;
    • Espinafre;
    • Repolhos;
    • Ervas frondosas - como a salsa, as folhas do caril, as folhas de neem, etc;
    • Saladas;
    • Vegetais Indianos:
      • Karela (melão amargo, ou melão de São Caetano);
    • Loki;
    • Parmal;
    • Toroi;
    • Kunli;
    • Drumsticks (baquetas);
    • Okra (tipo de quiabo);
    • Flor de bananeira.
  • Mel (por ser muito energético);
  • Queijos comerciais (por estarem sujeitos a adulteração com algum tipo de farinha).

    Temperos NÃO usados em Ekadasi:

    Sementes de gergelim;
  • Sementes de cominho;
  • Pimenta preta;
  • Curcuma (açafrão-da-Índia);
  • Assafétida;
  • Feno grego;
  • Sementes de mostarda;
  • Tamarindo;
  • Funcho;
  • Aipo;
  • Sementes de Papoula;
  • Sementes de Kalonji;
  • Sementes de Ajwain;
  • Cardamomo;
  • Noz-moscada;
  • Cravo-da-índia;
  • Temperos em pó em geral (por estarem sujeitos a adulteração com algum tipo de farinha).

    No caso de quebra indevida do Ekadasi:

    Parar imediatamente de comer o alimento “contaminado” com grãos (devido à presença de papa-purusha), e:
    • Continuar o jejum como pretendido inicialmente (melhor); ou
    • Da quebra em diante, fazer o jejum no nível mais básico - nível 1.
    Obs.: Pode-se recuperar o resultado advindo de seguir corretamente esse Ekadasi que foi quebrado, por seguir estritamente o Pandava Nirjala Ekadasi seguinte. 



    Ekadasi Nível 3 – Avançado (devotos seriamente interessados no benefício espiritual de observar o voto de Ekadasi)

    Para os devotos que estejam seriamente interessados em seguir o voto de Ekadasi, com vistas ao benefício espiritual advindo de tal prática.Aplicam-se todas as orientações anteriores para os níveis 1 e 2, acrescentando-se as que seguem abaixo.

    Orientações suplementares para quem quiser seguir Ekadasi mais estrita e seriamente:
    • Preferencialmente não comer nada no Ekadasi;
    • Se possível, também não beber nada, nem mesmo água;
    • Tentar permanecer acordado durante todo o período do Ekadasi, inclusive por toda a noite (do brahma-muhurtha antes do nascer do sol no dia do Ekadasi até o horário de quebra de jejum no dia seguinte);
    • Evitar atividades materiais para o sustento corpóreo (trabalho formal, negócios, etc.) e de gozo dos sentidos (brincadeiras, jogos, diversões, futilidades, etc.).
    • Durante o período do Ekadasi, procurar não se distrair com amenidades ou divertimentos, permanecendo o máximo de tempo possível ativamente ocupado em Consciência de Krishna (leitura, adoração, pregação, kirtana, bhajana, aratik, etc.);
    • Pelo menos uma vez por ano, no Pandava Nirjala Ekadasi, fazer o jejum completo, não tomando nem mesmo água (nir jala = nem água).
    Fazendo o voto de Ekadasi:

    O devoto interessado em fazer o voto formal deve, no dia do Utpanna Ekadasi (o primeiro Ekadasi do ciclo de 24), na frente das Deidades, propor qual dos tipos de jejum ele fará até o próximo Utpanna Ekadasi. Os quatro tipos principais são:
    • Observar jejum até o meio-dia, fazer uma refeição sem grãos e observar jejum até o dia seguinte, quebrando o jejum dentro do horário estabelecido;
    • O mesmo que o acima, porém observando jejum até às 16 horas;
    • Jejum completo até o dia seguinte;
    • O mesmo que o acima, mas permanecendo acordado a noite toda cantando os santos nomes (japa, bhajana, kirtana);
    Existem outros tipos de jejum ainda, tais como comer apenas frutas, ou tomar só leite ou outros líquidos (sucos, água, etc.). 

      




    Ekadasi Nível 4 – Mais Completo

    Corpo e mente são muito difíceis de controlar. Não é incomum propostas da mente para, de alguma forma, “compensar” o dia de austeridade e auto-controle, através da busca de satisfação desmesurada dos sentidos no dia anterior ao Ekadasi, no seguinte, ou até em ambos.  Para os devotos que desejem seriamente praticar o auto-controle com vistas ao avanço espiritual, aplicam-se todas as orientações anteriores para os níveis 1, 2 e 3, acrescentando-se as que seguem abaixo.

    Orientações suplementares para quem quiser seguir Ekadasi com preparação prévia e auto-controle durante e no dia seguinte.

    Deve-se observar o Ekadasi apenas para a satisfação do Senhor Supremo. O significado da palavra upavasa (jejum) é viver próximo. No dia de Ekadasi deve-se se afastar de todas as espécies de atividades pecaminosas, abandonar todas as espécies de atividades domésticas (caseiras) e de gratificação dos sentidos, e permanecer próximo ao Senhor.

    No dia anterior ao Ekadasi, deve-se:
    • Deixar a cama macia e dormir no chão;
    • Comer somente uma vez;
    • Beber água somente uma vez;
    • Permanecer arrumado e limpo;
    • Controlar os sentidos;
    • Não ter atividade sexual;
    • Evitar comer:  
      • Em pratos de bronze;
      • Comer alimentos fortes, tais como urad-dahl (tipo de lentilha), lentilhas-vermelhas, grão-de-bico, kondo (um certo tipo de grão), arroz pré-cozido, espinafre e mel;
      • Fora de casa (na casa de outra pessoa, etc.).
    No dia do Ekadasi deve-se:
    • Levantar cedo pela manhã, antes do Brahma-muhurta, e oferecer reverências ao Supremo Senhor Hari;
  • Tomar banho (de chuveiro - o mais básico, até um banho em um rio – o melhor). Uma pessoa piedosa deve assim, ao se banhar, abandonar toda sua ira e cobiça;
  • Adorar o Senhor Keshava com devoção e oferecer a ele alimentos saborosos;
  • Oferecer uma lamparina no Templo do Senhor;
  • Ouvir as glórias do Ekadasi da boca de um brahmana, e então dar a ele suficiente caridade;
  • Ouvir e falar sobre as glórias do Senhor Krishna;
  • Permanecer acordado durante a noite enquanto canta as glórias transcendentais de Krishna;
  • Jejuar, ou então, pelo menos, não comer os cinco tipos de grãos acima indicados;
  • Evitar (mesmo nas suas forma mais sutis, leves ou ingênuas):
    • Jogos de azar;
    • Espalhar rumores;
    • Procurar erros nos outros;
    • Pregar para pessoas espiritualmente desinteressadas;
    • Irar-se, mentir, enganar, roubar, etc.
    • Atividade sexual;
    • Associar-se com pessoas de baixa classe, pecaminosas ou ateístas.
  • Evitar também:
    • Praticar esportes;
    • Dormir, cochilar, soneca, etc.;
    • Mascar nozes de betel ou suas folhas;
    • Escovar os dentes.
    No dia posterior ao Ekadasi deve-se:
    • Adorar o Senhor Hari com devoção, oferecendo-Lhe folhas de Tulasi;
  • Dar caridade aos brahmanas;
  • Não comer:
  • Mais de uma vez;
  • Em pratos de bronze;
  • Alimentos muito fortes, tais como urad-dahl (tipo de lentilha), lentilhas-vermelhas e mel;
  • Fora de casa (na casa de outra pessoa, etc.);
  • Alimentos de alguma forma contaminados.
  • Não praticar qualquer atividade sexual;
  • Não barbear o rosto, raspar a cabeça ou se depilar;
  • Não passar óleo no corpo de alguém ou no próprio;
  • Não mentir;
  • Não participar de trabalho ou exercício extenuante.

    Citação do Nectar da Devoção (Bhakti Rasamrta Sindhu), pág. 63 - Observando o jejum no Ekadasi:

    No Brahma Vaivarta Purana é dito que aquele que observa jejum no Ekadashi está liberado de todos os tipos de reações das atividades pecaminosas e avança na vida piedosa. O princípio básico é não apenas jejuar, mas incrementar o amor e a fé por Govinda, ou Krsna. A razão real para se observar o jejum no Ekadashi é minimizar as demandas do corpo e ocupar nosso tempo no serviço do Senhor por cantar ou praticar serviço similar. A melhor coisa a fazer nos dias de jejum é lembrar dos passatempos de Govinda e ouvir Seus santos nomes constantemente. 




     Quebrando um Ekadasi rapidamente:
    Se você observar um jejum completo (sem mesmo beber água), você não necessita quebrá-lo com grãos. Você pode quebrá-lo com caranamrita ou fruta. Se você observar o Ekadasi comendo frutas, vegetais, etc., então ele deve ser quebrado no dia seguinte tomando grãos no horário especificado no calendário Vaisnava.






    Pessoas que não devem fazer jejum estrito no Ekadasi:

    • Pessoas com problemas de fígado, coração, pulmão, estômago ou rins;
    • Pessoas insanas ou muito perturbadas (ansiosas, preocupadas, etc.);
    • Crianças, idosos e grávidas.
    Todos devem, porém, observar o jejum de feijões e cereais.Aqueles que forem, por qualquer motivo, incapazes de observar o jejum de Ekadasi (nem mesmo o jejum de grãos), podem obter alguns dos resultados de observar Ekadasi simplesmente por ouvir e divulgar suas glórias (falar, cantar, etc.).



    Considerações adicionais:  

    O sal para o Ekadasi teve ser tomado de um pacote novo ou limpo.
    Soja não é considerada muito adequada para alimentação humana, por ser muito protéica. Se consumir, seja moderado.
    Lentilhas (urad-dhal, masura dhal) também são tão protéicas que não são consideradas alimento para vegetarianos, e não podem ser oferecidas as deidades. Se for comer, coma no máximo uma vez por semana.
    Grão-de-bico é também muito protéico. Quando consumir, bastam uns poucos grãos por dia.
    Os queijos vendidos comercialmente estão sujeitos a muitos tipos de adulteração com farinhas de cereais. Se for usar queijo no Ekadasi (e não quiser correr riscos de adulterações), dê preferência a fazer seu próprio queijo fresco a partir do leite.
    Alguns não recomendam tomates no Ekadasi. Alguns argumentam que não é um vegetal tradicional indiano, não sendo usado nem mesmo nos dias normais, quanto mais no Ekadasi. Outros se referem à dificuldade de cultivo, que exige muito agrotóxico, por ser uma fruta muito delicada. O tomate não é um legume, mas sim uma fruta, da mesma família das beringelas, pimentões, pimentas. Mas quanto a aumentar o apetite, não temos confirmação. Talvez seja o caso de algumas variedades. 
    No Ekadasi cozinha-se para as deidades como nos dias normais (Krishna não precisa fazer Ekadasi: este é um benefício para nós, entidades vivas condicionadas).
    Embora os vaishnavas devam aceitar todos os tipos de alimentos oferecidos ao Senhor (e em especial a maha-prasada), no Ekadasi não se deve aceitar nem mesmo a maha-prasada (embora possa-se guardá-la para comer no dia seguinte).
    No Sat-Tila Ekadasi (ocorre normalmente no mês de janeiro) pode-se consumir preparações feitas com gergelim, sendo, nesse dia, muito auspicioso dá-lo, prepará-lo ou comê-lo. O gergelim pode ser preparado de qualquer forma, puro ou como ingrediente de diversas preparações.
    Ekadasi tem horário para início e finalização (quebra de jejum). Os dias, no calendário védico, iniciam-se ao nascer do Sol. Assim, pode-se considerar que o jejum, efetivamente, inicia-se no Brahma-muhurtha (antes da alvorada) no dia do Ekadasi, e termina após o nascer do sol do dia seguinte, quando deve-se tomar alguma prasada para “oficialmente” encerrar o jejum. O horário para essa quebra oficial do jejum é variável, sendo determinado por cálculos astronômicos e não devendo ser ultrapassado.
    Devido às orientações ayur-védicas quanto a alimentação (que contra-indicam comer tarde de noite ou de madrugada), em geral, observa-se o jejum do pôr-do-sol do dia anterior ao Ekadasi até 48 minutos (variável) depois do nascer-do-sol do dia posterior ao Ekadasi. Especialmente o horário de quebra de jejum deve ser respeitado, sendo determinado por cálculos astronômicos e estando registrado nos calendários vaishnavas.
    Mahadvadasi é observado como Ekadasi.
    Srila Prabhupada sempre orientou seus seguidores a observar Ekadasi através do jejum de grãos e feijões. O jejum total nunca foi estimulado por Srila Prabhupada. Ao invés de acentuar várias austeridades severas, ele pôs maior ênfase no serviço (que às vezes é impedido pelo jejum, e, ainda mais, muitas vezes impedido por vários dias, devido a se permanecer acordado a noite toda). Por isso, Srila Prabhupada somente insistiu em 4 dias de jejum completo por ano (para certos Dias de Aparecimento) e orientou a comer de forma muito simples nos Ekadasis. O jejum total (e, opcionalmente, para cada Ekadasi) é um vrata (um voto) opcional, e é algo bom, caso inspire um sentimento mais profundo de amor por Krishna.










    Não esqueça:  
    Nunca coma:
    • Carne
    • Peixes
    • Ovos
    • Cebolas*
    • Alhos*
    *Cebolas e alhos são considerados vegetais no modo da ignorância e, portanto, não devem ser consumidos como alimento.Nunca se intoxique:
    • Bebidas alcoólicas (cachaça, cerveja, vinho, etc.) – no máximo, cerveja sem álcool, em certas circunstâncias e com moderação;
    • Café (devido à cafeína) – no máximo, café descafeinado. Também pode ser substituído por cevada em pó;
    • Certos tipos de chá (chá mate, chá preto, etc.) – prefira capim santo, erva doce, hortelã, etc.
    • Refrigerantes de Cola (também devido à cafeína) – troque por outros menos prejudiciais;
    • Chocolate escuro (devido à presença de cafeína, também é viciante) – troque por chocolate branco ou outros doces mais saudáveis;
    • Excesso de açúcar, sal, comida, etc.
    Traduzido e adaptado por Gopala Dasa Adhikari (HDG), com o apoio e orientações de Paramahamsa Dasa, Jagad Bharata Dasa e Mitra Gopi Devi Dasi, e colaboração de Bhaktin Áurea.

    Baseado no texto: "Ekadasi and Caturmasya Guidelines" (original disponível em: http://www.dharmakshetra.com/holy%20days/ekadas%20and%20caturmasya%20guidelines.html), no texto “Sri Ekadasi” (original disponível em: http://www.radhakunda.com/ekadasi/index.html) e no “Calendário Vaishnava”, edição 2001 – ISKCON São Paulo e Paramahamsa & Sons, página 13, versão on-line em: http://www.harekrishnasp.com.br/calendario.htm


    Sementes Espaço Ponto de Luz Rosana Rodrigues

    CALENDÁRIO VAISHNAVA:

    LINK:http://www.vaisnavacalendar.com/vcal.php?CIID=68&lang=pt&month=12&year=2013

    Rasalila Devi Dasi



  • domingo, 13 de outubro de 2013

    O ASSUNTO NÃO É VOCÊ

    O ASSUNTO NÃO É VOCÊ 



    Poucos conselhos são mais perversos e canalhas do que o popular “trate as
     outras pessoas como gostaria de ser tratada”.

    Não é verdade. Sabe por quê? Porque a outra pessoa é uma outra pessoa.
    Porque ela teve outra vida, outras experiências. Porque ela tem outros
    traumas, outras necessidades. Basicamente, porque ela não é você; porque
    você não é, nem nunca vai ser, nem deve ser, a medida das coisas.
    Se você se usa como parâmetro para qualquer coisa, talvez devesse pensar
     duas vezes. A outra pessoa deve ser tratada não como VOCÊ gostaria
    de ser tratada, mas como ELA merece e precisa ser tratada.

    E você pergunta:
    “Mas, Alex, como vou saber como essa tal outra pessoa merece e precisa
    ser tratada?”
    Bem, para isso, o primeiro passo é sair de si mesma e deixar de se usar
    de parâmetro normativo do comportamento humano. Essa é a parte fácil.
    Depois, abra bem os olhos e os ouvidos. Reconheça que existem outras
    pessoas e que elas são bem diferentes de você.


    Então, conheça-as.

    racismo.
    racismo, por eneko.

    * * *

    A primeira coisa que aprendemos em vendas é a colocar sempre
     o foco na cliente. A chave para vender algo é resolver um problema
     ou necessidade da cliente – nem que para isso você precise criar
    a necessidade! Idealmente, suas frases devem girar sempre em torno
    da cliente:

    “O que posso fazer para colocá-LA em um carro novo hoje mesmo?”, etc.
    As vendedoras não fazem isso à toa. Funciona mesmo.
    Entretanto, nas últimas décadas, a técnica se espalhou.
    Basta ver a capa de qualquer revista:
    “20 maneiras de agradar SEU homem”, “A recessão: como ela afeta
     o SEU emprego”, “ENTENDA a crise em Ruanda”, etc.
    Esse último é especialmente traiçoeiro, por ser mais discreto.
    Entretanto, o efeito desse “entenda” é enorme, pois ele muda
    totalmente o eixo da discussão. Agora, o foco não é mais
    a crise em Ruanda, mas VOCÊ: o importante não é mais o sofrimento
     daquelas pessoas exóticas de uma cor diferente da sua, mas que 
    VOCÊ entenda (superficialmente, claro) mais uma coisa para poder
    demonstrar às colegas de trabalho como está up-to-date com assuntos
     internacionais. Você, você, você. Não podemos nem mais falar
    sobre a crise em Ruanda sem arrastar, logo quem, VOCÊ para o meio
    da conversa.
    A falácia, naturalmente, é que você não tem nada a ver com a

     crise em Ruanda.


    feminicídio, por carlos latuff.
    feminicídio, por carlos latuff.


    * * *

    Falando em termos da classe média ocidental, vivemos em um
     mundo onde os pais e as mães param tudo para virar escravas
     das filhas: até Mozart na barriga da mãe escutam. Depois,
    crescem sendo as deusas e os reizinhos da casa, mandando
     em empregadas, vendo o mundo girar a sua volta. Na TV,
     mil anúncios voltados pra elas. Nos mercados, mil produtos
     feitos especialmente para fazer as crianças pentelharem os
    pais e as mães para comprá-los. Nas escolas, as alunas
    agora também avaliam as professoras e exigem um bom
     serviço em troca das suas mensalidades. Se alfabetizam
     lendo as mesmas notícias acima, sobre como isso ou aquilo
     os afeta, sempre dando a entender que a crise em
    Ruanda só existe para que a entendam.
    Aí, crescem e se tornam pessoas adultas que, ao invés de
    refletir sobre os privilégios que têm, lutam pelos que não
    têm; que acham que uma petição online é mais que nada;
    que pensam que vão salvar o mundo pelo consumo responsável,
    comendo atum dolphin-free e palmito não-proveniente da
    Mata Atlântica.
    Ou seja, se tornam pessoas adultas que acham, sinceramente,
    do fundo do coração, que tudo gira em torno delas.

    Que o assunto é sempre elas.


    por que você ainda é hétero?


    por que você ainda é hétero?

    * * *
    Fala-se de racismo, e lá vem:
    “mas tenho amigas negras”, “já namorei uma negra”, “chamo
     meu amigo de Sombra /Grafite/Tição/etc e ele nunca se importou”.
    Só que sua opinião, seus amigos, suas namoradas, tudo isso
    é irrelevante, entende? O racismo é maior que você, já
    existia antes, vai continuar existindo depois. Essa discussão
    tem que se dar no nível da história e da sociologia, dos
    indicadores econômicos e das injustiças contemporâneas.
    Quando muito, talvez, da experiência pessoal das pessoas
     negras que sofrem a discriminação, mas mesmo isso é
     altamente subjetivo, pois o preconceito também é introjetado
     pela própria comunidade. Mas, com certeza, não da SUA 
    experiência pessoal.

    O assunto não é você.


    * * *
    Fala-se de aquecimento global, e lá vem:

    “mas esse ano teve uma tempestade de neve na minha cidade”,
    “2012 foi o inverno mais frio da memória”, etc.
    Só que as nevascas na sua cidade são incidentais e anedóticas,
    entende? Eu mesmo não tenho opinião sobre aquecimento
    global, mas ele vai ser provado ou desprovado através de
    gráficos climáticos globais sobre oscilações de temperatura
    ao longos dos séculos – e não pela quantidade de neve
    bloqueando seu carro no inverno passado.


    O assunto não é você.


    Cruzes sobre a bandeira da diversidade, representando as vítimas de violência transfóbica e homofóbica.

    Cruzes sobre a bandeira da diversidade, representando
    as vítimas de violência transfóbica e homofóbica.

    * * *

    Fala-se de feminismo, e lá vem:
    “essas feministas são muito histéricas, eu jamais me incomodaria
    da minha chefa passar a mão na minha bunda”, “minha mãe
    foi dona-de-casa a vida inteira e muito feliz”.
    Mas você não é mulher, entende? As mulheres ganham menos,
    sofrem mais violência doméstica, são estupradas, morrem em
    abortos clandestinos – todos fenômenos com métricas
    facilmente encontráveis. A discussão tem que dar através desses
    números. As coisas que você-homem faria ou sentiria se
    estivesse no lugar delas são irrelevantes, pois você não está e
    nem nunca estará no lugar delas.



    O assunto não é você.

    * * *

    Fala-se de homofobia, e lá vem:
    “não tenho nada contra mas acho que essas paradas
    gays me incomodam e só estigmatizam o movimento”,
     “minha religião diz que é pecado”, “se duas pessoas gays
     se beijarem em público, como vou explicar isso pra minha filha?”
    Mas sua religião, sua opinião, seu incômodo, sua filha, isso
     tudo é irrelevante, entende? Outras pessoas-cidadãs
    tem outras religiões, outras opiniões, outras filhas – e têm os
    mesmos direitos que você. Se as manifestações gays te incomodam,
     resolva o problema na terapia ou no templo. 

    Você não saber como explicar à sua filha um fenômeno
    humano ancestral como a homossexualidade não é
    justificativa para proibir alguém de viver seu amor.


    O assunto não é você.



    homofobia, por carlos latuff
    homofobia, por carlos latuff


    * * *

    Os exemplos poderiam continuar ad eternum. Aborto,
    transfobia, descriminalização das drogas, pobreza.
    Deixe sua contribuição nos comentários.
    * * *
    Uma amiga leu o rascunho desse texto e perguntou:
    “É lindo isso, mas como você consegue ser assim?”
    E eu tive que rir: mas quando foi que eu disse ou sugeri,
    em algum momento, por um segundo que fosse, que eu 
    conseguia ser assim?!
    Não estou me colocando acima desse comportamento.
    Bom narcisista que sou, escrevi o texto não pensando
    nas outras pessoas, mas em mim mesmo e na minha
    própria vontade (tão vaidosa e tão narcisa) de ser a
    melhor pessoa possível. Pois eu também faço tudo isso.
    Escuto alguma coisa e já trago logo para mim, quero
    saber como afeta a minha vida, tenho sempre uma anedota
     pessoal para contribuir.
    Não estou falando de cima, como o guru que conseguiu
     praticar um comportamento ilibado, pontificando às infelizes
    lá embaixo que ainda não chegaram ao seu nível de iluminação:
     pelo contrário, estou falando a partir dos subterrâneos, do
    meio da multidão; estou falando justamente da briga diária
     que travo comigo mesmo, todo dia, o tempo todo.
    Mas agora estou mais alerta. Tento não reincidir. Já consigo
    morder a língua antes de falar besteira. Convido vocês a
    tentarem fazer o mesmo. E, na próxima vez em que virem
    alguém se colocando em um assunto onde não deveria estar,
    deem o link desse texto.


    Repitam comigo. O assunto não é você.


    Ou melhor, o assunto não sou eu. 
    O assunto não sou eu.






    paradoxos machistas, por didi helene: http://crocomila.blogspot.com/

    Fonte: Papo de Homem


    Sementes Espaço Ponto de Luz de Rosana Rodrigues


    Convido a participarem do GRUPO Mulheres que Correm com os Lobos :

    https://www.facebook.com/groups/mulheresquecorremcomoslobos/?fref=ts

    Sempre Toda Paz.

    Rosana Rodrigues

    sábado, 5 de outubro de 2013

    PARA QUE SERVE A MÚSICA ?! O SOM DA ALMA...

    Para que serve a música? (16/4/2012)

    Por João Marcos Coelho

    Às 4 horas da tarde de 27 de maio de 1992, durante o cerco de Sarajevo, vários morteiros atingiram um grupo de pessoas que esperava para comprar pão. Vinte e duas morreram e pelo menos setenta ficaram feridas. Nos 22 dias seguintes, o violoncelista Vedran Smailovic, spalla dos cellos da Orquestra da Ópera da cidade, fez um tributo diferente aos mortos da cidade sitiada. 

    Diariamente, às 4 da tarde, sem se importar com tiros, morteiros ou bombas, colocava um banquinho no local onde caíram os mortos, acomodava-se e solava o conhecidíssimo Adagio em sol menor do compositor italiano barroco Tomaso Albinoni (1671-1751).


    O cerco, de fato, começara no dia 6 de abril. Por isso, foram colocadas, no ultimo dia 6, 11.541 cadeiras vermelhas na principal avenida de Sarajevo: uma para cada homem, mulher e criança mortos no cerco militar mais longo do século 20. Foram 44 meses, 11.825 dias. Seus 380.000 habitantes ficaram sem eletricidade e água neste período. Para quem não se lembra, a Comunidade Europeia reconheceu a antiga república da Bósnia como estado independente. Mas os sérvios não aceitaram o plebiscito, vencido pelos croatas e bósnios. O que houve nos quase quatro anos seguintes foi uma faxina étnica sangrenta.


    Também retornou a Sarajevo, pela primeira vez desde 1992, o violoncelista Vedran Smailovic, que hoje vive na Irlanda do Norte, para concertos em sua cidade natal. Ele transformou-se num símbolo da resistência ao tocar 22 tardes, no mesmo horário, numa avenida com fogo cruzado e no meio de cadáveres espalhados pelo chão.

    Smailovic fez uma apresentação para correspondentes estrangeiros no Hotel Holiday Inn em Sarajevo no dia 6, ao lado de membros do Sarajevo String Quartet. Ele recordou que o quarteto fez mais de 250 concertos durante o cerco de 1992-1995. E os jornalistas relembraram visitas significativas que ele recebeu vinte anos atrás – como a da cantora folk Joan Baez e de Susan Sontag, a magnífica intelectual norte-americana que montou uma peça com atores locais durante o cerco.

    Estes fatos me marcaram demais, sobretudo depois de ler “O violoncelista de Sarajevo”, do escritor canadense Steven Galloway, lançado aqui pela editora Rocco em 2008. Na época, fiz uma resenha para o Estado de S. Paulo, que reproduzo a seguir:

    “O romance que gira em torno das reações de três habitantes de Saravejo àquele gesto musical de intenso impacto emocional: Arrow, bela e jovem mulher que se transforma em atiradora a serviço de uma das milícias que defendem a cidade; Kenan, pai de família que todo dia, em perigosa missão, vai buscar água para a família e uma senhora vizinha; e Dragan, um aposentado de 64 anos que mandou a família para a Europa e trabalha na única padaria que ainda funciona na cidade.


    A primeira acaba encarregada de proteger o violoncelista dos inimigos das colinas, que matam indiscriminadamente a população “como patos na lagoa”; Kenan demora para perceber que aquela manifestação musical não é apenas “um gesto fútil”, que não traz de volta os mortos nem garante os vivos; e Dragan raciocina, a certa altura: “Talvez ele esteja tocando para si próprio.Talvez seja tudo o que ele sabe fazer, e não está fazendo isso para que alguma coisa aconteça. O que o violoncelista quer não é uma mudança, ou trazer as coisas de volta novamente, mas impedir que as coisas se tornem piores”.

    Para que serve a música?

    Na realidade, Galloway escolheu a ficção para tentar responder a uma velha e importante pergunta: para que serve a música? Arte indefinida por excelência, ela diz tudo e nada ao mesmo tempo. É intraduzível em palavras. Um estudioso, Enrico Fubini, acena com a hipótese de que a música está estreitamente ligada à linguagem e representa até uma parte dela. “A linguagem não é inteiramente ordem e sintaxe, cálculo e reflexão: uma parte da linguagem é som, música, imagem do sentimento em estado puro”. Em outras palavras, “a música representa o pré-lingüístico subjacente em toda linguagem; portanto, revela, enfatiza e faz emergir o que na linguagem é recalcado ou permanece em estado latente”.




    Vedran Smailovic [foto: divulgação]

    Ou seja, cada um encontra nela significados latentes diferentes. Afinal, foi por causa desta falta de especificidade, deste poder infinito de sugestão, que o historiador Walter Pater escreveu há quase cem anos a famosa frase “todas as artes aspiram, o tempo todo, a condição da música”.

    Nesse sentido, Galloway acerta em cheio. Parentes dos mortos, passantes e sobreviventes do cerco que não sabem se continuarão vivos no minuto seguinte dão-se ao trabalho de parar, ouvir o Adagio, depositar flores ao lado do músico. Arrow distrai-se com a música, “viaja” e baixa a guarda em sua vigilância ao atirador da colina que foi encarregado por seus superiores bósnios de matar o violoncelista. O próprio atirador inimigo é seduzido pela música, mantém-se visível e deixa-se abater por Arrow. Dragan pára para ouvir, carregando meia dúzia de vasilhames improvisados cheios d’água. E Kenan, finalmente seduzido pela mágica da música, delira ‘vendo’ uma outra Sarajevo, a cidade original com todos os seus encantos.

    “Nada a fazer”

    Num dos trechos mais impactantes do livro, Galloway descreve o encontro emocional de Arrow com a essência da música: “Arrow deixa a lenta vibração das cordas tomarem conta dela. (...) Os homens nas colinas, os homens na cidade, ela mesma, nenhum deles tinha o direito de fazer as coisas que fizeram. Nunca havia acontecido. Nunca poderia ter acontecido. Mas conhecia estas notas. Elas haviam se tornado parte dela. Elas lhe contaram que tudo tinha acontecido exatamente como ela sabia, e que nada podia ser feito a respeito. Nenhum lamento ou raiva, ou ato nobre poderia desfazer. Mas tudo poderia ter parado. Era possível. Os homens nas colinas não tinham que ser assassinos. Os homens na cidade não tinham que se rebaixar para ser como seus agressores. Ela não tinha que viver cheia de ódio. A música exigia que se lembrasse disso, que conhecesse uma total certeza de que o mundo ainda possuía a capacidade para a bondade. As notas eram a prova disso”.

    Trocando em miúdos: nada a fazer, a não ser reafirmar por meio da música a dignidade humana. Não por acaso, Susan Sontag coloca como epígrafe de seu formidável artigo Esperando Godot em Sarajevo a expressão “Nada a fazer”, primeira linha da peça de Beckett que ela corajosamente montou na cidade sitiada, em julho de 1993.

    A maior lição deste livro, Galloway provavelmente aprendeu-a com este artigo de Sontag. Arte não é entretenimento, mas transfiguração da realidade, diz ela: “Não é verdade que todos querem um entretenimento que lhes ofereça uma fuga da sua realidade. Em Sarajevo, como em toda parte, há um bom número de pessoas que se sentem revigoradas e consoladas quando o seu sentido de realidade é sustentado e transfigurado pela arte”.

    Os personagens Arrow, Kenan, Dragan e o violoncelista que não diz uma palavra sentem na pele que a cultura séria é uma expressão da dignidade humana. De novo Sontag: “Não há concertos, exceto os de um solitário quarteto de cordas que ensaia todas as manhãs e se apresenta de maneira ocasional num espaço pequeno que também serve de galeria de arte, onde cabem 40 pessoas”. Isso muda a realidade? Sim e não. Pois “as pessoas em Sarajevo sentem que perderam, muito embora se saibam corajosas, ou estóicas, ou revoltadas. Pois também sabem que estão num estado terminal de fraqueza: aguardando, na esperança, sem querer esperar, cientes de que não serão salvos”.

    Sontag emocionou o mundo com este artigo. E também o compositor contemporâneo Dave Soldier numa importante obra camerística intitulada Sontag in Sarajevo. Em dois movimentos, Fluor, Phosphor, Lumen & Candle Dance for the Tetragrammaton, ela foi gravada por Regina Carter (violino), Dawn Avery (cello), Dave Soldier (guitarra elétrica e triângulo) e Anne de Maranis (acordeon) e está disponível no álbum duplo “Dave Soldier Chamber Music”, do selo Mulatta (www.mulatta.org).

    Pé no chão

    Mas ninguém é de ferro nem a verdade é sempre o que parece. “O violoncelista de Sarajevo” vem sendo best-seller no Canadá, Inglaterra e Estados Unidos desde seu lançamento, em abril passado. Vedran Smailovic, que hoje vive em Belfast, na Irlanda do Norte, agora cobra a conta. “Não é justo, é inacreditável, roubaram minha tragédia”, repetiu em várias entrevistas recentíssimas, disponíveis na internet. Ele argumenta que se estão ganhando dinheiro com o passado dele, então tem direitos.

    Galloway parecia antever problemas dessa ordem, porque no epílogo escreve: “Suas ações inspiraram este romance, mas não baseei o personagem do violoncelista no Smailovic real”. Acho que nosso violoncelista tem razão. Ele é central – e tem direito de gritar bem alto:
    “queromeu”.


    A obra que Smailovic tocou por 22 dias seguidos em Sarajevo também tem origesn obscuras e discutíveis. É conhecida como Adagio de Albinoni, mas não é de fato dele. O musicólogo italiano Remo Giazotto (1910-1998) organizou o catálogo das obras e escreveu uma biografia do compositor veneziano do século 18. Em 1958 revelou publicamente que encontrara um fragmento de uma composição para cordas e órgão de Albinoni, contendo apenas a linha do baixo. Declarou ainda ter feito um arranjo. É este “arranjo” que se tornou um dos maioreshits do barroco. Detalhe: o fragmento original de Albinoni jamais foi encontrado. Ao contrário de Smailovic, que luta para contabilizar os ganhos de um gesto heróico do passado, Giazotto generosamente abriu mão dos direitos autorais. Preferiu curtir solitariamente seu sucesso. E contribuir para elevar o prestígio de seu ídolo Tomaso Albinoni”.

    Fonte: Revista Concerto.


    Gueto Judeu durante 2ª Guerra Mundial






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    INCRÍVEL REGISTRO GRÁFICO COM VIDEO DE CHAPLIN


    IMPERDÍVEL....







    Registo gráfico de Charlie Chaplin por Nuno Mendanha- Portugal


    Sir Charles Spencer Chaplin, Jr., KBE (Londres, 16 de Abril de 1889 Corsier-sur-Vevey, 25 de Dezembro de 1977), mais conhecido como Charlie Chaplin, foi um actor, director, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin foi um dos atores mais famosos do período conhecido como Era de Ouro do cinema estadunidense.

    Além de atuar, Chaplin dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha sonora de seus próprios filmes, tornando-se uma das personalidades mais criativas e influentes da era do cinema mudo. Chaplin foi fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder, a quem ele dedicou um de seus filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando ainda era criança nos teatros do Reino Unido durante a Era Vitoriana quase até sua morte aos 88 anos de idade. Sua vida pública e privada abrangia adulação e controvérsia. Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, Chaplin co-fundou a United Artists em 1919.

    Em 2008, em uma resenha do livro Chaplin: A Life, Martin Sieff escreve: "Chaplin não foi apenas 'grande', ele foi gigantesco. Em 1915, ele estourou um mundo dilacerado pela guerra trazendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial. Durante os próximos 25 anos, através da Grande Depressão e da ascensão de Hitler, ele permaneceu no emprego. Ele foi maior do que qualquer um. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entretenimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais precisavam."[2]

    Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).

    Seu principal e mais conhecido personagem é conhecido como Charlot, na França e no mundo francófono, na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, e como Carlitos ou também "O Vagabundo" (The Tramp) no Brasil, um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro (gentleman), usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e - sua marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.

    Chaplin foi uma das personalidades mais criativas que atravessou a era do cinema mudo; atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.

    Por Nuno Mendanha - Portugal

    Fonte: You Tube


    Charles Chaplin com 27 anos


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